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Artigos

0253/2024 - Excesso de Peso e Fatores Associados entre Adultos Indígenas Xavante, Brasil Central
Overweight and Associated Factors among Xavante indigenous adults, Central Brazil

Autor:

• Felipe Guimarães Tavares - Tavares, F. G. - <felipegt@id.uff.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8308-6203

Coautor(es):

• José Rodolfo Mendonça de Lucena - Lucena, J. R. M. - <lucenajrm@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2716-6559

• Andrey Moreira Cardoso - Cardoso, A. M. - <andrey.cardoso@fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7591-7791



Resumo:

Considerada um importante problema de saúde pública entre os povos indígenas no Brasil, a obesidade constitui-se um fator de risco para doenças e agravos não transmissíveis. Objetivou-se descrever a ocorrência de excesso de peso e obesidade e fatores associados em adultos indígenas Xavante, por meio de um inquérito nutricional realizado na população ? 15 anos residente nas Terras Indígenas Pimentel Barbosa e Wedezé, Mato Grosso, Brasil Central, no período de junho a agosto de 2011. Foram investigadas oito das 10 aldeias existentes no território. Coletaram-se dados antropométricos, de bioimpedância e socioeconômicos. Participaram deste estudo 495 indivíduos, correspondendo a 94,1% da população alvo. As prevalências de excesso de peso e obesidade foram de 65,9% (Masc:63,2%; Fem:68,6%) e 19,8% (Masc:21,3%; Fem:18,2%), respectivamente. No modelo de regressão múltipla, as prevalências de excesso de peso foram maiores nas mulheres, nas faixas etárias e nível de escolaridade superiores, nos indivíduos residentes no 2º grupo de aldeias e nos domicílios com baixo de consumo de alimentos de cultivo e criação. Aumento na faixa etária de 20 a 49 anos e nos indivíduos residentes em domicílios com baixo consumo de alimentos oriundos da caça, pesca e coleta apresentaram as maiores prevalências de obesidade.

Palavras-chave:

Saúde dos povos indígenas; Obesidade; Epidemiologia; Xavante.

Abstract:

Considered an important public health problem among indigenous peoples in Brazil, obesity is a risk factor for non-communicable diseases and conditions. The objective was to describe the occurrence of overweight and obesity and associated factors in Xavante indigenous adults, through a nutritional survey carried out in the population ≥ 15 years old living in the Pimentel Barbosa and Wedezé Indigenous Lands, Mato Grosso, Central Brazil, during the period of June to August 2011. Eight of the 10 villages in the territory were investigated. Anthropometric, bioimpedance and socioeconomic data were collected. 495 individuals participated in this study, corresponding to 94.1% of the target population. The prevalence of overweight and obesity was 65.9% (Male:63.2%; Female:68.6%) and 19.8% (Male:21.3%; Female:18.2%), respectively. In the multiple regression model, the prevalence of excess weight was higher in women, in higher age groups and education levels, in individuals living in group 2 of villages and in households with low consumption of farmed and farmed foods. An increase in the age group20 to 49 years and in individuals living in households with low consumption of foodhunting, fishing and gathering presented the highest prevalence of obesity.

Keywords:

Health of indigenous peoples; Obesity; Epidemiology; Xavante.

Conteúdo:

Introdução

Nas últimas décadas, vem sendo reportadas globalmente mudanças nos padrões de saúde das populações, caracterizadas pelo expressivo incremento das doenças e agravos não transmissíveis (DANT) e seus fatores de risco, em grande medida atribuídas aos processos de industrialização, urbanização, envelhecimento populacional e mudanças no comportamento e nos meios de subsistência. Essas transformações manifestam-se de formas variadas, sendo comum, nos países em desenvolvimento e populações em condições socioeconômicas desfavoráveis, a coexistência de uma dupla carga de doença, representada pela persistência das doenças infecciosas, parasitárias e carenciais, em paralelo à emergência das DANT1,2. Entre as DANT, o excesso de peso e a obesidade emergem como importantes problemas de saúde pública, sendo considerados fatores de risco para outros agravos não transmissíveis, como diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer3–5.
No Brasil, estudos evidenciam disparidades na distribuição do excesso de peso e da obesidade e outras DANT, que vêm sendo associadas a marcadores de desigualdades sociais, como níveis de renda, educação e raça e etnia, por exemplo6. Entre povos indígenas, tanto no Brasil como internacionalmente, o excesso de peso e a obesidade são agravos emergentes. Esse perfil é modulado pelas histórias de contato dos povos indígenas com a sociedade envolvente e pela intrusão e perda de territórios, atreladas às transformações nos modos de subsistência e à dependência do mercado regional7–12,
O impacto dessa interação se manifesta por meio de mudanças no estilo de vida das populações indígenas, tais como modificações nos padrões de consumo alimentar, aumento na ingestão de alimentos ultraprocessados e ricos em sódio, e redução nas práticas de atividade física. Nacionalmente, estes padrões foram documentados no I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas (INSNPI), no qual foram estimadas prevalências de excesso de peso de 46,2% e de obesidade de 15,8% em mulheres indígenas em idade fértil, com expressivas desigualdades regionais7, destacando-se as elevadas prevalências nas regiões Centro-Oeste (Excesso de peso: 52,8%; obesidade: 17,2%) e Sul/Sudeste, (Excesso de peso: 54,7%; obesidade: 22,6%), bem como as baixas prevalências na região Norte (Excesso de peso: 31,2%; obesidade: 6,1%)7. Diversos estudos realizados com comunidades indígenas específicas reforçam as prevalências elevadas de excesso de peso e obesidade em populações indígenas no país10,13–15.
O povo indígena Xavante, que habita territórios no estado do Mato Grosso, região Centro-Oeste do Brasil, é uma das populações indígenas em que estudos vêm documentando os efeitos na saúde decorrentes do avanço das fronteiras demográficas sobre seus territórios, desde meados do último século. Pesquisas que documentaram essas transformações evidenciam o surgimento das DANT8,10,16–18. Frente ao contexto de transformações nos padrões de saúde Xavante, o presente estudo investigou as prevalências de excesso de peso e obesidade entre indivíduos com 15 anos ou mais de idade residentes nas Terras Indígenas Pimentel Barbosa e Wedezé, trazendo evidências acerca dos fatores socioeconômicos e demográficos associados a essas condições nessas populações.
População e Métodos


Esse estudo é parte de um inquérito sobre as condições de saúde e nutrição realizado na população Xavante das Terras Indígenas (TI) Pimentel Barbosa e Wedezé, estado de Mato Grosso, Brasil Central, no período de junho a agosto de 2011. A presente análise enfoca o segmento da população ? 15 anos de idade residente em oito de 10 aldeias elegíveis - Pimentel Barbosa, Eténhiritipá, Caçula, Wedezé, Asereré, Canoa, Reata e Tanguro, que reúnem 82,4% da população residente nas TI estudadas. As lideranças de duas aldeias recusaram a participação de suas comunidades no inquérito.
A amostra considerou, inicialmente, 559 indígenas na faixa etária alvo do estudo. Dentre estes, 33 mulheres (7,8%) encontravam-se grávidas ou não sabiam informar sobre tal condição, sendo, portanto, excluídas das análises. Isso resultou em um contingente de 526 indígenas que atendiam aos critérios de inclusão no estudo.
A equipe de pesquisadores de campo foi composta por profissionais de enfermagem, nutrição e antropologia, treinados e capacitados para a aplicação do questionário e manuseio dos instrumentos de pesquisa. Os questionários de pesquisa foram baseados naqueles utilizados no INSNPI19, adaptados às especificidades culturais Xavante e complementados com temas adicionais de interesse, como saúde bucal. Para tanto, foram realizadas entrevistas domiciliares com chefes de família ou outro representante adulto da família, abordando as condições de saneamento e moradia, padrões de aquisição de alimentos e perfil socioeconômico. As entrevistas individuais abordaram nível de escolaridade, histórico reprodutivo e de saúde, acesso a serviços de saúde e estado atual de saúde, além de medida direta de dados antropométricos, pressão arterial, glicemia casual e nível de hemoglobina.

Dados antropométricos e socioeconômicos
A estatura foi mensurada em posição ereta com um antropômetro portátil modelo 216 da marca Seca (Hamburgo, Alemanha) e registrada com precisão de 0,1 cm. O peso corporal foi medido com uma balança digital portátil modelo 770 da marca Seca (Hamburgo, Alemanha), com capacidade máxima de 150 kg e precisão de 100g. Tanto as medidas de estatura quanto de peso foram obtidas de todos os participantes que estavam fisicamente aptos, de acordo com as recomendações de Lohman et al.20 Para a realização das medidas antropométricas, os participantes foram instruídos a usarem roupas leves e estarem descalços.
O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado a partir das variáveis de peso e estatura, pela fórmula peso/altura2, e os pontos de corte para peso normal, sobrepeso e obesidade seguiram as diretrizes da Organização Mundial da Saúde 21. Para participantes com idade entre 14 e 19 anos, foram adotados os pontos de corte propostos por de Onis22.

Indicadores socioeconômicos

Foram usados os seguintes indicadores demográficos e socioeconômicos: sexo, idade (faixa etária), renda per capita domiciliar (calculada dividindo a renda total pelo número de residentes no domicílio), escolaridade, bens no domicílio, consumo alimentar.
A escolaridade referida foi medida em anos de estudo completos com aprovação, sendo estes distribuídos da seguinte forma: nenhum ano de estudo (não frequentou a escola), 1 a 8 anos do ensino fundamental, 1 a 3 anos do ensino médio e/ou 1 a 5 períodos do projeto Haiyô (formação de professores indígenas no Ensino Médio -, uma parceria entre Secretaria Estadual de Educação, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). No entanto, períodos estudados neste projeto foram calculados com equivalência de 2 períodos do projeto Hayô para 1 ano de ensino médio, já que o ano letivo neste projeto dura em média de 2 a três meses. Para fins de análise, utilizamos o indicador de forma categorizada (sem escolaridade, 1ª a 4ª série, 5ª a 8ª série e ensino médio e Haiyô).
Um indicador de posse de bens no domicílio (Bens de casa) foi calculado a partir de relato do número de bens duráveis existentes no domicilio, a partir de uma lista elaborada com base em estudos anteriores10. A análise de componentes principais foi realizada com 20 bens para se obter um índice de posse de bens capaz de discriminar o poder aquisitivo das famílias23. Os valores da matriz de correlação entre as variáveis variaram entre -0,133, para a correlação entre automóvel e fogão a gás, até 0,896, para a correlação entre televisão e DVD player. A medida de Kaiser-Meyer-Olkin chegou a 0,644, excedendo o valor mínimo de 0,60, recomendado para prosseguir com este tipo de análise. O eingenvalue do primeiro componente de análise multivariada foi de 4,316, o que representa 21,6% da variabilidade total do conjunto de dados. O segunda componente mostrou um eingenvalue 54,0% menor do que o da primeira (11,8% da variabilidade total).
Os itens que se destacaram no primeira componente foram televisão, DVD, antena parabólica, câmera digital, motor gerador e caixa de som. Apenas esse componente foi usado na definição do indicador socioeconômico, pois apresentou o maior poder de explicação da variabilidade. O valor do indicador de bens para cada família é o resultado da soma da contribuição de cada item (gerada a partir da análise de componentes principais) multiplicado pela quantidade de itens que o domicilio possui. Em seguida, o indicador foi dividido em tercis, baseados na distribuição de valores entre domicílios, sendo estes os níveis a serem considerados para classificar cada domicílio em três níveis subsequentes: baixo, médio e alto. Os valores deste indicador variaram entre -1,084 e 4,417 tendo como pontos de corte os valores -0,683 e 0,302, respectivamente.
A variável número de moradores no domicílio foi usada para representar característica do domicílio, classificada em três categorias, 1 a 9 moradores, 10 a 19 moradores e 20 a 28 moradores, já que 28 foi a maior quantidade encontrada.

Padrão de consumo alimentar domiciliar


Para estimar a frequência alimentar domiciliar foi investigada a frequência de consumo de alimentos adquiridos pelas seguintes categorias de produção: cultivo e criação domiciliar; coleta, caça e pesca; e compra na cidade. Para cada uma destas categorias foi perguntado acerca da frequência típica de consumo pelos residentes do domicílio ao longo do ano. Essa variável foi utilizada para caracterizar a inserção econômica do domicílio no que se refere à obtenção de alimentos, não enfocando a quantificação do consumo alimentar ou nutrição individual. Os alimentos detalhados no instrumento contemplaram todos os alimentos e categorias de alimentos tipicamente consumidos pelos Xavante das aldeias que participaram da pesquisa. Esses incluíram 15 itens provenientes de cultivo ou criação, tais como arroz da roça, milho Xavante, etc.; 11 itens provenientes da caça ou coleta, tais como frutas do mato, peixe, tartaruga, etc.; e 17 itens industrializados, adquiridos por meio da compra, tais como arroz comprado, café, açúcar, óleo de cozinha, etc. Para cada um dos alimentos foi indagada a frequência de consumo no domicílio, sendo classificados em “nunca ou raramente”, “só as vezes ou só em uma época” e “frequentemente ou todo dia”. A análise de componentes principais foi realizada para cada um destes grupos de frequência alimentar, sendo denominados de “cultivo ou criação”, “caça ou coleta” e “compra”.
A variável "grupo de aldeias" categoriza as aldeias participantes em três grupos, considerando suas histórias territoriais, de acordo com critérios propostos por Arantes et al24. O primeiro grupo incluiu Pimentel Barbosa e Etênhiritipá, fundadas em 1970 e 2006, respectivamente. Este grupo estava mais isolado e situado em cerrado preservado. O segundo grupo abrangeu Caçula, originada da aldeia Pimentel Barbosa nos anos 1980, com duas aldeias menores oriundas de Caçula nos anos 2000 (Canoa e Wedezé). Esse grupo ocupava uma área alagada próxima ao Rio das Mortes. O terceiro grupo compreendia Tanguro, separada da aldeia Pimentel Barbosa nos anos 1980, e duas aldeias menores provenientes de Tanguro nos anos 2000 (Asereré e Reata). Esse grupo estava próximo de uma cidade, de uma rodovia interestadual e de fazendas. Para preservar a confidencialidade, não fornecemos resultados específicos para aldeias individuais.

Análise estatística

A análise descritiva foi feita por meio do cálculo das médias, desvio padrão, valores mínimos e máximos para as variáveis antropométricas, scores socioeconômicos, scores de consumo alimentar, segundo faixa etária, sexo e grupo de aldeias. A fim de avaliar a diferença entre proporções, foi utilizado o teste qui-quadrado. Para verificar diferenças nas médias das variáveis antropométricas entre os sexos, aplicou-se o teste t de Student.
A correlação entre as variáveis foi analisada por meio do coeficiente de correlação de Pearson, em análises bivariadas, testando-se a significância estatística por meio do teste t bicaudal. Também foram calculadas as prevalências de excesso de peso e obesidade, segundo sexo, idade e estrato socioeconômico e de acordo com os indicadores de IMC.
Em seguida, foram analisadas as medidas de associação entre cada variável de interesse os desfechos excesso de peso e obesidade, por meio de razões de prevalência brutas, considerando um intervalo de confiança de 95%. Foram feitos testes de qui-quadrado de tendência linear para avaliar as diferenças entre as proporções entre categorias das variáveis de interesse. As prevalências de excesso de peso e obesidade foram calculadas por agrupamentos de aldeias, sexo, faixa etária, quantidade de moradores no domicílio, bens de consumo, e frequências de consumo alimentar domiciliar.
A análise multivariada seguiu uma regressão logística com ajuste robusto da variância para desfechos dicotômicos (sim e não) para excesso de peso e obesidade. O passo inicial da análise foi selecionar variáveis para inclusão na regressão multivariada. Para tal, foi realizada regressão univariada para cada variável investigada separadamente com uma das variáveis dependentes (excesso de peso ou obesidade) considerando p-valor de 0,20 para seleção das variáveis a serem incluídas na etapa subsequente. Em seguida, todas as variáveis selecionadas na etapa anterior foram incluídas na regressão logística multivariada, selecionado novamente aquelas que permaneceram com nível de significância estatística p<0,20 pelo mútuo ajuste. As variáveis selecionadas na etapa anterior fizeram parte do procedimento de regressão logística utilizando o método stepwise backward para seleção das variáveis no modelo final, em que permaneceram apenas aquelas com OR ajustadas e respectivos IC 95% com nível de significância p <0,05.
As análises estatísticas foram realizadas no programa IBM SPSS Statistics for Windows, version 20.0. (Armonk, NY, USA).

Considerações Éticas

O Estudo Xavante seguiu as normas de pesquisa estabelecidas pela Declaração de Helsinque e pelas Diretrizes Éticas Internacionais do CIOMS. O protocolo do estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (protocolo nº 2500.202987/2010-14). A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) concedeu permissão para a realização do trabalho de campo em terras indígenas federais. Todas as pessoas ou seus responsáveis adultos puderam consentir ou retirar a participação a qualquer momento. As análises aqui apresentadas compõem a tese de doutorado do autor principal do artigo (FGT).

Resultados
Dos 526 indígenas elegíveis para o estudo, 31 estavam ausentes das aldeias no momento da realização das medidas de peso e estatura. Desta forma, fizeram parte da nossa análise, os dados referentes a 495 indivíduos (Masc: 253, 51,1%; Fem.: 242, 48,9%), o que corresponde a 94,1% da população ? 15 anos e de ambos os sexos.
A tabela 1 apresenta as estatísticas descritivas das variáveis antropométricas e indicadores socioeconômicos. A média de idade da população foi de 34,3 anos (DP:18,8), sendo de 33,1 anos (DP:18,1) para homens e 35,5 anos (DP:19,5) para mulheres, sem diferença estatisticamente significativa entre os sexos. As médias de peso e estatura apresentaram significância estatística para o test t de diferença de médias entre os sexos, com peso e estatura médios mais elevados nos homens.

Tabela 1:

Dentre as aldeias que participaram do estudo, as que apresentaram maior número de indivíduos foram as aldeias Pimentel Barbosa (30,5%), Etênhiritipá (26,1%) e Caçula (21,0%). Há maior proporção de indivíduos do sexo feminino nos estratos sem escolaridade (39,3%) e de 1ª a 4ª série (36,0%), enquanto a frequência de homens é maior nos estratos de escolaridade de 5º a 8º ano (50,0%). Em relação à renda per capita domiciliar, a maior parte dos indivíduos recebe entre R$55,00 e R$109,99 (45,9%), com valores similares entre os sexos (Tabela 2).
Tabela 2:

A Tabela 3 apresenta as prevalências de excesso de peso e de obesidade segundo variáveis sociodemográficas e econômicas. Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas nas prevalências de excesso de peso entre as categorias das variáveis faixa etária e frequências de consumo de alimentos provenientes de caça/coleta e cultivo e criação, sendo maiores as prevalências na faixa etária intermediária e nos menores níveis de consumo de alimentos nesses padrões alimentares. Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas nas prevalências de obesidade entre as categorias das variáveis faixa etária, escolaridade, índice de bens de casa e frequência de consumo de alimentos provenientes de caça/coleta, sendo maiores as prevalências na faixa etária intermediária, nos níveis mais elevados de escolaridade, índices mais elevados de posse de bens de casa e nível baixo de consumo de alimentos provenientes de caça/coleta.
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Tabela 3:

No modelo final de regressão múltipla, o excesso de peso permaneceu associado de forma estatisticamente significativa com sexo, grupo de aldeias, faixa etária, escolaridade e cultivo/criação. A chance de ter excesso de peso foi 63% maior nas mulheres em comparação aos homens. As faixas etárias de 20 e 49 anos e 50 anos ou mais apresentaram chances de ter excesso de peso 4,9 vezes e 2,7 vezes as chances verificadas na fixa etária de 15 a 19 anos, assim como as categorias de escolaridade de 1 a 4ª séries e ensino médio ou Haiyô apresentaram OR ajustadas de 2,63 e 3,15, respectivamente, em comparação aos indivíduos sem escolaridade. Residir no segundo grupo de aldeias conferiu uma chance 42% menor de ter excesso de peso quando comparado a morar no primeiro grupo de aldeias.
No modelo final de regressão múltipla, a obesidade permaneceu associada de forma estatisticamente significativa apenas às variáveis faixa etária e caça/coleta. Ter idade entre 20 e 49 anos correspondeu a uma chance de ter obesidade 11,1 vezes a chance de indivíduos com idade entre 15 e 20 anos e morar em domicílios onde a frequência de caça/coleta de alimentos foi média tiveram chance 52% menor de ter obesidade em comparação aos indivíduos com nível baixo de consumo de alimentos prevenientes de caça/coleta (Tabela 4).

Tabela 4:


Discussão
A saúde dos Xavante tem sido objeto de investigações conduzidas desde os anos 1960, visando a caracterização do panorama de saúde e morbimortalidade desse povo. Desde então, estudos têm abordando diversos aspectos ligados direta ou indiretamente à saúde, como análises de natureza genética, demográfica, antropológica e epidemiológica8,16–18,25–29. As aldeias de Pimentel Barbosa e Etênhiritipá foram destaque em grande parte dessas pesquisas8,18, mas as demais aldeias pertencentes à TI Pimentel Barbosa foram raramente investigadas. Nosso estudo foi o primeiro a reportar dados epidemiológicos relativos à saúde da quase totalidade dos indivíduos residentes nas TI Pimentel Barbosa e Wedezé, esta última recentemente demarcada30.
As médias de estatura e peso obtidas neste trabalho mostraram-se comparáveis às registradas no último levantamento realizado com os Xavante das aldeias de Pimentel Barbosa e Etênhiritipá, em 2006. Similar constatação foi feita em relação aos valores de Índice de Massa Corporal (IMC), cujas médias em homens e mulheres corresponderam a 27,8 Kg/m² e 27,9 Kg/m², respectivamente, em 200610. Neste estudo, Welch e colaboradores conduziram uma análise temporal do estado nutricional dos Xavante, revelando ganho ponderal médio ao comparar os primeiros estudos realizados na década de 1960 por Neel28 e Niswander31, com os estudos mais recentes. Os inquéritos antropométricos realizados entre os Xavante de São Domingos e Simões Lopes, na década de 1960, revelaram médias de peso de 67,2 Kg para homens e 54,0 Kg para mulheres, em São Domingos, e de 69,8 Kg para homens e 57,9 kg para mulheres, em Simões Lopes. As médias de estatura foram 168,1cm e 170,2cm para homens e de 154,7 cm e 156,3 cm para mulheres, respectivamente, nas mesmas aldeias.
Observa-se uma tendência de aumento das médias de peso entre os Xavante ao comparar os resultados de pesquisas conduzidas em 197732 e o estudo realizado na década de 199027. Nesse caso, os autores documentam um incremento nas médias de peso de 4,4 kg entre os homens e 1,3 kg entre as mulheres. Além de médias elevadas de IMC, nosso estudo também revelou uma alta prevalência de sobrepeso e obesidade, da ordem de 46,1% e 19,8%, respectivamente, sendo estas de 50,4% e 18,2% para mulheres, e de 41,9% e 21,3% para homens, respectivamente. Isto revela que apenas 34,1% da população Xavante (36,8% para homens e 31.4% para mulheres) com idade maior ou igual a 15 anos residente nas TI estudadas apresentam IMC dentro dos padrões de normalidade indicados pela OMS33. Na população geral do Brasil, durante o período de 2008-2009, prevalências de excesso de peso corresponderam a 50,1% e a 48,0%, em homens e mulheres adultos, respectivamente34.
Ao confrontarmos os resultados deste estudo com os achados do 1º Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas (INSNPI), conduzido entre 2008-2009, abrangendo uma amostra representativa de mulheres indígenas residentes em aldeias em todo o território nacional, com idades entre 14 e 49 anos19, evidenciamos que os valores identificados entre as mulheres Xavante ultrapassam as proporções observadas em âmbito nacional para excesso de peso e obesidade, registrando 46,2% e 15,8%, respectivamente. O mesmo pode ser verificado na comparação com as prevalências reportadas para o conjunto das mulheres indígenas da região Centro-Oeste, onde reside a população deste estudo (52,8% e 17,2%)7. Ao aplicarmos a mesma faixa etária do inquérito nacional na delimitação das prevalências, os níveis de excesso de peso e obesidade entre as mulheres Xavante se apresentaram ainda mais substanciais, alcançando 69,9% e 20,4%, respectivamente.
Lamentavelmente, a ocorrência desse tipo de resultado tem se tornado cada vez mais frequente no contexto indígena brasileiro. Prevalências elevadas de sobrepeso e obesidade parecem ser um achado recorrente em numerosos estudos conduzidos no país. Em grande parte dessas investigações, tais prevalências ultrapassaram a marca de 60%, como verificado nos estudos dos indígenas Parkatêjê, quando foram observadas prevalências de 62,5% de excesso de peso entre as mulheres35 e 67,8% e 14,4% para excesso de peso e obesidade para ambos os sexos, respectivamente36. Na região amazônica, estudo conduzido por Lourenço e colaboradores9 também revelou prevalências expressivas, atingindo 42,3% para sobrepeso e 18,2% para obesidade para ambos os sexos. Além desses, outros estudos, enfocando populações indígenas específicas em diferentes regiões, também encontraram elevadas prevalências de sobrepeso e obesidade13,15,27,37–39.
Ao comparar os resultados do presente estudo com resultados de outras pesquisas realizadas em comunidades indígenas Xavante, algumas diferenças merecem destaque. Quando contrastamos as prevalências de excesso de peso e obesidade deste estudo com as obtidas no estudo dos Xavante de Pimentel Barbosa/Etênhiritipá (66,7% e 20,8% para homens e 55,6% e 17,3% para mulheres, respectivamente), constatamos uma similaridade, ressalvando uma menor diferença na prevalência de excesso de peso em mulheres no trabalho de Welch et al.10. Comparativamente aos resultados de obesidade encontrados no estudo com os Xavante de Sangradouro-Volta Grande e Pimentel Barbosa (24,6% nos homens e 41,3% nas mulheres), ambas as prevalências deste estudo se mostraram inferiores27.
Dentro deste cenário, a contínua investigação sobre a saúde de comunidades indígenas específicas, com a análise do seu perfil antropométrico em momentos distintos, desempenha um papel fundamental na verificação da tendência secular das prevalências de desvios nutricionais. Além disso, tal abordagem permite a observação de associações entre o estado nutricional e as mudanças socioeconômicas que essas populações têm experimentado, como a monetarização da economia indígena e a redução da frequência de atividade física8,9,27,40.
No contexto dos Xavante, a expansão das frentes demográficas e econômicas historicamente impactou os territórios, resultando na expropriação de terras, degradação ambiental e introdução de novas relações econômicas8,28. A economia tradicional, baseada na agricultura de subsistência, caça, pesca e coleta, foi substituída por práticas econômicas externas, comprometendo sua autonomia e sustentabilidade alimentar e levando à dependência de alimentos industrializados8.
Esses alimentos, ricos em carboidratos e gorduras, contribuíram para um aumento da ingestão calórica, enquanto a inatividade física, resultante de fatores como a diminuição de práticas tradicionais que exigiam mais esforço, mecanização de atividades agrícolas e adoção de um estilo de vida mais sedentário (aumento do tempo de tela e outras atividades de lazer), reduziu o gasto energético10,41,42. Isso ilustra como os determinantes históricos e socioeconômicos têm moldado padrões alimentares e de atividade física, contribuindo para a crescente prevalência de excesso de peso e obesidade, além de outros problemas de saúde como diabetes e hipertensão17.
Ao examinarmos a distribuição das prevalências de excesso de peso e obesidade em relação aos indicadores de padrões de consumo alimentar, observamos que as maiores prevalências ocorreram no nível baixo de frequência de consumo de alimentos provenientes da caça, pesca ou coleta e do cultivo e criação. Para esta última categoria, a diferença observada foi estatisticamente significativa apenas para o desfecho de excesso de peso (p<0,05). Este padrão sugere que os indígenas que residiam em domicílios com menor prática de modos tradicionais de subsistência apresentaram maior frequência de excesso de peso e obesidade, alinhando-se aos resultados encontrados em populações indígenas de todo o país7.
Uma relação comparável com o Inquérito Nacional também se manifesta em relação ao indicador socioeconômico "bens de casa". Neste contexto, as maiores prevalências de obesidade foram observadas nos estratos médio e superior. Esses resultados concordam com os achados do INSNPI, nos quais o índice de bens domésticos e a presença de renda familiar regular exibiram associações positivas com excesso de peso e obesidade em análises univariadas7. Ademais, essa associação reflete similaridades com os resultados identificados entre os Suruí, onde o estrato socioeconômico mais elevado demonstrou as prevalências mais altas de obesidade9.
Ao serem ajustadas em análises multivariadas, as variáveis de sexo, grupos de aldeia, faixa etária, escolaridade e padrão de aquisição de alimentos por meio de cultivo ou criação demonstraram associações significativas com o desfecho de excesso de peso. Por outro lado, no modelo associado à obesidade somente as variáveis faixa etária e padrão de aquisição de alimentos por meio de caça, pesca ou coleta permaneceram no modelo final. As associações encontradas no nosso estudo convergem com aquelas verificadas em diferentes populações indígenas no Brasil15,39. Por exemplo, ao examinar os indígenas Xukuru de Ororubá, observou-se que as prevalências mais elevadas de excesso de peso e obesidade foram associadas ao sexo feminino e às faixas etárias mais avançadas15.
A associação positiva entre idade e excesso de peso é um achado recorrente na literatura científica e, muitas vezes, é mais acentuada entre as mulheres. A relação entre elevação da idade e maior predisposição ao excesso de peso pode ser atribuída a mudanças na taxa metabólica basal e a modificações no estilo de vida, incluindo uma redução na atividade física habitualmente praticada. Pode-se aventar que a associação do excesso de peso com o sexo feminino pode refletir dinâmicas culturais e de gênero que influenciam os padrões de alimentação e atividade física. É plausível considerar que fatores socioculturais, incluindo papéis tradicionais de gênero, possam contribuir para esse padrão observado. Além disso, aspectos relacionados às tarefas domésticas e cuidado com a família podem afetar o tempo disponível para atividades físicas regulares.
A associação identificada entre a diminuição da frequência de práticas tradicionais de aquisição de alimentos, como cultivo, criação e atividades de caça, pesca ou coleta, e a ocorrência de excesso de peso e obesidade, sinaliza a possibilidade de adoção de padrões alimentares dependentes do mercado regional e do consumo de alimentos industrializados. A redução da atividade física também se correlacionou com uma maior dependência de produtos industrializados na dieta dos Xavante8,10. Esses achados apontam para uma potencial modificação nas condições de subsistência e padrões alimentares nessas aldeias10,15,18.
Quanto à escolaridade, foi identificada uma tendência positiva de associação com a ocorrência de excesso de peso. No entanto, essa observação contradiz os resultados de estudos realizados com a população em geral no Brasil, que evidenciam uma relação inversa entre escolaridade e os desfechos de excesso de peso e obesidade43. Os resultados encontrados entre os Xavante também divergem dos resultados encontrados no Inquérito Nacional de Saúde Indígena, onde a escolaridade foi identificada como fator protetor contra o excesso de peso e obesidade7.
As prevalências crescentes de excesso de peso e obesidade entre os Xavante alertam para as transformações socioculturais, econômicas e ambientais em curso nas aldeias Xavante e suas repercussões sobre a saúde e a segurança alimentar e nutricional dessas populações. A proteção territorial é fundamental para garantir acesso a alimentos tradicionais e saudáveis. A segurança alimentar e nutricional é essencial, exigindo políticas que promovam a autonomia dos povos indígenas na gestão de seus recursos naturais e na preservação de práticas alimentares sustentáveis. Esses achados destacam a necessidade de políticas de saúde que considerem as necessidades específicas dos povos indígenas, respeitando suas tradições e cosmovisões.

Agradecimentos: Os autores agradecem o apoio e a assistência oferecidos pelos líderes indígenas e membros da comunidade pesquisada, bem como pelos funcionários locais da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Agradecemos a confiança e o apoio de Carlos E.A. Coimbra Jr e James R. Welch, pesquisadores da ENSP/FIOCRUZ que foram coordenadores da pesquisa que gerou os dados analisados no presente texto (projeto CNPq 475674/2008-1 e 307624/2017-0 e Fiocruz/Inova-ENSP). Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse a declarar. Autoria: FGT e AMC formularam o conceito e desenho da pesquisa. JRML esteve envolvido na coleta de dados. FGT e AMC conduziram as análises estatísticas. FGT e AMC redigiu o manuscrito. A versão final submetida para publicação foi lida e aprovada por todos os autores.






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Tavares, F. G., Lucena, J. R. M., Cardoso, A. M.. Excesso de Peso e Fatores Associados entre Adultos Indígenas Xavante, Brasil Central. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/Jun). [Citado em 30/06/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/excesso-de-peso-e-fatores-associados-entre-adultos-indigenas-xavante-brasil-central/19301?id=19301

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