EN PT

Artigos

0265/2025 - A saúde mental de estudantes de pós-graduação no contexto da pandemia da covid-19: uma revisão de escopo
The mental health of postgraduate students in the context of the COVID-19 pandemic: a scoping review

Autor:

• Breno Estevam Silva de Souza - Souza, BES - <brenno.estevam@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5590-7441

Coautor(es):

• Eduarda Gomes Onofre de Araújo - Araújo, EGO - <eduardaonofre@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7107-6107

• Livian Isabel de Medeiros Carvalho - Carvalho, LIM - <carvalholivianmed@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7605-1523

• Gabriela Salgado Colado - Colado, GS - <gabriellasalgado@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0005-4221-3973

• Ardigleusa Alves Coelho - Coelho, AA - <ardigleusacoelho@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8869-3793

• Sávio Marcelino Gomes - Gomes, SM - <savio.gomes@academico.ufpb.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6320-2502

• Franklin Delano Soares Forte - Forte, FDS - <franklinufpb@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4237-0184

• Cláudia Helena Soares de Morais Freitas - Freitas, CHSM - <chsmfreitas@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0265-5396



Resumo:

A pandemia de covid-19 impactou significativamente a saúde pública e a sociedade, alterando a vida cotidiana e as relações interpessoais. Este estudo objetiva mapear evidências científicas sobre a saúde mental de estudantes de pós-graduação (mestrado e doutorado) durante a pandemia, por meio de uma revisão de escopo e registrada na Open Science Framework (DOI: https://osf.io/jbem6). Usou-se o acrônimo PCC (population, concept, context) para definir a população como estudantes de pós-graduação, o conceito como saúde mental, e o contexto como a pandemia de covid-19. A coleta de dados foi realizada em julho de 2023, resultando em 2.575 artigos, dos quais, 23 foram selecionados. A maioria dos estudos foi realizada na América do Norte e na China, com predominância de estudos transversais. Os resultados indicam aumento da prevalência de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, influenciados pela interrupção dos trabalhos acadêmicos. A satisfação com a vida foi positivamente associada ao otimismo, e negativamente à depressão e ao estresse. Conclui-se que a pandemia agravou desafios à saúde mental dos estudantes, destacando a necessidade de estratégias de apoio inclusivas capazes de atender às diversas necessidades desse grupo durante e além de períodos de crise global.

Palavras-chave:

Saúde Mental; Programas de Pós-Graduação em Saúde; COVID-19; Pandemias; Esgotamento Emocional.

Abstract:

The COVID-19 pandemic has significantly impacted public health and society, altering everyday life and interpersonal relationships. This study aims to map scientific evidence on the mental health of postgraduate students (master's and doctoral) during the pandemic, through a scoping review and registered in the Open Science Framework (DOI: https://osf.io/jbem6). The acronym PCC (population, concept, context) was used to define the population as postgraduate students, the concept as mental health, and the context as the COVID-19 pandemic. Data collection took place in July 2023, resulting in 2,575 articles, of which 23 were selected. Most of the studies were carried out in North America and China, with a predominance of cross-sectional studies. The results indicate an increase in the prevalence of mental disorders, such as anxiety and depression, influenced by the interruption of academic work. Life satisfaction was positively associated with optimism, and negatively with depression and stress. It is concluded that the pandemic has exacerbated mental health challenges for students, highlighting the need for inclusive support strategies capable of meeting the diverse needs of this group during and beyond periods of global crisis.

Keywords:

Mental Health; Health Postgraduate Programs; COVID-19; Pandemics; Psychological Distress.

Conteúdo:

INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou situação de pandemia de covid-19 em março de 2020, levando à adoção de medidas de distanciamento social, visando a minimizar a disseminação do coronavírus, agente causador da doença. Dessa forma, o cotidiano da vida acadêmica também foi alterado, com aulas suspensas, restrição dos deslocamentos de pessoas, entre outras situações. Tais estratégias, necessárias do ponto de vista sanitário, resultaram em redução do convívio social presencial, adoção do uso de tecnologias de informação e comunicação, o que causou repercussões negativas na saúde mental. Estudos demonstraram aumento de sintomas de depressão e sentimentos de ansiedade, além de piora nos estilos de vida e satisfação com a vida1,2.
A pandemia da covid-19 teve grande impacto na saúde pública, resultando em mudanças significativas em várias dimensões da sociedade, influenciando a forma como as pessoas percebem o mundo. As implicações sociais da pandemia envolvem alterações na vida cotidiana das populações, implicações nas relações interpessoais nas famílias, nas escolas e nos ambientes de trabalho. Além disso, a pandemia teve efeitos na economia e na geopolítica3. Uma pandemia não é apenas um fenômeno médico. Ela afeta os indivíduos inseridos na sociedade e causa perturbações mentais, ansiedade, estresse, estigma e xenofobia. O isolamento, o distanciamento social, o encerramento de institutos educativos, locais de trabalho, locais de culto e centros de entretenimento levaram as pessoas a permanecerem confinadas em suas casas para ajudar a travar a cadeia de transmissão. Porém, essas medidas restritivas afetaram a saúde mental e social dos indivíduos4,5,6.
De acordo com a OMS, faz-se necessária a prevenção primária da saúde mental ao público em geral e a grupos específicos com o objetivo indispensável da gestão da pandemia de covid-19, abrangendo todas as faixas etárias, desde a juventude até a idade adulta. Contudo, para apoiar com sucesso a saúde mental, o bem-estar e o comportamento nos domínios sociais da vida das pessoas que sofreram algum impacto na saúde mental durante a pandemia de covid-19, é necessário compreender cientificamente como as pessoas vivenciam esse período, reagem psicologicamente e como pensam, sentem, sofrem e lidam com essa situação, além de como estão administrando a percepção de ameaça, como percebem e regulam suas emoções e comportamentos2,7,8.
Nesse contexto de distanciamento humano, ocorreram mudanças na vida dos estudantes de pós-graduação. O home office e a restrição ao ambiente universitário impossibilitaram a companhia física de colegas e professores, o que exigiu dos alunos adaptação às novas regras de comportamento, aumentando incertezas. Porém, quando o cenário de insegurança entra em conflito com rotinas e hábitos, existe o aumento do risco de desenvolvimento de estresse e outros problemas mentais. Embora a maioria dos alunos esteja familiarizada com o ambiente digital, a mudança repentina da forma de comunicação presencial para formas digitais como meio exclusivo de interação torna-se um fator de impacto para os alunos nos aspectos físico e mental, de diferentes maneiras. Dessa forma, a pandemia e suas consequências são percebidas de diferentes formas, segundo a individualidade e a personalidade de cada pessoa, considerando seus estados cognitivo, afetivo e motivacional8,9.
A literatura científica vem demonstrando uma preocupação cada vez maior com a saúde mental dos estudantes universitários, principalmente dos alunos de pós-graduação10,11. Indícios de ansiedade e depressão, bem como ideação suicida, foram proeminentes no ambiente universitário10. O ambiente de pós-graduação é excessivamente desafiador. As exigências impostas aos pós-graduandos são maiores do que as exigidas dos alunos de graduação. Cursar o mestrado ou doutorado é uma tarefa desafiadora devido a diversos fatores, como a elaboração de teses/dissertações, os exames de qualificação, participação em eventos, créditos de conclusão de curso, publicação de artigos em revistas relevantes. Além disso, existem dificuldades financeiras, familiares, pessoais, emocionais, profissionais, conjugais, entre outras. Esses desafios acabam afetando a saúde física e, o mais importante, a saúde mental dessa população12.
Dessa forma, analisando a temática abordada, diante do contexto da pandemia da covid-19, e com a necessidade de identificar e mapear as evidências científicas sobre a saúde mental dos estudantes de pós-graduação, emergiu o seguinte questionamento: “quais são as evidências científicas da pandemia da covid-19 relacionadas à saúde mental dos estudantes de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado)?”.

METODOLOGIA

Tipo de estudo
Trata-se de uma revisão de escopo construída de acordo com as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR), que tem como finalidade mapear as evidências científicas, sem avaliar a qualidade metodológica, levando em consideração a extensão, o alcance e a natureza de um determinado tema13,14.
Esse tipo de revisão permite mapear a extensão, a natureza e os principais conceitos que conformam o campo de conhecimento, sendo particularmente útil quando os temas são complexos ou ainda não completamente delimitados na literatura15-17. Diferentemente da revisão sistemática, que busca responder a uma pergunta específica com rigor metodológico e critérios de qualidade, a revisão de escopo visa a identificar lacunas no conhecimento, reunir conceitos-chave e orientar pesquisas futuras.
A escolha dessa abordagem justifica-se pela diversidade e heterogeneidade das evidências disponíveis sobre a saúde mental de estudantes de pós-graduação durante a pandemia, exigindo uma abordagem que compreenda tanto aspectos objetivos quanto subjetivos presentes nas publicações15-17.
Para condução da revisão, as recomendações de estruturação do Manual do Joanna Briggs Institute – JBI Manual for Evidence Synthesis18 – foram seguidas, visando a uma qualidade metodológica mais rigorosa para construção de um trabalho completo e preciso. Desse modo, o primeiro passo para a revisão foi a criação do protocolo descrevendo todos os passos metodológicos, que foi devidamente registrado na Open Science Framework (OSF) (DOI:10.17605/OSF.IO/JBEM6) e publicado na revista Contribuciones A Las Ciencias Sociales19.

Critérios de elegibilidade
Para a criação da pergunta da pesquisa, foi utilizado o acrônimo PCC (population, concept e context). Portanto, “population (P)” foi definido como estudantes de pós-graduação stricto sensu – mestrado e doutorado –, enquanto “concept (C)” foi determinado como saúde mental, e abordará as psicopatologias que mais acometeram a população. Por último, definiu-se o “context (C)” para englobar os estudos que discutem a saúde mental dos estudantes de pós-graduação stricto sensu durante o período da pandemia de covid-19, para que, a partir disso, obtenha-se resposta para a seguinte questão: “quais são as evidências científicas da pandemia da covid-19 e sua relação com a saúde mental dos estudantes de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado)?”.
Foram incluídos na revisão todos os estudos publicados em língua inglesa, portuguesa e espanhola, a partir de 2020, sendo eles experimentais e quase-experimentais, além de estudos observacionais analíticos, estudos de caso-controle e estudos transversais, observacionais descritivos, pesquisas qualitativas, desde que conduzidos com estudantes de mestrado e doutorado, em qualquer região do mundo, sem distinção de sexo, idade ou etnia.

Estratégia de busca
A elaboração da estratégia de busca foi acompanhada por uma especialista bibliotecária, para que fossem adequados os termos de acordo com as particularidades de cada base de dados e obtida uma melhor filtragem dos resultados. Dessa forma, os termos de busca controlados adotados na estratégia de busca foram identificados na base do Descritores de Ciência e Saúde (DeCS) e do Medical Subject Headings (MeSH), e combinados com os operadores booleanos (AND, OR) nas seguintes bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) via PubMed, Excerpta Medica Database (Embase), SciVerse Scopus, Web of Science, PsycINFO, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). A busca na literatura cinzenta foi realizada a partir do ProQuest Dissertation and Thesis e do Google Scholar. As estratégias de busca utilizadas para cada base de dados, de acordo com suas particularidades, estão descritas no Quadro 1.

Quadro 1. Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados, João Pessoa, Brasil, 2023.

Seleção dos estudos
As buscas nas bases de dados foram realizadas no mês de julho de 2023, e os arquivos foram exportados para o software Rayyan®20 para a realização do processo de seleção, que seguiu o fluxograma PRISMA21. Os arquivos duplicados foram removidos, e o processo de busca e seleção iniciado, contemplando duas fases. Na fase 1, as publicações foram avaliadas pelo título, resumo e palavras-chave. Na fase 2, foi realizada a leitura completa dos arquivos selecionados na fase 1. O processo foi desenvolvido por dois revisores independentes, e, para a seleção dos artigos em discordância, foi realizada uma reunião de consenso para solucionar as discordâncias. No processo de coleta de dados, foi preenchido um formulário desenvolvido especialmente para a pesquisa, contendo informações básicas sobre os estudos elegíveis. O formulário incluiu: autor, título, ano de publicação, país, periódico, desenho do estudo, objetivo, participantes, técnica da coleta de dados, resultados, impactos da covid-19 na saúde mental dos mestrandos e doutorandos.
A discussão dos resultados ancorou-se na compreensão do sofrimento mental vivido por mestrandos e doutorandos como expressão do sofrimento ético-político descrito por Sawaia (1999)22, procurando não o reduzir a uma experiência individual ou a transtornos isolados. Trata-se de um sofrimento que é a expressão do viver em tempos de covid-19 e, na perspectiva institucional, na trilha formativa na pós-graduação, atravessada por exigência de desempenho, avaliação e produtividade acadêmica, que demarcam tensões.

RESULTADOS
O processo de coleta nas bases de dados resultou em 2.575 artigos, sendo 2.384 na literatura branca e 191 na literatura cinzenta. Foram removidas 1.153 duplicatas, o que resultou em 1.422 artigos elegíveis para leitura por título e resumo. A partir dessa leitura, 1325 foram excluídos por não responderem à questão da pesquisa, e 97 foram selecionados para serem lidos na íntegra. Após a leitura final, 74 artigos não cumpriam os critérios para elegibilidade, fazendo com que 23 artigos fossem selecionados para compor a revisão.
O fluxograma do estudo (Figura 1) mostra a seleção dos estudos e todos os motivos que levaram à exclusão das publicações nas fases do estudo.

Figura 1: Fluxograma contendo o processo de seleção dos artigos

A Figura 2 destaca a distribuição geopolítica, evidenciando os países que mais realizaram estudos (escala azul na tonalidade mais escura), sendo eles: Estados Unidos (9 estudos), China (4 estudos), Brasil e Hungria (2 estudos cada). Os países com menos estudos (destacados na tonalidade azul clara) são: Alemanha, Arábia Saudita, Espanha, Filipinas, Reino Unido e Turquia, com apenas um estudo em cada país.
A dimensão temporal das investigações analisadas foi de 2020 a julho de 2023, com maior concentração de estudos nos anos de 2022 e 2023 (8 em cada ano), correspondendo, portanto, a 69,56% dos estudos selecionados. O delineamento dos estudos incluídos na amostra foram: transversais (n=21; 91,3%), longitudinais (n=1; 4,35%) e qualitativos (n=1; 4,35%).
A produção de conhecimento sobre a saúde mental de estudantes de pós-graduação no período da pandemia da covid-19 foi concentrada na América do Norte (EUA), com 9 estudos (39,13%), e China, com 4 estudos (17,39%), totalizando 56,52% dos estudos.

Figura 2. A pandemia da Covid-19 e a relação com a saúde mental de estudantes de pós-graduação stricto sensu, 2023.

No quadro 2, podemos observar que os principais temas abordados pelos estudos são: perfil epidemiológico (transtornos mentais mais frequentes) e fatores associados, principais dificuldades dos estudantes de pós-graduação no período da pandemia, práticas de autocuidado e utilização de serviços de saúde.
Após avaliação dos artigos com base na pergunta de pesquisa, foi possível observar que os níveis de estresse, ansiedade e depressão aumentaram durante o período da covid-19, trazendo maiores impactos para a saúde mental dos pós-graduandos.
Os principais resultados apresentam aumento da prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados durante a pandemia da covid-19; o sofrimento psíquico aumentou ao longo das três fases da pandemia da covid-19 – houve aumento em graus variados de ansiedade e depressão. Foi evidenciado que a impossibilidade de dar continuidade aos trabalhos acadêmicos refletiu no aumento da ansiedade e na diminuição da motivação. Outros estudos evidenciaram que a satisfação com a vida e a felicidade foram associadas positivamente ao otimismo sobre o futuro durante a pandemia de covid-19, enquanto a depressão e o estresse foram associados negativamente. Também houve um aumento da funcionalidade familiar, do enfrentamento e do apoio social, reduzindo o nível de burnout.

Quadro 2: Características dos estudos incluídos sobre a pandemia da covid-19 e a relação com a saúde mental de estudantes de pós-graduação stricto sensu

A figura 3 traz as palavras mais citadas nos trabalhos científicos coletados para realizar a composição desta revisão de escopo.

Figura 3. Termos recorrentes nos estudos selecionados

DISCUSSÃO
Os estudos revelaram a existência de sofrimento mental causado pela relação entre a dependência de internet, o medo, a ansiedade e a depressão em pós-graduandos, em tempos de pandemia, o que também corrobora os resultados de outros estudos, que, ao tratarem da falta de interações pessoais, da sobrecarga digital e da dificuldade dos estudantes em manter o foco em meio ao ambiente doméstico, apontam todo esse contexto como mais um conjunto de elementos que reforçam um potencial desgaste mental causado aos estudantes23,24.
Em contrapartida, o estudo de Varadarajan; Brown e Chalkley (2021)25 identificou resultados positivos quanto à adaptação aos ambientes virtuais, mesmo diante da interrupção do processo de investigação e do impacto em suas aprendizagens, considerando o fechamento temporário das universidades.
Nos Estados Unidos, país onde a depressão e a ansiedade estão entre os transtornos mentais mais prevalentes, foi constatado que cerca de 89% dos estudantes relataram ter depressão de moderada a grave, enquanto 76% dos estudantes relataram ansiedade em níveis moderados a graves. Além disso, foi identificado o sentimento de solidão como um fator de risco relatado pelos pós-graduandos. Também foi observada uma correlação entre o apoio emocional e a presença de filhos como elementos protetores contra a depressão23.
Percebe-se, portanto, que a trilha formativa na pós-graduação é um cenário de ambivalência: por um lado, facilita o aprendizado e o desenvolvimento de pesquisas que geram conhecimentos, e, por outro, apresenta mecanismos de controle simbólico, cobranças e, por vezes, hierarquização dos saberes/fazeres entre os sujeitos. Esse cenário revela-se produtivo de sofrimento, que não se explica apenas pela carga de trabalho ou pela angústia do que há por vir no futuro profissional, mas apresenta-se com densidade ética e política no percurso formativo. Negar a existência do sofrimento, no contexto da produtividade, não considerando o bem-viver e o cuidar-se, contribui para um processo de naturalização do adoecimento26, 27.
Adicionam-se, ainda, as definições de padrões sociais de sucesso, felicidade, consumo, desempenho acadêmico, produtividade e o produtivismo, o que reverbera em um processo de medicamentalização de vidas e sofrimento. Assim, caminhos que rumam em outra direção, diferente dessa apresentada, são vistos como patológicos. Desconsidera-se que fazem parte do viver a experimentação de vários sentimentos e emoções, entre os quais, a angústia. Por outro lado, a Pós-Graduação não precisa ser um lugar de promoção ou de manutenção de adoecimento mental28.
O sofrimento mental dos pós-graduandos não pode ser compreendido apenas por indicadores estatísticos, mas exige uma leitura ampliada que considere as dimensões subjetivas, simbólicas e estruturais desse processo. Sofrimento ético-político, conceito postulado por Sawaia22 em 1999, é um fenômeno causado pela situação social da pessoa, que a coloca em uma posição de subalternidade e/ou inferioridade. Quando as determinações sociais que produzem esse sofrimento permanecem inalteradas, ele tende a se cristalizar como potência desse sofrimento, estado em que a reatividade prevalece sobre a ação, o que reforça o adoecimento22,29.
Nessa direção, a perspectiva do sentido da saúde, nesse cenário, precisa ser revista, uma torção que não considere a abordagem biomédica, com sintomas e desequilíbrios simples psicofísicos, mas a partir dos aspectos socioculturais e ambientais, como um processo ético-político de afirmação da vida e da potência humana, diversidades de modos de ser e suas possibilidades, em meio às condições materiais e simbólicas que as limitam27,30.
Assim, considerando esse aporte teórico, o conceito de sofrimento ético-político assim se define para indicar uma compreensão da servidão ou da operação política de dominação como experiência, encontros que nos enredam em ideias inadequadas e nos submetem ao desejo de outros; ao mesmo tempo, permite retirar os afetos do psiquismo e recolocá-los no jogo político da dominação e da resistência29.
O sofrimento psíquico em ambientes acadêmicos se intensifica na presença de distanciamentos afetivo-institucionais31. Portanto, o sofrimento psíquico não é somente influenciado pela política, mas reflexo das desigualdades estruturais, e isso poderia ser evitado. Nessa perspectiva, o sofrimento é uma categoria analítica e prática das políticas públicas, no campo relações humanas e suas dimensões do viver. Nessa direção reside a noção de potência de ação, ancorada em Espinosa, situando-a na indissociabilidade de encontros de corpos, mentes e afetos23.
Assim, é fundamental que as instituições de ensino ofereçam suporte para a promoção de espaços de diálogo, escuta, apoio, que compreendam a singularidade dos estudantes, de forma a prevenir distúrbios psicológicos e gerenciá-los quando surgirem. Nesse sentido, alguns programas de pós-graduação desempenharam um papel crucial durante a pandemia, fornecendo suporte em período de incertezas e preocupações com a saúde pública, o que se correlacionou positivamente com o otimismo dos estudantes23. No entanto, a revisão de escopo revelou uma lacuna no conhecimento sobre o cuidado com a saúde mental dos estudantes de pós-graduação, especificamente, no papel das instituições acadêmicas, destacando a necessidade de mais estudos nessa área.
Anjos (2022)32 alerta para os impactos da lógica meritocrática e produtivista que impera nas universidades, que desumaniza os corpos e as subjetividades, sobretudo em contextos de crise como o da pandemia. A juventude acadêmica, marcada pela transição identitária e inserção precária no mundo do trabalho, torna-se especialmente vulnerável ao sofrimento mental diante da insegurança e da cobrança de desempenho constante.
No contexto acadêmico, pesquisas indicam que as estruturas de apoio à saúde mental dentro dos campi universitários são essenciais para promover o bem-estar dos estudantes. Essas estruturas oferecem atividades como aconselhamento, terapia e grupos de apoio, permitindo aos alunos discutirem suas questões de saúde mental com profissionais qualificados26,33. Além disso, a literatura sugere que programas de pós-graduação que incentivam o autocuidado durante a formação podem reduzir o estresse dos estudantes e melhorar sua qualidade de vida.
Considerando o contexto de instabilidade imposto pelo cenário pandêmico, diversos aspectos da sociedade foram impactados, como a disponibilidade das ofertas de emprego, suspensão de concursos públicos e até mesmo a destinação de recursos financeiros para investimento na pós-graduação, o que corroborou a ideia de um futuro incerto para os discentes, principalmente aqueles que almejam seguir na carreira acadêmica28. Para grupos de estudantes de origens sub-representadas, em termos de gênero, orientação sexual, raça e etnia, os estudos sugerem a manifestação de experiências ainda mais negativas, relacionadas ao sentimento de pertencimento e maior ameaça, exacerbando o impacto da pandemia para esses grupos34.
Na China, país em desenvolvimento, mas com características muito diferentes do Brasil, observou-se uma correlação entre a saúde mental dos estudantes e a forma como eles se comunicavam com os seus orientadores, apontando que aqueles que estudavam em casa não conseguiam estabelecer uma boa comunicação com os orientadores e colegas, vivenciando um distanciamento psicológico35. No mesmo contexto geográfico, identificou-se, também, que as mulheres apresentaram mais sintomas de ansiedade e estresse quando comparadas aos homens, e que os doutorandos apresentaram maior estresse acadêmico do que os mestrandos, embora estudantes de uma forma geral tenham enfrentado depressão e ansiedade grave, considerando o cenário difícil no qual estavam inseridos36.
No cenário brasileiro, repetiram-se alguns resultados encontrados na China, que apontam para uma maior exposição das mulheres aos sintomas do estresse. Esses achados impossibilitam uma separação do objeto desse estudo de uma perspectiva de gênero que considere a atitude da mulher na sociedade, que, muitas vezes, submetem-se a assumir um grande número de atividades simultaneamente37.
A partir do panorama discutido no presente estudo, vale pontuar que existiram diversos fatores estressores que potencializaram ou desencadearam sofrimento psíquico, de forma a comprometer gradativamente a saúde mental. Existe, também, uma ambivalência de sensações entre os estudantes, pois, ao mesmo tempo que provam do entusiasmo e da satisfação por estarem no ambiente da pós-graduação, incorrem em insegurança, desânimo, inquietações, medos e angústias, potencializadas por uma realidade até então desconhecida38.
Como pontos fortes desta revisão, podem-se citar o número de artigos avaliados (23) e o amplo mapeamento da literatura, que incluiu publicações de diversos países, independentemente do idioma de publicação. Como limitações, destacamos que os estudos são limitados na compreensão do problema, pois são, em sua maioria, transversais, e que outros estudos do tipo longitudinais, de avaliação de impacto das políticas públicas na área de saúde mental e de abordagem qualitativa são necessários para contribuir e aumentar a abrangência do conhecimento da área.

CONCLUSÃO
O mapeamento dos estudos realizados nesta revisão de escopo destaca o agravamento dos desafios à saúde mental enfrentados por estudantes de pós-graduação durante a pandemia de covid-19, intensificando preocupações previamente identificadas na literatura acadêmica. Antes mesmo da emergência sanitária global, a condição de saúde mental desse grupo já era objeto de estudo, destacando fatores de risco como a insegurança financeira, pressões psicológicas e as diversas demandas impostas aos pós-graduandos. Conclui-se que a pandemia de covid-19 não apenas intensificou desafios preexistentes à saúde mental de estudantes de pós-graduação, mas também revelou a necessidade urgente de estratégias de apoio adaptativas e inclusivas, capazes de atender às diversas necessidades desse grupo durante e além dos períodos de crise global.
Nesse cenário, o sofrimento é um sintoma de processos sociais e históricos e de assimetrias nas relações institucionais, que produzem desigualdades, silenciam subjetividades e normalizam o adoecimento. Os achados desta revisão apontam para a necessidade urgente de elaboração e fortalecimento de políticas institucionais de saúde mental nas universidades, com ações voltadas à prevenção, ao acolhimento e cuidado contínuo. Trata-se de promover um movimento coletivo de responsabilização e articulação da comunidade acadêmica na construção de espaços que afirmem a vida e o bem-estar. Programas de tutoria, espaços de escuta ativa, flexibilização curricular em contextos de crise e acesso facilitado a serviços de saúde mental devem ser considerados no planejamento estratégico das instituições. Assim como espaços de discussão sobre essa questão, considerando o pensamento crítico-humanista, o trabalho em equipe e em rede e a corresponsabilização do cuidado.
Além disso, as evidências podem subsidiar políticas públicas nacionais voltadas ao bem-estar dos estudantes da pós-graduação, por meio de financiamento de ações intersetoriais, ampliação de bolsas de permanência, garantia de acesso à internet e valorização da saúde mental como direito humano fundamental. E lançar algumas sugestões de medidas para não apenas enfrentar os determinantes institucionais do adoecimento, mas, também, defender o compromisso ético do Estado e dos Programas de Pós-Graduação com a produção de condições dignas de formação e existência.

REFERÊNCIAS

1. Malta DC, Gomes CS, Vasconcelos NM, Barros MBA, Lima MG, Souza Júnior PRB, Szwarcwald CL. Alcohol consumption among adolescents during the COVID-19 pandemic, ConVid Adolescents – Behavior Research. Rev Bras Epidemiol. 2023; 26(Suppl 1): e230007. https://doi.org/10.1590/1980-549720230007.supl.1.1erratum.
2. World Health Organization. WHO Director-General's opening remarks at the media briefing on COVID-19 – 25 May 2020. https://www.who.int/director-general/speeches/detail/who-director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19---25-may-2020 Acesso em 06 de janeiro de 2024.
3. Ramalho S, Martins-Mendes D, Macedo JM, Barros C, Luis C, Sá S, Gestoso Á, Pereira AC, Baylina P, Fernandes R. Unveiling the Path to Resilience: Prioritizing Mental Health, Sleep, and Nutrition in the Post-COVID Era. Healthcare (Basel). 2023;11:2463. https:// doi.org/10.3390/healthcare11172463.
4. Javed B, Sarwer A, Soto EB and Mashwani ZUR (2020) Impact of SARS-CoV-2 (Coronavirus) Pandemic on Public Mental Health. Front. Public Health. 8:292. https://doi: 10.3389/fpubh.2020.00292.
5. Moukaddam N, Shah A. Psychiatrists beware! The impact of COVID-19 and pandemics on mental health. Psychiatric Times, 2020. 37(3):11-12.
6. Torales J, O'Higgins M, Castaldelli-Maia JM, Ventriglio A. The outbreak of COVID-19 coronavirus and its impact on global mental health. Int. J. Soc. Psychiatry. 2020;66(4):317-320. https://doi: 10.1177/0020764020915212.
7. Bavel JJV et al. Using social and behavioural science to support COVID-19 pandemic response. Nat. Hum. Behav. 2020;4(5):460-471. https://doi: 10.1038/s41562-020-0884-z.
8. Herbert C, El Bolock A, Abdennadher S. How do you feel during the COVID-19 pandemic? A survey using psychological and linguistic self-report measures, and machine learning to investigate mental health, subjective experience, personality, and behaviour during the COVID-19 pandemic among university students. BMC Psychol. 2021 Jun 2;9(1):90. https://doi: 10.1186/s40359-021-00574-x.
9. Greco V., Roger D. Uncertainty, stress, and health. Personality and Individual difference. 2003;34(6):1057-1068. https://doi.org/10.1016/S0191-8869(02)00091-0.
10. Evans TM, Bira L, Gastelum JB, Weiss LT, Vanderford NL. Evidence for a mental health crisis in graduate education. Nat. Biotechnol. 2018 Mar 6;36(3):282-284. doi: 10.1038/nbt.4089.
11. Lipson SK et al. Major Differences: Variations in Undergraduate and Graduate Student Mental Health and Treatment Utilization Across Academic Disciplines. Journal of College Student Psychotherapy. 2015;30(1):23–41. https://doi.org/10.1080/87568225.2016.1105657.
12. Costa EGD, Nebel L. O quanto vale a dor? Estudo sobre a saúde mental de estudantes de pós-graduação no Brasil. Polis. Revista Latinoamericana. 2018; (50):207-227.
13. McGowan J et al. Reporting scoping reviews-PRISMA ScR extension. J. Clin. Epidemiol. 2020;123:177-179. https://doi: 10.1016/j.jclinepi.2020.03.016.
14. Tricco AC et al. PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR): Checklist and Explanation. Ann. Intern. Med. 2018;169(7):467-473. https://doi: 10.7326/M18-085.
15. Arksey H, O’Malley L. Scoping studies: towards a methodological framework. Int. J. Soc. Res. Methodol. 2005;8(1):19-32.
16. Levac D, Colquhoun H, O'Brien KK. Scoping studies: advancing the methodology. Implement Sci. 2010; 5:69. doi:10.1186/1748-5908-5-69.
17. Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil H. Updated methodological guidance for the conduct of scoping reviews. JBI Evid Synth. 2020;18(10):2119-26. doi:10.11124/JBIES-20-00167.
18. Peters MDJ et al. Updated methodological guidance for the conduct of scoping reviews. JBI. Evid. Implement. 2021;19(1):3-10. https://doi: 10.1097/XEB.0000000000000277.
19. de Souza BES et al. The mental health of graduate students in the context of the COVID-19 pandemic: a scoping review protocol. Contribuciones a las Ciencias sociales. 17(9), e10486. https://doi.org/10.55905/revconv.17n.9-146.
20. Ouzzani M, Hammady H, Fedorowicz Z, Elmagarmid A. Rayyan-a web and mobile app for systematic reviews. Syst. Rev. 2016;5(1):210. https:// doi:10.1186/s13643-016-0384-4.
21. Page MJ et al. The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ. 2021;29;372:n71. https://doi.org/10.1136/bmj.n71.
22. Sawaia, B. O Sofrimento Ético-Político Como Categoria De Análise Da Dialética Exclusão/Inclusão. In: Sawaia, B. (Org.). As Artimanhas da Exclusão: Análise Psicossocial e Ética da Desigualdade Social. V. 2, P. 96-118, 1999.
23 Lima DA. Educação escolar e saúde mental do estudante no contexto da pandemia: consequências do ensino remoto. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. 2024;1(1):100. https:// doi: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/saude-mental-do-estudante.
24. Karakose T. Assessing the relationships between internet addiction, depression, COVID-19-related fear, anxiety, and suspicion among graduate students in educational administration: A structural equation modeling analysis. Sustainability. 2022;14(9):5356. https://doi.org/10.3390/su14095356.
25. Varadarajan J, Brown AM, Chalkley R. Biomedical graduate student experiences during the COVID-19 university closure. Plos. one. 2021;16(9): e0256687. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0256687.
26 Sawaia, B. B. (2003). O sentido ético-político da saúde na era do triunfo da tecnobiologia e do relativismo. In P. Goldenberg, R. M. G. Marsigli M. H. A. Gomes (Orgs.), O clássico e o novo: tendências, objetos e abordagens em ciências sociais e saúde (pp. 83-94). Rio de Janeiro: Fiocruz.
27 . Strappazzon, AL.; Sawaia, B.; Maheirie, K. A liberdade em espinosa como base ontoepistemológica no enfrentamento do sofrimento ético-político. Psicol. Soc., v. 34, p. E242492, 2022.
28 . Xavier, A., Nunes, A.I.B.L., Santos M.S. Subjetividade e sofrimento psíquico na
formação do Sujeito na Universidade. Revista Mal-estar e Subjetividade. v. 8, n. 2, p. 427-451, 2008
29. Bertini FMA. Sofrimento ético-político: uma análise do estado da arte. Psicol. Soc., v. 26, p. 60-69, 2014.
30. Leão TM et al. Sofrimento psíquico na universidade e o campo da Saúde
Mental Coletiva: uma revisão integrativa de 46 anos. Cien Saude Colet 2025; 30:e16382023
31. Andrade, ADS. et al. Vivências acadêmicas e sofrimento psíquico de estudantes de Psicologia. Psicol. cienc. prof., v. 36, p. 831-846, 2016.
32. Anjos, HVM.; Cardoso, A. D. Covid-19, Desigualdades E Privilégios Na Educação Profissional Brasileira. Educ. Real., V. 47, E109351, 2022.
33. Geary MR et al. Psychology doctoral students’ self-care during the COVID-19 pandemic: Relationships among satisfaction with life, stress levels, and self-compassion. Training and Education in Professional Psychology. 17(4), 323–330. https://doi.org/10.1037/tep0000444.
34. Scorsolini-Comin F, Patias ND, Cozzer AJ, Flores PAW, Hohendorff JV. Mental health and coping strategies in graduate students in the COVID-19 pandemic. Rev. Lat. Am. Enfermagem. 2021;29:e3491. https://doi: 10.1590/1518-8345.5012.3491.
35 Syropoulos S, Wu DJ, Burrows B, Mercado E. Psychology Doctoral Program Experiences and Student Well-Being, Mental Health, and Optimism During the COVID-19 Pandemic. Front. Psychol. 2021;12:629205. https://doi: 10.3389/fpsyg.2021.629205.
36. Liang Z, Kang D, Zhang M, Xia Y, Zeng Q. The Impact of the COVID-19 Pandemic on Chinese Postgraduate Students' Mental Health. Int. J. Environ Res. Public Health. 2021;18(21):11542. https://doi: 10.3390/ijerph182111542.
37. Strappazzon AL, Sawaia B, Maheirie K. A liberdade em Espinosa como base ontoepistemológica no enfrentamento do sofrimento ético-político. Psicol Soc. 2022;34:e242492. doi:10.1590/1807-0310/2022v34242492.
38. Andrade D, Ribeiro IJS, Prémusz V, Maté O. Academic Burnout, Family Functionality, Perceived Social Support and Coping among Graduate Students during the COVID-19 Pandemic. Int. J. Environ Res. Public Health. 2023;20(6):4832. https://doi: 10.3390/ijerph20064832.
39. Yu Y, Tang Q, Shi H, Chen T, Wang Y, Hu H, Yao K. The impact of the COVID-19 pandemic on the mental health and academic performance of medical postgraduates. Front. Public Health. 2022;10:948710. https://doi: 10.3389/fpubh.2022.948710.
40. de Mendonça Glatz ETM et al. A saúde mental e o sofrimento psíquico de pós-graduandos: uma revisão de literatura em teses e dissertações. Revista Educar Mais. 2022;6:255-273. https://doi.org/10.15536/reducarmais.6.2022.2719.
41. Balakrishnan, B., Krishnan Muthaiah, V. P., Peters-Brinkerhoff, C., & Ganesan, M. (2023). Stress, anxiety, and depression in professional graduate students during COVID 19 pandemic. The Educational and Developmental Psychologist. 40(2), 201–213. https://doi.org/10.1080/20590776.2022.2114341.
42. Dong C et al The relationship between psychological distress and professional identity in graduate nursing students during COVID-19: A longitudinal cross-lagged analysis. Annals. of Psychology. 2023;39(1), 137-144.
43. Dutta S et al. An Observational Study to Assess the Impact of COVID-19 on the Factors Affecting the Mental Well-being of Doctoral Students. Trends in Psychology. 2022;1-16. https://doi: 10.1007/s43076-022-00211-5.
44. Hamed R et al. Exercise and Coping Mechanisms in Graduate Occupational Therapy Students during the COVID-19 pandemic and civil unrest period: a descriptive study. 2023;32(3):269–78. doi: 10.1177/10567879231169709.
45. Kee CE. The impact of COVID-19: Graduate students’ emotional and psychological experiences. Journal of human behavior in the social environment. 2021; 31(1-4), 476-488. https://doi.org/10.1080/10911359.2020.1855285.
46. Liang Z et al. The impact of the COVID-19 pandemic on Chinese postgraduate students’ mental health. 2021;18(21):11542. https://doi: 10.3390/ijerph182111542.
47. Naumann, S., Matyjek, M., Bögl, K., & Dziobek, I. (2022). Doctoral researchers’ mental health and PhD training satisfaction during the German COVID-19 lockdown: Results from an international research sample. Sci. Rep. 2022 Dec 22;12(1):22176. https://doi: 10.1038/s41598-022-26601-4.
48. Neves KRT et al. Impacts of COVID-19 on the mental health of graduate students in the health area of a university in Ceará, Brazil. 2023;35:52-63.
49. Oducado RM et al. Personal resilience and its influence on COVID-19 stress, anxiety and fear among graduate students. International Journal of Educational Research and Innovation. 2021;15:431-443. https://doi.org/10.46661/ijeri.5484.
50. Sánchez-Cabrero R. Measuring the relation between academic performance and emotional intelligence at the university level after the COVID-19 pandemic using TMMS-24. Sustainability. 2022;14(6),3142. https://doi.org/10.3390/su14063142.
51. Tu AK et al. Post-traumatic growth in PhD students during the COVID-19 pandemic. Psychiatry Research Communications. 2023;3(1):100104. https://doi: 10.1016/j.psycom.2023.10010.
52. Vempalli S et al. Impact of lockdown and COVID-19 on the learning status of postgraduate students during the pandemic in India: a questionnaire-based study. J. Adv. Pharm. Technol. Res. 2022;13(3):221-225. https://doi: 10.4103/japtr.japtr_115_22.
53. Wang J et al. Effects of the covid-19 pandemic on Chinese graduate students’ learning activities: a latent class analysis. Frontiers in Psychology. 2022;13:877106. https://doi: 10.3389/fpsyg.2022.877106.
54. Wildey MN et al. Exploring graduate student mental health and service utilization by gender, race, and year in school. Am. Coll. Health. 2022;17:1-9. https://doi: 10.1080/07448481.2022.2145898.
55. Zeng Q, Liang Z, Zhang M, Xia Y, Li J, Kang D, Yi D, Wang J. Impact of Academic Support on Anxiety and Depression of Chinese Graduate Students During the COVID-19 Pandemic: Mediating Role of Academic Performance. Psychol. Res. Behav. Manag. 2021;14:2209-2219. doi: 10.2147/PRB


Outros idiomas:







Como

Citar

Souza, BES, Araújo, EGO, Carvalho, LIM, Colado, GS, Coelho, AA, Gomes, SM, Forte, FDS, Freitas, CHSM. A saúde mental de estudantes de pós-graduação no contexto da pandemia da covid-19: uma revisão de escopo. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/jul). [Citado em 05/12/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/a-saude-mental-de-estudantes-de-posgraduacao-no-contexto-da-pandemia-da-covid19-uma-revisao-de-escopo/19741?id=19741

Últimos

Artigos



Realização



Patrocínio