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Artigos

0358/2023 - As Representações Sociais da Covid-19 dos usuários dos serviços da Atenção Primária no contexto da Pandemia
The Social Representations of Covid-19 by users of Primary Health Care services in context of the pandemic

Autor:

• Helena Eri Shimizu - Shimizu, H. E. - <shimizu@unb.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5612-5695

Coautor(es):

• Yuri Sá Oliveira Sousa - Sousa, Y.S.O. - <yuri.sousa@ufba.br>
ORCID: 0000-0002-8713-5543

• Thémis Apostolidis - Apostolidis, T. - <themistoklis.apostolidis@univ-amu.fr>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3549-5547



Resumo:

O estudo teve como objetivos identificar e analisar as representações sociais dos usuários da Atenção Primária do SUS do Distrito Federal acerca da Covid-19 no contexto da Pandemia. Estudo qualitativo fundamentado na Teoria das Representações Sociais (TRS) que analisou 1713 entrevistas com usuários no software Iramuteq. O procedimento de Classificação Hierárquica Descendente (CHD) distribuiu 85,79% dos conjuntos de palavras associadas à Covid-19 em cinco classes lexicais. São as principais representações da pandemia da Covid-19 dos usuários da APS do DF, o medo e a morte. A falta de coordenação do sistema de saúde, que requeria governança pelo Estado, dificultou que a assistência às pessoas chegasse a tempo oportuno. Os segmentos sociais historicamente excluídos, particularmente a população preta e parda, e economicamente vulnerável, vivenciaram de forma mais contundente diversas perdas, inclusive as de vidas. A superação do conflito entre um Estado austero e mínimo, como a que prevaleceu no momento da pandemia, e a premência de construção de um sistema de saúde solidarista, em uma sociedade com grandes diferenças socioeconômicas, mantém no centro do debate da Bioética de Intervenção a necessidade se avançar na garantia da saúde no pós Covid-19, como valor e direito humano.

Palavras-chave:

Covid-19, Pandemia, Representação Social, Bioética

Abstract:

The study aimed to identify and analyze the Social Representations of SUS primary care users in the Federal District regarding Covid-19 in the context of the Pandemic. A qualitative study based on the Theory of Social Representations (SRT) analyzed 1713 interviews with users by Iramuteq software. The Descending Hierarchical Classification (CHD) procedure distributed 85.79% of the sets of words associated with Covid-19 into five lexical classes. The main representations of the Covid-19 pandemic for PHC users in the DF are fear and death. The lack of coordination of the health system, which required governance by the state, made it difficult for people to receive care in a timely manner. The historically excluded social segments, particularly the black and brown/mixed (pardas) population, and economically vulnerable, experienced more forcefully several losses, including those of lives. Overcoming the conflict between an austere and minimal State, as prevailed at the time of the pandemic, and the urgent need to build a solidary health system, in a society with great socioeconomic differences, remains at the center of the Intervention Bioethics debate the need to move forward in ensuring health in the post pandemic Covid-19 period, as a value and human right.

Keywords:

Covid-19, Pandemic, Social Representations, Bioethics

Conteúdo:

INTRODUÇÃO
Nos últimos dois anos, a população mundial vivenciou momentos de angústias e medo devido à rápida proliferação do vírus Sars-Cov-2, a ponto de a OMS declarar Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPEII), em 11 de março de 2020, alertando a todas as nações sobre o nível de seriedade que deveriam ter diante da primeira pandemia do século XXI (1-3).
No Brasil, no que se refere ao Sistema Único de Saúde (SUS), observou-se a falta de coordenação e liderança no nível federal, ficando sob a responsabilidade dos gestores de níveis locais como governadores e prefeitos, havendo sobrecarga e fragmentação do sistema de saúde nesse momento tão importante (4-6). Ademais, a pandemia foi permeada por disputas políticas e narrativas importantes que afetaram a boa condução da resposta nacional (4-6).
Esses acontecimentos comprometeram, consideravelmente, as estruturas do SUS, que não estavam preparadas para o enfrentamento de uma pandemia de tamanha magnitude. A Atenção Primária (APS) teve e tem um papel relevante, pela capacidade de aliar cuidado individual e coletivo, por meio da atuação integrada das unidades de saúde com os territórios, com a comunidade e com seus equipamentos sociais (7-8).
Nesse contexto, a população enfrentou uma doença desconhecida e ameaçadora mediante construções de narrativas de todas as ordens, ora científica, ora política, ora econômica, ora social e todas disseminadas nas grandes mídias e redes sociais, que geraram, muitas vezes, “Fake News” acerca da doença e do tratamento (9-10). Isso trouxe maior insegurança para a população, contribuindo, certamente, para a formação de representações sociais sobre a nova doença, que orientaram e orientam as suas práticas cotidianas (10).
Em realidade, perante uma situação de ameaça generalizada, a população vivenciou uma espiral sem precedentes de medidas coercitivas e controle social. O Distrito Federal foi o primeiro estado a decretar o Lock Down, que culminou no fechamento das escolas, do comércio e dos serviços, permanecendo apenas os essenciais (11). Como consequência, as pessoas tiveram que ficar em isolamento social por longo tempo até o inicío da vacinação. Muitas mortes ocorreram e geraram muito sofrimento para a população em geral. E, nesse ínterim, as pessoas tiveram ainda que lidar com as dificuldades financeiras que afetavam, sobretudo àquelas que eram socioeconomicamente vulneráveis (8,12).
Nesse sentido, não se testemunhou apenas uma pandemia global de saúde, mas também, e, sobretudo, uma pandemia social sob o prisma, em particular, da mídia superfocalizada e com enxurrada de comunicações contraditórias (10).
A rápida proliferação do vírus Sars-Cov 2 iniciou uma cadeia de eventos que comprometeu a todos no âmbito biopsicossocial, especialmente as pessoas socialmente excluídas, portanto com maiores vulnerabilidades(12,13,14). Devido a esse fenômeno que, profundamente, influenciou as pessoas de todo o mundo, surgiu essa dúvida de tentar entender as representações sociais (RS) da Covid-19 e como ela afetou as pessoas individual e coletivamente. Este estudo se justifica porque se trata de um fenômeno que tem sofrido modificações constantes devido as mutações do vírus Sars-Cov-2, certamente gerando múltiplas RS.
Entendem-se as RS como pensamento social oriundos das relações humanas, que são compartilhados coletivamente, sobretudo na busca de compreensão de novos fenômenos que afetam a todos (15).
Essa abordagem é heurística para analisar o fenômeno da Covid- 19, que não é apenas objeto médico e científico, mas eminentemente social (10, 15-19). Partimos do pressuposto que essa doença aciona sistemas de pensamento, valores e teorias sobre o mundo socialmente compartilhado (10). As RS nascem ou são transmitidas através das formas de comunicação (15). Durante da pandemia da Covid-19, a mídia contribuiu para veicular/ orquestrar diversas informações acerca da doença, do tratamento, do uso da máscara, entre outras. Algumas com bases científicas e outras não. Porquanto, esse processo corroborou para criar comunicações paradoxais, contudo muito importantes para tentar compreender a estrutura sociocognitiva da sociedade por meio da analise de todas as formas de pensamento, o lógico e o ilógico, dentro da lógica social que surgiram nesse momento de tensão (10). Nesse sentido, a teoria das RS permite entender como determinadas dinâmicas sociais e culturais são apropriadas pelos sujeitos e se manifestam em sistemas de pensamento, em práticas cotidianas, inclusive afetivas (10,15).
Dois processos são relevantes no processo de formação das RS da Covid-19, a ancoragem e a objetivação. Na ancoragem, o indivíduo busca formas de associar aquele acontecimento novo ou algo novo, a conhecimentos já existentes em sua mente para que esse fato possa se tornar familiar (15-18,19). A Covid-19 como um objeto de nome estranho, de natureza pandêmica, investida de comunicação de massa às vezes contraditória com determinação de novas regras sociais, levou a necessidade vital de ancorá-la, de trazer a sua representação para o social, nomeá-la, classificá-la, fazê-la significativa(10,20). Assim como também a necessidade de objetivação, onde se busca a transformação de algo abstrato em algo quase concreto, tangível, que exista no mundo físico com a finalidade de comunicar, entender e agir. Nessa perspectiva, as RS revelam como a realidade está sendo formulada, e como as interações humanas sintetizam novas RS e influenciam o comportamento que mudam conforme o tempo(19).
Além disso, nos interessa analisar e discutir os aspectos bioéticos (12,13) envolvidos no enfrentamento dessa pandemia, particularmente pelos usuários do SUS, que vivenciaram fortemente a relação: enfrentamento da doença e a necessidade dos serviços de saúde. Assim, é relevante refletir acerca da atuação do Estado (12,13,14), bem como sobre o modelo de Atenção à Saúde existente para o enfrentamento da pandemia da Covid-19.
Na perspectiva da Bioética de Intervenção (BI), uma vertente comprometida com a discussão da inclusão social dos sujeitos em situação de vulnerabilidade, bem como com a igualdade e a justiça como referenciais para a agenda das discussões éticas, tomaremos para a compreensão a vulnerabilidade e a proteção dos usuários da APS, como elementos que compõem a construção das RS (12,13) para discutir os deveres do Estado para com essas pessoas no contexto da Covid-19. A BI assume compromisso de dispensar especial atenção aos indivíduos, visando a diminuição das desigualdades sociais por meio de práticas interventivas no campo social (13).
Para tanto, este estudo teve como objetivos identificar e analisar as representações sociais dos usuários da Atenção Primária do SUS do Distrito Federal acerca da Covid-19 no contexto da Pandemia.

MÉTODO

Estudo qualitativo fundamentado na Teoria das Representações Sociais (RS) desenvolvida por Serge Moscovici (15), que permite apreender os conhecimentos do senso comum, socialmente elaborados e compartilhados.
O estudo foi realizado no Distrito Federal (DF) nas Regiões de Saúde: Leste, Oeste, Centro Sul, Norte, Sul, Sudoeste, exceto na Central, onde não obtivemos autorização para entrevistar os usuários. Escolheram-se os serviços de Atenção Primária, por ser a porta de entrada onde os usuários com sintomas leves ou moderados da Covid-19 buscavam o primeiro atendimento e, se necessário o serviço fazia a coordenação para outros níveis do sistema local de saúde.
Os critérios de inclusão dos usuários foram: ter idade superior a 18 anos, estar cadastrado na Estratégia Saúde da Família, principal serviços da APS, no mínimo há seis meses, e apresentar condições físicas, comunicar-se verbalmente, e estar orientado no tempo e no espaço para responder aos questionários. Já o critério de exclusão foi recusar-se a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Foram realizadas entrevistas individuais e presenciais, com questões estruturadas (características sociodemográficas) e questões abertas utilizando-se a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP) a partir de um termo indutor: Covid-19. Os conteúdos dessas entrevistas baseada na TALP resultam das três etapas do processo de objetivação (15): seleção e descontextualização de determinadas informações relacionadas ao objeto (Covid-19); organização em um núcleo figurativo formado por elementos que mantêm entre si padrões estruturados de relação; e naturalização, etapa em que o objeto passa a ser percebido como realidade objetiva, conferindo materialidade ao que é abstrato ou conceitual.
O período da coleta de dados foi de janeiro de 2021 a dezembro de 2021, ano em que houve o auge de mortes durante a pandemia da Covid-19 (3.367 óbitos) anunciados pela mídia em março de 2021. Esse tenso fenômeno certamente contribuiu para ativar a formação de diversas representações sociais, especialmente, porque as pessoas se comunicavam o tempo todo para tentar entender a grave situação.
Participaram do estudo 1713 usuários de serviços de Atenção Primária, que também responderam a questões sobre acesso e estrutura dos serviços para o atendimento durante a pandemia de Covid-19. Em relação ao perfil dos participantes, a maioria, 81,51% era do sexo feminino e de cor parda, 63,42%. Quanto à escolaridade, prevaleceu ensino médio, 54,78%. A renda preponderante variou entre um a três salários mínimos 52,57%. No que tange à ocupação, a maioria era trabalhador sem carteira assinada, 24,97%, com carteira assinada era 22,90%, e 15,16% desempregado.
O corpus textual analisado neste estudo foi composto pelas transcrições das respostas em atividades de associação livre de palavras (21), procedimento em que os participantes apresentavam palavras ou expressões que lhes ocorriam espontaneamente quando o termo “Covid-19” era mencionado. Também era oportunizado que os participantes escolhessem a palavra ou expressão mais importante entre as que foram apresentadas e justificassem tal escolha.
ANALISE DE DADOS
O corpus textual foi analisado com auxílio do software Iramuteq (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires), versão 0.7 alpha 2 (22,23). O Iramuteq é uma interface de R (www.r-project.org) que viabiliza procedimentos de análise automática de dados textuais com base na lexicometria, ou estatística de texto (24). Os dados foram submetidos a uma Classificação Hierárquica Descendente (CHD), um método de análise de agrupamentos que realiza sucessivas divisões no material, distribuindo segmentos de texto (palavras associadas à Covid-19 e justificativas) em classes lexicais. Isso feito a partir de observações sobre o vocabulário e os padrões de coocorrência de palavras nos enunciados, agrupando segmentos de texto com características lexicais semelhantes entre si e em contraste com outras classes (24-25). As classes lexicais fornecem contextos semânticos para a interpretação das palavras e expressões utilizadas, indicando dimensões temáticas e características sobre a organização do conteúdo de representações sociais (24-25) As formas lexicais mais específicas de cada classe são identificadas por meio de testes de qui-quadrado (?²). As variáveis sociodemográficas também foram consideradas na análise, visando identificar possíveis associações entre as características dos/as participantes e o conteúdo das classes lexicais resultantes. Foram consideradas significativas as associações cujo teste de qui-quadrado forneceu indicadores maiores do que 3,84 (p<0,05). O teste compara a frequência esperada e a frequência observada de cada variável categórica nas classes resultantes. Um resultado significativo pode indicar sobrerrepresentação, quando a forma lexical ou variável sociodemográfica ocorre em uma classe com frequência significativamente maior do que o esperado, ou sub-representação, quando determinada variável ocorre menos do que o esperado (24).
Uma análise lexical baseada na coocorrência de palavras, como a CHD, permite observar padrões na organização dos conteúdos mais salientes da representação, identificando classes de segmentos de texto (ou de conjuntos de palavras evocadas) que são similares entre si pelo vocabulário que empregam. Por sua vez, ao buscarmos articular a forma de organização simbólica dos conteúdos a determinadas condições de inserção e participação social, ocupamo-nos simultaneamente dos aspectos semânticos da ancoragem e dos processos de regulação social desses conteúdos (26).
ASPECTOS ÉTICOS
O estudo obteve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o n° CAE 28859019.2.3001.5553. Com a finalidade de garantia do anonimato dos participantes, as falas foram codificadas como Suj (entrevistado/a) e numeradas conforme a ordem cronológica das entrevistas. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS
Ao final do tratamento lexical baseado na CHD, o Iramuteq distribuiu 2204 segmentos de texto (85,79% do corpus) em cinco classes lexicais. As formas lexicais mais específicas de cada classe podem ser observadas no dendrograma (Figura 1). As cinco classes foram distribuídas em dois eixos lexicais, o primeiro comportando a classe 5 (39,9%), e o segundo englobando as classes 4 (6,1%), 3 (12,3%), 1 (24,3%) e 2 (17,4%).

Fig. 1

Figura 1 – Covid-19 por usuários da APS do DF

O primeiro eixo lexical, que contém apenas a classe 5, foi nomeado de: “Medo de pegar Covid-19 e morrer”. Os vocábulos presentes nesta classe mostraram o medo causado pela nova doença, sobretudo devido à alta contagiosidade e letalidade. Uma doença que remeteu ao medo da morte, da perda de muitas pessoas, e que se ansiava para que acabasse logo.
O segundo eixo lexical foi denominado: As consequências da doença congregaram as classes 2 (Perdas e isolamento) e 1(Angústia e pânico), que trataram dos sofrimentos vivenciados por todas as perdas provocadas pela doença (de vidas, dos empregos, das liberdades) e a sensação de angústia e pânico devido a muitas incertezas provocadas pela doença; e em oposição encontram-se as classes 3 (Descaso do Governo com o sistema de saúde) e 4 (O caos vivenciado pela população) revelaram a falta de coordenação da pandemia pelo Estado e as consequências no sistema de saúde, e a consequente situação de abandono vivenciado pela população.
Ademais, foi verificada a suposição de que as variáveis sociodemográficas se caracterizavam como ideias de força para a construção de contextos representacionais específicos. Nessa perspectiva, é relevante analisar o sistema de ancoragem dos aspectos significativos de um objeto que se apresentam em antagonismo em um determinado campo social, que nem sempre expressam relações de conflito, mas as dinâmicas de contrastes moduladas pelo contexto simbólico emanado pela pandemia da Covid-19.
Classe 5 - Medo de pegar Covid-19 e morrer
Esta classe tematizou sobre o medo que as pessoas tinham de pegar a Covid-19 e morrer devido ao seu alto grau de letalidade. Além disso, revelou o medo da perda de pessoas afetivamente significativas. Nos enunciados desta classe evidenciaram-se, também, o medo de se contaminar novamente, além do medo de passar a doença para outras pessoas devido à contagiosidade da doença. Observa-se o desejo que a pandemia passasse o mais rápido possível. Esta classe possui maior percentual de segmentos de texto e destacaram-se as pessoas de cor branca, com renda igual ou maior do que 3 salários mínimos, trabalhador sem carteira assinada e com bom estado de saúde.
(...) medo de pegar a Covid-19, pois é uma doença muito perigosa. Muita gente com condição social boa faleceu muita gente velha Suj 1.
Classes 2 – Perdas e Solidão
Na classe 2 os enunciados mostraram as adversidades concretas provocadas pela doença, especialmente o grande sofrimento causado pela morte e perda das pessoas queridas. Revelaram, também, outras perdas como a de empregos, que geraram dificuldades financeiras e endividamentos das pessoas e famílias. Outras consequências da doença se referiram à necessidade de isolamento, que provocaram a solidão e a restrição da liberdade de ir e vir. Destacaram-se nesta classe os participantes da cor parda, com trabalho informal, que recebiam de 1 a 3 salários mínimos, com apoio de benefício social, e estado de saúde ruim na ocasião da coleta de dados.
Todo esse momento é muito difícil muitas perdas e mortes Suj 100.
Tristeza perda impotência financeira impotência negligência política suj900
Classe 1- Angústia e Pânico
Nesta classe, com maior número de segmentos de texto depois da classe 5, demonstrou-se sensação de angústia, a insegurança, o desespero e pânico causados pela doença aterrorizante. Sobretudo porque se tratava de uma nova doença desconhecida e altamente contagiosa, que requereu isolamento social prolongado, e gerou muitos medos e incertezas. Destacaram-se os participantes da cor preta, que recebiam 1 salário mínimo, não recebiam beneficio social e que tinham família com Covid-19.
Médico, angústia, preocupação ansiedade e muitas coisas Suj 40
Classe 3 - Descaso do Governo com o sistema de saúde
Esta classe trata da instalação da Pandemia, particularmente sobre o sistema de saúde para responder as necessidades da população para combater o vírus. Todavia, evidenciaram-se muitos problemas relacionados a falta de informações, especialmente acerca das vacinas. Além disso, foram destacados os problemas de governabilidade da Pandemia pelo Estado, especialmente o “descaso” com a população. Houve, desde a falta de insumos básicos como o oxigênio para o tratamento dos sintomas respiratórios, como também de vacina. Evidenciaram nesta classe os participantes com cor parda, que recebiam entre 1 a 3 salários mínimos, com ensino fundamental, os funcionários públicos e as puérperas.
A pandemia está testando o sistema de saúde público e destruindo famílias Suj 540.
Descaso de governo federal da pandemia: fora Bolsonaro Suj 681.
Classe 4 – Vivenciado o caos
Nesta classe, os vocábulos: aflição, horrível, ruim, péssimo, praga e fatal revelaram os sentimentos vivenciados pela população durante a Pandemia. A confusão devido ao atraso no desenvolvimento e no recebimento das vacinas no país foi revelada nos enunciados. Os profissionais de saúde (enfermeiro e médico) são citados como protetores/cuidadores. A palavra igualdade expressa o desejo de que todos fossem tratados da mesma forma num contexto em que todos experimentavam uma situação desesperadora. Ressaltaram-se nesta classe os participantes da cor preta, com ensino fundamental incompleto, desempregados, e que recebiam menos de um salário mínimo.
DISCUSSÃO
Verificou-se no eixo temático1, mais precisamente na classe 5, que o medo é parte principal das representações sociais da pandemia da Covid-19 dos usuários da Atenção Primária do DF. Certamente porque a doença colocou toda a população diante de uma ameaça generalizada, que causou diversas rupturas e mudanças radicais no cotidiano (10). Fazia mais de um século que a humanidade não observava uma pandemia, logo, a Covid-19 ativou na memória coletiva representações dos horrores provocados por vírus no passado (10).
O acesso aos serviços de saúde, inclusive na APS, demorou a ser organizado em função do pouco conhecimento da nova doença, que requereu reorganização dos serviços e dos processos de trabalho (27). Ao Sistema Único de Saúde (SUS), organizado a partir das redes de atenção à saúde, coube garantir a integralidade do cuidado a todas as pessoas acometidas pela Covid-19. As Equipes de Saúde da Família tinham como atribuição o acompanhamento da população, especialmente da mais vulnerável socialmente, com ações de testagem para a Covid-19, e ainda assistência aos casos mais leves e o monitoramento de grupos de risco (28). Além disso, destacou-se o relevante papel da APS na vigilância dos casos e dos óbitos por Covid-19 (28). Contudo, isso não ocorreu de forma homogênea e adequada em todos os territórios do DF. Houve interrupção da continuidade dos cuidados na APS, em grande parte das Unidades Básicas de Saúde do país, para atender prioritariamente os pacientes com Covid-19 (28).
Ademais, no Brasil, devido uma política de testagem com barreiras funcionais e a sistemas de gerenciamento de dados pouco céleres, e com atrasos na entrega dos testes, não foi possível alcançar resultados satisfatórios para impedir o contágio e os óbitos (29).
Como consequência das limitações do sistema de saúde e da agressividade do vírus Sars-Cov-2 e das rápidas mutações, a doença causou número de mortes avassalador. No Brasil, a taxa de mortalidade no período de janeiro de 2020 a fevereiro de 2021 foi de 119,0 por 100 mil/hab., e no DF 155 por 100 mil/hab. (30).
A morte figurou como parte importante das representações da Covid-19, por ser uma doença que ceifou muitas vidas de forma drástica e rápida. O pânico coletivo esteve relacionado ao fato da morte não estar associada exclusivamente a uma idade, gênero, aspecto racial-étnico ou proveniência geográfica específica (31). Muitas pessoas vivenciaram esse sentimento de forma real e contundente, que se exacerbava quando se somavam aos medos internos de cada um, agravando os sentimentos de angústia e desespero (31). Nesse contexto, havia expectativa de que o sistema de saúde, particularmente a APS fosse capaz de salvar vidas e reduzir o sofrimento e a angústia das pessoas. Era forte, também, a representação do médico como salvador dessa catástrofe, sobretudo ancorado no modelo biomédico que é prevalente no modelo de saúde vigente (32). Todavia, a pandemia ressaltou que são necessários outros modelos de atenção que considerem a dimensão psicossocial (32).
O DF, apesar de ter sido o Estado/Município pioneiro em decretar o Lockdown, por pressões econômicas teve que abrir o comércio e outros serviços em pouco tempo. Isso levou muitas pessoas a terem que voltar a trabalhar, fora de casa, para sobreviverem como: motoristas de transporte coletivo, entregadores de alimentos em domicílio, trabalhadores de postos de combustíveis, entre outros. A falta de possiblidade de proteção adequadas dessas pessoas revelou-se ser um conflito bioético relevante (13,14).
Nesse sentido, observou-se neste estudo que a forma como cada segmento social teve que enfrentar a pandemia foi singular. No eixo 2, as classes 1 e 2 revelaram que o segmento social historicamente excluído vivenciou de forma contundente mais perdas de vidas. A exclusão social da população preta e parda e mais pobre foi reiterada durante a pandemia, porque foram os que tiveram que se expor para realizar trabalhos para proteger outras vidas, de quem podia ficar em casa ou trabalhar remotamente. Em realidade, observou-se uma das formas de exclusão definida como marginalização que se refere a colocar um grupo a parte do corpus social (13-14,19).
A BI mostra que a marginalização, comumente, se trata de processo que se nega o acesso para determinadas populações a papéis e status sociais, através de uma dupla lógica de diferenciação social e desvalorização (13-14). Houve muita demora do pagamento do auxílio emergencial para a população com mais carência socioeconômica. A BI sugere que nessas situações, ou seja, a partir da identificação dos segmentos sociais mais vulneráveis na pandemia se aplicasse o princípio da equidade, que parte do pressuposto de que os indivíduos são diferentes e, portanto, requerem tratamento diferenciado, condizente com as suas vulnerabilidades (13-14).
Os estudos bioéticos têm mostrado que, no contexto da pandemia da Covid-19, ocorreu o que se denomina mistanásia, uma forma de morte que se caracteriza por ser consequência de condições socioeconômicas que poderiam ter sido ser evitada se houvesse acesso amplo às políticas públicas governamentais (33).
Outros estudos reforçam a necessidade de tomar em consideração uma leitura das desigualdades sociais provocadas pela Covid-19, a partir do referencial teórico-político da interseccionalidade que permite compreender, de forma dinâmica e fluida, os contextos históricos particulares, as relações de poder situacionais e os processos estruturais de opressão e privilégios (34). Reitera-se que no cenário da pandemia, figuraram sujeitos cujos corpos ficaram mais expostos, particularmente, em razão das condições desiguais de suas existências (34). Nesse sentido, as reflexões baseadas nessa perspectiva são potentes para revelar as reais condições de vida dessas pessoas e os seus contextos específicos, que demandam ações múltiplas, integradas e intersetoriais, além de um forte advocacy pela garantia do direito à vida em todas as suas dimensões e o combate ao racismo, de forma a enfrentar as iniquidades e desigualdades sociais (34,35).
Observou-se neste estudo, mais precisamente nas classes 3 e 4, que o Estado deixou a população em situação de extrema fragilidade. O “negacionismo” do presidente da república que veiculava fake News: como sendo “uma gripezinha”, que além de confundir a população, isentava o Estado das responsabilidades de cuidados para com os cidadãos (36). Ademais, essa situação provocou uma grande divisão entre os que não acreditavam nos malefícios do vírus, portanto não tomavam nenhum cuidado e aqueles que acreditavam na ciência e os que tomavam todos os cuidados como o uso de máscara, o distanciamento físico e o isolamento social.
A falta de coordenação do sistema de saúde, que requeria governança entre os três entes federados, dificultou que a assistência ás pessoas chegasse a tempo oportuno (4). Nesse sentido, observou-se que a classe 3 revela essas graves falhas do sistema de saúde, especialmente o seu colapso no auge da pandemia, como a falta de equipamentos, de insumos como oxigênio, máscaras, luvas e de leitos de UTI, provocando muitas mortes.
A demora no desenvolvimento e aprovação das vacinas, também, causou muitas angústias, particularmente para as gestantes e puérperas, conforme demonstrado na classe 3. A falta de assistência às gestantes no período da pandemia caracteriza-se como um conflito bioético, sobretudo pelo longo tempo de indefinição “se as gestantes deveriam ou não tomar a vacina”, que ocasionou muitas mortes e sequelas. Estudos mostraram que as gestantes e puérperas pretas e pardas foram expostas a maior risco de desfecho letal associado à Covid-19, com predominância do período puerperal (37). Elas também tiveram maior fator de risco para desfechos negativos maternos na gestação como no puerpério, e foram as que menos foram internadas na UTI (37).
A falta de informações, bem como os fake News em relação aos efeitos da vacina também provocaram muitos problemas. Destaca-se, novamente, que a politização da vacina pelo presidente Jair Bolsonaro, que se recusou a tomar a vacina e rejeitou o imunizante fabricado pelo Instituto Butantã em colaboração com a farmacêutica chinesa Sinovac, devido disputa política com o governador de São Paulo (36), igualmente, ajudou a confundir a população e aumentar a hesitação vacinal. Além disso, contribuiu para a criação de representações sociais disfuncionais acerca da vacina, que se caracteriza como problema bioético relevante.
Nesse contexto de incertezas e de abandono pelo Estado, os usuários da APS tiveram que enfrentar “a praga” desconhecida, individualmente, ou com alguma colaboração solidária, que foi muito expressiva no país. Contudo, ressalta-se que a história nos mostra que a tensão social provocada por outras pandemias tornaram visíveis estruturas latentes e revelaram como o poder e privilégio de alguns grupos sociais se sobrepunha a de outros, sobretudo a dos mais vulneráveis socioeconomicamente(35).
A superação do conflito entre um Estado austero e mínimo, como foi a que prevaleceu no momento da pandemia, e a manutenção de um sistema de saúde solidarista, em uma sociedade com grandes diferenças socioeconômicas como a brasileira, mantém no centro do debate da bioética a questão da ética pública, com a necessidade se avançar na democracia participativa e na garantia da saúde como valor e direito humano; e do conceito de proteção dos mais vulneráveis aplicados ao planejamento, a efetivação e a avaliação das políticas públicas. Nesse sentido, precisam ser cotidianamente tomados em consideração como desafio, o nível de coesão, participação cidadã e solidariedade pautados em conhecimentos e valores basilares do comprometimento pessoal e coletivo (38,39).
Na perspectiva da BI, os processos de exclusão e marginalização da população mais vulnerável, que ocorreu durante a pandemia da Covid-19, caracteriza-se como um problema recorrente e persistente, que requer a atuação mais incisiva do Estado, mormente no desenvolvimento de políticas públicas mais amplas, no pós pandemia, e que utilizem, notadamente, os critérios de justiça e de equidade. Numa compreensão de justiça como equidade, amparada na noção de justiça corretiva, que repara as falhas ou ausências geradoras de injustiças, de forma a suprir a necessidades de cada um e da coletividade. Nesse sentido, é um compromisso bioético do Estado investir no direito à continuidade dos cuidados a essas pessoas, particularmente para aquelas que apresentam algumas sequelas da Covid longa, com amplo acesso aos serviços da APS e aos especializados, com o intuito de abranger todas as necessidades em saúde. Desse modo, é possível diminuir a desigualdade e a falta de acesso à saúde, bem como a fragilidade da manutenção do direito à vida.
A principal limitação deste artigo reside na complexidade da temática que requerer outras visões complementares. Outras limitações se referem ao período de condução do estudo, ou seja, durante uma pandemia, com os usuários tendo que lidar com a doença desconhecida. Todavia, foi realizado o esforço de retratar com máxima fidedignidade esse período vivenciados pelos usuários da APS.
CONCLUSÕES
Verificou-se que são as principais representações da pandemia da Covid-19 dos usuários da APS do DF, o medo e a morte. Uma nova doença desconhecida, que remeteu a vivências de perdas muito dolorosas. Que muito se assemelhavam a outras pragas enfrentadas pela humanidade como a gripe espanhola e outras aterrorizantes.
As representações sociais dos usuários demonstraram, também, que houve exclusões sociais, de segmentos anteriormente invisibilizados no período de enfretamento da pandemia, que provocou mais número de mortes e de sequelados da doença.
E o Estado não protegeu a população nos momentos mais críticos da pandemia, ao contrário, provocou confusões de informações acerca da doença e dos cuidados necessários, além de criar momentos de grande tensão. Na perspectiva da BI, no contexto do pandemia da Covid-19, o Estado tem uma dívida moral com a equidade e a justiça, especialmente com a população preta e parda e mais pobre. Nesse sentido, na perspectiva da BI, urge a necessidade de formulação de políticas públicas a fim de assegurar o acesso a direitos fundamentais no pós-pandemia da Covid19, principalmente para a população preta e parda e mais vulneráveis socioeconomicamente.
COLABORADORES
Shimizu HE, Sousa YSO, Apostolidis T trabalharam na concepção, no delineamento, análise e interpretação dos dados, na redação e revisão crítica do artigo e na aprovação da versão a ser publicada
FINANCIAMENTO
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal na modalidade visita técnica do CAPES-Print, da FAP-DF e da CAPES- PROAP.

REFERÊNCIAS

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Shimizu, H. E., Sousa, Y.S.O., Apostolidis, T.. As Representações Sociais da Covid-19 dos usuários dos serviços da Atenção Primária no contexto da Pandemia. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2023/Nov). [Citado em 07/10/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/as-representacoes-sociais-da-covid19-dos-usuarios-dos-servicos-da-atencao-primaria-no-contexto-da-pandemia/18984?id=18984

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