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Laurentino e colaboradores (2024) trazem uma revisão elucidativa no artigo "Atenção à saúde dos parceiros sexuais de adolescentes com sífilis gestacional e seus filhos".

Publicada em 17/06/2024 | Novidades


Sífilis prejudica a geração de bebês saudáveis, fortes e inteligentes, mas tem cura!

June 11, 2024 

Logo do periódico Ciência & Saúde Coletiva

Maria Cecília de Souza Minayo, Editora-chefe da Revista Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 

Luiza Gualhano, Editora assistente da Revista Ciência & Saúde, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Analisando 41 artigos sobre sífilis gestacional, Laurentino e colaboradores (2024) entregam no artigo Atenção à saúde dos parceiros sexuais de adolescentes com sífilis gestacional e seus filhos: uma revisão integrativa uma revisão elucidativa sobre essa doença infecciosa sistêmica de evolução crônica, causada por uma bactéria chamada gram-negativa Treponema pallidum. Sua transmissão ocorre predominantemente por via sexual, como uma infecção transmissível (IST), inclusive na gravidez e no parto. Apesar de ser uma doença de fácil diagnóstico, para a qual há tratamento eficaz, de baixo custo, disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a sífilis continua sendo um desafio para a saúde pública brasileira (Brasil, 2021).

De acordo com o Boletim Epidemiológico de 2022 (Brasil, 2022a) do Ministério da Saúde, em 2021, os casos de sífilis gestacional foram da ordem de 27,1 casos para 100.000 habitantes, totalizando 74.095 notificações (aumento de 12,5% em relação à taxa do ano anterior). O Sudeste é a região do país com maior incidência tanto da sífilis gestacional (44,6%) quanto da sífilis congênita (43,8%). Jovens mães de 10 a 19 anos representaram 20,2% do total de casos de sífilis congênita em 2021, o segundo maior grupo populacional afetado.

Conforme protocolo do Ministério da Saúde, a gestante com sífilis deve ser tratada desde o momento do diagnóstico e passar por testagem no 1° e 3° trimestre e no momento do parto.  Caso o exame seja positivo, existe recurso terapêutico eficaz disponível no SUS (Brasil, 2022b). A sífilis também pode ser transmitida ao bebê e provocar prematuridade, baixo peso, malformação, abortamento e até óbito fetal e infantil (Brasil 2022c; Conceição et al., 2019). Daí a importância de o tratamento ser realizado e finalizado antes do parto (Domingues et al., 2013).

Um ponto crucial trazido por este estudo, é a necessidade de testagem, diagnóstico e tratamento dos parceiros sexuais, ação indispensável para interromper a cadeia de transmissão da sífilis (Brasil, 2016). 

Fotografia de uma mão usando uma luva de látex azul, segurando um tubo de ensaio rotulado com uma etiqueta escrita “Sífilis” com resultado positivo verificado, à frente de um fundo de tubos de ensaio com tampas coloridas.

Imagem: Agência Klimt/Cofen.

Vários estudos mostram que no Brasil a abordagem dos parceiros é muito deficiente. Destacam-se os principais motivos: baixa adesão dos homens aos serviços de saúde por questões trabalhistas; negligência ou baixa qualidade da formação dos profissionais que conduzem o pré-natal; descontinuidade do contato com a gestante no pós-parto, o que evidencia pouca capacidade dos profissionais em conduzir um plano terapêutico singular e de criar vínculos com o casal (Dias et al., 2019; Silva et al., 2021). O usual é privilegiar o atendimento ao binômio mãe-bebê, dentro da visão machista que ainda predomina no país (Lafetá et al., 2016; Ozelame et al., 2020).

Segundo Laurentino e colaboradores (2024) há falhas imperdoáveis de formação e informação que se refletem no atendimento. Por exemplo, no Boletim Epidemiológico da Sífilis de 2022 não há dados a respeito do perfil sociodemográfico ou referentes ao cuidado relativo aos parceiros sexuais das gestantes com sífilis, a não ser informações como: tratamento “feito”, “não feito” ou “ignorado”. 

Também não há registro sobre casos de sífilis gestacional que evoluíram para sífilis congênita dos filhos, embora o Guia de Pré-Natal, de autoria do Ministério da Saúde, insista que é preciso acolher e atender os parceiros para que possam se tratar e tomar consciência de seu papel para romper a cadeia de transmissão da sífilis. Nesse Guia está escrito que essa é uma função da Atenção Primária em Saúde, que deve, a partir do momento da descoberta da gravidez, ofertar à gestante e aos parceiros testes rápidos de sífilis e HIV, além de dar-lhes acolhimento humanizado e aconselhamento. O pré-natal é de vital importância, uma vez que é o momento de maior proximidade entre a gestante, seu parceiro e a equipe de saúde. 

Em resumo, cuidados de pré-natal e tratamento dos parceiros sexuais são ações cruciais para reduzir os altos índices de incidência de sífilis gestacional e de sífilis congênita no Brasil. É fundamental informar, sobretudo os jovens, que a sífilis tem cura!

Referências

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Para ler o artigo, acesse

LAURENTINO, A.C.N., et al. Atenção à saúde dos parceiros sexuais de adolescentes com sífilis gestacional e seus filhos: uma revisão integrativa. Ciênc saúde coletiva [online]. 2024, vol. 29, no. 5, e12162023 [viewed 11 June 2024]. https://doi.org/10.1590/1413-81232024295.12162023. Available from: https://www.scielo.br/j/csc/a/n7Ksm8KNG6sXtWc9Cqtw9Wg/ 

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