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0135/2024 - TERRITÓRIO INDÍGENA DO XINGU: PERFIL NUTRICIONAL E METABÓLICO DE INDÍGENAS AVALIADOS ENTRE OS ANOS DE 2017 E 2019
XINGU INDIGENOUS TERRITORY: NUTRITIONAL AND METABOLIC PROFILE OF INDIGENOUS PEOPLE EVALUATED BETWEEN 2017 AND 2019

Autor:

• Douglas A. Rodrigues - Rodrigues, D. A. - <doug.xingu@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6810-5410

Coautor(es):

• Vanessa Moreira Haquim - Haquim, V. M. - <vanessahaquim.unifesp@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9655-8778

• Lalucha Mazzucchetti - Mazzucchetti, L. - <laluchamazzucchetti@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9649-5727

• Pablo Natanael Lemos - Lemos, P. N. - <pablonlemos@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0585-3187

• Sofia Beatriz Machado de Mendonça - Mendonça, S. B. M. - <sofia.xingu@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3801-9343



Resumo:

O estudo avaliou o perfil nutricional e metabólico da população adulta do Território Indígena do Xingu, de acordo com o sexo e Polo base. Foi desenvolvido em 18 aldeias no período entre 2017 e 2019. A antropometria, os exames clínicos e físicos foram realizados in loco, nos indivíduos maiores de 18 anos. Foram avaliados 1.598 indígenas, com média de 36,7 anos. Destes, 50,6% eram homens, 53,2% residiam no Polo Leonardo, 22,7% no Diauarum, 12,3% no Pavuru e 11,8% no Wawi. As mulheres apresentaram maior prevalência (p<0,05), do que os homens, respectivamente, de baixo peso (2,0% vs 0,1%), eutrofia (46,1% vs 37,4%), obesidade central (63,4% vs 21,8%), baixo HDL colesterol (77,7% vs 72,9%) e Síndrome Metabólica (29,0% vs 23,5%). Em contrapartida, os homens apresentaram maior prevalência (p<0,05), do que as mulheres, respectivamente, de sobrepeso (46,3% vs 37,5%), triglicerídeos elevados (34,5% vs 28,2%) e níveis pressóricos elevados (13,2% vs 8,6%). Os Polos base Leonardo e Wawi apresentaram os piores resultados nutricionais e cardiometabólicos. No geral, os indivíduos avaliados apresentaram elevada frequência de doenças não transmissíveis e risco cardiometabólico. Medidas urgentes precisam ser tomadas para controlar esta situação.

Palavras-chave:

População Indígena; Saúde de Populações Indígenas; Doenças não transmissíveis; Síndrome Metabólica; Avaliação nutricional.

Abstract:


The study to evaluate the nutritional and metabolic profile of the adult population of the Xingu Indigenous Territory, according to gender and base Center. It was developed in 18 villages in the period between 2017 and 2019. Anthropometry, clinical and physical examinations were carried out in loco, in individuals over 18 years of age. A total of 1,598 indigenous people were evaluated, with an average age of 36.7 years. Of these, 50.6% were male, 53.2% lived in Leonardo Base center, 22.7% in Diauarum, 12.3% in Pavuru and 11.8% in Wawi. Women had a higher prevalence (p<0.05) than men, respectively, of underweight (2.0% vs. 0.1%), normal weight (46.1% vs. 37.4%), central obesity (63.4% vs. 21 .8%), low HDL cholesterol (77.7% vs. 72.9%) and Metabolic Syndrome (29.0% vs. 23.5%). In comparison, men had a higher prevalence (p<0.05) than women, respectively, of overweight (46.3% vs. 37.5%), high triglycerides (34.5% vs. 28.2%) and high blood pressure levels (13.1% vs. 8.6%). The Leonardo and Wawi base Centers had the worst nutritional and cardiometabolic results. Overall, subjects presented a high frequency of non-communicable diseases and cardiometabolic risk. Urgent measures need to be taken to control this situation.


Keywords:

Indigenous Population; Health of Indigenous Populations; Noncommunicable diseases; Metabolic syndrome; Nutritional assessment.

Conteúdo:

INTRODUÇÃO

Dados divulgados pelos pesquisadores da World Health Organization (WHO) 1, no ano de 2022, mostram que as Doenças Não Transmissíveis (DNT) foram responsáveis por 74,0% das mortes no mundo. Apesar de seu caráter não transmissível 2, temos assistido a uma verdadeira epidemia de DNT nas últimas décadas, com destaque para as doenças cardiovasculares, câncer, doenças respiratórias crônicas e diabetes 3-7.
Entre indígenas de 23 países, incluindo o Brasil, as condições sociais e de saúde foram piores, quando comparadas com a população não indígena8. O aumento das DNT tem se destacado no perfil epidemiológico em várias comunidades indígenas do mundo e instigado pesquisadores na análise de fatores de risco cardiometabólicos e nas mudanças em seu estilo de vida, embora persistam altas prevalências de doenças carenciais e infecciosas 8-18.
A relação entre as sociedades indígenas e a sociedade nacional, considerando diferentes cenários e momentos históricos, moldou comportamentos e determinou mudanças no modo de viver e de se alimentar dos povos indígenas, principalmente pela exploração e expropriação de seus territórios pelas frentes de expansão agropecuárias, madeireiras e mineração 19-25.
Os impactos destas mudanças ambientais e comportamentais podem ser identificados por meio do surgimento das DNT nos indígenas brasileiros. Os estudos realizados, no país, nas últimas décadas, mostram um crescimento rápido e progressivo das prevalências de obesidade, dislipidemias, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e Síndrome Metabólica (SM), revelando alto risco para as Doenças Cardiovasculares (DCV) e Diabetes Mellitus (DM), em ambos os sexos 9,13,16, 23-34. Estudos realizados com povos do Território Indígena do Xingu (TIX) mostram o incremento de DNT como a obesidade, as lipoproteínas de alta densidade (HDLc) reduzidas, os triglicérides elevados e, inclusive, o surgimento de outras até então inexistentes como o DM 13,23-25,32-34.
Outros fatores têm contribuído para as mudanças no modo de viver e comer dos povos indígenas, entre eles a monetarização e diversificação de sua economia e o surgimento de novos papeis sociais. Welch et al. documentaram a existência de associações estatisticamente significantes entre renda familiar, condições de saúde e medidas antropométricas indicativas da presença de obesidade em adultos do povo Xavante de ambos os sexos 16, 22.
Os programas governamentais de transferência de renda e distribuição de cestas básicas, em geral de composição inadequada para as dietas locais, também estimulam o consumo de alimentos industrializados e ultraprocessados em detrimento do consumo de alimentos tradicionais, contribuindo para o surgimento das DNT entre os povos indígenas 21-25.
Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a seus membros, incluindo o Brasil, o estabelecimento de “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS”. O objetivo Saúde e bem-estar apresenta como uma das metas, “Até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por DNT via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar” 35. Em 2021, um novo “Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil, 2021-2030 (Plano de Dant)”, foi elaborado em conformidade com os ODS mundiais e nacional e está em vigor 36. Ainda neste contexto, no ano de 2018, o Ministério da Saúde (MS), definiu que tanto as DNT, como os estudos sobre a saúde das populações indígenas, fossem prioridades da agenda nacional de pesquisa em saúde 37.
Considerando que as DNT englobam as principais causas de morte no mundo; que diminuem a qualidade de vida e podem levar a mortes prematuras; que impactam negativamente aspectos socioeconômicos das famílias e comunidades; que são relevantes frente aos ODS pactuados pelo país e com os programas de combate a estes agravos vigentes; bem como a prioridade na agenda nacional de pesquisa sobre este tema e sobre a saúde das populações indígenas entende-se como oportuna a realização deste trabalho, cujo objetivo foi avaliar o perfil nutricional e metabólico da população adulta do TIX, de acordo com o sexo e Polo base.
Salienta-se o ineditismo desta pesquisa no que se refere a quantidade e diversidade étnica de indígenas avaliados no TIX, além da análise por Polo base, que são subdivisões territoriais pertencentes aos Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI). Esta estratificação foi selecionada para análise, pois cada Polo base apresenta particularidades importantes, principalmente as diferenças relacionadas ao acesso ao território e serviços de saúde; ao histórico de contato de cada etnia por região; e a diversidade cultural expressa nesses espaços que compõem o TIX; já a análise por sexo, decorreu pelas questões biológicas. Espera-se que os resultados possam subsidiar políticas que visam a redução das DNT no país e em especial para os povos indígenas.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal, que utilizou dados primários coletados diretamente com a população adulta e idosa do Território Indígena do Xingu (TIX), Mato Grosso (MT), Brasil (11°14'41.4"S 53°12'26.3"W). Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), esse espaço possui um total 2,8 milhões de hectares demarcados e homologados 20.
O TIX compreende hoje quatro Terras Indígenas (TI), sendo elas a TI Parque Indígena do Xingu, TI Wawi, TI Batovi e TI Pequizal do Naruvotu 20. Em 2017, o TIX abrigava 93 aldeias e 16 etnias, somando um total de 6.616 indivíduos; destes, 3.025 indivíduos com idade igual ou maior a 18 anos 38.
Este território está dividido em quatro regiões: Alto, Médio, Baixo e Leste Xingu. Cada região conta com um Polo base, que são “subdivisões territoriais do DSEI, sendo base para as Equipes Multiprofissionais de Saúde Indígena organizarem técnica e administrativamente a atenção à saúde da população indígena adscrita” 39 (Art. 2º, III). Os Polos base do TIX são: Diauarum (Baixo Xingu), Leonardo (Alto Xingu), Pavuru (Médio Xingu) e Wawi (Leste Xingu). Cada etnia possui particularidades relacionadas à história de contato com a sociedade envolvente, interações com outros povos indígenas, acesso aos municípios do entorno, bem como, as regras e conhecimentos tradicionais, tecnologias agrícolas, língua materna, entre outras especificidades 40.
Este trabalho foi desenvolvido em 18 aldeias e contemplou todas as etnias presentes no período entre 2017 e 2019, no decorrer de quatro viagens anuais. As aldeias foram selecionadas com base no maior número de moradores e diversidade étnica, ou seja, não houve um processo de amostragem probabilística ou mesmo busca por amostra com tamanho representativo do TIX. Evidencia-se, entretanto, que se almejava continuar com as avaliações in loco em outras aldeias, mas, a pandemia de Covid-19 inviabilizou esse processo.
Foram avaliados adultos maiores de 18 anos, de ambos os sexos, que estiveram presentes nas aldeias no momento das avaliações e aceitaram participar da pesquisa. Os critérios de exclusão foram estar gestante; não realizar as medidas de peso ou altura; não ter disponível ao menos 80,0% dos exames clínicos. Foram coletados dados de 1.612 indígenas, mas considerando os critérios de elegibilidade expostos, foram incluídos 1.598, o que representa uma amostra de 52,8% em relação ao total disponível para da faixa etária (n=3.025). A Figura 1 apresenta as aldeias avaliadas no TIX.
O projeto base para a realização deste estudo foi desenvolvido com dois componentes: um com enfoque epidemiológico e outro de caráter etnográfico, realizado a partir de técnicas de observação participante, entrevista individual e coletiva, visitas domiciliares, rodas de conversa e oficinas de culinária em conjunto com a sistematização de experiências dos pesquisadores. Para este manuscrito, foram utilizados apenas os dados epidemiológicos.

Fig.1

O exame físico, incluindo antropometria e a realização dos exames clínicos foram realizados nas próprias aldeias, por profissionais devidamente capacitados para tais funções. A equipe da pesquisa foi composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, odontólogos, estudantes de medicina e enfermagem, agentes indígenas de saúde e saneamento, técnicos de enfermagem, professores indígenas e educadores.
As informações sociodemográficas de nome, sexo e idade dos indígenas foram obtidas por meio do censo demográfico fornecido pelo DSEI Xingu. As medidas antropométricas (peso e altura) foram realizadas em duplicata e seguiram os procedimentos recomendados pela WHO 41. Para a medida do peso corporal (kg), foi utilizada uma balança portátil eletrônica da marca KRATOS-CAS®, com capacidade máxima para 150 kg e escala de 50 g. Durante a avaliação, todos os indivíduos estavam com roupas leves e sem calçados. Para a medida da altura, utilizou-se um estadiômetro portátil, com plataforma, da marca AlturaExata® com escala de 1 mm a 213 cm. A parte móvel do estadiômetro foi posicionada no ponto mais alto da cabeça do indivíduo, estando com os braços estendidos ao longo do corpo, com os calcanhares e joelhos unidos, corpo e cabeça em contato com a régua de medição.
O índice de massa corporal (IMC) foi obtido por meio da fórmula de peso dividido pela altura elevada ao quadrado. Para avaliar o estado nutricional foi utilizado o critério proposto pela WHO 41, que classifica o IMC como, baixo peso (IMC <18,5 Kg/m2), eutrofia (IMC ?18,5 r <25,0 Kg/m2), sobrepeso (IMC ?25,0 e <30,0 Kg/m2) e obesidade (IMC ?30,0 Kg/m2).
A circunferência abdominal (CA) foi mensurada com trena antropométrica inelástica, no ponto médio entre a borda inferior da última costela e a borda superior da crista ilíaca 41. A presença de obesidade central (OC) foi caracterizada por valores de CA maiores que 94 cm e 80 cm, para homens e mulheres, respectivamente 42,43.
O perfil lipídico [colesterol total (CT), lipoproteína de alta densidade (HDLc), lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e triglicerídeos (TG)] e a glicemia de jejum (GJ) foram determinados pelo método de fingerstick de coleta de sangue capilar com o uso do equipamento automatizado portátil Cholestech LDX (Alere, Waltham, MA – USA®) por meio da fotometria de reflectância. Foram considerados alterados concentrações de CT >200 mg/dL ou TG >150 mg/dL ou LDLc >130 mg/dL ou HDLc <40 mg/dL para homens e <50 mg/dL para mulheres 3, 44.
Para a classificação dos indivíduos quanto ao grau de tolerância à glicose foram considerados normais os indivíduos com GJ <100 mg/dL, com GJ alterada (pré-diabéticos) aqueles com valores entre ?100 e < 126 mg/dL e diabéticos com GJ ?126 mg/dL 3, 45.
A aferição dos valores da pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) foi realizada através de um monitor automático de braço (modelo HEM 741C-INT; OMRON®, China). Para a classificação da pressão arterial (PA) de forma clínica foram considerados normais valores de PAS <140 mmHg e PAD <90 mmHg e como níveis pressóricos elevados quando PAS ?140 mmHg ou PAD ?90 mmHg 46. Para a avaliação dos critérios da SM foram considerados com os níveis pressóricos elevados valores de PAS ?130 mmHg ou PAD ?85mmHg 3.
A SM foi identificada de acordo com os critérios diagnósticos definidos por Alberti et al. 3. O diagnóstico da síndrome ocorreu na presença de ao menos três dos seguintes componentes: circunferência abdominal aumentada, glicemia de jejum elevada, níveis pressóricos elevados, lipoproteínas de alta densidade reduzidas e triglicerídeos elevados; o uso de medicação para tratamento da(s) patologia(s) referida(s) caracteriza(m) o seu diagnóstico.
Na descrição dos dados foram utilizadas frequências absolutas (n) e relativas (%) para variáveis qualitativas e medidas de tendência central e dispersão para as quantitativas. A normalidade foi identificada pelo teste de Shapiro-Wilk. A existência de associação foi avaliada por meio do teste de qui-quadrado de independência de Pearson; nos casos das tabelas de contingência maiores que 2 x 2, em que se verificou significância estatística, utilizou-se o post hoc análise de resíduos com ajuste de Bonferroni e o teste Z 47,48. Para comparar as médias segundo o sexo, utilizou-se o teste de t de Student e para avaliar o Polo base, utilizou-se a Análise de Variância (ANOVA), com o teste post hoc de Bonferroni. O nível de significância usado na pesquisa foi de 5% (p<0,05). As prevalências por ponto e por intervalo com 95% de confiança foram calculadas para as variáveis do estado nutricional e doenças metabólicas alteradas. O programa Excel foi empregado para elaboração do banco de dados e o software SPSS 20.0 (IBM®), para análise dos dados.
Este estudo fez parte do projeto “Novos problemas de saúde: avaliação do perfil nutricional e metabólico dos indígenas do Território Indígena do Xingu”, desenvolvido pelo Projeto Xingu, programa de extensão da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, que desenvolve atividades de atenção à saúde, pesquisa e ensino no Território Indígena do Xingu (TIX) desde o ano de 1965 40.
A fase de planejamento foi realizada por meio de reuniões com a participação de diversas lideranças e atores sociais de cada comunidade. Os Agentes Indígenas de Saúde e professores indígenas de cada comunidade participaram de todo o processo de execução do projeto e tradução para a língua materna, com o consentimento dos participantes para a realização do trabalho. Os resultados prévios foram consolidados, apresentados e discutidos juntamente com a comunidade durante o momento da pesquisa. Todas as alterações diagnosticadas foram discutidas com a equipe médica e com cada paciente para o devido encaminhamento terapêutico.
Os resultados foram enviados e discutidos com o Distrito Sanitário Especial Indígena do Xingu. Este estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) CAAE: 65147817.4.0000.5505 e pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) com Seres Humanos da UNIFESP (nº 0140.0088.02-2017 e 2.185.654).



RESULTADOS

Na presente pesquisa foram avaliados um total de 1.598 indígenas. Destes, 850 residiam no Leonardo, 363 no Diauarum, 197 no Pavuru e 188 no Wawi. No que se refere as etnias, foram verificadas um total de 15, sendo as mais frequentes, Kaiabi, Kamaiura e Kisêdjê. Na Tabela 1 verifica-se que as etnias mais frequentes no Diauarum foram a Kaiabi e a Yudja; no Leonardo foram a Kamaiura e Kuikuro; no Pavuru foram a Ikpeng e Trumai; e no Wawi foram a Kisedjê e Kamaiura. A avaliação das etnias segundo o sexo mostrou a presença de 808 (50,6%) de homens e 790 (49,4%) mulheres. No sexo feminino as etnias mais frequentes foram a Kaiabi e Kamaiurá; já, so sexo masculino foram a Kaiabi e Kisedjê. O Polo base com maior diversidade étnica foi o Leonardo (11; 73,3%) e o com menor, foi o Diauarum, (4; 26,7%). O Polo base Wawi (57,7%) apresentou a maior frequência de indivíduos avaliados, frente a população elegível para a pesquisa.

Tab. 1

A média de idade dos 1.598 avaliados foi de 36,7 anos (Desvio-padrão – DP: 15,3 anos e variou entre 18,0 e 87,1 anos). Não se verificou diferença estatisticamente significante na média de idade entre os sexos (p=0,3103), feminino (média: 36,3 anos; DP: 15,1 anos) e masculino (média: 37,1 anos; DP: 15,5 anos), assim como entre os Polos base (p=0,229), Diauarum (média 36,1 anos; DP: 16,3 anos), Leonardo (média: 37,2 anos; DP: 15,0 anos), Pavuru (média: 35,4 anos; DP: 14,8 anos) e Wawi (média: 37,0 anos; DP: 15,3 anos). A Figura 2 mostra que a faixa etária mais frequente entre os avaliados foi a de 20 a 29 anos (35,2%); as faixas etárias se mostraram semelhantes na distribuição por sexo.

Fig.2

As prevalências das alterações do estado nutricional entre os avaliados foram, 1,1% (IC95% 0,6 – 1,7%) de baixo peso; 41,9% (IC95% 39,5 – 44,4%) de sobrepeso; 15,3% (IC95% 13,6 – 17,2%) de obesidade. As alterações metabólicas foram, 42,4% (IC95% 39,9 – 44,8%) de obesidade central; 22,8% (IC95% 20,8 – 25,0%) de colesterol total elevado; 31,4% (IC95% 29,1 – 33,8%) de triglicerídeos elevados; 75,3% (IC95% 73,1 – 77,4%) de baixo HDLc; 24,5% (IC95%22,3 – 26,8%) de elevado LDLc; 9,9% (IC95% 8,5 – 11,5%) de pré-diabetes; 2,1% (IC95% 1,5 – 3,0%) de DM; 10,9% (IC95% 9,4 – 12,5%) de níveis pressóricos elevados e 26,2% (IC95% 24,2 – 28,4%) de SM.
A Tabela 2 mostra as prevalências relacionadas ao estado nutricional e doenças metabólicas segundo o sexo. As mulheres mostraram maior prevalência (p<0,05), do que os homens, de baixo peso, eutrofia, obesidade central, baixo HDLc e SM. Em contrapartida, os homens apresentaram maior prevalência (p<0,05) do que as mulheres, de sobrepeso, triglicerídeos elevados e níveis pressóricos elevados.

Tab.2

A Tabela 3 mostra as prevalências relacionadas ao estado nutricional e doenças metabólicas segundo o Polo base e observa-se que apenas as variáveis colesterol total e LDLc elevados não apresentaram associação estatisticamente significante (p>0,05). O Polo base Leonardo apresentou maior frequência (p<0,05) de sobrepeso (Leonardo 45,3% vs Pavuru 31,4%), obesidade (19,8% vs Diauarum 9,6% vs Pavuru 5,6%), obesidade central (48,7% vs Diauarum 36,4% vs Pavuru 27,9%), triglicerídeos elevados (31,4% vs Pavuru 23,8%), pré-diabetes (12,8% vs Diauarum 4,5%) e SM (28,8% vs Pavuru 19,3%). No Polo base Wawi, se observou maior frequência de obesidade (16,5% vs Diauarum 9,6% vs Pavuru 5,6%), triglicerídeos elevados (44,9% vs Leonardo 31,4% vs Diauarum 28,1% vs Pavuru 23,8%), baixo HDLc (89,1% vs Leonardo 71,7% vs Diauarum 70,8%) do que os demais. O Pavuru apresentou maior frequência de baixo peso (3,1% vs Leonardo 0,2%), baixo HDLc (86,2% vs Leonardo 71,7% vs Diauarum 70,8%) e pré-diabetes (10,6% vs Diauarum 4,5%). O Diauarum apresentou maior frequência de níveis pressóricos elevados (16,3% vs. Leonardo 9,5% vs Wawi 8,0%) e foi o Polo base que apresentou as menores frequências de DNT.

Tab.3

DISCUSSÃO

Estudos com diferentes etnias do TIX têm sido realizados para conhecer as condições de saúde ao longo dos anos. O primeiro identificado no ano de 1964 49, teve como objetivo avaliar a prevalência de aterosclerose em 53 indígenas, das etnias Tupi, Gê, Aruaque e Caraibas (sic) e apresentou que os níveis das frações lipídicas foram mais baixos do que qualquer outro reportado para adultos indígenas e muito mais baixos, quando comparados aos não indígenas. Todas as frações lipídicas foram significativamente maiores nas mulheres e não se verificou evidências de aterosclerose. Os indígenas não apresentavam sinais de desnutrição e os homens tinham bom desenvolvimento muscular.
No ano de 1981 Baruzzi; Franco 50, avaliaram 392 indígenas do TIX e encontraram entre os povos Suya, Txukahamaye e Kren-akarore (leste Xingu), as maiores médias de peso e altura e, nos Kaiabi (baixo Xingu) as menores médias. Os homens apresentavam pouca gordura subcutânea e bom desenvolvimento muscular. A HAS era rara e não aumentava com a idade. Esses resultados foram relacionados com a atividade física constante, preservação da alimentação tradicional e baixos níveis de estresse.
Em 1989, um estudo internacional multicêntrico denominado INTERSALT 51, incluiu uma amostra de 10 etnias do TIX (n=198) e não identificou nenhum caso de excesso de peso. As mulheres mostraram IMC médio de 22,6 Kg/m2 e os homens 24,2 Kg/m2. Em relação a HAS verificaram uma frequência de 1,0%, sem aumento pressórico com a idade.
No ano de 2007, entre os 201 indígenas do grupo Aruak (Mehinaku, Waurá e Yawalapiti) (alto Xingu), observou-se prevalências de 51,8% de sobrepeso, 15,0% de obesidade, 52,1% de obesidade central, 77,1% de dislipidemias, 6,7% de alterações dos níveis pressóricos, 4,9% de glicemia de jejum alterada e sem DM 23.
Em 2009, no grupo de 251 indígenas do grupo Karib (Kalapalo, Kuikuro, Matipu, Nahukuá) (alto Xingu) a prevalência de sobrepeso foi de 39,3%, obesidade 6,8%, obesidade central 41,8%, colesterol total elevado 20,8%, baixo HDLc 48,0%, elevado LDLc 20,4%, triglicerídeos elevados 23,4%, alterações dos níveis pressóricos 2,6%, glicemia de jejum alterada 5,5%, sem DM e SM 15,5% 24.
No ano de 2009, entre o povo Kisêdjê (Suyá) (leste Xingu) foram avaliados 86 indígenas e verificados 33,7% de sobrepeso, 12,8% de obesidade, 38,4% de obesidade central, 3,5% de alterações dos níveis pressóricos, 63,9% de dislipidemia, 4,0% de glicemia de jejum alterada, sem DM e 21,9% de SM 32.
Na década seguinte, um novo estudo foi realizado com o povo Khisêdjê, sendo possível identificar medidas inéditas de incidência no TIX. Entre os 78 indígenas avaliados concomitantemente nos anos de 1999/2000 e 2010/2011, verificou-se a incidência acumulada de 30,4% de excesso de peso, 32,0% de obesidade central, 29,1% de colesterol total elevado, 25,0% de baixo HDLc, 10,4% de elevado LDLc, 47,4% de triglicerídeos elevados, 38,9% de HAS, e 2,9% de DM tipo 2 e 37,5% de SM. Diferente do verificado por Barruzzi; Franco 50 e Pazzanese et al 49, a idade se mostrou um fator de risco para a incidência de HAS, DM e LDLc elevado, independente do sexo 25. Ainda no que se refere aos Khisêdjê, outros dois estudos avaliaram as condições físicas dos indígenas e mostraram resultados cardiometabólicos satisfatórios 13, 52.
No ano de 2013, entre os Kawaiwete (baixo Xingu) (n= 62), verificou-se 35,5% de sobrepeso, 4,8% de obesidade, 58,1% de obesidade central, 22,5% de colesterol total elevado, 67,7% de baixo HDLc, 29,0% de elevado LDLc, 17,7% de triglicerídeos elevados, 25,8% de glicemia de jejum alterada, 24,2% de níveis pressóricos elevados e 25,8% de SM 33.
Assim como a presente pesquisa, os estudos supracitados e divulgados entre os anos de 2007 e 2017 13,23-25,32,33,52, com diferentes etnias indígenas do Xingu, identificaram o aumento das prevalências de DNT e consequentemente, a deterioração do perfil cardiometabólico, quando considerados os estudos publicados entre 1964 e 1986 49-51.
A comparação de estudos realizados com outros povos indígenas exige muito cuidado, devido aos diferentes critérios e amostras, todavia, uma revisão sistemática e metanálise divulgada em 2022 avaliou o impacto da urbanização na saúde cardiometabólica dos indígenas brasileiros e, considerando sua amplitude, poderá servir de parâmetro de referência. A pesquisa incluiu 46 estudos, com um total de 20.574 indígenas, de ao menos 33 etnias e encontrou para a população total e para a região Centro-Oeste (CO), local em que se localiza o TIX, respectivamente, 57,0% e 64,0% de excesso de peso (sobrepeso + obesidade); 18,0% e 23,0% de obesidade; 58,0% e 58,0% de obesidade central; 31,0% (região CO sem informação) de triglicerídeos elevados; 53,0% (região CO sem informação) de baixo HDLc; 40,0% (região CO sem informação) de dislipidemias; 23,0% e 24,0% de pré-diabetes (glicemia de jejum alterada); 5,0% e 8,0% de DM; e 11,0% e 19,0% de níveis pressóricos elevados. A prevalência de obesidade entre os indígenas que residem em áreas urbanizadas foi 3,5 vezes a identificada entre os que residem em terras nativas (28,0% vs 8,0%, respectivamente). Os autores encontraram ainda que, entre os anos de 1997 e 2019, a taxa bruta de mortalidade cardiovascular dos indígenas que residiam na região sudeste (mais urbanizada), foi 2,5 vezes a verificada nos residentes da região norte (menos urbanizada) (1.942 vs 758 casos, para cada 100.000 habitantes, respectivamente), sendo o mesmo padrão identificado nas taxas padronizadas. Por fim, os autores concluem que as mudanças no modo de vida tradicional dos indígenas, especialmente relacionadas à urbanização, estão associadas com a maior prevalência e risco de eventos cardiovasculares adversos 14. Estes resultados corroboram os verificados nesta pesquisa do TIX e reforçam a necessidade de analisar as especificidades de cada região e etnia.
As análises por sexo do TIX mostram um perfil cardiometabólico preocupante, não sendo possível destacar um deles como menos afetado. No que se refere às análises por Polo base, destaca-se as diferenças nas frequências de DNT. Os Polos base Leonardo e o Wawi apresentaram piores indicadores metabólicos, do que o Pavuru e o Diauarum. O Diauarum apresentou as menores frequências de indicadores e DNT. Estas diferenças podem se relacionar a fatores como, o acesso mais frequente às cidades, aos alimentos não tradicionais, a redução do padrão de atividade física e às mudanças socioeconômicas e ambientais que as comunidades do TIX estão passando nas últimas décadas 16,21,34. No entanto, se faz necessário mais estudos que identifiquem associações entre diferentes fatores que estejam implicados no aumento das DNT por região e etnias.
Um estudo divulgado em 2021, com indígenas da etnia Kisêdjê ressalta que, para além de identificar as DNT, é fundamental associá-las ao significado dessas doenças para cada povo. Implementar estratégias coletivas, com base em metodologias participativas e/ou colaborativas, garantindo o diálogo e o entrelaçamento entre concepções, práticas e saberes pode mobilizar processos de reversão de muitos problemas de saúde, sendo necessário o envolvimento e implicação de todos os sujeitos na produção da saúde, na prevenção e na possibilidade de modificar o rumo destas novas doenças 34.
Os estudos supracitados evidenciam uma tendência de contínuo crescimento dos agravos à saúde relacionados às condições crônicas e não transmissíveis, no TIX ao longo dos anos. O crescimento das cidades e das estradas no entorno, o agravamento da insegurança alimentar durante a pandemia de Covid-19 e as mudanças no modo de viver e de alimentar podem sinalizar uma deterioração ainda mais grave para os próximos anos. Monitorar este quadro de saúde se faz fundamental.
Uma limitação deste estudo é que os dados apresentados não permitem aprofundar a discussão sobre os determinantes e fatores que estão influenciando o aumento das DNT. Os dados qualitativos coletados, não analisados neste estudo, poderão auxiliar na compreensão destes determinantes a posteriori. A segunda questão refere-se à coleta de dados de 52,8% dos indígenas do TIX, que pôde ser minimizada pela avaliação dos IC95% dos desfechos de interesse, os quais mostraram, para a população, valores muito próximos aos então identificados pontualmente.
Como pontos fortes, menciona-se que este é o maior estudo com indígenas do TIX, e a análise por Polo base possibilitou identificar diferenças relevantes no perfil das DNT existentes em um mesmo território indígena. Os resultados se aproximam de realidades de outros territórios e colaboram para uma maior compreensão das transformações epidemiológicas e da vulnerabilidade que os povos indígenas estão passando no Brasil.
No ano de 2023, no campo da macropolítica, nota-se que a construção de um Ministério dos Povos Indígenas e a reestruturação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) foram conquistas importantes para a retomada da proteção dos territórios indígenas, após vários anos de ataque aos direitos indígenas conquistados e garantidos pela Constituição Federal. Por se tratar de agravos que necessitam de abordagem intersetorial, entende-se que todas as instituições envolvidas com o cuidado dos povos que vivem no TIX, devem estruturar ações de proteção territorial, incluindo ações de manejo e valorização de alimentos tradicionais. Em relação ao setor saúde, além dos estudos como este, que buscam uma melhor compreensão e visibilidade das DNT neste território, propostas relacionadas à formação das equipes multiprofissionais sobre o enfrentamento desses agravos em território e o constante diálogo com as comunidades devem ser continuadas no TIX. A realização de oficinas de valorização da alimentação tradicional e o uso adequado de alimentos não tradicionais também são algumas estratégias que têm se mostrado exitosas com as comunidades neste território. Atenta-se que o modelo de vigilância da saúde torna-se fundamental neste território para lidar com a complexidade deste tema, e as informações produzidas neste estudo auxiliarão no planejamento e avaliação dos serviços do DSEI Xingu, identificando prioridades e estratégias mais pertinentes à realidade.
Por fim, gostaríamos de responder ao questionamento “Quanto tempo os indígenas, em contato intermitente com os não indígenas, conseguirão manter suas características tradicionais de alimentação, saúde e vida?” realizado, no ano de 198150, por dois autores pioneiros nos cuidados com a saúde indígena, Roberto Baruzzi e Laércio Franco - in memorian, que infelizmente, no decorrer de aproximadamente quatro décadas esta situação se modificou amplamente e teve importantes prejuízos. Políticas públicas que reconheçam o direito dos indígenas às terras e que protejam seu modo de vida tradicional precisam ser implementadas com urgência, para que este quadro de saúde identificado seja controlado e os danos aos povos originários desta terra sejam minimizados.

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Rodrigues, D. A., Haquim, V. M., Mazzucchetti, L., Lemos, P. N., Mendonça, S. B. M.. TERRITÓRIO INDÍGENA DO XINGU: PERFIL NUTRICIONAL E METABÓLICO DE INDÍGENAS AVALIADOS ENTRE OS ANOS DE 2017 E 2019. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/Abr). [Citado em 06/10/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/territorio-indigena-do-xingu-perfil-nutricional-e-metabolico-de-indigenas-avaliados-entre-os-anos-de-2017-e-2019/19183?id=19183

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