0161/2025 - A presença de indicadores de qualidade de vida no trabalho: uma revisão sistemática das metodologias de avaliação de desempenho aplicadas no teletrabalho
The presence of quality of life indicators at work: a systematic review of performance evaluation methodologies applied in telework
Autor:
• Juliana Fausto Flores - Flores, JF - <jufausto@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8638-3046
Coautor(es):
• Gisamara Girardi Fontes de Avila - Avila, GGF - <gisagfa@hotmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4612-3116
• André Andrade Longaray - Longaray, AA - <andrelongaray@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2908-9390
Resumo:
O objetivo desta pesquisa foi conduzir uma revisão sistemática a fim de estabelecer um panorama dos tipos e emprego de metodologias de avaliação de desempenho no âmbito do teletrabalho, elencando os indicadores relacionados a qualidade de vida no trabalho. O portfólio foi composto por 18 artigos, publicados entre os anos de 2000 a julho de 2023, nas bases de dados Web of Science, Scopus, Medline, Lilacs e BVSalud. A síntese das evidências revelou um conjunto de 48 indicadores relacionados à qualidade de vida no teletrabalho, divididos entre 5 fatores (condições de trabalho, organização do trabalho, relações socioprofissionais de trabalho, reconhecimento e crescimento profissional e elo trabalho-vida social). Ficou evidente que o desafio está em estabelecer um equilíbrio que ampare o pleno desenvolvimento dos programas de teletrabalho com suas singularidades, bem como promova e proteja a saúde e o bem-estar dos teletrabalhadores.Palavras-chave:
Qualidade de Vida no Trabalho; Teletrabalho; Indicadores; Saúde ocupacional.Abstract:
The objective of this research was to conduct a systematic review in order to establish an overview of the types and use of performance evaluation methodologies in the context of teleworking, listing the indicators related to quality of life at work. The portfolio consisted of 18 articles, published between 2000 and July 2023, in the Web of Science, Scopus, Medline, Lilacs and BVSalud databases. The evidence synthesis revealed a set of 48 indicators related to quality of life in teleworking, divided between 5 factors (working conditions, work organization, socio-professional work relationships, professional recognition and growth and balance work-social life). It became clear that the challenge is to establish a balance that supports the full development of teleworking programs with their unique features, as well as promoting and protecting the health and well-being of teleworkers.Keywords:
Work Quality of life; Teleworking; Indicators; Occupational health.Conteúdo:
De acordo com as Organização Mundial da Saúde e Organização Internacional do Trabalho (OIT), a expansão do teletrabalho, como alternativa para continuidade das operações comerciais mediante as regras de isolamento e distanciamento social, impostas durante a pandemia de Covid19, possibilitou elencar tanto benefícios à saúde do trabalhador, como as suscetibilidades de impacto negativo, fatos que justificam os olhares atentos e a soma de esforços entre governo, gestores e trabalhadores em direção à promoção e proteção da saúde, bem como segurança no teletrabalho1.
O plano de contingência sanitária em nível global, ao longo de quase dois anos, não só mitigou os riscos à saúde pública como, indiretamente, acabou promovendo uma mudança no paradigma laboral. Dados da OIT2, estimam que, no segundo trimestre de 2020, cerca de 23 milhões de pessoas passaram para o teletrabalho na América Latina e no Caribe. Como em outras partes do mundo, essa modalidade estabeleceu-se como um mecanismo de garantia da continuidade de certas atividades econômicas e, com ela, da relação de trabalho2.
Os efeitos advindos do contexto da pandemia repercutiram na reestruturação organizacional do trabalho favorecida pelos atuais avanços tecnológicos3-10. Já previam Jun Ha Kim e Yi-Kai Juan6, quando afirmaram em seu estudo, que a globalização e os avanços nas tecnologias de informação e comunicação (TICs) levariam à uma revolução quanto à onde, quando e como o trabalho seria realizado. Nesse mesmo âmbito, à fim de caracterizar a evolução histórica do teletrabalho, de forma concisa e em consonância com a evolução das TICs, Iordach e colaboradores5, traçaram um perfil conceitual evolutivo do teletrabalho, subdividindo em três gerações.
A primeira geração do teletrabalho ou – geração tradicional – pressupõe um procedimento único para efetivar os novos arranjos de trabalho, o chamado Home-Office (Escritório em casa), cuja flexibilização limitava-se ao trabalho realizado no domicílio condicionado pelas tecnologias (computadores e telefones) disponíveis à época. A segunda geração ou – Mobile Office (Escritório móvel) – impulsionada pelo crescente desenvolvimento tecnológico e mudanças substanciais nas regulamentações governamentais, agregam-se os “terceiros- espaços”, quais sejam os situados entre o domicílio e a instituição de trabalho, como por exemplo: áreas de coworking, centros de inovação, workshops abertos, laboratórios vivos, incubadores e star-ups5.
O caminho para a terceira geração ou – Virtual-Office (Escritório Virtual) vêm sendo ancorado na série de transformações ocorridas na World Wide Web (WWW), permitindo maior flexibilidade, acessibilidade e interoperabilidade à nível global. O cenário aponta para o acesso à Internet de alta velocidade através de ondas de rádio que, em conjunto com transístores reduzidos, determinaria a adopção de novas TICs, como os dispositivos em miniatura (smartphones e outros instrumentos similares) os quais possibilitariam o acesso de uma grande quantidade de informações que já foram preservadas em nuvens e redes5.
Percebe-se que a pandemia acelerou esse processo de adoção do teletrabalho, de acordo com pesquisa divulgada pelo IBGE11, no ano de 2022 havia cerca de 7,4 milhões de brasileiros ainda exercendo suas atividades laborais de forma remota e em local alternativo, mesmo após o término da contingência sanitária. Este cenário impôs, entre outros, a manutenção de políticas e práticas de saúde ocupacional adequadas às demandas físicas, mentais e de bem-estar social dos trabalhadores dessa modalidade.
As pesquisas desenvolvidas na temática do teletrabalho apresentam um quadro misto de efeitos, uma vez que foram relatadas tanto oportunidades, quanto desafios dessa modalidade. Afetando entre outros, a qualidade de vida no trabalho. Como oportunidades, destacaram-se a desejada economia de custos em paralelo com o aumento na produtividade8,9,12,13, o compromisso com as questões ambientais e de mobilidade sustentável como redução na emissão de CO26,8,9,12,14 a redução da necessidade de deslocamentos diários para os escritórios, aliviando a sobrecarga do transporte público, reduzindo os congestionamentos urbanos e até mesmo o estresse relacionado ao tráfego6,8,9, a possibilidade de flexibilizar jornadas de trabalho, harmonizando as demandas da vida pessoal com a profissional5.
Todavia, ao tempo em que os estudos exaltaram as vantagens do teletrabalho, também não ocultaram os contrapontos substanciais relacionados às esferas pessoais e profissionais dos trabalhadores. Como a indefinição das fronteiras do trabalho e da família no tempo e no espaço7,10,13,15, o empobrecimento da experiência de sociabilidade derivada do isolamento decorrente do teletrabalho, levando ao prejuízo das relações interpessoais com os colegas7,8,12,16,17 além da dependência da tecnologia, acarretando a sobrecarga digital e suas consequências como o estresse tecnológico12,18, a conjunção de desafios e demandas específicas do teletrabalho que aumentam o risco de alterações na saúde mental8,10, além da preocupação com as jornadas de trabalho estendidas12,17, a falta de orientações e cuidados ergonômicos traduzidos em infraestrutura inadequada10 e desconfortos musculoesqueléticos12.
Desse modo, diante da demanda por adequação das organizações e dos trabalhadores para a adoção do teletrabalho, assim como para compreensão dos desafios e oportunidades advindos dessa modalidade, a aplicação de metodologias de avaliação de desempenho que considerem os indicadores de qualidade de vida no trabalho, tendem a auxiliar os pesquisadores e gestores na estruturação da tomada de decisão no contexto desse cenário. Já que, em situações complexas, que apresentam diversos critérios a serem considerados, os modelos de avaliação de desempenho se constituem como uma ferramenta de apoio à tomada de decisão, ao passo que se propõem à busca por uma solução que melhor se enquadre nas necessidades do decisor e no contexto decisional como um todo19.
Nesse sentido, busca-se apoio em Ferreira20, o qual entende que a qualidade de vida no trabalho deve focar nos principais fatores que impactam as experiências de bem-estar: condições de trabalho, organização, relações socioprofissionais, reconhecimento e crescimento profissional. Esses fatores, quando aplicados ao contexto do teletrabalho, contribuem para o elenco e a organização dos indicadores específicos dessa modalidade. Tais indicadores, por sua vez, podem fundamentar modelos de avaliação de desempenho no teletrabalho, pois representam fontes de bem-estar e mal-estar, impactando diretamente a qualidade de vida do trabalhador20. Dessa forma, elencar e categorizar os indicadores de qualidade de vida no trabalho, segundo o modelo teórico-metodológico de Ferreira, auxilia na compreensão do estado atual do conhecimento sobre a qualidade de vida dos teletrabalhadores, identificando oportunidades de pesquisa nessa área.
Outras revisões sistemáticas foram realizadas buscando compreender questões de saúde no teletrabalho21-23, entretanto não se localizou revisão a respeito da aplicação de métodos de avaliação de desempenho para analisar indicadores relacionados à qualidade de vida no teletrabalho.
Assim, o objetivo desta pesquisa é estabelecer um panorama dos tipos e emprego de metodologias de avaliação de desempenho no âmbito do teletrabalho, elencando os indicadores relacionados a qualidade de vida no trabalho. Ao cumprir esse objetivo, espera-se que esta investigação contribua para uma compreensão mais profunda do assunto, considerando as dimensões únicas da qualidade de vida no teletrabalho, podendo informar práticas organizacionais mais regulamentadas com o bem-estar e as necessidades dos trabalhadores remotos.
Do ponto de vista prático, uma pesquisa nesta área pode fornecer insights importantes para as organizações desenvolverem políticas, estratégias e práticas que promovam uma cultura de teletrabalho saudável e equilibrada, resultando em um ambiente de trabalho mais positivo.
MÉTODO
Questão de pesquisa
A revisão sistemática desenvolvida partiu da seguinte questão de pesquisa: De que forma as metodologias de avaliação de desempenho estão sendo empregadas no âmbito do teletrabalho e quais indicadores estão relacionados com a qualidade de vida no trabalho? Formulou-se essa pergunta a partir do emprego da estratégia PICO (paciente, intervenção, comparação e desfecho), na qual definimos que os pacientes estudados são os teletrabalhadores, a intervenção é o teletrabalho, a comparação se dá por meio do emprego das metodologias de avaliação de desempenho e o desfecho estão relacionados aos indicadores de qualidade de vida mensurados pelos métodos de avaliação.
Estratégia de busca
O protocolo deste estudo, cujo número de registro é CRD42023438885, pode ser verificado na plataforma Próspero. A busca foi realizada entre julho e agosto de 2023, nas bases de dados Web of Science, Scopus, Medline, Lilacs e BVSalud, por termos ligados aos eixos “Avaliação de desempenho” (Performance Evaluation, Performance Measure, Performance Assessment, Performance Management, Evaluation, Measure, Assessment, Management, Performance); “Qualidade de vida” (Quality of life, Quality of life work, Job Satisfaction, Work-life balance, Well-being, Health, Ergonomics, Quality, Work Satisfaction) e “Teletrabalho” (Telework, Remote work, Homeworkers, Working from home, Telecommuting, Home office), que combinados deveriam estar presentes no título, palavra-chave ou resumo dos artigos.
Critérios de elegibilidade
Considerou-se os seguintes critérios de elegibilidade: (i) estudos originais, em inglês, revisados por pares, qualitativos e quantitativos; (ii) artigos publicados entre 2000 e julho de 2023; (iii) participantes que realizam teletrabalho; (iv) a pesquisa relata um modelo de avaliação de desempenho que mensura indicadores relacionados a qualidade de vida de teletrabalhadores.
Critérios de exclusão
Foram excluídas revisões, artigos para discussão e editoriais. Considerando que, o conceito de teletrabalho adotado nesta pesquisa se traduz em atividades laborais realizadas, fora das dependências do empregador, utilizando como ferramentas as tecnologias de informação e comunicação11,13,24, definimos teletrabalho como aquele realizado por um funcionário que passa pelo menos um dia da semana de trabalho fora do escritório, por exemplo, em casa.
Triagem e seleção
Os resultados da busca foram exportados para a ferramenta Ryyan QCRI. Duas pesquisadoras realizaram de forma independente a leitura dos artigos e extraíram os dados dos estudos seguindo a lista de verificação e as diretrizes de redação dos Itens Preferenciais de Relatórios para Revisões Sistemáticas e Meta-análise (PRISMA), identificando o número de registros incluídos e excluído no Fluxograma do PRISMA (Figura 01). Todas as discrepâncias foram resolvidas. As listas de referências dos estudos incluídos também foram pesquisadas manualmente para adição de estudos relevantes.
Qualidade metodológica
Adaptou-se a escala JBI26 para avaliar a qualidade metodológica dos artigos selecionados. As perguntas “O tamanho da amostra foi adequado?” e “Foram utilizados métodos válidos para a identificação da condição?” não foram incluídas nesta avaliação, pois considerou-se que essas informações não se aplicavam aos artigos selecionados. Como resultado da análise, nenhum artigo enquadrou-se como baixa qualidade metodológica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Esta seção está organizada de modo a expor uma síntese da revisão sistemática, bem como as análises realizadas com base no portfólio composto por 18 artigos. A Figura 2 apresenta uma representação visual do fluxo metodológico e dos principais elementos que compõem a análise dos resultados. O diagrama detalha as etapas que vão desde a definição dos objetivos de pesquisa dos artigos até a identificação das lacunas existentes, evidenciando as conexões entre os indicadores de qualidade de vida no teletrabalho, os métodos de avaliação empregados e as categorias teóricas utilizadas. Essa estrutura gráfica tem como objetivo facilitar a compreensão das inter-relações entre os dados analisados, fornecendo uma perspectiva integrada do processo investigativo e de suas possíveis implicações práticas.
Avaliação de desempenho no contexto do teletrabalho
Partindo para a análise dos métodos que apoiam a avaliação de desempenho no contexto do teletrabalho, o Quadro 01 apresenta uma síntese dos artigos a partir da definição dos objetivos e dos métodos utilizados pelos autores para selecionar e avaliar os indicadores estudados.
Com relação aos objetivos dos estudos, a identificação de fatores críticos relacionados aos mais diversos temas como: liderança, segurança psicossocial, saúde, produtividade e critérios socioeconômicos no ambiente de teletrabalho, foram os objetivos mais recorrentes declarados pelas pesquisas3,4,10,13,16. Os dados sumarizados, referentes aos objetivos, métodos e aplicação dos modelos presentes no portfólio, estão ilustrados na Figura 03.
Percebe-se a prevalência na utilização de inteligência artificial, por meio do desenvolvimento de redes neurais, e do método Analytic Hierarchy Process (AHP), que é uma técnica de decisão multicritério. Como exemplo, uma rede neural BP consiste em uma camada de entrada, uma camada oculta e uma camada de saída. A camada de entrada passa informações para a camada oculta, que passa informações para a camada de saída por meio dos pesos e funções de ativação entre os neurônios. A camada de saída agrupa as informações processadas pela camada oculta para produzir o resultado. Se o resultado correto for conhecido, ele é comparado com a saída para obter o erro. Os pesos da rede neural são corrigidos pelo BP para completar o processo de aprendizagem24.
Dentre os métodos multicritério de apoio à decisão (MCDM), o AHP é uma das abordagens mais conhecidas e utilizadas com mais frequência, usado em muitos campos diferentes nos últimos 40 anos, devido à possibilidade de análise multicritério de problemas de decisão complexos16. Dependendo da natureza do problema e do objetivo geral a ser alcançado, o problema é decomposto em diferentes fatores e combinado em diferentes agregações hierárquicas para formar um modelo multinível da estrutura de análise15. O AHP pode ser utilizado para a triagem das principais partes interessadas e para a tomada de decisões, a fim de melhorar a precisão dos resultados24, ou para encontrar o peso dos critérios16, estudo no qual os autores aplicaram AHP e o TOPSIS para objetivar as opiniões dos respondentes sobre os fatores que influenciam o teletrabalho.
Outras revisões sistemáticas sobre a aplicação de modelos de avaliação de desempenho em diferentes áreas do conhecimento também obtiveram como resultado o método AHP entre os mais utilizados nas pesquisas27,28.
Métodos de definição, validação e aplicação dos indicadores
Com relação ao método de coleta de dados, destaca-se a revisão de literatura como fonte de dados em mais de 60% dos artigos. A Figura 04 demonstra o caminho metodológico dos estudos que optaram pela revisão de literatura como ponto de partida para definição dos indicadores.
Nas revisões de literatura, os autores fizeram uso de revisões sistemáticas9,10,13, com buscas em bases de dados como Medline, Scopus e Web of Science e, dos artigos selecionados, extrair os indicadores que compuseram a pesquisa; ou utilizaram a revisão narrativa para relatar as teorias de base das quais partiram os indicadores estudados.
A revisão de literatura serviu como ponto de partida para a definição dos indicadores e após, realizou-se a validação por teletrabalhadores por meio de questionários aplicados3,4 ou junto a gestores10 na qual as dificuldades indicadas pela literatura foram analisadas usando uma escala difusa.
Os estudos que não partiram de revisões de literatura, adotaram como estratégia a utilização de modelos validados, replicando-os por meio de entrevistas6,7, grupos focais8,15,24 e dados secundários5.
Desse modo, percebe-se que, na maioria dos estudos, os indicadores inicialmente levantados foram validados com a participação direta de teletrabalhadores, presentes em 55% das pesquisas, seguidos dos gestores, envolvidos em 33% dos estudos.
Alguns estudos envolveram diferentes perfis de participantes na validação dos indicadores, em alguns casos aplicaram-se questionários à funcionários de universidades, cujas respostas apoiaram a hierarquização dos critérios pelo método AHP e, em seguida, gestores foram consultados para atribuição dos valores da matriz de decisão do TOPSIS16.
No que diz respeito a aplicação, os estudos dividem-se entre casos reais e estudos com aplicações ilustrativas. Dentre os estudos de casos, as pesquisas foram aplicadas no contexto de universidades com funcionários administrativos e docentes4 e gestores de universidades9,16. No contexto chinês a aplicação deu-se entre funcionários de pequenas e médias empresas que trabalharam em casa durante o período de isolamento17,24. O interesse pela aplicação em universidades pode ser devido ao acesso próximo dos pesquisadores ao teletrabalho imposto pelo isolamento social decorrente da pandemia, situação que impactou diversos setores da economia, em especial a educação e a saúde29-31. Muitas empresas e praticamente todas as unidades educativas e científicas introduziram um modelo de teletrabalho, que tem sido associado à transformação das condições e organização do trabalho, bem como a um aumento significativo da carga mental9. Importante ressaltar que analisando o contexto no qual as pesquisas foram desenvolvidas, dos 18 estudos selecionados, 16 foram direcionados para o teletrabalho realizado durante a pandemia de covid-19.
A busca da Qualidade de vida no Teletrabalho
Os estudos que compõem o portfólio bibliográfico dessa revisão, por meio do emprego das metodologias de avaliação de desempenho, fizeram o levantamento e a validação de uma série de indicadores ligados ao contexto do teletrabalho. Com o intuito de elencar quais destes indicadores estão também relacionados com a qualidade de vida, fez-se a distribuição conforme sua adequação às categorias do modelo teórico-metodológico de qualidade de vida no trabalho20 (Quadro 02). Essas categorias dizem respeito aos principais fatores que estão na gênese das vivências de bem-estar e mal-estar no trabalho, e nesse sentido, impactam diretamente na qualidade de vida dos trabalhadores.
Esse modelo tem como pressuposto teórico a escola francofônica32 que segue a perspectiva de análise do trabalho sob a ótica do trabalhador e a produção de conhecimento sobre o seu próprio trabalho, pela identificação dos problemas e dificuldades enfrentados pelos sujeitos. Os cinco fatores do modelo teórico de Ferreira20, são: (I)Condições de Trabalho: expressam os equipamentos arquitetônicos, o ambiente físico, instrumentos de trabalho e de suporte que influenciam a atividade de trabalho e podem colocar em risco a segurança física dos trabalhadores. (II)Organização do Trabalho: expressam as variáveis relacionadas à divisão do trabalho, sua prescrição, tempo, processo, gestão do tempo e padrões de conduta que influenciam a atividade de trabalho.(III)Relações Socioprofissionais de Trabalho: expressam as interações socioprofissionais em termos de relações com os pares, com as chefias e comunicação, ambiente harmonioso e conflitos que influenciam a atividade de trabalho. (IV)Reconhecimento e Crescimento Profissional: integram variáveis ligadas ao empenho e dedicação, ao reconhecimento e criatividade, desenvolvimento de competências, incentivos ligados ao crescimento profissional. (V)Elo Trabalho-Vida Social: Expressam as percepções sobre o sentido do trabalho, ligados ao prazer, bem-estar e produtividade saudável, significado da instituição, do trabalho e as analogias com a vida social que influenciam a atividade de trabalho.
Dado o exposto, o fator alusivo às condições de trabalho engloba estudos que apontam para importância do planejamento e da adequação do espaço de trabalho6,10,12,17, em todos os seus constituintes, desde a escolha do design e disposição de móveis, equipamentos, ferramentas e processos de trabalho até a promoção de pausas e movimentos que evitem problemas de saúde relacionados à postura.
Nesse contexto, a ergonomia4,12?assume papel central ao considerar tanto a segurança física quanto a cognitiva no ambiente de teletrabalho. Estudos indicam que uma abordagem sistêmica4, orientada por princípios ergonômicos, contribui para otimizar a interação entre pessoas e tecnologia, promovendo não apenas eficiência, mas também bem-estar e qualidade de vida. Além disso, tal abordagem permite um olhar individualizado, capaz de contemplar necessidades específicas, favorecendo a inclusão e a equidade entre os teletrabalhadores6.
Nesse sentido, além das adequações ergonômicas, as ferramentas tecnológicas9,10 também exercem papel fundamental no desempenho das atividades. Assim, dispor de internet, equipamentos periféricos adequados e até mesmo segurança cibernética9,10,12, constitui requisito básico de uma relação direta e indissociável entre os recursos tecnológicos, a qualidade de vida no teletrabalho e o desempenho profissional, revelando que a ausência de suporte tecnológico adequado pode comprometer não apenas a eficiência, mas também a saúde e o equilíbrio do trabalhador.
Não obstante, no âmbito da organização do trabalho, segundo os autores8,15,24,33 a experiência vivenciada pelo trabalhador remoto estabeleceu conexões entre os indicadores que relacionam a sobrecarga cognitiva, a demanda mental, o esforço e a demanda temporal com o bem-estar físico e psíquico. Esses indicadores representam uma interferência direta da carga de trabalho percebida na qualidade de vida dos teletrabalhadores e, por conseguinte, nos seus desempenhos. A flexibilidade de horário e espaço de trabalho8,9,18 foi considerada um dos aspectos fundamentais da organização do teletrabalho, uma vez que o controle sobre essas condições garante o equilíbrio das demandas profissionais com a vida pessoal dos trabalhadores, promovendo o bem-estar.
Além disso, no contexto do trabalho virtual, especialmente em ambientes “domésticos”, onde as fronteiras são tênues, os estudos3,4,9,13 destacam que a clareza nas funções, tarefas e responsabilidades torna os trabalhadores mais autônomos e produtivos.
Paralelamente, pode-se inferir que uma gestão eficaz das relações socioprofissionais no teletrabalho incita e promove, entre outros, a motivação, a harmonia e a confiança dos trabalhadores. Neste aspecto, o papel dos e-líderes, especialmente no período da contingência sanitária, buscou superar os obstáculos do isolamento e falta de interação presencial tendo, para isso, que encontrar caminhos para a coordenação e o apoio gerencial9,10,12,17 às equipes remotas que não tiveram tempo hábil para o devido preparo. O desafio para os e-líderes abarca, ainda, a habilidade de adaptação às tecnologias de informação e novas formas de comunicação8,10,18 as quais, por meio de plataformas virtuais, precisam garantir o apoio e a interação necessários aos trabalhadores.
Ademais, tão significativos quanto uma eficaz incorporação das tecnologias de comunicação e informação no gerenciamento de informações e na tomada de decisões no âmbito do teletrabalho, estão a necessidade de reconhecimento e crescimento profissional que, quando validados através do bom desempenho3,8,10,12,15,18,24, podem influenciar diretamente a motivação10,13 dos teletrabalhadores e ainda incitar a busca por aquisição de melhores competências tecnológicas9,13.
Ainda nesse âmbito, emergiram outros indicadores ligados ao crescimento profissional como o e-learning (cursos on-line, webinars, tutoriais em vídeo) e as atividades de formação de equipes3,8,9,12 revelando a importância da oferta de treinamentos de forma flexível e acessíveis, uma vez que democratizam as possibilidades de aprendizagem tanto quanto subsidiam a maior valorização no trabalho3.
Consoante à necessidade de equilíbrio no elo entre trabalho e vida social3,4,6,18 os estudos transitaram por subjetividades que expressam, individual ou coletivamente, representações de bem-estar3,4,7,12,14,18 e suas relações intrínsecas. Dessa forma, os autores revelaram indicadores sensíveis à interface trabalho-vida, como a mensuração do estresse12,34 através de aspectos fisiológicos e comportamentais, a manutenção da saúde mental10,14,16 a busca pela satisfação profissional12,17, a sensação de pertencimento9 e a produtividade10,12,16 a qual parece sofrer influência direta na suscetibilidade do elo trabalho e vida pessoal.
O Quadro 3 apresenta uma descrição baseada nas dimensões da qualidade de vida no trabalho (QVT), destacando os métodos de avaliação utilizados pelos estudos, os indicadores identificados, os contextos de aplicação e, na última coluna, as referências dos artigos que apontaram indicadores distribuídos em cada dimensão.
A predominância dos métodos multicritérios em todas as dimensões de QVT, como Fuzzy AHP, Redes Neurais e Fuzzy TOPSIS, corrobora com a aplicabilidade destes métodos para lidar com a complexidade e a subjetividade dos dados relacionados ao ambiente de teletrabalho3,9,10.
A análise da distribuição dos indicadores nas dimensões de QVT revela que muitos estudos aparecem em múltiplas ou até em todas as dimensões, evidenciando a interconexão entre os aspectos que compõem a QVT no contexto do teletrabalho. Percebe-se que dimensões como "Organização do Trabalho" e "Elo Trabalho-Vida Social" destacam uma abordagem mais abrangente, apontando que métodos robustos, como Fuzzy AHP ou TOPSIS, permitem capturar conexões entre fatores organizacionais e pessoais.
A presença dos estudos em várias dimensões também revela um esforço em compreender a QVT de forma sistêmica, especialmente em contextos complexos como o setor público ou áreas de alta demanda intelectual, como ensino superior e tecnologia. No entanto, algumas dimensões, como "Reconhecimento e Crescimento Profissional", foram pouco exploradas ou tiveram baixa representatividade nos estudos analisados, evidenciando lacunas que ainda precisam ser aprofundadas no campo investigativo.
A análise também demonstra que os indicadores são consistentes e adequados, cobrindo dimensões essenciais da QVT no contexto do teletrabalho. A pertinência de indicadores como ergonomia4,12, flexibilidade de horário8,9,18 e equilíbrio entre vida pessoal e profissional3,4,6,18 são exemplos claros da relevância e alinhamento às necessidades dessa modalidade de trabalho. Além disso, a clareza e abrangência garantem uma visão holística, permitindo identificar tanto fatores que promovem bem-estar quanto aqueles que podem representar riscos à saúde dos trabalhadores.
Embora robustos alguns indicadores, como confiança3 e pertencimento9 parecem demandar definições mais operacionais com escalas específicas que garantam a objetividade na mensuração. Não obstante, esses indicadores têm potencial de impacto significativo: podem promover maior autonomia, desenvolvimento profissional e saúde mental, mas também evidenciar riscos, como sobrecarga, isolamento social e dificuldade no equilíbrio trabalho-vida, quando não gerenciados adequadamente.
Portanto, a robustez e a adaptabilidade (ajustáveis a uma variedade de cenários, como empresas de TI, universidades ou ambientes domésticos) desses indicadores os tornam instrumentos valiosos para compreender os efeitos do teletrabalho em múltiplos contextos, orientar intervenções organizacionais e informar políticas públicas que promovam ambientes de trabalho mais saudáveis e equilibrados.
Lacunas de pesquisa, traçando uma agenda de pesquisas futuras
Considerando o contexto pandêmico no qual grande parte dos estudos foram realizados e devido à popularidade do teletrabalho, as experiências dos funcionários tendem a estabilizar-se ao longo do tempo. Conforme a Teoria da conservação de recursos, mudança nos padrões de trabalho faz com que os funcionários da organização mudem as suas percepções e necessidades15,24. Assim, o impacto do teletrabalho no desempenho e na qualidade de vida deverá ser reavaliado15,24, de modo a considerar as alterações advindas do teletrabalho permanente num contexto no qual o isolamento social e os riscos de contágio por vírus não estão mais presentes.
Outrossim, a fim de tornar as contribuições mais robustas e generalizáveis, os futuros estudos precisam lançar mão de dados mais recentes que representam o momento atual (pós pandemia) tanto quanto, amostras mais diversificadas e em diferentes culturas, contextos e espaços geográficos. Sendo também oportuno avaliar o impacto da governança e da cultura organizacional nesses novos cenários.
As análises longitudinais também emergiram como sugestão de abordagens futuras no espectro do teletrabalho, visto a necessidade de observação de algumas variáveis durante um período mais prolongado, em particular as percepções individuais de bem-estar relacionadas à experiência de trabalho em um novo contexto bem como a compreensão da relação entre comunicação e distúrbios psicofísicos, observando também as flutuações do estresse no dia a dia.
Pesquisadores ainda sugerem esforços no sentido de ligar o desenvolvimento sustentável com aspectos de segurança e saúde no trabalho através de novos estudos, no campo da Saúde do Trabalhador que, com uma compreensão ampliada da relação entre trabalho e saúde, considere os fatores físicos, organizacionais, ambientais e psicossociais para subsidiar a criação de políticas e programas de teletrabalho. Nesse sentido, indicaram como possibilidades, entre outras, o aprofundamento dos estudos sobre o conforto térmico interior, biofilia, a qualidade do ar interior e exterior, a iluminação e a acústica.
Outro aspecto é a Gestão do Conhecimento, aplicada às equipes de projetos virtuais. Ao serem indicadas pelo estudo as barreiras que reduzem significativamente as possibilidades de gestão do conhecimento quando o trabalho se desenvolve virtualmente, ficaram evidentes também os desafios à que os teletrabalhadores e gestores de equipes virtuais estão sujeitos à fim de garantirem a aquisição e o compartilhamento eficiente do conhecimento nas organizações13.
Em relação ao levantamento de indicadores, apenas 16% dos estudos partiram da percepção dos gestores. Entretanto, visando a promoção da saúde, prevenção de doenças ocupacionais e aumento da qualidade de vida, recai sobre a gestão a tarefa de desenvolver ações específicas de promoção à saúde que atendam aos teletrabalhadores e monitore os diferentes fatores relacionadas a esse contexto que impactam na saúde e na qualidade de vida dos teletrabalhadores. Assim, compreender a situação problemática e partir da visão dos gestores para o levantamento dos indicadores relacionados a qualidade de vida no teletrabalho apresenta-se como uma lacuna pouco explorada pelos estudos.
Por fim, percebe-se que o enfoque de 55% dos modelos de avaliação do portfólio centrou-se na identificação dos principais fatores relacionados ao teletrabalho, enquanto que apenas 27% dos artigos mencionaram o apoio à decisão como objetivo principal na elaboração dos modelos. Considerando que a implementação de um programa de qualidade de vida no trabalho de natureza preventiva precisa atuar nas causas reais dos problemas20, entende-se o potencial de exploração de pesquisas no campo do apoio à decisão que poderão fornecer dados objetivos relacionados ao impacto do teletrabalho na qualidade de vida dos funcionários e com isso auxiliar na formulação de políticas baseadas em evidências.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta revisão sistemática teve como objetivo estabelecer um panorama dos tipos e do emprego de metodologias de avaliação de desempenho no âmbito do teletrabalho, elencando os indicadores relacionados a qualidade de vida no trabalho. Para isso, realizamos uma busca nas bases de dados objetivando a seleção de artigos cuja temática de pesquisa fosse a implementação de modelos de avaliação de desempenho para mensurar a qualidade de vida no teletrabalho. Como resultado, obtivemos um portfólio composto por 18 artigos que empregaram diversos indicadores relacionados à qualidade de vida que foram amplamente debatidos nesta revisão.
O teletrabalho tornou-se uma realidade significativa em muitas organizações, exigindo uma adaptação das práticas de avaliação de desempenho para refletir essa mudança no paradigma de trabalho. Compreender como as metodologias de avaliação de desempenho estão sendo ajustadas para atender às necessidades dos trabalhadores remotos é crucial para manter a eficácia das avaliações e, a satisfação dos empregados, que afeta a eficiência e a produtividade da organização. Funcionários mais satisfeitos e saudáveis tendem a ser mais produtivos e engajados, o que pode contribuir para o sucesso geral da empresa.
Ademais, a qualidade de vida dos trabalhadores é uma preocupação crescente nas organizações, conforme apontado por estudos que evidenciam o interesse por práticas voltadas ao bem-estar físico, mental e organizacional no contexto do teletrabalho8,12,16,17,21.
Avaliar a qualidade de vida no teletrabalho não se limita apenas à produtividade e resultados, mas também abrange a complexidade das condições de trabalho, indo das preocupações ergonômicas, infraestrutura tecnológica, liderança eficaz, reconhecimento, pertencimento e motivação profissional até gestão do conhecimento, equilíbrio entre vida profissional e pessoal e sobrecargas psicossocial e cognitiva.
A síntese de evidências derivadas dessa revisão revelou, ainda, um quadro robusto e sistêmico de indicadores diretamente relacionados à qualidade de vida no teletrabalho. Esses indicadores traduzem o quão complexo é avaliar e intervir no trabalho humano, seja ele presencial, virtual ou híbrido. Fato que justifica, também, a variedade e qualidade das metodologias utilizadas para avaliar o desempenho dos referidos indicadores.
Não obstante, as facetas subjacentes à condição humana somadas à aspectos da qualidade de vida e sua relação intrínseca com o trabalho, constituem o esteio para gestores que busquem, de forma holística, adequar as práticas e políticas de promoção da saúde ao novo cenário laboral. Os gestores desempenham um papel fundamental na implementação de avaliações de desempenho e na gestão do teletrabalho. Pesquisar esse tópico contribui para fornecer insights sobre como os gestores podem abordar a avaliação da qualidade de vida de suas equipes remotas, oferecendo suporte adequado e promovendo o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Almeja-se que com os resultados apresentados nesta revisão tenha-se elucidado a lacuna referente aos modelos de avaliação de desempenho empregados no contexto do teletrabalho e aos indicadores que relacionam-se com a qualidade de vida do teletrabalhador, de modo a permitir que as práticas organizacionais possam estar alinhadas com as necessidades e expectativas dos trabalhadores remotos e dos gestores, contribuindo para um ambiente de trabalho mais sustentável e saudável.
Importante destacar algumas limitações desta pesquisa: (1) a revisão limitou-se a artigos em inglês, revisados por pares e publicados entre os anos de 2000 a julho de 2023, e apesar de realizarmos a revisão das referências citadas pelos autores, não realizamos nenhuma pesquisa em literatura cinzenta. (2) a heterogeneidade dos estudos e dos indicadores utilizados não nos possibilitou realizar comparações diretas e por isso não realizamos uma meta-análise do portfólio. (3) esta revisão identificou, em sua maioria, estudos com foco na compreensão do cenário pandêmico e seus impactos no teletrabalho e na qualidade de vida, dessa forma, a amostra pode estar limitada a esse recorte temporal e, assim, não refletir plenamente a diversidade dos teletrabalhadores em contextos distintos. (4) além disso, no que diz respeito aos formatos de execução de teletrabalho, durante a pandemia o home office foi a modalidade predominante, nesse sentido, os espaços de trabalho organizacionais, chamados de “terceiros espaços” (situados entre a casa e o trabalho) como áreas de coworking, centros de inovação, workshops abertos, laboratórios vivos e incubadoras de start-ups, podem não ter sido explorados pelo portfólio desta revisão.
Nesse sentido, entende-se que novas revisões poderão investigar estudos posteriores que não estejam associados à necessidade de isolamento social e, assim, emergir outros aspectos ligados ao bem-estar no ambiente de teletrabalho. Além disso, a avaliação metodológica realizada com base na escala JBI indicou que, embora os estudos analisados apresentem qualidade satisfatória, foram identificadas fragilidades como amostras reduzidas e pouca transparência nos processos de validação dos instrumentos. Em nossa análise, tais limitações reforçam a necessidade de investigações mais robustas, com maior diversidade de contextos e aprofundamento teórico-metodológico, compatíveis com a complexidade da relação entre teletrabalho e qualidade de vida.
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