“Com a nova Qualis vamos aumentar a publicação de artigos”
“Com a nova Qualis vamos aumentar a publicação de artigos”
Entrevista com Cecília Minayo, editora-chefe da Revista Ciência & Saúde Coletiva
A editora-chefe da revista Ciência & Saúde Coletiva, Cecília Minayo, fez uma análise sobre a nova classificação conquistada pela revista, que passou a ser A3 no conceito Qualis CAPES. Leia abaixo, a entrevista que ela concedeu.
Revista: Fale um pouco sobre a mudança da classificação da revista, e qual o impacto que traz.
Cecília: A reedição da CAPES aumentou o número de classificações das revistas. Então, por esse aumento, na verdade, a nossa revista não subiu nem desceu, ficou no mesmo lugar. Embora, ela tenha passado para a classificação A3. Essa classificação é muito importante porque coloca no mesmo patamar as três principais revistas da área de Saúde Pública que são: Revista de Saúde Pública, Cadernos de Saúde Pública e Ciência & Saúde Coletiva. Então, na medida em que ela coloca no mesmo patamar, a escolha que as pessoas vão fazer nas revistas é mais equilibrada. Porque quando a as duas anteriores estavam como A2 e nós B1, obviamente um autor iria pensar duas, três vezes em mandar um artigo para a nossa quando poderia mandar para aquela que está em um andar superior. Então isso nos favorece porque nos coloca no patamar que nós devemos estar, junto com Revista de Saúde Pública e Cadernos de Saúde Pública. Eu digo isso porque embora nosso JCR seja um pouco menor do que o dessas outras revistas, nós estamos em primeiro lugar no Google Scholar. Então há classificações diferenciadas que favorecem uma ou outra.
Essa mudança era uma reivindicação, porque, anteriormente, cada um classificava as revistas do seu modo, da sua maneira. Então, de certa forma, isso unificou. Agora ela vale com esse conceito para qualquer lugar que o autor publicar. Vamos dizer, um profissional da área de Economia que publicar conosco, ou de Serviços Sociais, ou da Enfermagem, terão sempre o A3 valendo em seu trabalho.
No entanto, eu tenho uma crítica severa a essa forma, porque ela olhou do ponto de vista vertical de classificação com o mesmo critério, mas ela não olhou de forma transversal. Isso significa que cada área acabou classificando como quis. Vou dar dois exemplos, vendo “Enfermagem e Ciências Sociais”, as boas revistas foram classificadas com A1. Não estão nos primeiros lugares no Google Scholar e nem no JCR, qual o critério, por que elas podem estar lá e as nossas não? As de enfermagem, que me pergunto se são melhores que as nossas, estão com classificação acima. Cada grupo se fechou, classificou o seu. Está faltando uma visão de transversalidade e com isso eu não concordo. Se eu acho que as nossas forem A3, que as outras que têm JCR, Google Scholar e qualquer outro tipo de classificação menor que a nossa, que fiquem ao menos no mesmo patamar ou abaixo. Eu acho que isso fica uma injustiça.
Revista - Quais os novos desafios que podem surgir com essa mudança?
Cecília - Primeiro aumentar o número de artigos que entram na revista. A porta de entrada é muito ampla, e vamos aumentar isso. Mas acho que nossos desafios maiores são da tal Ciência Aberta, que o Scielo está exigindo e vamos ter que acatar. O que nós fizemos até agora é o ORCID, que está entrando em todos os artigos de autores da nossa revista, que já é um primeiro passo. É uma identidade internacional, mas ainda faltam várias coisas, divulgação dos insumos, dados abertos, que a gente ainda vai ter que enfrentar. É muita coisa, mas vamos em frente.