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Artigos

0415/2025 - Métodos inibidos e palavras proibidas: um manifesto pela transgressão na pesquisa qualitativa em saúde
Forbidden words and inhibited methods: a manifesto for transgressive qualitative health research

Autor:

• Emília Carvalho Leitão Biato - Biato, ECL - <emiliaclbiato@me.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4358-4558

Coautor(es):

• Reni Barsaglini - Barsaglini, R - <barsaglinireni@gmail.com> +
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8903-2695

• Sílvia Portugal - Portugal, S - <sp@fe.uc.pt>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7044-7946



Resumo:

Este artigo é um manifesto pela transgressão na pesquisa qualitativa em saúde. Parte da crítica à obediência e à reprodução acrítica de métodos e teorias consagradas, com o objetivo de ampliar e tensionar o modo como se pesquisa neste campo. Trata-se de um ensaio teórico, estruturado em três movimentos: desinibir os métodos, ampliar o possível e escrever o proibido. Defende-se a pesquisa como ato criador e de desobediência epistêmica, em diálogo com autores como Law, Nietzsche e Feyerabend. Embora este último critique o método, não nos posicionamos contra ele, mas contra sua normatização aprisionadora. Ao reconhecer a íntima relação entre o vivido e o pesquisar, propomos uma abordagem metodológica sensível, engajada e rigorosa, capaz de afirmar a multiplicidade do mundo e de seus objetos. Transgredir, aqui, é abrir caminhos para outras formas de produzir conhecimento, mais comprometidas com a complexidade da vida e da experiência em saúde.

Palavras-chave:

Pesquisa qualitativa em saúde; Transgressão; Método; Palavras proibidas.

Abstract:

This article is a manifesto for transgression in qualitative health research. It stems from a critique of obedience and the uncritical reproduction of established methods and theories, aiming to expand and challenge how research is conducted in this field. It is a theoretical essay structured around three movements: un-inhibiting methods, expanding the possible, and writing the forbidden. Research is defended as a creative act and an exercise in epistemic disobedience, drawing on thinkers such as Law, Nietzsche, and Feyerabend. While Feyerabend critiques method, our position is not against method itself, but against its normative imprisonment. By recognizing the intimate connection between lived experience and the act of researching, we propose a sensitive, engaged, and rigorous methodological approach—one capable of affirming the multiplicity of the world and its objects. Here, to transgress is to open up other paths for knowledge production, more attuned to the complexity of life and experience.

Keywords:

Qualitative health research; Transgression; Method; Forbidden words.

Conteúdo:

Introdução
Partimos do pressuposto de que na investigação científica muitos processos fazem coligir elementos dispersos, colher e criar dados, propor formas novas ao que já é conhecido e montar e desmontar arcabouços racionais e empíricos. Nosso problema é reconhecer se participamos, efetivamente, como criadores de valores, nesses modos de funcionamento ou se temos, obedientemente, cumprido passos dados e, por vezes, desconectados aos nossos objetos de estudo.
Realizamos nossas pesquisas com o uso de aparatos investigativos academicamente reconhecidos e, assim, ansiamos por cumprir os rituais necessários à legitimação do saber-fazer. Parece razoável que nossos relatos de pesquisa estejam no tom adequado para sermos considerados cientistas e para termos alguma segurança na tarefa de pesquisar. No entanto, nesse processo de garantirmos nosso lugar ao sol e termos os estudos ouvidos, publicados e lidos, corremos o risco de desprezar o valor da composição — e não reprodução — de arcabouços teórico-metodológicos que funcionam como territórios de pensamento. Trata-se de localizar de onde falamos, sentimos, desejamos e escrevemos nossos estudos. Quanto mais lucidez e profundidade tivermos em relação à composição dessa perspectiva de onde olhamos para o panorama da investigação, mais eficientemente poderemos transformar aquilo que está posto em algo efetivamente investigativo, original e não simplesmente dado1.
Incluídas nessa lucidez quanto aos fundamentos axiológicos, ontológicos, metodológicos e epistemológicos em pauta2, estão a abertura a novas significações dos pressupostos aí contidos, dos objetos analisados e as associações teóricas que possam ocorrer a partir de seus usos. Trata-se de desafiar regras fossilizadas e de transgredir mandamentos sobre modos de conceber e fazer pesquisa.
Ao reconhecer a tradição que serve de base para o desenvolvimento de um processo investigativo, importa abordar o objeto de estudo de forma crítica, reconhecendo a constante porosidade às con(tra)dições imprevistas da ciência e considerar que, também, “a proliferação de teorias é benéfica para a ciência, ao passo que a uniformidade lhe debilita o poder crítico”3 (p. 45). A multiplicidade de perspectivas tem seu lugar a partir da correspondente diversidade e fluidez de fenômenos que tomamos como objeto de investigação e que, de algum modo, têm se tornado limitados, herméticos e tomados de forma a compôr estudos com resultados unívocos. Ou seja, não se trata de buscarmos consenso mas, admitirmos o caráter parcial de matrizes epistêmicas perante a realidade social e a sua complexidade4. Neste sentido, consideramos produtivos os debates e esforços analíticos em torno do que as teorias, metodologias e abordagens podem ter em comum, em confluência, explorando suas fronteiras na construção de diálogos e pontes entre elas para gerar novos e potentes saberes.
Vale, ainda, lembrar que ser “crítico implica superar a metodolatria que contribui para nos escravizarmos quando nos esquecemos de que as regras do método nos servem, sim, porém até certo ponto, porque para fazer uma pesquisa qualitativa de qualidade é preciso confiança, imaginação e criatividade”5 (p. 03).

E, neste sentido, “os métodos acadêmicos de investigação realmente não captam essas nuances (objetos difusos, complexos, até bagunçados). Então, quais são as texturas que eles estão deixando de fora?” 6 (p.2)

Com intenção de ampliar perspectivas acerca do processo de pesquisar em saúde, bem como de problematizar as constantes repetições e aplicações simplificadas de teorias e métodos existentes a priori, este artigo, de caráter ensaístico, abre três pontos sobre a possibilidade de desobedecermos a modelos dados, para abrirmos outros caminhos à investigação científica. Nossa reflexão parte de leituras inspiradoras, das experiências de investigação e ensino e das colaborações com colegas cujo trabalho admiramos. Apesar de uma das nossas referências basilares ser a obra de Paul Feyerabend3, não nos posicionamos “contra o método”, questionamos, sim, a normatividade que aprisiona a subjectividade, a imaginação e a criatividade de quem investiga e ensina ciência.

1. Desinibir os métodos

Feyerabend3 instiga-nos a mudar o olhar sobre a ciência, conforme o trecho:
[...] a ciência se aproxima do mito, muito mais do que uma filosofia científica se inclinaria a admitir. A ciência é uma das muitas formas de pensamento desenvolvidas pelo homem e não necessariamente a melhor. Chama a atenção, é ruidosa e impudente, mas só inerentemente superior aos olhos daqueles que já se hajam decidido favoravelmente a certa ideologia ou que já a tenham aceitado, sem sequer examinar suas conveniências e limitações3 (p. 447).

Ao propor que a ciência seja considerada como um modo de conhecer entre outros, o autor parece romper com a pretensão de estabelecer o conhecimento científico como absoluto, em processo de petrificação dogmática, e prestes a tomar posição inacessível a possíveis críticas.
Argumenta, ainda, que a fixação de teorias e métodos estáticos funda-se em concepção ingênua a respeito dos seres humanos e de sua capacidade de conhecer, de mudar, dos impactos sociais e históricos em sua vida e pensamento. Portanto, importa perceber que a ciência nunca é processo completo e seus princípios não são fundados e firmados para sempre.
É nesse sentido que a transgressão aqui se aproxima do processo criador, como exercício de levantar questões aos problemas que aparecem e, diante delas, criar respostas, soluções ou até novas questões7. O método de pesquisa será, assim, tomado como método de criação: a proposta de uma leitura nova. Não porque o pesquisador resolve charmosamente fazer alguma coisa diferente, mas porque tem necessidade de fazer, porque precisa fazer1. É papel do pesquisador tomar teorias e eleger fenômenos e, com isso em mãos, fazer outra coisa, inaugurar sentidos e modos de ver: manter a tradição — tendo um ponto de partida, uma bagagem teórica consistente que permitiu o começo do caminho —, mas também ser capaz de atos criadores que este ponto de partida e o percurso lhe proporcionam. E como ato criador é que pesquisar se aproxima da arte, reiterando sua natureza artesanal8-10, os imponderáveis da vida real11, a parcialidade das matrizes epistêmicas e a perene incompletude cognitiva que requer incessantes movimentos teóricos, analíticos e metodológicos4. Isso tudo para melhor compreender temas que podem ser complexos, especificamente pela perspectiva das Ciências Sociais e Humanas (CSHS) no campo da Saúde Coletiva, já que envolvem indissociadamente aspectos técnicos, símbólicos, práticos, políticos e éticos.
Se entendermos o método como caminho — por vezes labiríntico12 — e este como espaço rico para produção de conhecimento, e não simplesmente via de chegada a um ponto pré-determinado como resultado, passaremos por ele com atenção vigilante e curiosa.
A necessidade de desbravar caminhos e criar vias próprias no processo de pesquisar exige a eleição coerente de suportes teórico-metodológicos. Importa, neste contexto, reconhecer que o problema que levou este/esta teórico/a a determinada formulação não é o mesmo problema com o qual um/a pesquisador/a se encontra aqui e agora. Por exemplo, o pensamento de Gilles Deleuze sobre a diferença pode servir como tradição conceitual para uma pesquisa hoje no campo da Saúde Coletiva, no entanto, o problema que o impulsionou não é o mesmo problema levantado pelo/a pesquisador/a que, neste momento, se dedica a seus pressupostos e os opera em práticas de pensamento sobre temas atuais. O que é requerido desse/a pesquisador/a é que saiba se apoiar nessas referências, ao mesmo tempo que cria outro objeto, outros problemas e outras vias (métodos) para lidar com a investigação.
Corazza1 explica a necessária clareza no uso dos suportes conceituais como uma platibanda de onde se parte para mergulhar e que se acaba deixando, embora sempre o salto seja tributário daquela plataforma. Sem ela, não se teria mergulhado, nem nadado.
Trata-se, portanto, de um duplo e indissociado gesto do pesquisador: o de firmar os princípios e pressupostos de suas referências epistemológicas e o de reconhecer que as questões que levanta são outras e carecem de movimentos inventivos, mesmo que estes se configurem como desobedientes em alguma medida. A desobediência aqui refere-se à necessária insubmissão ou ruptura (ainda que não definitiva e absoluta) àquela formação teórica e metodológica hegemônica e inflexível, em recusa à sua fiel reprodução, de modo que assim é que pode tensionar e provocar mudanças para avançar na construção de conhecimentos outros13,14. Ou seja, a mudança, a criatividade, a inovação e as novas (re)descobertas não ocorrem na reprodução, mas pelos movimentos nos espaços, frestas e vãos fronteiriços.
Não estamos alheias à desobediência epistêmica advinda do pensamento decolonial na América Latina, o qual tem como conceito-matriz a colonialidade do poder, do ser e do saber que são dimensões constitutivas do colonialismo e seus legados que permanecem na contemporaneidade. A reflexão decolonial tem origem no final dos anos de 1990, na América Latina, com o Grupo Modernidade/Colonialidade tendo como expoentes Walter Mignolo/Argentina, Aníbal Quijano/Peru, Arturo Escobar/Colombia, Ramón Grosfoguel/Porto Rico, Edgardo Lander/Venezuela e Carlos Walter Porto Gonçalves/Brasil, entre outros. Sua crítica se assenta nas referências cartesianas, norte-americana/nortecêntrica e eurocêntrica hegemônicas com a pretensão universalista e a consequente invisibilidade e apagamento de corpos e saberes subalternizados dado o lugar em que, historicamente, foram colocados no espaço geopolítico pelo Norte Global. Em resposta e resistência é proposto um processo de aprender a desaprender de modo a descolonizar o poder, o ser e o saber, sendo a desobediência epistêmica e metodológica uma destas vias para a ruptura com a lógica da colonialidade e suas derivações, de certa forma sintetizada com o que Mignolo13 denomina Epistemologia de Fronteira. Fronteira é metáfora que denuncia que o conhecimento é incorporado por sujeitos carnais, atravessados por contradições sociais e lutas concretas que emergem de suas experiências vividas nas zonas de contato/conflito da colonialidade14 e é no encontro fronteiriço que se dá a inquietude, a inventividade e por isso que fronteira é lugar de passagem e não de pouso.
Aproximamo-nos dessa perspectiva desobediente no que toca à abordagem qualitativa pela desobediência epistêmica, metodológica, ontológica e axiológica em relação ao modelo hegemônico de ciência na produção de saberes na área da saúde e, também, da Saúde Coletiva historicamente colonizado pela racionalidade científica moderna. E ante pretensa divisa pela fronteira do científico, praticar a pesquisa qualitativa em saúde requer esforços de desconstrução, subversão, insubmissão total às regras e normas impostas pelo pensamento hegemônico, porém agindo desde uma perspectiva subalterna fronteiriça. As fronteiras são moventes e essa mobilidade é transgressora.
Assim, a desobediência epistêmica é capaz de nos colocar num movimento de refazer caminhos, desconstruir saberes e questionar alguns “achados” em nossas pesquisas, tal como tem nos provocado, de modo que questões trazidas aqui demarcam movimentos indisciplinados e insurgentes ao que nos foi/é apresentado como referência na formação a partir de modelos hegemônicos. Isso porque se observa que

um dos notáveis, traços dos recentes debates travados em torno da história e da filosofia da ciência é a compreensão de que acontecimentos e desenvolvimentos tais como a invenção do atomismo na Antigüidade, a revolução coperniciana, o surgimento do moderno atomismo … só ocorreram porque alguns pensadores decidiram não se deixar limitar por certas regras metodológicas ‘óbvias’ ou porque involuntariamente as violaram3 (p. 29).

Mesmo sem a pretensão de descobertas científicas significativas e cruciais na história da humanidade, como os exemplos supracitados, importa que o/a pesquisador/a não seja obrigado/a a submeter-se a listas de passos previamente estabelecidos e ao uso de jargões do campo metodológico cumprindo rituais requeridos. É preciso considerar que a produção de conhecimento será tão complexa e caótica quanto o processo de pensamento de quem a inventou. Os cabrestos e as exigências são capazes de docilizar as mentes e, com isso, “tornar a história da ciência mais insípida, mais simples, mais uniforme, mais ‘objetiva’ e mais facilmente acessível a tratamento por meio de regras imutáveis”3 (p. 21).
No contexto das regras do método científico, são estabelecidos limites bastante precisos que definem quais espaços são lícitos habitar e o que evitar se deseja garantir os padrões de mais alto nível de evidência científica. O cumprimento desses procedimentos e permanência nos limites preditos, por outro lado, pode simplificar os modos de conceber os fenômenos humanos estabelecendo generalizações com importantes apagamentos de elementos relevantes e cruciais ao estudo em questão. O próprio processo formativo parece privilegiar este modo enrijecido e uniformizado de pensar na ciência, conforme notamos a seguir:
A educação científica simplifica a ciência, simplificando seus elementos: antes de tudo, define-se um campo de pesquisa; esse campo é desligado do resto da História (a Física, por exemplo, é separada da Metafísica e da Teologia) e recebe uma ‘lógica’ própria. Um treinamento completo, nesse tipo de ‘lógica’, leva ao condicionamento dos que trabalham no campo delimitado; isso torna mais uniformes as ações de tais pessoas…Parte essencial do treinamento consiste na tentativa de inibir intuições que possam implicar confusão de fronteiras3 (p. 21).

A confusão de fronteiras pode ser entendida aqui como o pluralismo de teorias, mas também como flexibilidade nas linhas demarcadas pelo método científico, em abertura a intuições, sensações, modos de dizer, estilos de individuação, subjetividades. Estas palavras parecem proibidas no contexto da elaboração de projetos de pesquisa, pois escapam das marcas estabelecidas pelo rigor científico e do que seja ciência. A questão colocada é que o extravasamento desses limites, na multiplicidade das teorias e das doutrinas não é apenas importante ao andamento do método de investigação, mas “também é parte da concepção humanitária” 3 (p.71).
A noção derridiana de margem como “transbordamento de um limite; o lugar do suplemento” 15 (p. 57), enfrenta a precisão das demarcações e propõe um olhar para o que há de singular e instável no campo pesquisado, como espaço de porosidades e expansão, uma vez que:
o saber científico é transdisciplinar, feito de limites mas, especialmente, de fronteiras que procuram a sua expansão. Fronteiras moventes. A mobilidade das fronteiras entre os saberes científicos, por sua vez, faz o movimento dos territórios disciplinares: mobilidades transgressoras, que subvertem o conhecimento para, permanentemente, fazê-lo buscar o saber16 (p. 4).

Neste sentido, importa que o cientista amplie a consciência de seu aparato teórico, conforme a lucidez abordada anteriormente. Nesta tarefa, deve, o tanto quanto for possível, introduzir concepções novas e “adotar metodologia pluralista”3 (p.40) que possa incluir noções já assumidas em confronto com outras e tentar aperfeiçoar as que forem vencidas no confronto, em vez de excluí-las. Estamos, pois, aqui, longe da perspectiva kuhniana17 da importância de um paradigma vencedor e esmagador mas, antes, nos situamos numa abordagem que procura as potencialidades heurísticas da incomensurabilidade. Interessa considerar que há diversos tipos de conhecimento e de empirias a serem incorporados no pluralismo defendido por Feyerabend, pois “quanto mais larga sua experiência, quanto maior o número de vicissitudes, de coisas vistas, ouvidas, lidas, tanto maior o conhecimento”3 (p. 388).
Ainda com Nietzsche se amplia essa proposição: “existe apenas uma visão perspectiva, apenas um “conhecer” perspectivo…”18 (p.153), e destaca o valor da dedicação de mais olhos, mais afetos na composição de conceitos.
No processo de investigação científica, são bem vindas diversas leituras dos fenômenos e das teorias. Isso se for sabido que a tarefa do/a cientista não é a de achar a verdade e, portanto, não há nenhuma teoria digna de fidelidade do/a cientista. Neste sentido, o perspectivismo nietzschiano amplia o debate acerca do modo como concebemos a ciência e os nossos saberes. Se reconhecermos que, no lugar de fatos verdadeiros, lidamos com diferentes versões/maneiras de ler o que acontece, podemos iniciar um processo de resistência às opressões, à dominação e aos determinismos que habitam as práticas de produção de conhecimento.
O filósofo alemão propõe que se experimentem diferentes perspectivas — variedade de pontos de vista, pois nossas pesquisas se põem a olhar os acontecimentos de cima, entre, por baixo — para a leitura do mundo e dos fenômenos, considerando o que já está estabelecido, mas de forma crítica e capaz de ampliar e até transformar a visão. Assim, há em Nietzsche um empenho de aniquilar as noções de fato e fixidez, considerando que as diferentes perspectivas é que conseguem expressar o devir — os contínuos movimentos de vir a ser dos corpos e dos acontecimentos — de forma a assemelhá-lo a algo que é19.
Parece relevante o reconhecimento de que estamos limitados às possibilidades que temos de olhar para as coisas, ou seja:
não podemos enxergar além de nossa esquina: é uma curiosidade desesperada querer saber que outros tipos de intelecto e de perspectiva poderia haver… O mundo tornou-se novamente “infinito” para nós: na medida em que não podemos rejeitar a possibilidade de que ele encerre infinitas interpretações20 (p. 278).
O conhecer perspectivo vai se esvaziando de preceitos prontos e se enchendo de noções ao mesmo tempo constituídas e abertas a novas abordagens. Por esta via, se mostra descolonizador, pois apresenta-se como a compreensão de que há interpretações, no lugar onde achávamos que havia fatos e de que “é a vida como dinamismo de impulsos, em seus processos de ascensão e declínio, que passa a ser critério de avaliação dos valores” 19 (p.145).
Assim, o perspectivismo impulsiona um retorno crítico às verdades — provisórias — úteis, mas que se petrificaram e se tornaram dogmas. Ao filosofar a marteladas, Nietzsche21 destaca que somente a superação da vontade de verdade, a partir da vontade de criar, será capaz de levar o martelo às rochas de dogmatismos e lógicas dualistas: “para o ser humano, sempre me impele minha fervorosa vontade de criar; assim o martelo é impelido para a pedra” 22 (p. 135). Com o martelo em mãos, reconhecemos que a produção de conhecimento é sempre a experimentação de uma perspectiva, que é constituída por nossos impulsos e afetos.
Nessa toada, podemos olhar para a proposta derridiana de timpanizar, como luxar o tímpano, provocando deformação e enviesamento da percepção.
Sabe-se que a membrana do tímpano, separador fino e transparente, afastando o canal auricular do ouvido médio, está distendida obliquamente. Obliquamente de cima para baixo, de fora para dentro, de frente para trás. Não é, portanto, perpendicular ao eixo do canal. Um dos efeitos dessa obliqüidade é o de aumentar a superfície de impressão e, portanto, a capacidade de vibração. Observou-se, em particular nos pássaros, que a acuidade do ouvido se relaciona diretamente com a obliqüidade do tímpano. O tímpano enviesa23 (p. 15-6).

O tímpano enviesa conforme um som inaudível ressoa. Conhecer em perspectiva passa pela luxação do tímpano, possibilitando perceber as características da diferença, ou melhor, para fazer leituras das realidades estudadas, sem estabelecer generalizações, mas em destaque às singularidades, às diferenças, as delicadezas de detalhes.


2. Ampliar o possível
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa
era a imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta que o rio faz por trás de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
Manoel de Barros

Através de um jogo complexo entre razão, crença, sensações e imaginação, em cada momento da história da ciencia construímos mundos possíveis24. Para Deleuze e Guattari25 há, necessariamente, que se estabelecer uma tríade de perceptos, afectos e conceitos, na produção de conhecimento, de modo que o pensamento exige o transbordamento do que pode ser considerado puramente racional, para ganhar sentido e relevância no campo das sensações, ressaltando, contudo, a relação de mão dupla e com fronteiras borradas.
Ao trabalharmos com pesquisas qualitativas que envolvem processos humanos e não humanos, ao sermos convocados/as a ouvir o/a Outro/a e a fazer coro com ele/a acerca de suas questões, precisamos, sim, expandir a lista de termos aceitáveis nos projetos de pesquisa. Trata-se de contemplar a multiplicidade e a diversidade de elementos que compõem os fenómenos estudados - humanos e não humanos, técnicos, sociais e culturais, materiais e imateriais.
Neste sentido, podemos ilustrar que a pandemia, com todas suas consequências, nos lembrou duramente que não vivemos e interagimos apenas com os humanos, mas também com demais seres vivos e não vivos.
Em After Method, John Law6 mostra como num mundo confuso, complexo, fluido, não-coerente, as descrições simples e/ou simplistas aumentam a confusão. O mundo é “bagunçado” (messy) (p.2), composto por diferentes “texturas” (p.6). Os métodos “tradicionais” têm potencial explicativo para o que é relativamente estável, mas falham na compreensão da complexidade. Os fenômenos não palpáveis e não definíveis, segundo as categorias estandardizadas, ficam de fora do mundo inteligível, ou são tornados inteligíveis através de reduções e da distorção provocada pelas classificações “autorizadas” pelo racional da modernidade ocidental.
O reconhecimento da multiplicidade do mundo não significa que a realidade seja fragmentada. Significa que existem diferentes realidades, que se sobrepõem, ligam, interpenetram, de modos complexos6 e reportando à matemática fractal, em que uma linha pode existir em mais do que uma dimensão, mas em menos do que duas, para incorporar a ideia de fractalidade: “um objecto é mais do que um, mas menos do que vários”6 (p.62). Esta assunção abre um campo de possibilidades para a desobediência epistêmica. Viveiros de Castro26 afirma que a ontologia fractal ignora a distinção entre a parte e o todo e permite o foco no primado da relação, de modo que não são as relações que variam, mas são as variações que relacionam (p. 123). Assim, distinções como indivíduo/sociedade, humano/não-humano, pessoa/coisa deixam de fazer sentido. As nossas noções ossificadas produzem realidades, ao mesmo tempo que anulam outras. E, como também mostra Law6, um dos primeiros elementos a ser apagado sob a aparência da legitimidade e objetividade científicas, é a dimensão subjetiva e pessoal do fazer ciência.
O vivido pelos/as participantes e pela/o pesquisador/a atravessa, necessariamente, o processo investigativo, seja a partir de questões suscitadas pela experiência, seja pelos modos de olhar, perceber e ser atravessado pelos acontecimentos. Como se nota com Feyerabend que “a investigação tem início com um problema, diz [Karl] Popper. Primeiro temos uma ideia; ou um problema; depois agimos, isto é, falamos, construímos ou destruímos…”3 (p. 32).
Há dois elementos relevantes aqui que são partes de único e indivisível processo: vemos com Popper a importância da existência ou elaboração de um problema, no entanto, verificamos, também, a relevância de um jogo com o vivido, as palavras e os conceitos, com um potencial de fazer surgir, “gerar” alguma coisa e não simplesmente repetir passos de um modelo pronto e validado.
Ao criticar os métodos que se apresentam como garantidores de relevância e objetividade, especialmente a partir de uma uniformização à prova de equívocos, Feyerabend afirma que
cada método dessa espécie é, em última análise, um método decepcionante. Dá forças a um conformismo sombrio e falta de verdade; leva à deterioração das capacidades intelectuais, do poder de imaginação e fala de introvisão profunda; destrói o mais precioso dom da juventude — o enorme poder de imaginação3 (p. 57).

Conflui ao que destaca Pires27 (p. 55) sobre duas posturas no processo investigativo:
1. a “promessa”, como paradigma estrito e fechado em que diz “Escolha a melhor epistemologia ou o melhor protocolo de tratamento dos dados e submeta aí todos os objetos possíveis e pertinentes”;
2. a “concordatária” que diz “Escolha suas questões de pesquisa ou os aspectos do objeto que lhes interessam e, a seguir, escolha a epistemologia e os tipos de dados que lhes pareça os mais apropriados, os mais interessantes ou ‘suficientes’ para tratar essas questões”.
Assim, a obra-pesquisa leva o que cabe no corpo de seu autor. É, em princípio, autobiográfica, impregnada do vivido, como articulação de tudo, como vemos com Graciliano Ramos:
Mergulhei numa comprida manhã de inverno. O açude apojado, a roça verde, amarela e vermelha, os caminhos estreitos mudados em riachos ficaram-me na alma. (...) a escuridão se ia dissipando, vagarosa. (...) reuni pedaços de pessoas e de coisas, pedaços de mim mesmo que boiavam no passado confuso, articulei tudo28 (p. 20).

Sem desprestigiar pessoas, objetos, coisas e caminhos, importa destacar que, no processo de investigação científica, tudo isso ganha força, bem como a imaginação e os processos inventivos relacionados com os fatos observados e experimentados. Graciliano Ramos usa a expressão “substância do fato”28 (p. 186) num contexto de relato de memórias. Concebida assim, a imaginação tem seu universo reservado, sem que seus correlatos objetivos sejam eliminados, pois qualquer produção escrita ou de outra natureza, se configura como “a confissão pessoal de seu autor, uma espécie de memórias involuntárias e inadvertidas”20 (p. 6 ).
“O mundo real parece muito menor do que o fantástico”29 (p.22): somos constituídos por forças cujas combinações se reconfiguram a cada momento e, portanto, o real se efetiva como vir a ser; “nesse movimento de individuação, gesticulamos nossas elaborações performáticas, ao que a grafia ganha traços da interpretação artística”30 (p. 20).
Ainda sobre as reentrâncias de vida e obra-pesquisa, Virginia Woolf relata:
Havia uma persiana amarela; o mar verde; e o prateado das flores de maracujá. Eu pintaria um quadro esférico, semitransparente. Pintaria um quadro com pétalas curvas31 (p. 17-8).

Há recursos possíveis e disponíveis para expressar o que é visto e vivido. Há uma gramática aqui, há linguagens eleitas: a autora afirma que pintaria, se soubesse pintar, se tivesse talento para pintura, se pudesse usar este recurso. De modo semelhante, há uma linguagem e um vocabulário nas nossas pesquisas e esses são coerentes com todo o resto: com os saberes e dizeres do outro, com aspectos epistemológicos, com emoções do pesquisador, com as características do campo de pesquisa. Importa abrir espaço a essa linguagem, permitindo desaprender e perder-se um pouco de caminhos férreos, para navegar32 e ampliar possíveis em relação aos métodos.

3. Escrever o proibido
As formas informes que desafiam o status quo científico passam pela palavra, mas abrem, também, possibilidades de comunicação com outras formas de conhecer o mundo e outras linguagens do seu conhecimento reafirmando a abundância de saberes, a exemplo da arte. E reconhecer a diversidade de olhares, vozes e passos – e dar passagem para encontros – é tarefa também da arte33.
Ao pensar a arte como divergência da norma, do código e da convenção na geração de interpretantes (significados), ela instala um desarranjo nos hábitos, crenças, expectativas e convenções instituídas como significados estabelecidos34. Assim, citando Valéry, "uma obra de arte deveria ensinar-nos sempre que não havíamos visto o que vemos. A educação profunda consiste em desfazer a educação primitiva"34 (p. 44). Para Valéry34 (p. 43) “as artes não têm método, têm modo”.
Se acima há distinção entre arte e ciência, Machado35 baseia-se em Feyerabend para apontar a integração roubada e suas consequências:
A separação entre ciência e arte levada a cabo na Modernidade resulta de uma das características da noção de mundos manifestados: a fragmentação. Ao tentar simplificar a abundância do real, um certo mundo manifestado produz a noção de demarcação. Um mundo que se produz a partir das luzes da razão e da ideologia do progresso e que entende a ciência como o ápice da razão humana. Um mundo em que natureza e cultura se separam com base na racionalidade instrumental científica, transformando a Natureza em objeto, em máquina, em coisa que pode ser usada, manipulada e controlada ao bel-prazer da razão humana, da ciência e desse sujeito racional que emerge na separação, roubando da Natureza o poder de dar sentido ao mundo35 (p. 4).

Mostra que existe beleza nestes saberes, pois ambos expressam a linguagem do conhecimento do mundo, como na poesia de Álvaro de Campos36 a nos ensinar que “O Binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo. O que há é pouca gente para dar por isso”. E, neste sentido:
Assim como o pensador tenta se defender das palavras e das expressões prontas que dispensam os espíritos de se surpreender com tudo e tornar possível a vida prática, do mesmo modo o artista pode, pelo estudo das coisas informes, isto é, de forma singular, tentar encontrar sua própria singularidade e o estado primitivo e original da coordenação de seu olho, de sua mão, dos objetos e de seu querer37 (p. 80-1).

A consideração do informe e dos modos das artes nas investigações científicas em saúde, à primeira vista, pode parecer desafiadora à noção tradicional de rigor metodológico que fundamenta a proibição de certas palavras. No entanto, um olhar mais cuidadoso sobre o tema compõe cenário diferente, em dois aspectos do caráter do método, a saber:
- o performativo38, já que este não se limita a descrever realidades sociais, mas têm a tarefa de criá-las6, ressoando com a crítica à existência de uma linguagem puramente representacional como espelho de realidades preexistentes39. Se os métodos esculpem a realidade que investigam, então as escolhas metodológicas, incluindo a linguagem, produzem conhecimento;
- o político, pois trabalha para a criação e a visualização de realidades sociais. É que atos declarativos (performativos) fundam instituições, sendo que o texto escrito tem potencial fundador, como uma “política de nome próprio”40 (p.12).
Neste contexto, a proibição de certas palavras no discurso científico não funciona de forma neutra: ela reflete e reforça certos valores e hierarquias fundados e estabelecidos politicamente na comunidade científica, privilegiando uma visão de rigor e objetividade em detrimento de outras formas de engajamento com o fenômeno estudado. Ao questionar essas proibições e defender o uso de termos como sensação, percepção, invenção, entre outros que possam contribuir para a aproximação com a vida e a saúde das populações estudadas, estamos propondo a criação de uma realidade de pesquisa qualitativa que valorize a subjetividade, a arte e a experiência narrativa. Incluir termos da dimensão subjetiva e criadora do processo de pesquisa pode, paradoxalmente, garantir o rigor no sentido outro de tornar mais clara a natureza interpretativa e efetivamente produtora de conhecimento inaugural da investigação em saúde. Por sua vez, proibir sob a alegação de fragilizar o rigor, é vista aqui como forma de compor uma realidade de pesquisa específica, empobrecida e enviesada.


Considerações Finais
Questionando a adesão acrítica a métodos de pesquisa em saúde predefinidos, este ensaio buscou expandir perspectivas sobre o ato de pesquisar.
O tópico desinibir os métodos destaca o valor de considerar a ciência como um modo de conhecer entre outros, encorajando inaugurar sentidos e modos de ver, mantendo tradições e referências teóricas apropriadas como ponto de partida e seguir dali em busca de atos criadores, à maneira da arte.
Ao discutir a necessidade de ampliar o possível e reconhecer a complexidade e a multiplicidade do mundo, apontou à existência de diferentes realidades interligadas e à valorização do saber perspectivo nietzschiano, inspirando e fundamentando abordagens metodológicas mais abertas, plurais e inclusivas.
Finalmente, a importância de escrever o proibido está em trazer recursos que traduzem a dimensão subjetiva, emocional, artística e experiencial do processo de pesquisar em saúde, não estando à serviço das descrições, mas com papel político de criador de realidades.
A transgressão nos processos metodológicos na pesquisa qualitativa em saúde proposta ressignifica e configura rigor crítico, mais profundo e engajado, capaz de enxergar e destacar a multiplicidade do mundo e dos objetos em foco, não no sentido da fragmentação do pensamento, mas na compreensão de que diferentes realidades se sobrepõem, importando olhar para suas linhas e emaranhados na existência para além de uma dimensão.
É fundamental conservar/cultivar no/a pesquisador/a a capacidade de se surpreender, o impulso a perguntar mais e a imbuir-se como artista. Assim, espera-se que estude as coisas informes e se encontre com sua singularidade — uma vez que toda obra é autobiográfica — com a dos/as Outros/as e com uma possibilidade de surpreender-se com o que vem e deixar vir.

Agradecimentos: ao CNPq pela bolsa de estudos durante o pós-doutoramento da primeira autora (Grant number 425838/2018-8) e à FapDF para apoio à tradução na língua inglesa (nº 00193-00001666/2024-12).
Declaração de Disponibilidade de Dados
Não se aplica.
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Biato, ECL, Barsaglini, R, Portugal, S. Métodos inibidos e palavras proibidas: um manifesto pela transgressão na pesquisa qualitativa em saúde. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/dez). [Citado em 23/12/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/metodos-inibidos-e-palavras-proibidas-um-manifesto-pela-transgressao-na-pesquisa-qualitativa-em-saude/19891?id=19891

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