0181/2025 - Dinâmicas de sociabilidade juvenil em comunidades urbanas de baixa renda no Brasil: espaços, lazer e vulnerabilidades ao HIV
Youth social dynamics in low-income urban communities in Brazil: spaces, leisure and vulnerabilities to HIV
Autor:
• Simone Monteiro - Monteiro, S - <monteiro.simone.fiocruz@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2009-1790
Coautor(es):
• Isabelle Honorato - Honorato, I - <isahonorato@hotmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9556-4615
• André Luiz Machado das Neves - Neves, ALM - <almachado@uea.edu.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7400-7596
• Regina Maria Barbosa - Barbosa, RM - <Rbarbosa@nepo.unicamp.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3390-2137
• Andrea Leal - Leal, A - <dea.leal@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1947-9579
• Laio Magno - Magno, L - <laiomagnoss@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3752-0782
• Daniela Knauth - Knauth, D - <daniela.knauth@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8641-0240
Resumo:
Frente à incidência de HIV entre segmentos juvenis no Brasil e ao desmonte de políticas educativas sobre saúde sexual e reprodutiva (SSR) no governo federal (2019-2022), preocupa a carência de estudos nacionais atuais com jovens heterossexuais acerca desses temas. Para ampliar esse conhecimento, realizamos pesquisa socioantropológica em espaços de sociabilidade e lazer juvenil, heterossexual, de comunidades de baixa renda de cinco cidades brasileiras. Segundo as observações de campo e relatos colhidos, o lazer e a sociabilidade acontecem nas comunidades (bailes, festas), dado que as barreiras econômicas e simbólicas limitam a circulação para outros lugares da cidade. Nesses espaços, a maioria dos/as jovens estabelece encontros e interações afetivas e sexuais e usa álcool e outras drogas, em geral, com pessoas do território; as interações digitais assumem papel secundário. Nas cinco comunidades não foram identificadas campanhas e ações educativas sobre acesso aos meios de proteção das IST/HIV, ao teste do HIV e cuidado sobre aids. Os achados, somados aos dados das visões e práticas desses jovens sobre IST/HIV, podem contribuir para a formulação de intervenções voltadas para SSR, dentro e fora dos contextos de sociabilidade, adequadas à realidade sociocultural e econômica dos segmentos juvenis.Palavras-chave:
juventude; pobreza; atividades de lazer; HIV; prevençãoAbstract:
Given the incidence of HIV among youth in Brazil and the dismantling of educational policies on sexual and reproductive health (SRH) by the federal government (2019-2022), the lack of current national studies with heterosexual youth on these topics is worrying. To expand this knowledge, we conducted socio-anthropological research in spaces of sociability and leisure for heterosexual youth in low-income communities in five Brazilian cities. According to field observations and reports collected, leisure and sociability take place in the communities (dances, parties), given that economic and symbolic barriers limit circulation to other places in the city. In these spaces, most young people establish meetings and affective and sexual interactions and use alcohol and other drugs, generally with people from the territory; digital interactions take a secondary role. In the five communities, no campaigns and educational actions were identified on access to means of protection against STI/HIV, HIV testing, and AIDS care. The findings, together with data on the views and practices of these young people regarding STI/HIV, can contribute to the formulation of interventions aimed at SRH, within and outside the contexts of sociability, adapted to the sociocultural and economic reality of the youth segments.Keywords:
youth; poverty; leisure activities; HIV; preventionConteúdo:
Um olhar retrospectivo sobre o surgimento da aids, no início da década de 1980, revela conquistas expressivas no âmbito do diagnóstico, prevenção e cuidado das pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA). Todavia, o controle da epidemia no cenário global e nacional ainda não foi alcançado. No Brasil, um dos atuais desafios diz respeito à vulnerabilidade de segmentos juvenis, evidenciada pelo aumento na taxa de incidência de HIV entre homens de 15 a 24 anos1,2. Embora haja um predomínio de casos entre jovens com práticas homo e bissexuais, as práticas heterossexuais neste grupo populacional igualmente representam riscos de infecção do HIV e têm sido menos investigadas pela literatura recente.
A carência de estudos nacionais atuais sobre HIV/aids entre jovens heterossexuais, quando comparada aos trabalhos com jovens homossexuais e jovens trans, é preocupante haja vista as críticas e falta de investimentos em políticas educativas no campo da saúde sexual e reprodutiva para segmentos juvenis, principalmente no governo federal de 2019 a 2022. Em anos recentes, as poucas ações de prevenção à aids têm priorizado as tecnologias biomédicas, como o tratamento como prevenção e a oferta das profilaxias pré-exposição e pós-exposição ao HIV. A despeito da importância dessas estratégias, seu alcance entre os/as jovens heterossexuais tem sido limitado e dissociado de outras ações preventivas, historicamente bem-sucedidas, que buscavam abarcar as dimensões política, sociocultural e econômica nas respostas à aids3,4,5,6.
Com o propósito de contribuir para esse debate, este trabalho analisa contextos de lazer e sociabilidade que envolvem interações afetivas e heterossexuais entre mulheres e homens jovens, de comunidades de baixa renda. O foco em segmentos de menor renda visa contemplar às condições de vulnerabilidade de jovens ao HIV e demais infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) decorrentes das desigualdades estruturais e sociais, articuladas aos fatores individuais e programáticos7. O termo comunidade é aqui definido como um território, caracterizado como um espaço geográfico, social e cultural onde os indivíduos compartilham valores e práticas sociais, assim com exposições a situações de vulnerabilidade social e em saúde8,9,10.
Já o termo sociabilidade se refere a uma forma “lúdica de sociação”, autônoma e que ganha vida própria, tornando-se livre de laços com a realidade concreta; ou seja, é um jogo em que as pessoas desempenham, realizam e fazem a sociedade. Esse jogo exerce um papel simbólico que preenche e confere significado à vida das pessoas11. Segundo Pais12, as interações, vivências e uso do tempo nas “culturas juvenis” possibilita o surgimento de formas específicas de sociabilidades, influenciadas por um momento histórico compartilhado em termos geracionais. Todavia, assumem configurações diversas decorrentes do impacto dos marcadores sociais da diferença, relativos à classe, gênero, cor/raça, sexualidade e território, nas trajetórias e sociabilidades juvenis. Tal perspectiva está alinhada à necessidade de estudar a população de jovens a partir de seus contextos econômicos e socioculturais.
Este trabalho parte do pressuposto de que as redes de trocas afetivas e sexuais de adolescentes e jovens heterossexuais e cisgênero, de regiões urbanas de baixa renda, se desenvolvem, preferencialmente, nos espaços de sociabilidade da comunidade de moradia; dado que as precárias condições socioeconômicas tendem a limitar a circulação para outros bairros da cidade. Assim, o estudo tem como hipótese que esses segmentos juvenis tendem a exercer suas atividades de lazer e cultura, consumir bebidas alcoólicas e outras drogas e ter interações afetivas e sexuais em espaços próximos das suas residências.
Para analisar as condições de vulnerabilidade às IST/HIV nesses contextos de lazer e sociabilidade juvenil, foi desenvolvida uma pesquisa socioantropológica com adolescentes e jovens de comunidades de baixa renda, das cidades de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Salvador. Usaremos o conceito de comunidade, mas existem outras categorias nativas para definir esses territórios, tais como favela ou bairro. Por meio desse estudo, buscou-se identificar: quais os locais de sociabilidade e lazer juvenis; quais as justificativas dos/as jovens moradores para frequentar esses lugares; se nesses espaços ocorrem encontros afetivos e sexuais e uso de drogas, que podem estar associados à vulnerabilidade às IST/HIV e se as redes sociais são usadas para encontrar parceiros/as afetivos e sexuais.
Compreende-se que a reflexão sobre condições de vulnerabilidade ao HIV em espaços de sociabilidade juvenil, majoritariamente heterossexual, pode colaborar para a formulação e implementação de políticas de prevenção às IST/HIV mais adequadas à realidade socioeconômica e cultural desses segmentos populacionais.
Método
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, informada pela contribuição das Ciências Sociais para o campo da saúde, caracterizada pela compreensão do significado cultural dos processos de saúde e doença. Ao valorizar o caráter subjetivo e interpretativo de aspectos da vida social, a pesquisa social permite analisar os nexos existentes entre os sistemas culturais, as hierarquias sociais e o acesso a bens materiais e simbólicos na conformação das práticas sociais e dos processos de vulnerabilidade social e da saúde dos indivíduos e grupos sociais.13,14
Cabe ressaltar que a presente investigação integra um estudo multicêntrico mais amplo sobre contextos de vulnerabilidade ao HIV entre jovens de camadas populares de cinco comunidades, localizadas respectivamente nas cidades de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Salvador. Em cada comunidade foram realizadas as mesmas estratégias metodológicas, quais sejam observações etnográficas dos espaços de sociabilidade juvenil, conversas informais durante o trabalho de campo, entrevistas e grupos focais com homens e mulheres de 15 a 24 anos.
A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética de todas as instituições envolvidas no estudo (CAEE# 36495120.7.0000.5327). Os/as participantes foram informadas sobre os objetivos da pesquisa, aqueles com 18 anos ou mais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), enquanto aqueles com idade entre 15 e 17 anos assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), havendo parecer favorável do CEP para dispensa de TCLE para os pais ou responsáveis.
O trabalho de campo foi feito durante o pré-surgimento da Covid-19 (2019), no período pandêmico pré-vacinação (2020) e na fase de vacinação da maioria da população (2021). Desse modo, envolveu análise documental, contatos virtuais, bem como visitas presenciais nas cinco comunidades. As equipes de campo foram constituídas majoritariamente por pesquisadoras com formação e/ou experiência no desenvolvimento de estudos na área das Ciências Sociais e Humanas em saúde. Em outras publicações15,16 foram discutidas a receptividade, as dificuldades e as alternativas usadas durante o trabalho de campo, em função da Covid-19, dos temas abordados (como sexualidade ou violência) e das tensões decorrentes da presença do tráfico de drogas, da violência policial e de grupo de milícia nas comunidades.
Ao longo das atividades de observação, foram elaborados diários de campo com observações e descrição dos espaços de sociabilidade, das dinâmicas do comércio formal e informal, das instituições públicas, dos centros comunitários e culturais, das igrejas, das ruas, becos e vielas. As conversas informais durante as visitas facilitaram a abordagem dos/as adolescentes e jovens que, por sua vez, indicaram novos interlocutores/ras. Moradores, lideranças comunitárias e membros de organizações da sociedade civil igualmente contribuíram no contato com a população juvenil e na circulação dos/as pesquisadores/as dentro das comunidades, visando maior segurança e identificação dos códigos locais.
Os dados das 137 entrevistas e 11 grupos focais, realizados nas cinco comunidades, foram discutidos em outro artigo17. Todavia, convém incluir um breve perfil dos/as entrevistados/as, haja vista que parte desses/as jovens foram contatados em contextos de sociabilidade e os seus depoimentos complementam os achados aqui discutidos. Foram 137 entrevistados/as, a maioria na faixa de 15 a 19 (N=107), do gênero feminino (79), que relataram práticas heterossexuais (126) e se autoidentificaram como negro/a, preto/a ou pardo/a. Grande parte nasceu nas referidas comunidades e integra a rede pública de ensino; alguns conjugam estudo e trabalho e outros saíram da escola e realizam serviços informais e precarizados ou estão desempregados. Nas faixas etárias maiores, alguns cursam o ensino técnico ou superior; um grupo menor não estuda e não tem ocupação
No que se refere à análise dos dados, as anotações dos diários de campo e os depoimentos foram categorizados com base nas etapas da análise de conteúdo do tipo temática18. Deste modo, a partir da leitura exaustiva dos dados, buscamos identificar, organizar e codificar os núcleos de sentido associadas aos temas do estudo, como: perfil sociodemográfico, sociabilidade, redes sociais, relação com serviço de saúde, exposição e prevenção do HIV, IST e gravidez e características locais. As categorias e subcategorias temáticas decorreram de temáticas do roteiro de entrevista e outras derivadas da leitura dos depoimentos e registros. O quadro de categorias orientou a indexação dos dados no software N-VIVO, gerando um banco de dados único. Neste trabalho, foram priorizadas as categorias temáticas relativas à sociabilidade que eram semelhantes nas cinco comunidades, organizadas nos seguintes eixos: contextos de sociabilidade nos espaços de livre circulação; festas, resenhas e bailes locais; gastos financeiros com o lazer; circulação para fora da comunidade; uso das redes sociais.
Os depoimentos referidos apresentam o nome fictício do/a interlocutor/a, sua idade e a sigla da cidade: RJ=Rio de Janeiro; MA=Manaus; SSA=Salvador; POA=Porto Alegre e SP=São Paulo.
Resultados e discussão
As comunidades investigadas revelam heterogeneidades seja dentro do próprio território, seja entre as cinco localidades. Todavia, foram identificadas algumas similaridades, aqui destacadas, como o perfil socioeconômico predominante da população, caracterizado por pessoas majoritariamente de baixa renda e menor escolaridade. Outro elemento comum refere-se às limitações dos serviços públicos locais de saúde e educação, incluindo a ausência de ações sobre prevenção e cuidado das ISTs/HIV para população juvenil33; somada à precariedade das moradias e a inexistência ou baixa cobertura dos serviços de saneamento básico.
Ademais, os/as moradores/as das cinco localidades convivem com a presença do tráfico de drogas, que envolve a venda de maconha e cocaína, a circulação de pessoas armados e a imposição de regras e barreiras, concretas e simbólicas, que delimitam as zonas de circulação nos territórios19. Os conflitos armados entre integrantes do tráfico de drogas, grupos de milícia e as forças policiais geram frequentes situações de violência, que resultam no fechamento de escolas e unidades de saúde e mortes de moradores sem envolvimento direto nestes conflitos.
Nas cinco comunidades foram identificados movimentos locais de resistência e luta, capitaneados por lideranças comunitárias e projetos sociais, governamentais e não governamentais. Essas ações oferecem atividades para segmentos infanto-juvenis no âmbito do esporte, lazer, educação, cultura, saúde e direitos. Alguns relatos sugerem que os/as jovens com experiências nessas intervenções comunitárias indicavam maior capacidade de expressão e domínio de informações dos temas abordados no estudo. Entretanto, os dados de campo apontaram um alcance limitado dos projetos sociais, dado que poucos/as interlocutores/as tiverem esse tipo de experiência. A despeito desse aspecto não ter sido aprofundado na investigação, o impacto positivo de intervenções sociais comunitárias na trajetória de vida e nas práticas relativas à saúde sexual e reprodutiva foi registrado na literatura20.
As comunidades têm atividades comerciais diversas, que refletem a dinâmica intensa da economia local, caracterizada por feiras, lojas, mercados, restaurantes, vendedores ambulantes, assim como bancas de rua e na porta das casas. Desse modo, são criados pequenos centros comerciais, espalhados pela comunidade, administrados por moradores e usados pela população local. O cenário é composto ainda por unidades públicas da rede de saúde e de ensino, igrejas, templos religiosos, terreiros e sedes de organizações sociais. Foram observados alguns equipamentos públicos voltados para o lazer, como quadras poliesportivas, campinhos de futebol, praças públicas, piscinas, teatros e casas de cultura, principalmente em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Em Salvador e Manaus esses equipamentos são mais ausentes.
Existem similaridades ainda quanto aos espaços de interação social juvenil. Por meio da análise desses contextos, buscamos caracterizar os locais onde jovens moradores se encontram para lazer e divertimento e o que ocorre nesses espaços em termos de interações afetivas e sexuais e de consumo de álcool e outras drogas, que guardam relação com as condições de vulnerabilidade às ISTs/HIV.
Sociabilidade juvenil nos espaços de livre circulação
As observações de campo, entrevistas e conversas indicam que os jovens das comunidades se encontram para atividades de diversão, namoro, esporte, orações e confraternização no próprio território. Uma dessas atividades refere-se à circulação pelas ruas, becos e vielas, parando nas esquinas e calçadas para conversar com amigos/as, ter encontros afetivos, atualizar-se dos eventos na comunidade e “distrair a mente”, como afirma um interlocutor. Esse transitar pelas ruas e vielas, em geral, não tem como objetivo encontrar um paradeiro fixo e sim ver o que está acontecendo, achar um local para “curtir” e ir para lugares mais escondidos ou afastados, possibilitando maior tranquilidade para fumar maconha, namorar e fazer coisas não permitidas pelos pais.
Outras situações de sociabilidade resultam da ocupação informal de áreas públicas em espaços abertos, sem burocracias e fiscalizações por parte de instancias governamental ou comunitária. Assim, os arredores das escolas, praças, quadras de esporte, campinhos de futebol, áreas livres, vielas, a rua e o entorno de lanchonetes e bares formam espaços de interação social apropriados, de forma criativa e improvisada, por rapazes e moças, para ouvir música, realizar louvações de cunho religioso, assistir e jogar bola, dançar, conversar, consumir álcool e outras drogas, fazer churrasco, paquerar e ter interações afetivas e sexuais. Ao ser indagada sobre os tipos de atividades juvenis que acontecem na comunidade, uma jovem afirmou:
“Os jovens fazem um pouco de tudo! Bebem, lancham, dançam, jogam vôlei, futebol, fazem festas, reúnem apenas para conversar, usam drogas, se prostituem, assaltam, depende do que tu quer” (Larissa, 21, MA)
Demais relatos atestam que essas atividades de lazer figuram entre as dimensões mais significativas para os/as jovens21, uma vez que os conectam, formando “agrupamentos coletivos juvenis”22 de toda ordem; estruturados a partir de suas afinidades musicais, religiosas, gosto por esportes, eventos culturais e artísticos, uso de álcool e outras drogas e práticas ilegais. As rodas culturais e as “batalhas de rap”, nos quais os rappers produzem rimas sobre o cotidiano nas comunidades igualmente formam agrupamentos juvenis, tendo proeminência em São Paulo e Rio de Janeiro. Essas batalhas têm sido divulgadas na internet e podem resultar em carreiras bem-sucedidas no âmbito da indústria cultural, como o caso do rapper, cantor, compositor Leandro Roque de Oliveira, conhecido pelo nome artístico Emicida, nascido em São Paulo em 1985.
Em termos dos marcadores sociais relativos ao gênero e à sexualidade, grande parte dos espaços de sociabilidade juvenil observados envolviam interações heterossexuais, marcados pelo convívio de mulheres e homens, majoritariamente pardos e negros e de baixa renda, provenientes das próprias comunidades. Todavia, foram registrados espaços pontuais que concentram o público de jovens LGBT.
Em suma, a sociabilidade em espaços de livre circulação dos jovens favorece a formação dos agrupamentos coletivos, que se agregam em função de afinidades diversas e marcadores sociais. A ocupação criativa das ruas do território para as atividades de lazer converge com estudos sobre as formas de sociabilidade de jovens residentes nas periferias das grandes cidades23. Nessas investigações foi observado que é no mundo da rua, em suas esquinas e pontos de encontro, que as relações de amizade, flerte e lazer são desenvolvidas.24,25
Informada pelas reflexões Simmel11, depreendemos que os contextos de socialidade juvenil observados nas localidades ocorrem não em função de um fim exterior, mas, pela apreciação do estar junto. Segundo definição do autor, essa sociabilidade, autonomizada de propósitos concretos e valorizada por si mesma, se caracteriza como uma “sociação lúdica”. Dito de outro modo, concluímos que os/as jovens criam sociações, i.e. formas diversas de interações sociais, para satisfazer seus interesses, dissociado de um conteúdo prático e conformadas pelas suas condições materiais de existência12.
As festas, bailes e resenhas na comunidade
Os bailes e festas igualmente podem ser definidos como expressões de “sociação lúdica”. Para a maioria dos interlocutores das comunidades investigadas, esses eventos são espaços de diversão, música, dança, sexo e flerte, havendo venda e consumo de álcool e outras drogas, como maconha e loló. De acordo como uma interlocutora “os boyzinho não pode te ver que fica logo em cima já” (Natália, 16, RJ). Esses eventos podem acontecer em espaços abertos da comunidade (e.g. ruas, quadras, praças), sem controle de idade, com carros de som em alto volume. Eles recebem denominações diversas como “baile” (RJ e POA), “paredão” (MA, SSA), “pancadão” (SP) ou “fluxo” (SP). Segue um relato:
“Porque você lá dentro do fluxo, não é que você vai lá para transar, você vai lá para ouvir música, para se divertir, para beber, tem gente que vai para usar droga, (...) que vai para se prostituir, (...) vai para transar mesmo. O contexto do fluxo não é esse, o contexto do fluxo é você ir beber, escutar música, como se fosse uma balada, só que uma balada no território e aí é liberado tudo. As drogas ilícitas tão liberadas. Lícitas e ilícitas, entendeu? [Gabriel, 18, SP]
Com relação às interações sexuais, alguns interlocutores afirmaram que depois da festa as pessoas se dirigem para outros locais para terem encontros íntimos e sexuais, seja nas ruas e becos próximos, nas próprias casas, em hotéis ou lugares afastados (casas abandonadas e/ou construções não finalizadas). Em POA foi dito que os membros do tráfico de drogas alugam as casas de festas locais, comumente usadas para aniversários e formaturas; eles também usam a quadra da escola de samba ou fecham a rua ou “beco” sob seu comando para festas. Segundo relatado por Natália (18, POA), nesses eventos tem música e bebida de graça, “muita ‘drogagem’ e espaços apenas para as jovens fazerem sexo com traficantes, denominados de “pegação”.
Durante a observação de campo, em um baile funk carioca, foi assinalado que a idade permitida para entrar era acima de 16 anos, mas, segundo relatos, não é necessário comprovação; os seguranças avaliam a idade conforme a aparência. Neste baile foram vistos jovens circulando com armas. Demais depoimentos atestam que, por vezes, ocorrem tensões nos bailes, decorrentes da chegada de forças de segurança, que invadem esses eventos de forma repressiva e agressiva, como indica o relato:
“Eles vão lá pra estragar o rolê. Eles chegam, aí eles já chegam dando tiro, jogando bomba de gás, aí o pessoal já começa a correr, aí fica maior confusão lá também (...) Tá todo mundo lá se divertindo, aí daqui a pouco vêm as viaturas. Assim que o pessoal vê, já sai correndo porque sabe como eles são” (Katelyn,18, SP)
A atuação violenta das forças de segurança, que deveria proteger a população, atinge vários jovens não envolvidos com atividades ilegais no contexto do lazer. Por outro lado, as lideranças do tráfico de drogas, apesar de gerarem violência e serem percebidas como pessoas que ganham a vida com ações ilícitas – em contraposição à pessoa trabalhadora, que ganha à vida honestamente –, financiam estruturas para festas e bailes, distribuem alimentos e promovem atividades de lazer nas comunidades, apreciadas pelos moradores26. Tal situação fomenta um paradoxo entre o poder legal repressivo do Estado e a atuação assistencial do poder ilegal, expresso no depoimento de interlocutor carioca:
“botaram esse pula-pula gigante (...) É muito legal. Eu acho que os bandidos fazem um trabalho bom aqui pra favela, por mais que eu ache que é bastante errado o que eles fazem, mas pra nós morador, a gente ainda vai preferir chuteira, cesta básica, gás e tudo de mais pra gente. A gente vai preferir eles do que alguém que entra na nossa casa, quebra tudo e trata a gente como nada, se ligou? Dão preferência pra matar, do que alguém que tá fazendo baile... sei que é errado fazer baile no meio da quarentena, vender droga, mas se for ver, eles ajudam bastante a gente aqui”. (Bruno, 15, RJ)
Os bailes fechados, em geral, são patrocinados por empresários da indústria cultural e incluem shows com MC (acrônimo de Mestre de Cerimonia, que canta e/ou comanda eventos) e podem contar com apoio do tráfico de drogas. Esses eventos agrupam públicos de tamanhos variados e podem reunir, além dos jovens da comunidade, pessoas de outros bairros da cidade. Como relatado por um informante do RJ, o baile de comunidade beneficia não apenas o tráfico, mas, os/as comerciantes locais que atuam no ramo da estética (ex. as meninas fazem o cabelo e a unha e alugam roupas) e na venda de bebidas e comidas.
Ainda sobre os diversos atores envolvidos na produção e realização dos bailes, cabe assinalar o comentário de um interlocutor do RJ, frequentador desses eventos. Segundo seu relato, grupos de evangélicos têm permissão para distribuir panfletos e fazer orações nos bailes; nas suas palavras: “Por mais de 15 minutos não se ouve funk nas caixas, somente os testemunhos dos homens de Deus que não estão ali para acabar com o seu divertimento, como eles mesmos deixam claro”. Conforme indicado em outras pesquisas27,28, as igrejas evangélicas têm tido um papel importante na vida dos/as moradores de comunidades de baixa renda. Neste sentido, em publicações futuras, caberia explorar de que modo esse fenômeno impacta na sociabilidade juvenil e na vulnerabilidade às IST/HIV.
Em termos de estilos musicais, há um predomínio do funk e do pagode nos bailes e festas. Todavia, existem outros espaços dedicados ao forró, samba, rock ou música pop. Alguns desses eventos têm um público mais diversificado em termos geracionais, envolvendo adultos, jovens e crianças.
As casas dos/as moradores (amigos, conhecidos) também são utilizadas para diversão, lazer, paquera e interações afetivas e sexuais, sendo denominados de “resenhas”. Esses encontros, em geral, têm um caráter mais íntimo e privado, sendo frequentados por grupos de amigos/as, casais em relacionamentos estáveis ou jovens grávidas. Ademais, surgem como alternativa para adolescentes e jovens que não apreciam ou não têm permissão dos pais para irem aos bailes.
Economia do lazer e circulação para fora da comunidade
As atividades de lazer ocorram prioritariamente no espaço público sem cobrança de ingresso; contudo, isso não significa que não envolvam gastos com comida, bebida ou locomoção. A resenha, citada acima, é descrita como uma programação mais barata, com consumo de bebidas e comidas compradas em mercados, a partir da contribuição em dinheiro dos participantes, não necessitando de gastos com transporte.
A maioria dos/as interlocutores não tinha renda própria, por estar estudando ou desempregada. Todavia, buscavam fazer bicos (e.g. “fazer unha”), trabalhar no tráfico, pedir dinheiro aos pais ou fazer “vaquinha” para arrecadar recursos entre amigos. Por meio dessas ações, é possível conseguir “grana” para as atividades de lazer.
Ah, tinha uns que trabalhavam, faziam alguns biquinhos, tinha uns que pediam aos pais, mas a maioria que tem até hoje acaba virando para o tráfico, acaba virando que a gente chama de 'radinhos' (Guilherme, 21, SP).
Entre as mulheres jovens foi referido que amigos, paqueras, ficantes ou namorados pagam as contas para elas, indicando a atualização das relações hierárquicas de gênero. No caso das mulheres que se relacionam com membros do tráfico de drogas, a situação de subordinação tende a ser maior, frente aos sinais de virilidade e poder econômico associados a esses grupos.
As pesquisas de campo e as entrevistas corroboram a diversidade de opções de lazer juvenil e a oferta de atividades para passar o tempo dentro das comunidades. Entretanto, quando existem condições financeiras, são relatadas idas aos shoppings e ao cinema, visitas a amigos ou parentes em outros bairros e saídas para sítios alugados, próximos da cidade. Viagens para outros municípios são percebidas como um luxo de poucos e sonho de alguns. As comunidades de MA e RJ são geograficamente mais próximas do centro da cidade, o que facilita o acesso aos bares e festas desse bairro; já as comunidades de SP, POA e SSA são mais distantes, dificultando o deslocamento para outras áreas.
Cabe assinalar que as situações de discriminação, em função da cor/raça e da classe social, igualmente inibem a circulação para fora do território, sendo valorizado o encontro entre iguais (gente da gente) e a não discriminação entre eles/elas. Michel (19, RJ) é descrito como branco pela pesquisadora e usa vestimentas características do hip-hop. Além de ser alvo de abordagens policiais, ele diz que nos bairros de classe média e alta as pessoas aparentam ter medo dele. Assim, a despeito dos/as jovens apontarem para as consequências negativas dos conflitos armados e das carências socioeconômicas das localidades, nota-se que eles/elas apreciam os espaços de lazer locais, expressa nos relatos a seguir.
“Eu acho aqui mil maravilhas. Juro para você, eu não sairia daqui. Eu acho aqui um lugar muito maneiro, porque tem de tudo a qualquer hora, entendeu? Tipo assim, tem as partes ruins, porque a qualquer hora a gente pode esperar qualquer coisa, mas tem pontos positivos. Lá no Parque União tem vários lugares maravilhosos, tanto para comer quanto para se divertir. Eu gosto de beber, gosto de sair com meus amigos, curtir as atrações daqui” (Gisele, 18, RJ).
“No nosso bairro tem vários cantores, vários artistas. A gente vai lá para se divertir, porque o paredão é nosso único lazer, o único lugar que a gente encontra gente da gente, que a gente não é discriminado por ser favelado” [Analu, 18, SSA].”
Demais estudos assinalam de que maneira as barreiras econômicas e simbólicas, percebidas pelos/as moradores/as e/ou impostas pelos lugares de fora da comunidade, impactam e limitam na circulação de jovens de baixa renda pelos variados lugares da cidade29.
A “era digital” em bairros populares
A grande maioria dos/as adolescentes e jovens integrantes do estudo conhece e usa aplicativos e redes sociais para fins diversos. Todavia, nem todos têm acesso regular a esses recursos, seja em função da impossibilidade de ter um celular próprio, seja pelos limites de acesso à internet de qualidade. Por vezes, dividem com os familiares o aparelho e precisam apagar e reinstalar os aplicativos para que os pais não vejam; como descreve uma jovem:
“Mas também minha mãe não deixa. Chega mensagem, chega Face, eu apago tudo e depois instalo de novo. Uma vez eu deixei meu Face aberto e ela viu. (...). Aí quando eu fui sair, ela me bateu”. (Francine,15, MA)
Segundo as falas dos/as interlocutores/as, os aplicativos de WhatsApp e o Instagram são utilizados para conversas entre amigos e familiares, paqueras, participação em grupos, articulação de resenhas e divulgação de festas. E, às vezes, para troca de nudes, principalmente por parte dos homens. O TikTok serve para fazer gravações de dança e para assistir aos vídeos de influenciadores famosos. A rede social Twitter, agora denominada de X, foi citada como uma fonte para vídeos de pornografia. Os aplicativos de namoro online e rede geossocial, como o Tinder, foram pouco mencionados; o flerte virtual tende a envolver pessoas que eles/elas conheceram na comunidade, como ilustra o relato:
“O Tinder eu usei uma vez já, mas não curti isso. [...] Sei lá, não entrava muito, daí já dava os match, mas sempre me esquecia de abrir o aplicativo, daí nunca cheguei a marcar um encontro através do aplicativo. [...] Geralmente eu procuro me relacionar com quem eu já conheço, agora, pessoas que eu não conheço demora bastante. Eu procuro saber aonde eu tô indo” [Leonardo, 20, POA].
Em suma, as estratégias de paquera são construídas majoritariamente no cotidiano das relações comunitárias e nos encontros de lazer face a face, nos espaços de trânsito, dentro do território. Deste modo, as interações digitais assumem um papel secundário e complementar nos jogos de conquista. Tais dados contrastam com os achados de Santos30 acerca do papel onipresente das plataformas de redes sociais digitais no cotidiano de jovens de classe média urbana brasileiros e reiteram as diferenças nas experiencias juvenis decorrentes da diversidade dos contextos sociais, econômicos e culturais12
Sociabilidade e vulnerabilidade às IST/HIV: notas finais
A partir de uma pesquisa socioantropológica em espaços de sociabilidade juvenil de comunidades de baixa renda de cinco cidades brasileiras, este estudo teve o propósito de ampliar o conhecimento atual sobre as condições de vulnerabilidade ao HIV de jovens com práticas heterossexuais.
As observações de campo e relatos revelam que a "sociação lúdica" se manifesta intensamente nos espaços de lazer comunitários: bailes, festas e resenhas. Nesses locais, os/as jovens estabelecem interações afetivas e sexuais, geralmente com pessoas do próprio território e consomem álcool e outras drogas. As interações digitais são secundárias. Essa atividade social intensa -- descrita por Simmel como um "jogo" autônomo, onde a forma da interação é mais importante que seu conteúdo imediato -- podem estar vinculadas a situações de vulnerabilidade às IST/HIV. A fluidez desses encontros e o uso de substâncias psicoativas podem levar a relações sexuais desprotegias, transformando a ludicidade da sociabilidade em um meio de potencialização de situações de risco.
A associação entre situações de vulnerabilidade às IST e contextos de sociabilidade certamente não ocorre apenas entre jovens com práticas heterossexuais de baixo poder aquisitivo. Pesquisas sobre sociabilidade juvenil urbana apontam que as variadas dinâmicas de interação social juvenil são perpassadas por marcadores de gênero, sexualidade, classe e raça e por permanências e mudanças no modo como os/as jovens experienciam suas trocas afetivas e sexuais31,32.
Desse modo, o principal achado foi confirmar a hipótese de que os/as jovens pesquisados/as das cinco comunidades se relacionam afetiva e sexualmente, majoritariamente, com pessoas do próprio território, dado que as barreiras econômicas e simbólicas limitam a sua circulação para outros lugares da cidade. Essas formas de sociabilidade, expressam “sociações lúdicas”, caracterizadas pelo entretenimento, valorização do convívio e das interações em si mesmas; em contraponto as interações formais e regradas11.
Outro resultado diz respeito ao fato de não terem sido identificadas campanhas e/ou ações de prevenção às IST/HIV nos espaços de sociabilidade nas cinco comunidades; seja em termos do acesso aos meios de proteção, como a camisinha e as profilaxias pré-exposição e pós exposição ao HIV, seja em termos da divulgação de mensagens sobre as vias de transmissão das IST/HIV, de testagem do HIV e cuidado da PVHA ou de serviços locais voltados para a saúde sexual e reprodutiva de jovens.
Essas evidências ganham maior relevância ao serem complementadas com os dados das entrevistas e grupos focais, analisados em outra publicação17, acerca do desconhecimento de adolescentes e jovens dessas cinco comunidades sobre diagnóstico, novas tecnologias de prevenção e tratamento do HIV e a baixa autopercepção de risco ao HIV18.
Consideramos que esse conjunto de informações pode ser útil para a formulação e desenvolvimento de intervenções voltadas para saúde sexual e reprodutiva, adequadas à realidade sociocultural e econômica desses segmentos populacionais juvenis. Frente às experiências acumuladas sobre o tema e o desmonte das políticas com foco em SSR em anos recentes3,4,5,6, cabe reiterar a relevância do envolvimento e participação dos próprios jovens, das unidades de ensino e de saúde de cada território, assim como das redes locais de apoio, como lideranças e projetos sociais governamentais e não governamentais. A criação de programas educativos participativos, contínuos e integrados ao cotidiano dos/as moradores, nos quais os/as jovens sejam protagonistas e multiplicadores das ações de promoção da saúde em seus territórios, por meio de rodas culturais, batalhas de rap e oficinas de educação sexual, pode transformar o lazer e a cultura em ações educativas em saúde.
Todavia, importa salientar que compreendemos que o enfrentamento das condições de vulnerabilidade às IST/HIV implica na proposição de políticas capazes de abarcar as dimensões individuais, programáticas e sociais da vulnerabilidade. Quer dizer, as políticas de prevenção necessitam ir além das ações de prevenção e cuidado e da mobilização comunitária. Neste sentido, para que as conquistas no campo da prevenção e do tratamento do HIV resultem efetivamente no controle da epidemia, é fundamental que as iniciativas sejam acompanhadas do comprometimento das instâncias governamentais com a redução das graves desigualdades sociais, raciais e de gênero e no enfrentamento do estigma associado à aids e à diversidade sexual.
Por fim, é importante reconhecer os limites deste estudo. Ao enfatizar aspectos comuns entre os jovens das cinco comunidades, não foram exploradas a diversidade de perfis juvenis relativas ao grau de escolaridade, estilos de vida, preferências musicais, filiação religiosas, identidades de gênero, entre outros, nem as particularidades de cada território. Tais aspectos poderão ser aprofundados em estudos futuros e lançar novas luzes para o campo da saúde sexual e reprodutiva de segmentos juvenis no país.
Referências
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15. artigo submetido para este suplemento temático, aguardando parecer final
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17 artigo submetido para este suplemento temático, aguardando parecer final
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