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0401/2024 - CULTURA POPULAR E CUIDADO EM SAÚDE: PRÁTICAS DE BENZEÇÃO EM TERRITÓRIOS ATENDIDOS POR EQUIPES SAÚDE DA FAMÍLIA
POPULAR CULTURE AND HEALTH CARE: BLESSING PRACTICES IN TERRITORIES SERVICED BY FAMILY HEALTH TEAMS

Autor:

• Luiza Maria de Assunção - Assunção, L.M - <luassunc@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6106-1200

Coautor(es):

• Rosimár Alves Querino - Querino, R.A - <rosimar.querino@uftm.edu.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7863-1211



Resumo:

Introdução: O ofício de benzedeiras compõe a cultura religiosa brasileira. Objetivos: Intenta-se compreender como o ofício das benzedeiras, em município mineiro, pode impactar o processo saúde-doença-cuidado nos territórios atendidos pela Estratégia Saúde da Família do Sistema Único de Saúde. Busca-se também identificar como os trabalhadores da atenção básica se posicionam em relação à presença da prática de benzeção. Metodologia: Trata-se de pesquisa qualitativa onde, a partir de entrevistas semiestruturadas, resgata-se as percepções de benzedeiras, usuários e enfermeiros. Para o tratamento do conteúdo das entrevistas foi utilizada análise temática reflexiva. Tomou-se Pierre Bourdieu como norte teórico para refletir sobre a autonomia dos campos de saber e suas disputas. Resultados: Identificou-se as seguintes categorias: Representações sobre a prática; Saúde e Religiosidade/Espiritualidade; Relações com a benzeção. Conclusões: A relação entre os campos não é apenas de conflito. Existe uma disponibilidade dos sujeitos que deles fazem parte que os tem colocado em comunicação. Nesse diapasão, o saber biomédico e o saber da benzeção, ainda que distintos e cumprindo funções específicas, podem ser aliados no processo saúde-doença-cuidado.

Palavras-chave:

Atenção primária à saúde. Estratégia Saúde da família. Medicina tradicional. Espiritualidade. Humanização da assistência.

Abstract:

Introduction: The profession of faith healers makes up Brazilian religious culture. Objectives: The aim is to understand how the profession of faith healers, in a municipality in Minas Gerais, can impact the health-disease-care process in the territories served by the Family Health Strategy of the Unified Health System. It also seeks to identify how primary care workers position themselves in relation to the presence of the practice of blessing. Methodology: This is qualitative research , based on semi-structured interviews, the perceptions of faith healers, users and nurses are recovered. To treat the content of the interviews, reflective thematic analysis was used. Pierre Bourdieu was taken as a theoretical guide to reflect on the autonomy of fields of knowledge and their disputes. Results: The following categories were identified: Representations about practice; Health and Religiosity/Spirituality; Relationships with blessing. Conclusions: The relationship between the fields is not just one of conflict. There is an availability of the subjects that are part of them that has placed them in communication. In this sense, biomedical knowledge and blessing knowledge, although distinct and fulfilling specific functions, can be allies in the health-illness-care process.

Keywords:

Primary health care. Family Health Strategy. Traditional medicine. Spirituality. Humanization of assistance.

Conteúdo:

Introdução
A Estratégia Saúde da Família (ESF), vem se desenvolvendo, desde 1998, em todo o território brasileiro. São irrefutáveis a sua ampliação no espaço geográfico bem como o alargamento quantitativo de suas equipes nos múltiplos municípios e regiões do Brasil. Nessa direção, é mister levar em conta as diversidades regionais e municipais onde se instalaram essas equipes. As regiões se mostram desiguais em distintas vertentes (demográficas, econômicas, culturais). Assim, a atenção básica e a ESF são igualmente heterogêneas1,2,3. É fundamental considerar a diversidade dos municípios brasileiros, de modo que se tome como ponto de partida o mundo real das equipes na produção do cuidado cotidiano junto aos usuários e suas demandas4.
É importante atentar-se ao território nas suas singularidades e pluralidades, visto que é nele que os sujeitos constituem suas identidades individuais e coletivas. O território é o lócus de trocas materiais e simbólicas, o que o marca como “território utilizado” ou “território do cotidiano”5. Enquanto “território vivo”, ele é o espaço onde os sujeitos são vistos em toda a sua inteireza (demandas de trabalho, de lazer, de cuidados, de relações e afetos), alargando assim a abordagem da saúde e do processo de vida6.
O “território vivo”, do qual fazem parte as equipes Saúde da Família, abraça diferentes formas de cuidado em saúde. É nele que a benzeção se desponta enquanto cultura popular de cuidado e escuta. Essa prática, que por muito tempo foi criminalizada, em algumas regiões do país, tem sido regulamentada/legitimada7, tendo a possibilidade de se tornar patrimônio imaterial de Minas Gerais graças ao Projeto de Lei (PL 2024/2024)8.
A institucionalização do ofício das benzedeiras possui forte relação com o Movimento Aprendizes de Sabedoria (MASA), proveniente do estado do Paraná. Esse movimento objetiva a articulação de estratégias de resistência e de enfrentamento dos Povos e Comunidades Tradicionais (PCT’s) paranaenses.9 Verifica-se uma diversidade de posicionamentos em relação à benzeção, desde o reconhecimento de suas práticas e aceitação pelas comunidades7 até a atuação com a aprovação de profissionais de saúde, como em Maranguape-CE10. Isso ocorre, de acordo os autores, devido a embates no sentido de a legislação não acompanhar o uso que a população faz das benzedeiras10. Ademais, é necessário pontuar que tanto a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASP) quanto a Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEP-SUS) evidenciam práticas populares como as de parteiras, benzedeiras, raizeiros, pajés11.
Amparada na teoria de Bourdieu12,13 sobre os conflitos entre campos de saber, esta pesquisa busca perscrutar as relações entre religiosidade/espiritualidade e saúde. Ao enfatizar a necessária autonomia dos campos, a perspectiva Bourdieusiana compreende a inevitável tensão entre os diferentes domínios.

Metodologia
Trata-se de estudo de natureza qualitativa, realizado com 15 Equipes Saúde da Família (ESF) que atuam na zona urbana de município mineiro, localizado no pontal do Triângulo Mineiro - MG, possuindo 102.217 habitantes14. Não há equipes na zona rural.
A construção de dados teve início em setembro de 2023, ocasião na qual a pesquisadora principal se reuniu com todas as equipes na Secretaria Municipal de Saúde para explanar sobre o intuito do estudo e os procedimentos empregados aos integrantes das Equipes Saúde da Família (ESF) e convidá-los a participar. Embora o convite tenha sido direcionado aos diversos trabalhadores das ESF, houve presença maciça de enfermeiros/as.
Nesta reunião, os/as presentes sugeriram que o mapeamento de benzedeiras fosse conduzido pelos profissionais de enfermagem que, diuturnamente, acompanham o processo de construção do diagnóstico de comunidade. Em tal feito, definiu-se que o preenchimento das questões do formulário referentes à presença de benzedeiras na área adscrita e a indicação de usuários/as que faziam uso da benzeção ocorreria em reunião entre os profissionais que aderiram ao estudo e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). No momento de construção de dados, o município vivenciava mudanças nas coordenações de unidades de saúde, na composição das equipes e na contratação de ACSs. Os profissionais de enfermagem apresentaram-se como aqueles com maior tempo em exercício nas equipes e que atendiam aos critérios de inclusão no estudo, motivo pelo qual foram interlocutores fundamentais ao estudo.
Com o formulário foi possível identificar que oito dos quinze territórios atendidos pelas ESF possuíam a prática da benzeção. Ele possuía, ainda, a seguinte questão aberta: "O que você pensa sobre a utilização de práticas de benzeção por usuários da unidade de saúde?". Na apreciação das respostas foi empregada a análise temática reflexiva15.
A segunda fase da pesquisa, que consistia na realização de entrevistas com roteiro semiestruturado, ocorreu com usuárias, benzedeiras e enfermeiros/as das ESF dessas oito áreas adscritas. Foram incluídos profissionais de saúde que atuavam na unidade de saúde há, pelo menos, um ano; usuários/as atendidos nas unidades de saúde há, pelo menos, um ano, residentes no município e que utilizavam a prática de benzeção; benzedeiras que atuavam em área coberta pela ESF, exercendo seu ofício há, pelo menos, um ano e que residiam no município. Excluiu-se informantes menores de 18 anos de idade e profissionais em licença de saúde.
A previsão era de 24 participantes. Todavia, uma benzedeira estava hospitalizada na ocasião da pesquisa e uma usuária não aderiu ao estudo. Assim, o estudo envolveu 22 sujeitos, sendo oito enfermeiros, sete benzedeiras e sete usuárias. As entrevistas audiogravadas ocorreram no período entre outubro de 2023 a dezembro de 2023, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas residências de usuárias e de benzedeiras.

A apreciação do material construído com a pesquisa aconteceu mediante análise temática reflexiva15, na qual as pesquisadoras desempenham um papel ativo na construção dos dados, num processo que não é linear no sentido de avançar através das fases, contrariamente trata-se de um processo de análise que é recursivo e iterativo, de movimentação para frente e para trás através das fases, de acordo com a necessidade16.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado de Minas Gerais sob parecer nº 6.438.838. O termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado por todos os participantes da pesquisa, seguindo-se os preceitos estabelecidos pela Resolução 466/12, de 12/12/2012, do Ministério da Saúde17. Com intuito de preservar a identidade dos participantes, estes foram nomeados por letras, seguidas da ordem de realização das entrevistas: Benzedeiras (B1, B2...); Enfermeiros/as (E1, E2...); Usuários (U1, U2...).

Resultados e discussão
A totalidade das equipes Saúde da Família, no município pesquisado, situa-se na zona urbana. Das 15 ESFs, oito reconheceram a existência de benzedeiras na área.
Tabela 1 - Caracterização de participantes do estudo segundo religião, sexo, idade, cor, estado civil, escolaridade e tempo que faz uso da benzeção ou a pratica.
No que diz respeito ao perfil sociodemográfico dos/as enfermeiros/as predominam católicos (73%), do sexo feminino (87,5%), na faixa etária de 30 a 40 anos (75%), da cor branca (62,5%), casados/união estável (62,5%), com especialização (75%) (Tabela 1). Dentre aqueles que já fizeram uso da benzeção (87,5%), destacam-se católicos (50%) e kardecistas (25%), assim como aqueles/as que concluíram especialização (62,5%).
As praticantes da benzeção eram mulheres, católicas (57%), com 61 anos ou mais (100%), de cor parda (43%), casadas ou em união estável (57%), alfabetizadas (85,7%) e que iniciaram a prática em momentos diversos: entre 7 e 10 anos (43%) e entre 11 e 19 anos (43%) (Tabela 1).
Já em relação às usuárias, também predominou a religião católica, seja em combinação com outras religiões (42,9%) ou de forma exclusiva (28,5%). As participantes estavam na faixa etária de 30 e 40 anos (43%), eram solteiras (43%), negras (86%) e possuíam diferentes níveis de escolaridade, desde fundamental incompleto (28,5%) à especialização (28,5%). Segundo seus relatos, o uso da benzeção ocorria desde sua infância (85,7%) (Tabela 1).
O processo analítico da indagação "O que você pensa sobre a utilização de práticas de benzeção por usuários da unidade de saúde?" resultou no delineamento de posicionamentos dos/as enfermeiros/as sobre o uso da benzeção: prática relacionada à fé; prática relacionada à cultura; recurso que auxilia em momentos difíceis; respeito à diversidade religiosa; prática aliada do tratamento médico; prática submissa à racionalidade médica (Figura 1; Quadro 1).
Figura 1 - Posicionamentos dos/as enfermeiros/as de equipes saúde da família sobre o uso da benzeção.
Quadro 1 - Subcategorias temáticas e excertos referentes aos posicionamentos dos enfermeiros/as de equipes saúde da família sobre o uso da benzeção.
Na análise temática das entrevistas, reiterando pesquisa realizada em outro município mineiro7 foram identificadas três categorias: (1) Representações sobre a prática; (2) Saúde e Religiosidade/Espiritualidade; (3) Relações com a benzeção. Operou-se a organização dessas três categorias em dois temas: a benzeção no campo religioso (Tema I); campo científico e campo religioso (Tema II). Todas as informações relativas à análise temática das entrevistas são apresentadas no quadro 2.
Quadro 2. Categorias temáticas construídas com as entrevistas com enfermeiros/as das ESFs, benzedeiras e usuárias.
Tanto as categorias temáticas identificadas na questão dissertativa do formulário quanto as identificadas nas entrevistas são estruturantes da apresentação dos resultados e discussão.

A BENZEÇÃO NO CAMPO RELIGIOSO
Representações sobre a prática
A benzeção é um ofício onde predominam mulheres18,10,19 , de origem católica18,10 com idade variando entre 64 e 80 anos. Este perfil é consistente com o das benzedeiras participantes deste estudo.
Esse ofício é visto como uma tradição familiar transmitida de geração a geração18,7,10,19,20, de forma oral19,7, fazendo parte da cultura brasileira7,18,20. Segundo algumas depoentes, trata-se de um dom10,7, o que significa que não é qualquer um que tem a vocação para tal ofício. Nessa direção, a benzeção deve ser gratuita e não deve haver restrições de horário para atendimento7.
É uma ação que envolve fé de ambos sujeitos, benzedeira e quem recebe a benzeção. A fé é um traço fundamental na benzeção, sendo ela indispensável para se obter resultados18,21,22,23. A coparticipação no processo de cura ocorre na medida em que há troca de saberes, acompanhados de diálogo e escuta mútua, quem cuida e quem é cuidado18,22, no sentido de um “trabalho afetivo”24, onde ambas as partes serão afetadas.
Os instrumentos comumente utilizados são a oração e o uso de plantas. A imposição de mãos e o uso de plantas medicinais são recursos terapêuticos que compõem as Práticas Integrativas e Complementares (PICS), e muito se aproximam da oração com imposição de mãos e do uso de plantas pelas benzedeiras25. A oração é algo complementar em relação aos cuidados da medicina e está vinculada à fé, ambas relacionadas a melhoras no âmbito físico e psíquico18,21,23.
O uso de plantas medicinais tem se mostrado como um recurso popular de cuidado20, sendo também uma prática comum no ofício das benzedeiras, como demonstra pesquisa qualitativa18 realizada em alguns municípios de Minas Gerais. Outros estudiosos também fazem menção ao uso de plantas na benzeção18,7,21,20,23,26,27.
De acordo com o Ministério da Saúde, as PICS “são recursos terapêuticos que fortalecem o cuidado ofertado no SUS e ampliam a percepção da população no sentido da autonomia e do autocuidado”25(s/p). Trata-se de abordagens terapêuticas que ensejam a prevenção, a promoção e a recuperação da saúde. Tem como foco a escuta acolhedora, a constituição de laços terapêuticos e “a conexão entre ser humano, meio ambiente e sociedade”25(s/p). Tais práticas foram oficializadas por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e, atualmente, são ofertadas à população especialmente na atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS)25. Todavia, conforme verificado por Teixeira28, a benzeção ainda não foi considerada como referencial na formulação de políticas de saúde complementares, na esfera do SUS.
Os tensionamentos na institucionalização das PICS acenam para a diversidade de entendimentos e saberes no campo, inclusive no que tange aos conflitos entre os saberes científicos e os saberes populares. Em cada localidade podem ser avistadas diferentes configurações entre as relações dos campos. No município de Sobral (CE), a despeito da não inclusão das benzedeiras à PNPIC, elas são consideradas como Agentes não formais de saúde cujas ações colaboram para a abordagem da comunidade, identificação de possíveis demandas e encaminhamento aos serviços.26 Ademais, em algumas cidades e regiões elas são tidas como Agentes de Cura junto aos serviços de saúde, como recurso em saúde e terapia popular29, o que aponta para seu reconhecimento como saber popular e integrante do processo de cuidado em saúde10.
No que diz respeito ao papel desempenhado pela benzeção e os motivos para sua busca, estes podem ser diversificados. A benzeção é muito procurada para crianças, podendo se afirmar que a busca mais intensa por essa prática se dá em relação às demandas infantis, de modo a haver até mesmo benzedeiras que benzem, por opção, somente crianças30.
Quantas vezes as minhas meninas já tiveram aquele susto que vira o vento, né? Os antigos falam “vira o vento”, você dá remédio e não resolve, vai lá benze, resolve. Esse cobreirinho que aparece na gente de vez em quando, vai lá benze e resolve.(U2)
De acordo com Avelar Filho31, tem-se uma linguagem peculiar das comunidades de fala rural que expressam o modo como essas pessoas se manifestam e promovem seus valores e identidades. Como pode se visto na fala de U2, tais expressões circulam nas narrativas de usuárias e de benzedeiras, tais como: espinhela caída = lumbago; lombalgia; ventre (ou vento) virado = diarreia; cobreiro = herpes zoster; quebranto (ou quebrante) = feitiço; mau-olhado (ou olho gordo) = inveja).
No caso do adulto, a benzeção age no sentido de descarregar energias negativas, funciona como um instrumento de escuta e consequente alívio e tranquilização. A procura pela benzeção se dá também devido a diagnósticos inconclusivos e desejo de melhora. Assim, a requisição da benzeção pode se dar tanto por questões físicas, psicológicas e sociais32.

CAMPO CIENTÍFICO E CAMPO RELIGIOSO
Saúde e Religiosidade/Espiritualidade
De forma mais ampla se expõe a relação possível entre saúde e religiosidade/espiritualidade. Nesse quesito despontam, de um lado, o conhecimento e a familiaridade dos/as profissionais com o território. De outro lado, o respeito à diversidade religiosa dos profissionais (existem situações em que crenças divergentes não são respeitadas entre os colegas de trabalho), a não discriminação religiosa e a abertura à pluralidade religiosa em relação aos pares e aos usuários. Afirma-se haver respeito pela religião dos pacientes, sendo que “no postinho de saúde” ainda que o foco seja a saúde do paciente, não há discriminação religiosa no que diz respeito a atendimento e assistência. Porém, estudos realizados, percebem uma discriminação “cordial” no sentido de invizibilização e desprezo por certas práticas religiosas33.
Assim, é mister o respeito à crença do usuário. Necessário os trabalhadores da saúde estar atentos às crenças, especialmente em relação aos mais idosos. Estes costumam trazer demandas religiosas junto ao tratamento e são acolhidos com ética e respeito. Nessa direção, estudo aponta para a importância de se considerar a influência da religião nas práticas de cuidado, de modo a tomar em consideração demandas individuais específicas vinculadas a filiação religiosa33.
Conforme referido em estudo33, a vivência, os saberes, as experiências não devem ser desconsiderados em função de um modo de olhar instituído colonizador (o saber médico convencional) que despreza, evita, ignora outros saberes não instituídos em relação ao cuidado em saúde, demonstrando um despreparo para operar com a diversidade cultural. A equidade em saúde demanda um olhar sobre a influência da religiosidade/espiritualidade nos cuidados em saúde, na sua possível ação terapêutica33.
A formação para o trato com a dimensão religiosa/espiritual vem da prática, o acolhimento de demandas religiosas ocorre no dia a dia, na escuta ao longo do atendimento, não havendo preparo para lidar com essa realidade. Além de não haver formação específica para o manejo da religiosidade/espiritualidade, afirma-se que nem todos os trabalhadores da saúde estão sensíveis a ela. Estudo aponta haver evidências de que tratar da religiosidade/espiritualidade na prática clínica vincula-se a questões como redução da mortalidade, qualidade de vida e saúde mental. No entanto, a falta de treinamento desponta como empecilho para lidar com as referidas dimensões que não são mencionadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de medicina, apontando assim não haver espaço para religiosidade/espiritualidade em documentos que regimentam o saber médico no contexto brasileiro32,34.
Apesar de nem todos os ACSs terem formação para lidar com questões religiosas/espirituais, são os grandes detentores do saber sobre o território, possuindo identificação profunda da área. Eles conhecem com intimidade a população em termos de religiosidade/espiritualidade. De acordo com estudo realizado35, a despeito das tentativas de identificar o ACS como profissional desprovido de formação técnico-científica, acredita-se nas suas potencialidades enquanto possuidor de identidade singular voltada para a liderança comunitária, o pertencimento social, a escuta e a produção de vínculos com a comunidade.
Acredita-se haver relação entre saúde e religiosidade/espiritualidade. A fé associada ao saber científico, independentemente de qual religião, pode ajudar. A fé não é apenas do usuário, mas também do trabalhador da saúde, visto que o impacto da religiosidade/espiritualidade no cuidado em saúde pode se dar para ambos. A fé em algo não necessariamente proporcionará a cura, mas poderá amenizar o sofrimento pelo qual o sujeito está passando. Pois como refere estudo, para além de soluções concretas relacionadas a problemas de saúde, está oculta uma busca humana pela valorização da subjetividade36.
A busca pela religiosidade/espiritualidade é algo bem particular. A descoberta de alguma doença sensibiliza, incentivando o sujeito a percorrer um itinerário terapêutico (que pode incluir, por exemplo, a benzeção). Em situações limite, como tratamento paliativo para câncer, usuários demandam por acolhimento espiritual paralelamente ao tratamento médico, pois em diversas situações, a religião pode trazer conforto33.
Por fim, apesar do modelo biomédico não enxergar a pessoa como um todo, no Livro de diagnóstico de enfermagem (Nanda), uma das peculiaridades no diagnóstico é a espiritualidade prejudicada, afirma a depoente. A despeito do livro de diagnósticos, devido a sua prática, enfermeiros acreditam que existe o impacto da religiosidade/espiritualidade na saúde das pessoas7,33. Há um esforço em respeitar a busca paralela de medicina e religiosidade/espiritualidade, porém, sem deixar de trazer ponderações sobre determinadas práticas (por exemplo, o banho com picão em crianças (E1); o uso de chás para tratamento de feridas em adultos) que podem ser prejudiciais29,7,37. Ux explicita a possibilidade de recorrer aos dois campos de saber, sem conflitos:
Eu penso que às vezes a gente vai no médico atrás de uma cura de algum problema de saúde, mas às vezes aquilo é espiritual. E aí a gente trata lá com o médico e não resolve, e aí vai lá na benzedeira, benze e aquela situação melhora. Eu acho que é bom tentar pelas duas linhas, né? Porque a gente nunca sabe, né, da onde que tá vindo aquele problema. (U1)
Assim, formas alternativas de cuidado não buscam travar disputa com o saber científico enquanto saber, mas vão de encontro a patologização da vida bem como a sua medicalização e comercialização. Os cuidados populares, do mesmo modo que a perspectiva biomédica, representam um entre tantos sistemas e propostas de cura, que podem se complementar, sem fazer uso de uma ideologia de validade e superioridade de um sistema sobre o outro38. Se complementam no sentido de que podem atuar concomitantemente, porém, possuem perspectivas de cuidado que se diferem da racionalidade biomédica39.
Relações com a benzeção
Uai, é importante, não é? porque procura a medicina que é a verdade, né, mas corre atrás do recurso do espaço, da benzeção que é uma ajuda, né? (B6)

A relação das práticas médicas com a benzeção pode variar entre conflitos e diálogos/complementação. Os relatos que indicam o diálogo são mais perceptíveis e recorrentes nas falas dos diferentes sujeitos (benzedeiras, enfermeiros/as e usuárias). Já o conflito é indicado quando a prática popular é usada em substituição ao tratamento médico. Ao contrário, quando é usada como uma prática integrativa, percebe-se como exitoso (E8). Acredita-se que práticas integrativas associadas à medicina convencional trazem benefícios (E8).
Estudo refere que as PICS, ao reconhecerem acolhimento e escuta (tecnologias leves e humanizadas), vão ao encontro do cuidado integral. Elas podem, assim, ser tidas tanto como alternativas ao tratamento convencional quanto como práticas complementares40. A despeito da implementação das PICS e da Estratégia sobre Medicina tradicional desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde41, estudo detectou um descompasso no que diz respeito ao reconhecimento dessas práticas pelo saber médico18.
A referida substituição do tratamento médico pode ser exemplificada por meio de recusa de usuários em tomar medicamento receitado e fazer uso de farmacinha popular (E3). Em relação ao tratamento de feridas, profissionais interferem no que concerne ao uso de determinadas práticas populares que podem ser prejudiciais (E3)29,7,37.
No sentido do conflito, há relatos de que a benzeção é procurada porque faltou acolhimento; a medicina não resolveu e a benzeção resolveu; “têm enfermidade que não é para médico”. Na perspectiva de usuárias, a “Medicina espiritual” fornece respostas que a medicina científica não consegue ofertar (U1), havendo coisas que a medicina não resolve, apenas a benzeção, questões espirituais, por exemplo (U4). Nesse diapasão, medicina e religião são vistas como diferentes, cada uma cumprindo a sua função (U6): tem coisas que são para a medicina e tem coisas que são para a benzeção (U6), conforme referido em outro estudo7.
Usuárias entendem, nesse sentido, que a benzeção anda junto com a ciência (U1), podendo se comunicar. Uma lida com questões físicas e a outra com questões da alma/espírito. O “postinho” é para tratar da matéria e a benzedeira para tratar do espírito/da alma, visto que a questão da enfermidade às vezes pode estar relacionada ao plano espiritual. Isso para dizer que a medicina, às vezes, não dá suporte sozinha às enfermidades. Por isso, é importante tentar nas duas frentes: científica e religiosa/espiritual. Nessa perspectiva, medicina e benzeção podem se complementar, conforme referido em outros estudos29,7,42,43.
Não se compreende como problema a procura pelos dois saberes, visto que nem tudo é para o médico, nem tudo é para a benzedeira, afirma B5. Essa reflexão apresenta o tipo de diálogo e comunicação estabelecidos por ambos os saberes para com os usuários. Por isso, é mister uma vivência da diversidade cultural pelos trabalhadores de saúde, posto que pode impactar no tipo de comunicação e diálogo estabelecidos. De outro modo, a ausência de trocas entre culturas e linguagens distintas pode estabelecer conflitos e incidir negativamente na adesão ao tratamento convencional, constituído por uma linguagem técnica e racionalista44.
Neste estudo identificou-se, também, um bom relacionamento entre benzedeiras e médicos: “Cobreiro os médicos não conseguem resolver e enviam o paciente para a benzedeira” (B4). Se por um lado, afirma-se haver médico que não acredita no trabalho da benzedeira, por outro lado, afirma-se que existe médico que confia e encaminha o paciente (B4)7. Nesse diálogo tem preponderado mais a disposição das benzedeiras em contribuir com o sistema de saúde, de modo que a troca se mantenha unilateral45. É lapidar o depoimento de B4: [Benzeção] é uma ciência que nem a gente entende direito, mas que dá certo.
A benzeção é vista como “ciência” no sentido de possuir uma lógica própria de compreensão e racionalidade que, de alguma forma, funcionam. Considera-se, nesse sentido, que existe um conhecimento específico de benzedeiras sobre as enfermidades que os médicos não têm domínio. Em contrapartida, quando entende que precisa ir “no postinho de saúde”, a benzedeira aconselha a procurar o médico (B6). Do mesmo modo também referiram outros estudos29,7,45,26. Essa postura, por sua vez, mostra o interesse da benzedeira em conciliar seu saber popular e ciência45.
Aqui faz-se referência a uma possível complementação/parceria entre os dois saberes onde, de acordo com os trabalhadores da saúde e os usuários, o uso concomitante da medicina e da religião não é visto como um problema, mas como uma solução. Acredita-se que essas possam andar juntas, desde que não haja prejuízo [em relação ao tratamento médico]7.
Percebe-se como importante o trabalho conjunto entre conhecimento científico e conhecimento popular. Ainda que tenham questões que “são só para medicina”, existem processos de cura que não passam somente pela ciência. Nessa direção, afirma-se que medicina e religiosidade/espiritualidade não são autossuficientes.
Enfim, profissionais recordam que o importante é o usuário como um todo, se a utilização dos recursos da medicina e da benzeção for bom para ele, o que importa é o seu bem-estar. Nesse sentido, é significativo o profissional da saúde estar atento ao fato de que as crenças populares podem se constituir enquanto técnicas evidentes de cuidado, ensejando contribuições ímpares para os usuários e suas famílias e desempenhando uma função tanto de promoção de saúde e bem-estar quanto de rede de apoio e acolhimento22.
Na contramão da perspectiva onde predomina o conflito entre os campos de saber, de acordo com Bourdieu12,13, esta pesquisa evidencia que a relação entre os campos não é apenas de conflito, mas de diálogo, sendo muitas vezes possível colocá-los em comunicação, a depender da disponibilidade ideológica dos sujeitos que deles fazem parte.
Perseguindo esse ponto de vista, compreende-se a participação da benzeção na saúde não como um empecilho ao saber e atuação da medicina convencional, mas como um recurso adicional na perspectiva da busca por respostas e por tentativas de restauração da saúde física, psíquica e social. Nesse sentido, a questão central é refletir sobre a religiosidade/espiritualidade no seu vínculo com a saúde como um processo e não como produto; é pensar a religiosidade/espiritualidade na sua dimensão dialógica com outras esferas da vida.

Conclusões
A benzeção é um ofício onde predominam mulheres de origem católica. É uma prática entendida enquanto tradição familiar que constitui a cultura popular religiosa brasileira, sendo transmitida de geração a geração, oralmente. É vista como um dom que não pode ser assumido por qualquer pessoa. A benzeção é gratuita e não deve ter horário restrito para atendimento. Trata-se de ação que envolve a fé de ambos sujeitos, a benzedeira e quem recebe a benzeção, para que funcione. Os instrumentos comumente utilizados nessa prática são a oração e o manejo de plantas.
A relação com a benzeção pode variar entre conflitos e diálogos/complementação. De acordo com as depoentes, o uso concomitante do saber científico e do saber popular/religioso não é visto como um problema, mas como uma solução. Os relatos que apontam o diálogo são mais perceptíveis e recorrentes nas falas dos diferentes sujeitos (benzedeiras, enfermeiros/as e usuários). Já o conflito é indicado quando a prática popular é usada em substituição ao tratamento médico. Considera-se que, em outros estudos, possam ser envolvidos profissionais que não se utilizam da benzeção de modo a explorar suas percepções e eventuais conflitos com a prática.
A benzeção é vista como saber, no sentido de possuir uma lógica própria de compreensão e racionalidade que, de alguma forma, funciona, considerando-se que existe um conhecimento específico de benzedeiras em relação a enfermidades para as quais o profissional de saúde não tem domínio. A evocação da benzeção como “ciência” feita por uma das participantes do estudo acena para a amplitude dos saberes populares e do quanto podem incidir em práticas de cuidado. Pontes e permeabilidades entre os saberes populares e o campo científico se efetivam nos movimentos de encaminhamento, tanto por parte de profissionais de saúde quanto por parte das benzedeiras.
Na perspectiva da “falta”, da não autossuficiência, tanto em relação a benzeção quanto em relação a medicina é que desponta o diálogo, a parceria. Assim, no contato entre os campos de saber não se estabelece apenas conflito, mas também diálogo. É possível perceber que a abertura dos sujeitos que deles fazem parte tem os colocado em comunicação. Nesse diapasão, o saber biomédico e o saber da benzeção, ainda que distintos e cumprindo funções específicas, podem ser aliados no processo saúde-doença-cuidado.

Financiamento: Pesquisa produtividade financiada pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) - PQ/UEMG.

Referências
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Assunção, L.M, Querino, R.A. CULTURA POPULAR E CUIDADO EM SAÚDE: PRÁTICAS DE BENZEÇÃO EM TERRITÓRIOS ATENDIDOS POR EQUIPES SAÚDE DA FAMÍLIA. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/dez). [Citado em 21/12/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/cultura-popular-e-cuidado-em-saude-praticas-de-benzecao-em-territorios-atendidos-por-equipes-saude-da-familia/19449?id=19449

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