0051/2022 - E se dona Violeta fosse uma mulher negra? Reflexões a partir de “O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde” What if Dona Violeta was a black woman? Thoughts within “O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde”
É possível discutir humanização em saúde sem dar centralidade para as expressões do racismo nos processos de adoecimento? Seria possível pensar práticas humanizadas de cuidado sem considerar o racismo estrutural e institucional na saúde? Uma resposta afirmativa para uma dessas perguntas reforça o vigente mito da democracia racial brasileira, que nos impede de reconhecer ou validar o quanto o racismo está presente em nossa sociedade e produz experiências desiguais de viver, adoecer e morrer para a população negra, que contabiliza mais de 56% da população brasileira. Neste artigo, procuro, em diálogo com a produção de Ayres sobre Projetos de Felicidade e saúde, refletir sobre a produção de cuidado em saúde no contexto brasileiro, considerando o racismo estrutural e o vigente mito da democracia racial na centralidade desta produção de cuidado. Enquanto instituição saúde e objetivando garantir saúde como direito à cidadania, deveríamos nos comprometer com projetos de felicidade ou viabilizar e apoiar projetos de emancipação e liberdade?
Palavras-chave:
Racismo, cuidado, saúde, intersubjetividade
Abstract:
Is it possible to discuss humanization in health without giving centrality to the expressions of racism in health-illness processes? Would it be possible to think of humanized care practices without considering structural and institutional racism in health? An affirmative answer to one of these questions reinforces the current myth of Brazilian racial democracy, which prevents usrecognizing or validating how much racism is present in our society and produces unequal experiences of living, getting sick and dying for the black population, which accounts for more than 56% of the Brazilian population. In this article, I seek, in dialogue with Ayres\' production on Happiness Projects and healthcare, to reflect on the production of health care in the Brazilian context, considering structural racism and the prevailing myth of racial democracy in the centrality of this care production. As a health institution aiming to guarantee health as a right to citizenship, should we commit to projects of happiness or enable and support emancipation and freedom projects?
What if Dona Violeta was a black woman? Thoughts within “O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde”
Resumo (abstract):
Is it possible to discuss humanization in health without giving centrality to the expressions of racism in health-illness processes? Would it be possible to think of humanized care practices without considering structural and institutional racism in health? An affirmative answer to one of these questions reinforces the current myth of Brazilian racial democracy, which prevents usrecognizing or validating how much racism is present in our society and produces unequal experiences of living, getting sick and dying for the black population, which accounts for more than 56% of the Brazilian population. In this article, I seek, in dialogue with Ayres\' production on Happiness Projects and healthcare, to reflect on the production of health care in the Brazilian context, considering structural racism and the prevailing myth of racial democracy in the centrality of this care production. As a health institution aiming to guarantee health as a right to citizenship, should we commit to projects of happiness or enable and support emancipation and freedom projects?
Borret, R. H.. E se dona Violeta fosse uma mulher negra? Reflexões a partir de “O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde”. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2022/abr). [Citado em 24/12/2024].
Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/e-se-dona-violeta-fosse-uma-mulher-negra-reflexoes-a-partir-de-o-cuidado-os-modos-de-ser-do-humano-e-as-praticas-de-saude/18307?id=18307&id=18307