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0331/2023 - Como homens adultos e idosos relataram a experiência da COVID longa? Uma acepção socioantropológica da saúde-doença
How did older and adult men report their long COVID experience? a Health-Disease\'s socioanthropological meaning

Autor:

• Roberta Lima Andrade - Andrade, R. L. - <roandrade203@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0000-7672-3211

Coautor(es):

• Lorena de Cerqueira Andrade Braga - Braga, L. C. A. - <lorena13braga@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9550-0985

• Ronisson Santana Reis - Reis, R. S. - <ronny.ufba@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0008-5459-7718

• Franciele Silva dos Santos - Santos, F. S. - <dossantosfrancielesilva@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4760-339X

• Nadine Ribeiro de Jesus - Jesus, N. R. - <dinydejesus@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4920-469

• João Cruz Neto - Cruz Neto, J. - <enfjcncruz@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0972-2988

• Éric Santos Almeida - Almeida, E. A. - <eriksdn@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9043-5988

• Vinícius de Oliveira Muniz - Muniz, V. O. - <viniciusomuniz22@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5605-9720

• Anderson Reis de Sousa - Sousa, A. R. - <areisconsultor@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8534-1960



Resumo:

Este estudo tem o objetivo de explicitar o discurso do sujeito coletivo de homens adultos e idosos acerca da experiência da COVID longa. Trata-se de um estudo qualitativo, derivado de um observatório clínico-virtual multicêntrico nacional, envolvendo 92 homens adultos, observados entre 2022 e 2023. Os dados foram processados pelo Software IRaMuTeQ, analisados pelo Discurso do Sujeito Coletivo e interpretados com base na perspectiva socioantropológica da experiência da doença. Os resultados permitiram apontar que a experiência da COVID longa foi marcada pela vivência do prolongamento de sintomas respiratórios característicos da COVID-19; manifestação sintomatologia sistêmica no corpo físico e psíquico e o acometimento de complicações clínicas severas. Considerou-se que a experiência da doença COVID-19 longa se constituiu de atravessamentos relacionais de gênero, em direção às masculinidades, as noções de saúde-doença construída pelos homens, os imaginários em todo da capacidade da doença no contexto da vacinação o do caráter sistêmico que configurou um conjunto sindrômico de eventos compreendidos como sequelas deixadas pela doença, fazendo ressoar o sentido de incapacidade e da estigmatização.

Palavras-chave:

COVID-19; Acontecimentos que Mudam a Vida; Estatísticas de Sequelas e Incapacidade; Saúde do Homem.

Abstract:

This study aims to make explicit the collective subject discourse of adult and elderly men about the experience of long COVID. This is a qualitative study, deriveda national multicenter clinical-virtual observatory, involving 92 adult men, observed between 2022 and 2023. Data were processed by IRaMuTeQ Software, analyzed by Collective Subject Discourse, and interpreted based on the socioanthropological perspective of the disease experience. The results pointed out that the experience of long COVID was marked by the prolongation of respiratory symptoms characteristic of COVID-19; manifestation of systemic symptoms in the physical and psychic body, and the involvement of severe clinical complications. It was considered that the experience of the long COVID-19 disease constituted of relational crossings of gender, towards masculinities, the notions of health-disease constructed by men, the imaginaries around the capacity of the disease in the context of vaccination and the systemic character that configured a syndromic set of events understood as sequelae left by the disease, resonating the sense of disability and stigmatization.

Keywords:

COVID-19; Life Change Events; Statistics on Sequelae and Disability; Men\'s Health

Conteúdo:

Introdução
Por definição, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera COVID longa ou a síndrome pós-COVID, uma condição que pode afetar pessoas com histórico da COVID-19, mesmo após três meses da exposição e do início dos sintomas, que podem variar sua persistência em até dois meses, sem relação com outras situações clínicas1,2. Quanto à sua caracterização, os indivíduos podem experimentar a persistência de sintomas como fadiga, falta de ar, disfunção cognitiva e outras repercussões sistêmicas1,3. O termo “COVID longa” se caracteriza por uma patologia multissistêmica debilitante aos que a experimentam, com duração mínima da doença de quatro semanas, que vai exigir cuidado interdisciplinar4.
A literatura revela um curso flutuante da doença, com mudanças na intensidade dos sintomas, mas sem desaparecerem completamente. Cerca de 72,8% dos participantes de um estudo apresentaram sintomas diariamente, sendo a exaustão, por exemplo, muito autorrelatada, com melhoria em repouso em 35,3% dos casos. No Reino Unido, 17,7% dos casos confirmados e assintomáticos não hospitalizados apresentaram COVID longa por 12 semanas após a testagem positiva5. Um estudo realizado no Brasil apontou que houve maior prevalência de COVID longa entre os indivíduos mais jovens que tiveram experiências de internações mais longas, e, em unidades de terapia intensiva, observou-se piora na qualidade de vida, com pior percepção do estado de saúde, impactos na mobilidade, atividades habituais, saúde mental e dor6.
Uma pesquisa virtual realizada em vários países que abordou casos suspeitos e confirmados de COVID-19 encontrou uma gama de 205 sintomas nos entrevistados, que tiveram uma duração da doença superior a seis meses, porém é uma sintomatologia inespecífica que dificulta a definição concreta do termo "COVID longa" e que no período de maior prevalência, dificultou o delineamento do manejo clínico dos infectados7, o que faz necessário este estudo, pois a lacuna em relação aos cuidados não farmacológicos que podem ser implementados nas mais diversas síndromes relacionadas aos sintomas prolongados ainda não foi preenchida. No entanto, para uma minoria de participantes que tiveram envolvimento multissistêmico desde o início, muitos sintomas tendem a se tornarem mais comuns com o tempo, o que gera um problema, pois tornar um sintoma como algo comum, impactará seriamente na qualidade de vida dos atingidos e no bem-estar geral4.
Ademais, apreende-se diante da perspectiva socioantropológica, que a experiência de adoecimento se refere à maneira como os indivíduos lidam ou se posicionam face à doença, assim, as atitudes, frente aos respectivos problemas gerados pela doença situam-se na dimensão social e refletem ao universo de práticas, valores e crenças culturalmente compartilhados, de modo que a enfermidade assume sentido no interior das diferentes relações e interações entre indivíduos e instituições8.
Nessa perspectiva, compreende-se que a masculinidade está inserida em uma estrutura relacional de gênero e aponta para uma configuração de práticas, estabelecida nas diversas esferas de socialização que demarcam lugares e/ou posições nas quais homens e mulheres se inserem nas relações sociais, com reflexos nas respectivas experiências sociais, corporais e subjetivas destes9. Dessa forma, ao longo do processo saúde doença, os sujeitos evocam, assimilam e empreendem determinados comportamentos e crenças que se articulam à própria construção e demonstração de gênero10.
O estudo possui o conteúdo inédito na área de pesquisa, uma vez que a experiência de Covid-19 longa em adultos e idosos não foi relatada em outras pesquisas, especialmente quanto a relação do tema e a concepção socioantropológica do sujeito do discurso.
Diante desses pressupostos, a pergunta que guiou o estudo foi: como homens relataram a experiência da COVID longa? Com o objetivo de explicitar o discurso do sujeito coletivo de homens adultos e idosos acerca da experiência da COVID longa.

Método
Estudo qualitativo11, survey on-line, que integrou uma pesquisa matriz intitulada: “’COVID Longa’: observatório clínico virtual dos sintomas prolongados, sequelas pós-COVID-19, repercussões na saúde e práticas de cuidado vivenciadas por homens adultos residentes no Brasil”. Como forma de estruturar o desenho do protocolo de pesquisa e a descrição do estudo, foram adotadas às recomendações do Revised Standards for Quality Improvement Reporting Excellence - SQUIRE 2.0, possibilitando a sua reprodução e a melhoria dos cuidados em saúde, face o surgimento de novos conhecimentos12.
A equipe foi composta por discentes da graduação em enfermagem e fisioterapia, por pesquisadores das áreas de enfermagem, medicina, odontologia, fisioterapia, educação física, com formação nos níveis de mestrado e doutorado, com experiência no método e no tema de investigação, sem vínculos com os participantes.
O público-alvo foi composto pela população masculina adulta e idosa, contaminada pela covid-19, rastreada em bancos de dados de pesquisas anteriores realizadas pelo Grupo de Estudos Cuidados e Masculinidades da Universidade Federal da Bahia, como também em sites de domínio público, comunidades virtuais e em grupos do Facebook® e Instagram®. Como critério de inclusão: brasileiros ou estrangeiros residentes legalmente no Brasil. Foram excluídos homens com baixo letramento digital ou que estavam viajando no período da coleta e/ou que não completassem/enviassem as respostas. A técnica de saturação teórica foi empregada a fim de alcançar a densidade teórico/empírica dos dados, mediante a análise das ocorrências, convergências e complementaridades13.
O protocolo de pesquisa foi elaborado através de reuniões periódicas científicas, que ocorreram para levantar dados na literatura e nas redes sociais digitais (netnografia)14,15. Os dados levantados possibilitaram a estruturação e criação do instrumento de coleta de dados, considerando o conceito de síndrome pós-covid-1916 à luz dos domínios da Escala de Status Funcional Pós-covid-19, de modo a contemplar distintos grupos/dimensões de sintomas prolongados e/ou sequelas pós-covid-19, já evidenciados na literatura17,18 e nos autorrelatos manifestados nas redes sociais consultadas, a saber:
1) Conhecendo a vivência dos sintomas prolongados e/ou das sequelas pós-covid-19; 2) Sintomas prolongados e/ou sequelas mentais; 3) Saúde física e equilíbrio bioenergético; 4) Cérebro e osteomusculares; 5) Visuais, auditivas, vocais e bucais; 6) Respiratórias e cardiovasculares; 7) Gastrointestinais, nutricionais, hepáticas e metabólicas; 8) Renais e geniturinárias; 9) Sexuais e reprodutivas; 10) Dermatológicas; 11) Vasculares, termorregulatórias e imunológicas; 12) Impactos laborais e socioeconômicos; 13) Situação da saúde atual e da qualidade de vida; 14) Complicações clínicas; 15) Estratégias de enfrentamento/coping e 16) Dados sociodemográficos, da situação de saúde doença, de vacinação, da dinâmica social, de identidade sexual e de gênero.
Para a mensuração quantitativa, uma escala de intensidade foi utilizada para cada bloco de sintomas, com variável de leve a muito severa, e, de muito pior a muito melhor. Ao final, uma questão aberta foi inserida para o participante descrever informações adicionais que sentisse desejo. O Instrumento foi alojado na plataforma do Google Forms® e para a garantia da segurança dos dados, somente um pesquisador teve acesso ao banco, que de forma imediata transferiu para pastas zipadas identificadas por códigos, em computador próprio. Para a coleta de dados, empregou-se a Web Survey – pesquisa virtual – uma técnica que utiliza o formulário com perguntas sensíveis à pesquisa, enviado à população-alvo por meios digitais, o que reduz as dificuldades impostas pela distância, com baixos orçamentos e curtos prazos19–21.
Os dados foram organizados em bloco de notas e codificados por meio de segmentos de texto com o auxílio do Software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRaMuTeQ), que fez gerar a análise de similitude, a qual depende das demarcações referentes aos segmentos textuais que serão lidos de forma lexicográfica, onde, a compreensão dos dados da análise se sustenta na teoria dos grafos, determinando a relação entre objetos e fator de estudo, por meio de um modelo matemático de palavras, que com base nas recorrências, distingue-se as partes comuns e as especificidades, variando apenas quanto à função das variáveis descritas. Para tal, gera uma árvore interconectada que demarca a posição centro lateral das palavras no corpus textual, bem como visualiza-se a origem e a conexão semântica22,23.
Em razão do estudo ter derivado um volume expressivo de dados (megadados)24, oriundos inicialmente, de informações individuais e, posteriormente, aglutinados, a fim de representar uma coletividade (sujeito que fala)25, utilizou-se a análise metodológica baseada na técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)26, guiada pela sua estrutura constituinte de ideia central (seleção dos conteúdos relevantes encontrados); expressões chaves (valorização da dimensão sintagmática); discurso síntese/DSC (depoimento coletivo propriamente dito) e ancoragem (subjetividades latentes das manifestações). Foram adotados critérios de validação interna da pesquisa, ancorada na literatura, a fim de garantir a qualidade e a fidedignidade dos dados gerados27. A redação do manuscrito seguiu rigorosamente os critérios do Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ) - versão traduzida para o português28, no que diz respeito ao cumprimento da descrição do estudo qualitativo
Os dados foram submetidos a um enquadramento teórico, sob o referencial socioantropológico do processo saúde doença, uma interpretação que utiliza o discurso narrativo como um veículo para a ruptura de novos paradigmas existentes, nas compreensões das condições humanas que serão validadas, para o desenho de um processo de reconstrução da experiência sobre o ato de ficar doente com a persistência dos incômodos, o que gera um redesenho acerca dos valores humanos no contexto dos determinantes e condicionantes sociais em saúde29.
Nesse escopo, a pesquisa qualitativa permeia critérios de qualidade universais condizentes com a realidade da prática baseada em evidência, o que fortalece a discussão socioantropológica da saúde e preserva o rigor científico nesse tipo de pesquisa30.
Por envolver seres humanos, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o parecer de número 4.087.611/2020 e todas as diretrizes das resoluções 466/2012 e 674/2022, do Ofício Circular 2/2021 e da Lei Geral de Proteção de Dados foram empregadas. Para ter suas informações na pesquisa, os participantes aceitaram participar, após a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, na modalidade imagética, mesmo ciente dos riscos. Cuidados com o anonimato foram executados como a criação de codinomes (H1, H2) e subsequente.

Resultados
Participaram 92 homens adultos e idosos entre 20 a 81 anos de idade, média de 37 anos, residentes nas cinco regiões do país, com maior concentração nas regiões Nordeste e Sudeste. Residiam, na sua maioria, com parceiros(a), cisgêneros, heterossexuais, brancos, solteiros, tendo estudado mais de nove anos. Referiram trabalhar, exercendo a ocupação de funcionário público, acumulando uma renda mensal que variou de 483 reais a 20 mil reais.
Utilizavam os sistemas público e privado de saúde, sem doença crônica diagnosticada anteriormente, contudo manifestaram condições especiais de saúde: sedentarismo, obesidade, tabagismo, etilismo, respectivamente. A maioria apontou ter se vacinado para a covid-19 com, pelo menos, três doses e não ter apresentado reinfecção pelo vírus causador da doença, no entanto 20 participantes relataram, pelo menos, uma reinfecção e dez disseram ter tido duas vezes. Em razão da vivência de sintomas prolongados e/ou sequelas pós-covid-19, os homens mencionaram requerer de recursos para o enfrentamento da enfermidade: auxílio emergencial do governo, saque de reserva em poupança bancária, empréstimo bancário, auxílio-doença do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), bolsa família, auxílio pandemia do governo estadual/municipal.
A análise dos dados permitiu derivar o DSC, organizado em um Discurso Síntese, composto por três Ideias Centrais, suas Expressões Chaves e as respectivas Ancoragens de sustentação teórico explicativa.

Discurso Síntese 1: HOMENS EXPERIENCIANDO A COVID LONGA
Este Discurso-Síntese representa a coletividade dos homens investigados acerca da experiência da covid-19, a partir da manifestação de sintomas prolongados. A seguir, são apresentadas as Ideias Centrais que dão sustentação ao DSC através das dimensões paradigmáticas das práticas discursivas individuais.

Ideia Central 1A: Vivenciando o prolongamento de sintomas respiratórios característicos da COVID-19
O DSC dos homens apontou a autoexpressão da persistência e diversidade de sintomas respiratórios, que caracteriza o quadro clínico observado na covid-19, consubstanciando um depoimento síntese. Os homens, apesar de informar estarem vacinados, manifestaram o estranhamento diante do reaparecimento e exacerbação desses sintomas, como crises respiratórias, comprometimento da função imune e da capacidade pulmonar, repercutindo em cansaço, ancorando-se na percepção de que se tratava um evento sindrômico pós-covid-19 (Quadro 1).

Quadro 1 - Discurso do Sujeito Coletivo de homens acerca das vivências do prolongamento de sintomas respiratórios característicos da covid-19. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

Quadro 1

Ideia Central 1B: Manifestando sintomatologia sistêmica no corpo físico e psíquico
O conjunto de artifícios dos depoimentos individuais, com dimensões coletivas articuladas e socialmente compartilhadas trouxe uma perspectiva semiótica da sinergia corpo e mente que foi atingida pelos sintomas longos, o que gerou uma narrativa verossímil do conjunto de artifícios (Quadro 2) do sujeito discursivo que fala e por ela é falado.

Quadro 2 - Discurso do Sujeito Coletivo de homens acerca da manifestação da sintomatologia sistêmica no corpo físico e psíquico decorrente das sequelas pós-covid-19. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.


Quadro 2

Ideia Central 1C: Tendo complicações clínicas severas
A complexidade inerente às relações intrapartes e/ou interpartes do discurso empírico, fez com que surgisse o metadiscurso teórico-científico presente no painel de discursos coletivos (Quadro 3) carregados de códigos narrativos referentes às sistemáticas e complexas vertentes patológicas sistêmicas que prejudicaram os diversos sistemas orgânicos do corpo humano.
Quadro 3 - Discurso do Sujeito Coletivo de homens acerca das vivências de complicações clínicas severas decorrentes das sequelas pós-covid-19. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

Quadro 3

Fonte: dados da pesquisa

No que concerne a Análise de Similitude, o corpus textual dividiu-se em três textos e 24 segmentos de texto, o nível de aproveitamento foi de 71.99%. As palavras com recorrência foram “mais” (11), “passar” (8), “ir” (7), “estar” (7), “realizar” (7), “como” (6), “dor” (6), “ter” (6), “apresentar”, “minha”, “sentir”, “não” e “também” com cinco recorrências (Figura 1).
Figura 1 - Análise lexicográfica de Similitude das expressões recorrentes nas falas de homens que experienciaram a covid-19 longa. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

Fig. 1

Discussão
Os nossos achados apontaram a percepção masculina sobre a vivência do prolongamento dos sintomas da covid-19, despontando os elementos figurativos iniciais do acometimento da covid-19 longa. Tal experiência aponta para a necessidade de reflexão dos aspectos relacionais de gênero existentes na experiência da doença, os quais se repercutem na relação dos homens com a percepção de saúde e doença, nas noções acerca das manifestações corporais, nos sentidos masculinos atribuídos a diversidade e a persistência dos sintomas no corpo físico. Ademais, chama a atenção para o imaginário construído sobre a vacina enquanto um agente de proteção imunológico, afetado pela reinfecção e a exacerbação de sintomas, assim como das noções de vulnerabilidade/invulnerabilidade masculina e do modo como os homens constroem a noção de síndrome e/ou sequelas ao vivenciarem sintomas sistêmicos e danos irreversíveis a condição de saúde.
Durante a pandemia, os homens foram mais infectados, devido ao processo de cuidado deficitário, socialização e exposição presentes nas questões das masculinidades hegemônicas, o que pode ter contribuído para o abalo da invulnerabilidade persistente nesse grupo social, pois a partir do momento que homens começaram a experienciar situações, que até então não se deixavam atingir, suas percepções em saúde e doença sofreram mudanças, em consequência, estranhamentos31.
Em uma interface social, aponta-se que a pandemia impactou negativamente a produção e o rendimento do trabalho para homens, a interface social levou a preocupação familiar com desenvolvimento de gastos com efeitos na organização do trabalho e na dinâmica de cuidado32. Nesse sentido, é imperativo pensar que as relações humanas foram fragilizadas e o escopo social fragmentado com os homens expostos a insegurança, o que evidencia o quão essencial e necessário analisar a problemática de maneira interdisciplinar, diante as contribuições substanciais apostadas pelo campo das Ciências Sociais e da Saúde Coletiva.
Com o aumento no número de casos e elevação das taxas de morbidade hospitalar33, o que fez colapsar o sistema de saúde brasileiro, os homens representaram cerca de três vezes mais, em relação as mulheres, do número de internações em unidades de tratamento intensivo34. No Brasil, até o início de 2023, foram, aproximadamente, 37 milhões de casos da doença, sendo 52%, homens35, com evidências de inúmeras sequelas pós-covid-1936, o que vai de encontro com os dados empíricos trazidos em nosso estudo.
Tais sequelas, supracitadas, já são uma realidade nos serviços de saúde, pois os homens têm apresentado manifestações clínicas decorrentes dos sintomas prolongados da infecção37, representando uma maior carga de sequelas após quatro semanas da exposição ao vírus, com prevalência em torno de 54% de síndrome pós-covid-19, com alta readmissão e alterações respiratórias, que vêm exigindo cuidados em reabilitação37,38, com associações entre variáveis que expõem a população masculina ao estigma e às repercussões de ordem mental e social39.
A explicação dada a experiência da doença tem seguido caminhos narrativos singulares, os quais ainda carecem ser mais explorados entre o público masculino adulto e idoso. A narrativa tem sido útil para a compreensão da condição humana, e enquanto uma possibilidade metodológica tem se mostrado essencial para o conhecimento sociológico das doenças, ao interpretar as dimensões nucleares e os contextos sociais mais específicos da experiência elaborada pelas pessoas29. Nesse sentido, chama-se a atenção dos profissionais de saúde para o exercício da sensibilidade clínica e social junto aos homens, em direção ao encontro dos significados e das metáforas atribuídas às doenças40, tal como da maneira como se posicionam frente a elas e buscam lidar em seu cotidiano, elaborando e reelaborando a(s) experiência(s)41. Assim, recomenda-se que os profissionais de saúde considerem como importante, não somente as manifestações clínicas, mas os componentes sociais do processo saúde doença.
Outrossim, o percurso narrativo da experiência da doença, especialmente em seu caráter crônico, tem sido útil para perceber, significar e conhecer as estratégias de convivência e de enfrentamento da condição no cotidiano e na interação socioafetiva42. Nas Ciências Sociais e Humanas a doença causada pela pandemia não possui conotação apenas de infeção ou morte, mas ganha representatividade de construção social com a emergência de novas doenças sob as preocupações com a saúde pública, debate midiático e incertezas quanto ao risco da doença; por vezes, essas explicações detém a explicação de padrões epistemológicos43.
Os principais resultados do nosso estudo também explicitaram a manifestação da sintomatologia sistêmica da covid-19 longa nos homens, e mais além, permitem possibilitar caminhos explicativos da experiência da doença. Ao passo que homens começam a perceber as mudanças físicas, energéticas e psicoemocionais geradas pela doença, tornou-se possível reconhecer o surgimento de rupturas biográficas e mesmo, a deterioração da imagem e da identidade. Tal relação experienciada com a enfermidade e o conjunto de manifestações sintomatológicas expressa na covid-19 longa, pode ilustrar a maneira como a doença muda o sentido da percepção de si mesmo, da saúde doença e do âmbito coletivo.
Nessa perspectiva de abalos multissistêmicos corpo e mente, as pessoas acometidas pela experiência do adoecimento, quando acolhidas, e, tendo interpretação de suas demandas, para além das manifestações clínicas que apresentam, podem desenvolver melhor percepção sobre o adoecimento e maior adesão às intervenções propostas pelos profissionais de saúde44. É notável que, uma prática clínica restrita ao modelo biomédico, centraliza o cuidado na infecção viral, e porventura, pode não levar em consideração, implicações de ordem emocional, como a ansiedade, depressão e insegurança, e não ser capaz de atender necessidades em um âmbito biopsicossocioespiritual45.
Para a promoção da saúde psicoemocional e restabelecimento energético, após o diagnóstico da doença e as consequências do período de isolamento social, se faz necessário uma assistência interdisciplinar, pautada por uma racionalidade biopsicossocial41 e na compreensão ampliada da experiência do adoecimento e do sofrimento enquanto questão subjetiva, cultural, social, ambiental e histórica, e não apenas das dimensões epidemiológicas, quantitativas e estatísticas46.
Uma das características do discurso é a capacidade de promover a integração dialógica das experiências do cuidar em face ao adoecimento. Nesse sentido, socialmente e a determinação social perfaz sugestões propositais dentro da pandemia da covid-19 e que se implicam a covid-19 longa, em especial, na experiência relatada pelos indivíduos e demostrada pela incapacidade crítica do conhecimento velado pela Fake News, fragilização dos sistemas públicos em detrimento a saúde e em posse da manutenção da economia, o enfraquecimento do poder de ajuda com diminuição do tesouro estatal, além do impositivo individualismo burguês e o impacto multifatorial percebido pela precarização das classes47.
Os homens manifestam suas incapacidades físicas por meio dos relatos constantes das perdas funcionais, que derivam desde a incapacidade de realizar exercícios e sexo, até manifestações sinestésicas mente e corpo comprometendo os órgãos do sentido. Assim, tal aspecto corrobora com outros achados que apontam manifestações neurocognitivas, musculares, articulares e de fadiga em pessoas com condições pós-covid-1948,49. Apesar do recorte de gênero não estabelecer quais sintomas são mais prevalentes nos sexos, entende-se que, para manifestações relacionadas à insônia, ansiedade, medo, incontinências e regulação de comorbidades, deve-se ter o apoio domiciliar50.
Para a efetividade das ações, devem ser propostos modelos de suporte e cuidado à pessoa em nível ambulatorial e hospitalar, que observem a singularidade do indivíduo, entendam a dinâmica de vida e a complexidade de seus sintomas, não apenas como meio intuitivo do cuidado, mas o de transdisciplinar e, para isso, devendo permear os laços com os cuidadores familiares51. Faz-se mister, a necessidade do fortalecimento do trabalho interprofissional, da gestão do trabalho, ampliação do escopo da formação em saúde, com vistas ao campo da Saúde Coletiva e das Ciências Sociais e Humanas, a fim de instrumentalizar o corpo clínico e social em saúde, bem como as trabalhadoras e os trabalhadores do campo da saúde, que dão sustentação ao Sistema Único de Saúde, bem como o sistema suplementar, e, certamente, interagem e prestam cuidado e assistência à saúde à população acometida pelas sequelas pós-covid-19.
Em nosso estudo, os homens relataram a presença de um(a) companheiro(a) como ponto positivo para enfrentamento da doença. Portanto, faz-se necessário entender como essas pessoas podem se tornar agentes de cuidado guiadas por orientações da equipe multiprofissional. Nesse aspecto, a interdisciplinaridade na Saúde Coletiva possui cunho essencial em pandemias e crises sanitárias ao apoiar usuários às práticas de saúde, contudo expressa-se preocupação a hierarquização dos conhecimentos tido como ponto ultrapassado e desafiador52.
Em observância a essa perspectiva de integralidade do cuidado, a atuação da equipe de saúde, que pode ser composta por enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais e demais profissionais da saúde, promove a articulação de diferentes saberes técnicos e o compartilhamento de responsabilidades na tomada de decisões, o que tornam as suas condutas, relevantes diante da imprevisibilidade e urgência que caracteriza a crise sanitária e social oriunda da covid-19 no Brasil, uma vez que a cronicidade se insere como elemento capaz de redefinir o repertório masculino, suas incapacidades e limitações que passam a permear o universo desses sujeitos53.
Reitera-se que o cuidado ao paciente com condições pós covid-19 é um desafio aos profissionais de saúde, devido à continuidade, sinergismo e multiplicidade dos sintomas, os quais podem emergir da relação biopsicossocial e dos aspectos espirituais, além da relação incerta entre as manifestações e a potencialização dos agravos já presentes no corpo antes da infecção. Além disso, alguns sintomas sistêmicos relacionados à infecção em si, podem não ser avaliados e prejudicar o tratamento e recuperação do paciente, o que torna necessário o trabalho em equipe com a discussão de caso e implementação de metas compartilhadas54.
Em alguma medida, ao relatarem suas experiências com as sequelas e suas repercussões, os homens apontam para elementos que sinalizam a operação do estigma, com menção aos descréditos, desconfiança e desqualificação. Assim como nessa situação, outras condições de caráter crônico, vivenciadas por homens precipitam a estigmatização, como demonstrado em estudo entre sujeitos com doença renal crônica, onde as marcas da doença e do tratamento impactaram nas suas interações sociais e desencadearam a rotulação, estereotipagem, perda de status e discriminação55. Da mesma forma, em meio a pandemia, o estigma foi associado ao descrédito social levando a distorções da imagem e ao comprometimento pessoal, social e emocional com traços de insensibilidade, falta de compaixão e medo56.
Outro aspecto que se desponta diante deste estudo, diz respeito à repercussão de todo o processo de adoecimento crônico, que contrapõe, de alguma forma, a noção presente no imaginário masculino de invulnerabilidade, pois a experiência do adoecimento crônico, para os homens, encerrados na trama cultural, pode representar uma verdadeira ruptura biográfica, pois ao impor limitações na condição física, coloca em xeque um ideal de masculinidade hegemônica57.
A distinção discursiva de maior predominância frente a experiência das sequelas da covid-19 longa para os homens, diz respeito à percepção da modificação das condições corporais, expressas em suas capacidades físicas, comum em outras experiências de adoecimento nesse público, pois o ideal de masculinidade hegemônica se perfaz a partir do corpo, um corpo idealizado, que frente as inexoráveis sequelas, precisa reelaborar o próprio sentido sobre si58. Contudo, destaca-se que os corpos masculinos sofreram com a covid-19 apresentando dificuldades e impossibilidades em todos os campos vitais, além disso, percebe-se a readaptação comprometida quanto a vida social, sexual e patrimonial com repercussões deletérias59.
Embora os homens tenham experiências negativas com as sequelas da doença, em comparação com o público feminino e a relação sentido procura pelos sistemas de saúde, essa população não esteve associada ao maior risco pela doença60,61, contudo para as condições pós- covid-19, esse achado permanece como importante lacuna científica, e, serviços de reabilitação em saúde poderão fornecer uma gama de possibilidades para a comunidade, além da possibilidade em usufruir do potencial das tecnologias remotas em saúde62.
Em consonância com os achados do nosso estudo, indivíduos apresentaram na fase pós- covid-19 dificuldade de concentração, relataram confusão mental, esquecimento, tiveram problemas de descoberta de palavras (ToT) e disfluência semântica (dizer ou escrever palavras incorretamente). Além disso, parte significativa não retornou ao trabalho devido à persistência dos sintomas, evidenciando a perda do emprego e dificuldades financeiras. Observou-se, ainda, limitações para realizar atividades diárias e dificuldade na relação com profissionais médicos, por exemplo, devido à postura pouco humanizada durante os atendimentos, evidenciada em relação ao descrédito diante dos problemas de saúde autorrelatados63.
Entende-se que muitos homens poderão enfrentar variações sintomatológicas - formas contínuas e/ou intermitentes, com recidivas e de fases, e até mesmo o aparecimento de novos sintomas - clusters,64 com diferentes graus de gravidade, onde em alguns casos, o afastamento se fará necessário. Com isso, toda a rede de suporte social deverá ser acionada, a exemplo dos empregadores, os quais devem se responsabilizar pela avaliação clínica, bem como pela licença-saúde, tal qual do apoio psicoemocional.
Decorrerão ainda, adaptação ao retorno ao trabalho, como os ajustes nas funções laborais, redefinição de carga horária de trabalho, implantação/implementação de políticas de reabilitação nas empresas/repartições. Em vários países, como os Estados Unidos, as populações acometidas pela covid-19 apresentaram redução da sua jornada de trabalho em relação ao período anterior à doença, o que expõe uma problemática real de reivindicações de seguro relacionadas à covid-19, quando associado a um acidente e/ou doença relacionada ao trabalho, fator prejudicial que afeta expressivamente a população que se encontravam com menos de 60 anos, no auge da idade produtiva, o que pode ser um fator gerador de impactos na construção das masculinidades, no que tange os atributos sociais do homem para o trabalho, homem provedor, homem que detém a posse, quer seja na relação com as parcerias afetivo-conjugais, quer seja com os demais vínculos sociais65.
Todavia, há que se ressaltar o desafio em saúde pública diante do cenário socioeconômico do Brasil, país que acumula disparidades históricas entre as diferentes regiões, o que pode contribuir para o enfraquecimento dos dispositivos de proteção da vida e da saúde no trabalho, o que se reverte em problemática ainda maior: trabalhadores afastados, sem assistência, insegurança financeira, empobrecimento, e danos à concepção indenitária e significação de vida do sujeito. Desse modo, é imprescindível estabelecer medidas conjuntas para lidar diante dessa nova realidade que exigirá perspectivas diferentes de se enxergar e agir, com vistas a valorizar o sujeito não somente pelo que ele produz, mas pelo que ele é65.
As potencialidades e perspectivas apresentadas no presente estudo expõem o conflito com a covid-19 para além de sua dimensão clínica e biomédica, mediante um levantamento de caráter social, igualmente com uma narrativa da relevância e funcionalidade da equipe multiprofissional. Destaca-se como cada indivíduo, tendo em vista suas características biopsicossociais, concebe suas sequelas da covid-19 e observa seu processo de saúde-doença-cuidado. Outrossim, a formação do diálogo e acolhimento em relação aos valores individuais de vida do indivíduo contribuem para a construção de novas narrativas no que diz respeito à inclusão de tais símbolos e subjetividades no processo de compreensão do adoecimento e autonomia frente as abordagens terapêuticas, em contraste com o ofertado pela prática biomédica44.
Por fim, ressalta-se que as sequelas pós-covid-19 repercutem em diversas áreas e no estado psicossocial e do seu bem-estar geral, o que denota a relevância e urgência de identificar tais situações, e intervir de forma efetiva. Diante disso, uma das tarefas essenciais da antropologia da saúde é compreender como a enfermidade, radicada na vivência subjetiva, constitui-se em realidade dotada de um significado reconhecido e legitimado socialmente. Logo, a estigmatização expressa diante ao relato saúde doença, repercute negativamente e acaba por limitar a assistência e autonomia do sujeito no enfrentamento da síndrome8,66.

Considerações finais
O DSC dos homens que vivenciam a covid-19 longa explicita as repercussões perceptíveis do adoecimento, mas desdobra-se de forma mais aprofundada, na amplitude das manifestações na sua saúde, de maneira integral, apontando para os aspectos da saúde mental que foram afetados, além de sinalizar para um desconforto que opera na ordem do simbólico diante da constatação de limitações que desafiam ao imaginário de invulnerabilidade masculina.
Além disso, o presente estudo contribui para a saúde coletiva ao vislumbrar o recorte de gênero e suas repercussões, as quais exigem reformulações de modelos de cuidado por parte dos profissionais da saúde para o público masculino e que busquem ponderar e observar as possíveis vivências de estigmas do processo doença cuidado desse coletivo, bem como abalos psicoemocionais que venham a se chocar com a masculinidade hegemônica. Desse modo, elaborando novas rotas para promoção e restauração da saúde dessa população. Ademais, ao considerar a dimensão biopsicossocioespiritual do sujeito em seu processo de adoecimento, corrobora com a discussão sobre os modelos assistenciais da saúde, que permeia o campo da saúde coletiva, questionando a hegemonia da racionalidade biomédica. Outrossim, o reconhecimento da multicausalidade dos sintomas e desfechos associados à covid-19 evidencia uma demanda por mais produções com abordagem interdisciplinar sobre o tema.
Dessa forma, a covid-19 longa enquanto experiência de adoecimento, modifica o lugar do homem no contexto social e coletivo ou ao menos questiona a noção culturalmente reforçada de masculinidade e saúde, pois torna-o um sujeito cronicamente afetado por sequelas que modificam seu cotidiano. A experiência como compartilhada apresenta elementos indispensáveis para a compreensão do adoecimento masculino o que pode subsidiar o planejamento das práticas de cuidado, a assistência em saúde e a organização das ações e serviços no sentido de assegurar a reabilitação e a qualidade de vida desses sujeitos, ressignificando a partir dela, o lugar dos homens no mundo.
O estudo tem como limitação o alcance dos participantes nos meios utilizados para a coleta de dados, que reduz a inserção daqueles com baixo letramento digital e inacessibilidade ao smartphone; a realização de uma coleta única, que restingue o aprofundamento dos achados; a carência da investigação de outros grupos amostrais, como os profissionais de saúde, que particularizam a noção do objeto sob outra perspectiva. Portanto, novos estudos podem explorar dimensões distintas desse fenômeno, articulando diferentes métodos e técnicas de produção dos dados e lançar luz sob outras nuances.

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Andrade, R. L., Braga, L. C. A., Reis, R. S., Santos, F. S., Jesus, N. R., Cruz Neto, J., Almeida, E. A., Muniz, V. O., Sousa, A. R.. Como homens adultos e idosos relataram a experiência da COVID longa? Uma acepção socioantropológica da saúde-doença. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2023/out). [Citado em 22/12/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/como-homens-adultos-e-idosos-relataram-a-experiencia-da-covid-longa-uma-acepcao-socioantropologica-da-saudedoenca/18957?id=18957

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