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0257/2024 - Incapacidade funcional de mulheres e homens idosos com catarata autorreferida: modelagem de equações estruturais
Functional disability of older adult’s women and men with self-reported cataract: structural equation modeling

Autor:

• Neilzo Nunes Oliveira - Oliveira, N. N. - <neilzonunes@gmail.com>
ORCID: http://orcid.org/0000-0002-8581-5369

Coautor(es):

• Nayara Gomes Nunes Oliveira - Oliveira, N. G. N. - <nayara.gomes06@yahoo.com.br>
ORCID: http://orcid.org/0000-0003-4170-8761

• Darlene Mara dos Santos Tavares - Tavares, D. M. S - <darlene.tavares@uftm.edu.br>
ORCID: http://orcid.org/0000-0001-9565-0476



Resumo:

Objetivo: analisar os fatores associados, direta e indiretamente, à incapacidade funcional de mulheres e homens idosos com catarata. Métodos: estudo transversal desenvolvido entre 302 mulheres e 142 homens idosos com catarata autorreferida residentes em uma macrorregião de saúde de Minas Gerais. Realizou-se a modelagem de equações estruturais por meio da análise de trajetórias (p

Palavras-chave:

Idoso; Atividades cotidianas; Catarata; Modelos estatísticos.

Abstract:

Objetivo: analisar os fatores associados, direta e indiretamente, à incapacidade funcional de mulheres e homens idosos com catarata. Métodos: estudo transversal desenvolvido entre 302 mulheres e 142 homens idosos com catarata autorreferida residentes em uma macrorregião de saúde de Minas Gerais. Realizou-se a modelagem de equações estruturais por meio da análise de trajetórias (p

Keywords:

Idoso; Atividades cotidianas; Catarata; Modelos estatísticos.

Conteúdo:

Introdução
A catarata é a causa mais comum de diminuição da acuidade visual e cegueira reversível no mundo, e uma das doenças crônicas mais prevalentes na população idosa1. Há evidências da maior frequência de catarata senil no sexo feminino, e progressivamente em todas as faixas etárias a partir dos 45 anos de idade2. Revisão sistemática com metanálise demonstrou que a chance de cegueira relacionada à catarata foi 69% maior entre as mulheres em comparação aos homens2.
A catarata está relacionada ao aumento da morbimortalidade entre os idosos, devido ao maior risco de ocorrência de quedas, depressão e incapacidade funcional2-3. Entre idosos com catarata a prevalência de incapacidade funcional é elevada (71,3%)3, acometendo maior percentual de mulheres (58% a 77%), em relação a homens (23% a 42%)2,4-6. Revisão integrativa verificou que se associaram à incapacidade funcional entre idosos com catarata: a idade avançada; presença de morbidades; pior desempenho físico; inatividade física; número de componentes comprometidos do fenótipo de fragilidade; fatores relacionados à saúde ocular, como as piores acuidade visual e sensibilidade ao contraste; e aspectos vinculados à saúde mental, como os níveis de estresse e de ansiedade, sintomas depressivos e a menor conscienciosidade7.
Entretanto, são escassos os estudos que abordam os fatores explicativos da relação entre variáveis demográficas, de saúde e comportamentais com a incapacidade funcional de idosos com catarata, por meio de modelos previamente testados em análises de mediação7. Nesse cenário, a modelagem de equações estruturais (MEE) permite a análise simultânea da relação de dependência e interrelação de múltiplas variáveis. Além disso, estima efeitos diretos e mediados por outros fatores que integram a rede causal dos desfechos de interesse8.
Assim, objetivou-se verificar os fatores associados, direta e indiretamente, à incapacidade funcional dos idosos com catarata autorreferida, segundo o sexo.
Métodos
Tipo de estudo
Estudo transversal, que utilizou variáveis do banco de dados do projeto “Envelhecimento Ativo, Funcionalidade Global e Qualidade de Vida entre idosos da Microrregião de Saúde de Uberaba (MG)”, desenvolvido entre idosos residentes na área urbana de uma macrorregião de saúde em Minas Gerais (MG), composta por três microrregionais de saúde, totalizando 27 municípios, e habitada por 806.172 indivíduos, 15,6% dos quais com 60 anos ou mais de idade9.
População e amostra
Para a seleção da população, utilizou-se a técnica de amostragem por conglomerado em múltiplo estágio. Considerou-se no primeiro estágio, o sorteio arbitrário de 50% dos setores censitários de cada município da macrorregião de saúde, por meio de amostragem sistemática. O intervalo amostral (IA) foi calculado por meio da fórmula: IA=Ncs/ncs; onde Ncs é o número total de setores censitários e ncs o número setores censitários sorteados (IA ?2 em todos os municípios). No segundo estágio, para garantir a auto ponderação amostral foi fixado o número de idosos por setor, para tal calculou-se a quantidade de domicílios a ser selecionada proporcionalmente ao número total de idosos residentes nos 27 municípios cidades da macrorregião de saúde. Após, a quantidade de domicílios foi dividida pelo número de setores censitários, de tal forma que se obtendo-se um número semelhante de idosos a serem entrevistados dentro de em cada setor censitário. Por último, foi selecionado, aleatoriamente, o primeiro domicílio em cada setor censitário e os demais, de domicílio em domicílio, em sentido padronizado, até saturar a amostra do setor.
O cálculo do tamanho amostral, realizado a posteriori, considerou um coeficiente de determinação R² = 0,1 em um modelo de regressão linear múltipla com nove preditores, tendo como nível de significância ou erro do tipo I de ? = 0,05 e erro do tipo II de ? = 0,1, resultando, portanto, em um poder estatístico apriorístico de 90%. Por meio do aplicativo Power Analysis and Sample Size (PASS®), versão 13, introduzindo-se os valores acima descritos, obteve-se um tamanho de amostra mínimo de n = 370. Considerando uma perda de amostragem de 20%, o número final de tentativas de entrevista foi n = 444.
Foram incluídos no estudo, os idosos com 60 anos ou mais de idade, residentes na área urbana da macrorregião de saúde e que autorreferiram catarata. Excluíram-se aqueles com declínio cognitivo grave, avaliado pelo Miniexame do Estado Mental (MEEM)10, sem informante para responder o Questionário de Atividades Funcionais (PFEFFER)11 ou com escore final maior ou igual a seis pontos no Questionário de PFEFFER; sequelas graves de acidente vascular cerebral com plegia e afasia; doença de Parkinson em estágio grave ou instável autorreferida pelo idoso e/ou familiar.
Coleta de dados
A coleta dos dados foi realizada no domicílio, de maio de 2017 a junho de 2018, por meio de entrevista direta. Foram selecionados dez entrevistadores da área da saúde, os quais passaram por treinamento, capacitação e abordagem sobre questões éticas da pesquisa.
Os dados demográficos, econômicos, morbidades autorreferidas e a autoavaliação da saúde foram obtidos mediante a aplicação do questionário estruturado elaborado pelos membros do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva. A capacidade cognitiva foi avaliada por meio da aplicação do MEEM, traduzido e validado no Brasil10. O escore varia de 0 pontos, o qual indica maior grau de comprometimento cognitivo dos indivíduos, até 30 pontos, que por sua vez, corresponde a melhor capacidade cognitiva10.
Para análise dos sintomas depressivos utilizou-se a Escala de Depressão Geriátrica Abreviada (GDS-15), validada no Brasil, com escore total que varia de 0 a 15 pontos, sendo considerado indicativo de sintomas depressivos a pontuação maior que 5 pontos12. Para a MEE foi considerado o número de sintomas depressivos conforme respostas referentes às questões da GDS-15, assim, para cada resposta sim considerou-se um ponto. Na mensuração do desempenho físico utilizou-se a versão brasileira da Short Physical Performance Battery (SPPB) composta pela somatória da pontuação adquirida nos testes de equilíbrio, velocidade da marcha e levantar-se da cadeira cinco vezes consecutivas, com escore total que varia de 0 (incapacidade) a 12 (melhor desempenho) pontos13.
O comportamento sedentário foi determinado conforme o tempo sentado total, minutos/dia, por meio da média ponderada do tempo sentado em um dia de semana e um de final de semana, em conformidade com o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) adaptado e validado no Brasil14: [(tempo sentado em um dia de semana x 5 + tempo sentado em um dia de final de semana x 2) / 7]. Quanto maior o tempo sentado, maior o comportamento sedentário15.
A síndrome de fragilidade foi identificada por meio dos cinco componentes do fenótipo de fragilidade: (1) perda de peso não intencional; (2) autorrelato de exaustão e/ou fadiga; (3) diminuição da força muscular; (4) lentidão na velocidade de marcha; (5) baixo nível de atividade física16.
O primeiro componente foi avaliado pela pergunta: “No último ano, o senhor perdeu mais do que 4,5kg ou 5% do peso corporal sem intenção?”. O segundo, mensurado por duas questões da versão brasileira da escala de depressão do Center for Epidemiological Studies, itens 7 (“Sentiu que teve que fazer esforço para dar conta das suas tarefas habituais?”) e 20 (“Não conseguiu levar adiante suas coisas?”)17. Para o terceiro, utilizou-se a força de preensão manual, mensurada pelo dinamômetro hidráulico manual Jamar, modelo Saehan® (SH5001 – 973). Foram obtidas três medidas, apresentadas em quilograma/força (kgf), com um intervalo de um minuto entre elas, sendo considerados o valor médio e os pontos de corte ajustados pelo sexo e índice de massa corporal16.
No quarto componente, considerou-se o tempo de marcha (segundos). O idoso percorreu uma distância total de 8,6 metros, sendo os dois metros iniciais e finais desconsiderados para o cálculo do tempo gasto na marcha. Foram realizadas três medidas, considerando-se o valor médio e os pontos de corte ajustados pelo sexo e altura16.
O quinto foi medido pela versão longa do IPAQ para idosos14. Considerou-se ativos aqueles que despediam 150 minutos ou mais de atividade física semanal; e inativos entre 0 e 149 minutos18. Os idosos com comprometimento em três ou mais itens foram classificados como frágeis; em um ou dois pré-frágeis e sem comprometimento, não frágeis16.
Em relação à capacidade funcional, as atividades básicas da vida diária (ABVD) foram mensuradas por meio do Índice de Katz, adaptado à realidade brasileira e composto por seis itens que medem o desempenho do indivíduo nas atividades de autocuidado19. Para as atividades instrumentais da vida diária (AIVD), utilizou-se a Escala de Lawton & Brody, adaptada no Brasil, com pontuação que varia de 7 (maior nível de dependência) a 21 pontos (independência completa), categorizando o idoso em dependente total (7 pontos), parcial (8 a 20 pontos) e independente (21 pontos)20. As atividades avançadas da vida diária (AAVD) foram verificadas por intermédio da pela Escala de Atividades Avançadas da Vida Diária, composta por 13 perguntas de natureza social, com as opções de respostas: nunca fiz, parei de fazer e ainda faço21. Considerou-se o desempenho nas atividades em cada uma das escalas, sendo que as maiores pontuações para as ABVD e menores para as AIVD e AAVD indicaram maior incapacidade funcional.
Variáveis do estudo
As variáveis independentes estudadas foram as demográficas: faixa etária, em anos (60?70; 70?80; 80 ou mais; média dos anos completos de vida), escolaridade, em anos completos de estudo (nenhum; 1?5; 5 ou mais; média dos anos completos de estudo); as de saúde: morbidades autorreferidas (nenhum; 1?5; 5 ou mais; média do número de morbidades), desempenho físico (média do escore do SPPB), sintomatologia depressiva/indicativo de sintomas depressivos (sim e não; média do número de sintomas depressivos), capacidade cognitiva (média do escore do MEEM); autoavaliação da saúde (péssima, má, regular, boa, ótima), condição de fragilidade (não frágil; pré-frágil; frágil; média do número de componentes comprometidos do fenótipo de fragilidade); e a comportamental: comportamento sedentário (média do tempo despendido em comportamento sedentário). A variável dependente foi a capacidade funcional (média dos escores de ABVD; AIVD; AAVD).
Processamento e análise dos dados
No programa Excel® construiu-se o banco de dados eletrônico e realizou a dupla digitação. As inconsistências foram verificadas entre as bases de dados, e realizada a correção, quando necessária. As análises foram realizadas nos programas Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®), versão 24 e Analysis of Moment Structures (AMOS®), versão 24.
Os dados foram submetidos à análise descritiva por meio de frequências, absoluta e relativa, para as variáveis categóricas; e média e desvio padrão para as quantitativas. O modelo estrutural foi elaborado com base em uma revisão integrativa7. Assim, o modelo hipotético (Figura 1), composto por variáveis observadas, representadas por retângulos, e classificadas como endógenas e exógenas, foi testado por meio da análise de trajetórias (Path Analysis)8. Destaca-se que as variáveis endógenas recebem setas direcionais e são atribuídos erros de mensuração, especificado por “e” nos modelos8.
A partir do modelo hipotético (Figura 1), foram realizadas as etapas para a MEE8. Os parâmetros foram estimados pelo método da Máxima Verossimilhança e as qualidades de ajustes dos modelos foram avaliadas de acordo com a relação do Qui-quadrado (?²) e o grau de liberdade (gl) entre 1 e 2; Goodness of Fit Index (GFI) ? 0,95; Comparative Fit Index (CFI) ? 0,95; Tucker-Lewis Index (TLI) ? 0,90 e Root Mean Error of Approximation (RMSEA) ? 0,058. Inicialmente, o modelo hipotético foi testado; após, foram realizadas as reespecificações. Para tal, foram eliminadas as vias não significativas (p > 0,05) e realizados os cálculos dos índices de modificações (? 11)8.
(FIGURA 1)
Na análise de trajetórias, as variáveis independentes: idade (anos completos de vida); escolaridade (anos de estudo completos); morbidades autorreferidas (número); desempenho físico (escore total); capacidade cognitiva (escore total MEEM); sintomas depressivos (número); fragilidade (número de componentes comprometidos do fenótipo); comportamento sedentário (tempo, em min/dia, empregado em tal comportamento) foram utilizadas na forma quantitativa. A variável latente, capacidade funcional, foi composta pelos escores das ABVD, AIVD e AAVD.
As associações diretas foram apresentadas por meio das estimativas dos coeficientes padronizados nas trajetórias entre as variáveis demográficas, de saúde e comportamental e a incapacidade funcional para as ABVD, AIVD e AAVD. As indiretas foram determinadas a partir de trajetórias intermediárias entre as variáveis supracitadas. Os coeficientes padronizados indiretos foram obtidos por meio da multiplicação dos coeficientes das trajetórias diretas entre as variáveis, sendo a significância avaliada com o Teste de Goodman. Em todos os testes, foi fixado o erro tipo I em 5% (valor p<0,05).
Aspectos éticos
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos, CAAE nº 65885617.8.0000.5154. As entrevistas foram realizadas após a anuência dos idosos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados
Entrevistaram-se 460 idosos, que autorreferiram catarata, dos quais 16 apresentaram declínio cognitivo. Assim, a amostra final foi composta por 444 idosos, que foram divididos em dois grupos, sexo feminino (n = 302) e masculino (n = 142).
Entre os idosos com catarata autorreferida (n = 444), predominaram em cada um dos grupos, sexo feminino e masculino, respectivamente: a faixa etária de 70?80 anos (46,0% e 47,9%), 1?5 anos de estudo (56,0% e 60,6%), presença de 5 ou mais morbidades autorreferidas (91,7% e 71,1%), ausência de indicativo de sintomas depressivos (68,2% e 84,5%), e pré-fragilidade (44,7% e 54,2%) (Tabela 1).
Todavia, os grupos divergiram em relação ao desempenho físico (39,7% moderado entre idosas e 44,4% bom entre homens idosos) e à autoavaliação de saúde (44,7% regular no sexo feminino e 43% boa no masculino) (Tabela 1).
As características demográficas, econômicas e de saúde estão apresentadas na Tabela 1.
(TABELA 1)
As médias e o desvio padrão das variáveis quantitativas incluídas no modelo, segundo o sexo dos idosos residentes na área urbana de uma da macrorregião de saúde de Minas Gerais, estão descritos na Tabela 2.
(TABELA 2)
Observou-se, em ambos os grupos, mulheres e homens idosos, que a menor capacidade cognitiva (p<0,001; p=0,001, respectivamente) e o maior número de componentes comprometidos do fenótipo de fragilidade (p<0,001; p<0,001) associaram-se diretamente à incapacidade funcional (Tabela 3).
Verificou-se também, entre homens idosos, a associação direta à incapacidade funcional do maior número de sintomas depressivos (p<0,001). Entre as idosas, associaram-se diretamente à incapacidade funcional o pior desempenho físico (p<0,001), e o maior comportamento sedentário (p<0,001) (Tabela 3).
Verificou-se, também, que o maior número de sintomas depressivos (p<0,001) entre homens idosos, e o pior desempenho físico (p<0,001), e o maior comportamento sedentário (p<0,001) entre as idosas, associaram diretamente à incapacidade funcional (Tabela 3).
A menor capacidade cognitiva mediou, entre mulheres e homens idosos, a associação indireta da menor escolaridade com a incapacidade funcional (? = 0,18; ? = 0,13, respectivamente) (Tabela 3).
Entre as idosas, a maior idade e o maior número de sintomas depressivos associaram-se indiretamente à incapacidade funcional mediados pelo pior desempenho físico (? = -0,08; ? = -0,12, respectivamente), pelo maior número de componentes comprometidos do fenótipo de fragilidade (? = -0,03; ? = -0,03, respectivamente) e pelo maior comportamento sedentário (? = -0,02; ? = -0,05, respectivamente) (Tabela 3).
Entre os homens, associaram-se indiretamente à incapacidade funcional: o pior desempenho físico, mediado tanto pela menor capacidade cognitiva (? = 0,07) quanto pelo maior número de componentes comprometidos do fenótipo de fragilidade (? = 0,26); já este e o maior número de sintomas depressivos foram mediadores da associação do desfecho com o maior número de morbidades autorreferidas (? = -0,09; ? = -0,06, respectivamente). O maior número de sintomas depressivos também mediou a associação da maior idade com a incapacidade funcional (? = -0,08) (Tabela 3).
(TABELA 3)
A Figura 2 apresenta os modelos com os efeitos diretos e indiretos de variáveis demográficas, de saúde e comportamental sobre a incapacidade funcional segundo sexo de idosos com catarata autorreferida residentes em uma macrorregião de saúde de Minas Gerais.
(FIGURA 2).
Discussão
Evidenciou-se, no atual estudo, que independentemente do sexo, o maior número de componentes comprometidos do fenótipo de fragilidade e a menor capacidade cognitiva associaram-se diretamente ao desfecho. Por sua vez, o maior número de sintomas depressivos associou-se diretamente à incapacidade funcional entre os homens com catarata; enquanto o maior comportamento sedentário e o pior desempenho físico o fizeram entre as idosas com a referida condição.
A associação direta entre a menor capacidade cognitiva e a incapacidade funcional, em idosos com catarata de ambos os sexos, corrobora estudo prévio4. Há evidências da predisposição, em idosos, ao surgimento de catarata e outras morbidades, e aos declínios funcional e cognitivo4. O já que o comprometimento sensorial, a exemplo da visão, pode mediar possíveis efeitos adversos do envelhecimento sobre a capacidade cognitiva, possivelmente devido à privação sensorial, a qual pode que gerar maior impacto na função cerebral via diaschisis. Tal conceito que sugere que o dano cerebral focal (como em áreas sensoriais) são é capazes de afetar regiões cerebrais distintas e mais distantes do que aquela acometida incialmente22.
A pior função visual também dificulta a interação social e o desempenho nas atividades da vida diária (AVD) 23, fato que pode piorar o desempenho cognitivo ao favorecer o isolamento social23. Além disso, são conhecidos os efeitos positivos da cirurgia de catarata na melhora das capacidades cognitiva e funcional24. Logo, profissionais de saúde devem considerar o tratamento da catarata como útil este aspecto para a melhora de aspectos cognitivos cognição entre idosos.
Em linha com outros estudos envolvendo idosos com catarata Consoante a outro estudo5, a presente pesquisa verificou, em ambos os sexos, a associação direta do maior número de componentes comprometidos do fenótipo de fragilidade com a incapacidade funcional. É conhecida a A referida associação da síndrome de fragilidade com a incapacidade funcional entre idosos34, por meio pode ser decorrente da redução da reserva orgânica homeostática e tendência à sarcopenia, com aumento da vulnerabilidade do indivíduo a estressores ambientais16. Há igualmente tendência ao desenvolvimento de pré-fragilidade e fragilidade entre idosos com problemas visuais25, o que sugere que doenças oculares relacionada à senilidade, como a catarata, possivelmente estejam associadas à síndrome de fragilidade5.
Especificamente entre homens idosos com catarata, estudo prévio26 e o atual identificaram associação direta entre o maior número de sintomas depressivos e a incapacidade funcional. Sabe-se Destaca-se que a catarata é causa relevante de cegueira, e que tanto a baixa acuidade visual tem potencial de causar sofrimento psíquico e depressão27, quanto a cirurgia de catarata pode reduzir o número de manifestações de depressão entre idosos, principalmente nos homens, quando comparados às mulheres28. Os sintomas depressivos potencialmente comprometem a capacidade de performar as AVD5, já que a execução destas atividades depende do bom funcionamento do humor e outros sistemas funcionais.
A pesquisa em tela evidenciou associação direta entre o pior desempenho físico e a incapacidade funcional em idosas com catarata, em linha com prévias investigações5,29, que também mostraram melhora no desempenho físico de idosas após a facectomia29. possivelmente porque A baixa acuidade visual gera piora no balanço corporal, na estabilidade postural e na mobilidade, predispondo a idosa à incapacidade funcional29.
Na associação direta do comportamento sedentário com a incapacidade funcional entre idosas com catarata, estudos precedentes é validado se observou que mulheres adultas com comprometimento visual, sobretudo aquelas com mais de 50 anos de idade, exibiram, em estudos precedentes, maiores níveis de sedentarismo do que aquelas com visão normal30, e que as chances de declínio funcional foram maiores entre mulheres com mais de 85 anos de idade e maior comportamento sedentário, comparadas àquelas sem tal comportamento31. Portanto, considerando-se que o envelhecimento é impactado pela relação entre a incapacidade funcional e o comportamento sedentário, deve-se entre idosos fomentar mudanças de hábitos, menor comportamento sedentário e estímulo à prática de atividades físicas, das quais baixos níveis estão associados a maior risco, e altos níveis a menor risco de desenvolvimento de catarata32, afora atividades físicas serem mais praticadas após a cirurgia de facectomia32.
O atual estudo também verificou a associação indireta, mediada pela pior capacidade cognitiva, da menor escolaridade com a incapacidade funcional, entre mulheres e homens idosos com catarata. Investigação observou que entre idosos analfabetos obervou que estes têm maiores chances de desenvolver catarata visualmente significativa em relação àqueles alfabetizados33. Também verificou-se, em idosos, associação direta do menor nível de escolaridade com maior prevalência de comprometimento cognitivo34. Portanto Assim, a escolaridade apresenta-se como fator modificável essencial na assistência atenção ao idoso, com impacto na prevalência de catarata, no acesso e êxito do tratamento desta, e na manutenção
da capacidade funcional dessa população.
Em relação à associação indireta entre a maior idade e a incapacidade funcional nas idosas, mediada pelo pior desempenho físico, observa-se que os longevos apresentam menor performance física em relação aos mais jovens35. O agravo do sexo feminino condiz com estudo5 em que as mulheres exibiram piores pontuações nos testes de desempenho físico, em especial aquelas com maior idade35. Ademais, a redução da acuidade visual, imposta pela catarata, pode perturbar comprometer o equilíbrio e a mobilidade, e, assim, predispondo ao declínio funcional6.
Tal qual o desempenho físico, o maior número de componentes comprometidos do fenótipo de fragilidade também mediou a associação indireta supracitada. Idosas têm maior propensão para o desenvolvimento de sarcopenia, fatores de risco intrínsecos para o surgimento da síndrome de fragilidade5. Revisão integrativa observou que o maior número de componentes comprometidos do fenótipo de fragilidade pode ter efeito nocivo na capacidade funcional do idoso com catarata7. Entretanto, cabe destacar que a atividade física, ao propiciar a melhora da mobilidade e da força muscular, pode reverter esse essa tendência à fragilização no idoso46, e atenuar o declínio funcional32.
O comportamento sedentário também mediou a associação entre a maior idade das idosas e a incapacidade funcional. Sabe-se que há Investigação observou maior chances de declínio funcional mais elevadas em mulheres com mais de 85 anos ou mais de idade que se mantém sentadas por 10 horas diárias, quando comparadas àquelas que ficam tempos inferiores a cinco horas diárias31. O envelhecimento está relacionado a declínio nas funções sensoriais, principalmente a visual29, o que pode prejudicar a participação das idosas em atividades sociais e físicas, e favorecer o comportamento sedentário6,29. A relação entre o comportamento sedentário e a incapacidade funcional afeta o processo de envelhecimento e, por isso, a mudanças desse hábitos, com redução no tempo gasto em comportamento sedentário, e o fomento à prática de atividade física regular têm papel essencial na manutenção da independência e autonomia entre dos idosos, e contribuem para melhor qualidade de vida29.
A catarata não compromete somente as condições físicas, mas também o aspecto mental dos idosos, favorecendo distúrbios psicológicos36. No atual estudo, entre as idosas com catarata, o maior número de sintomas depressivos, mediado pelas condições físicas e comportamental citadas anteriormente, associou-se indiretamente à incapacidade funcional. A performance nas AVD depende da integridade de sistemas funcionais como o humor, e os seus transtornos neste, como a sintomatologia depressiva, são mais frequentes nas idosas37 e associam-se à incapacidade funcional38. Da mesma forma, essa condição também afeta idosas com prejuízos na visão27,37, que é componente relacionado ao desempenho físico, mobilidade, independência e autonomia7.
Quanto à associação indireta entre o maior número de sintomas depressivos e a incapacidade funcional nas idosas, mediada pelo pior desempenho físico, destaca-se que este29 e a sintomatologia depressiva37 são mais frequentes entre as idosas com catarata, da qual o desenvolvimento vincula-se ao envelhecimento biológico4,6-7 e podem afetar a independência e a autonomia das idosas7.
Tais quais o pior desempenho físico e a sintomatologia depressiva, a síndrome de fragilidade, que também mediou a associação indireta supracitada, é mais frequente entre as idosas5. Achados da literatura revelam que os idosos com sintomas depressivos possuem maior risco de desenvolverem fragilidade39. A presença de sintomas depressivos compromete o envolvimento social, piorando a condição de fragilidade39, e consequentemente, o declínio funcional7,39, cenário mais evidente entre idosos com catarata7. Assim, a prática clínica deve identificar a sintomatologia depressiva e a síndrome de fragilidade entre as idosas com catarata, devido aos impactos negativos na qualidade de vida e na capacidade funcional dessa população7,39. Além disso, na compreensão da sintomatologia depressiva entre idosas com catarata, é fundamental considerar questões comportamentais de saúde, pois estas também aumentam a suscetibilidade ao declínio funcional7,40.
O envelhecimento traz alterações fisiológicas frequentemente acentuadas pela presença de doenças crônicas, algumas passíveis de prevenção e tratamento5, como a sintomatologia depressiva. No atual estudo, no grupo dos homens idosos, a referida condição mediou a associação indireta entre a maior idade e a incapacidade funcional. A catarata senil4,6-7, declínio funcional5,7 e a sintomatologia depressiva são condições relacionadas ao avanço da idade, esta última marcadamente entre homens41. Especificamente entre aqueles com catarata, a baixa acuidade visual pode ocasionar sofrimento psíquico24,27-28, e consequentemente, incapacidade funcional5,7,26. Assim, é necessário identificar, nos homens com idade avançada, mais vulneráveis a essas condições, aspectos funcionais, sociais e emocionais relacionados à preservação da autonomia e da independência, para redução do risco de desfechos negativos causados pela sintomatologia depressiva e catarata.
Além da maior idade, no grupo dos homens idosos, a sintomatologia depressiva mediou a associação entre o maior número de morbidades autorreferidas e a incapacidade funcional. A multimorbidade pode implicar em limitações funcionais que afetam a realização das atividades referentes à vida pessoal, social ou no trabalho, contribuindo para o surgimento de transtornos de humor, como a sintomatologia depressiva42. Na Investigação realizada entre idosos que estavam nas listas de espera de aguardavam a cirurgia de catarata verificou prevalência de sintomas depressivos de 28,6%, e a baixa acuidade visual e maior número de morbidades foram associados aos sintomas depressivos43. Também, tanto a sintomatologia depressiva quanto os problemas de visão, como a catarata, estão foram associadas ao declínio funcional7.
Entre os homens idosos, houve associação indireta, mediada pelo maior número de componentes comprometidos do fenótipo de fragilidade, entre o maior número de morbidades autorreferidas e a incapacidade funcional. A redução da acuidade visual, como acontece presente em pacientes com catarata, e a presença de multimorbidade são fatores de risco para comprometimentos de autonomia e independência entre idosos44.
Estudo identificou associação entre a severidade da opacificação cristaliniana e a pior condição de fragilidade45, já que, possivelmente, a catarata senil e a fragilidade partilham um fator de risco comum: mudanças qualitativas estruturais, relacionadas ao envelhecimento, em proteínas tanto no cristalino quanto na musculatura esquelética45. Logo, a dificuldade visual26, a multimorbidade e a síndrome de fragilidade são comprovadamente associados à incapacidade funcional7,26 e devem ser observados na assistência atenção ao homem idoso com catarata.
Ademais, a capacidade cognitiva também mediou, no grupo dos homens idosos, a associação entre o pior desempenho físico e a incapacidade funcional. O prejuízo nas percepções de superfícies, de distância e contraste, ocasionadas pela catarata, afetam a mobilidade, o equilíbrio e o desempenho físico dos idosos29. Tais condições contribuem para as alterações da performance física dos idosos e, consequentemente, favorecem a incapacidade funcional29. Portanto, a compreensão da relação do desempenho físico e a capacidade cognitiva de homens idosos com catarata pode auxiliar na identificação de marcadores pré-clínicos em avaliações diagnósticas para intervenções direcionadas à promoção capacidade funcional nessa população.
Nessa pesquisa, o maior número de componentes comprometidos do fenótipo de fragilidade mediou, no grupo masculino, a associação entre o pior desempenho físico e a incapacidade funcional. Revisão sistemática evidenciou que a fragilidade pode associar-se, em homens idosos, à sarcopenia, a qual gera diminuição da força e da qualidade da contração muscular e coordenação dos movimentos40, e se coexistente com a catarata8, podem predispor os idosos à síndrome de fragilidade e ao pior desempenho físico7 gerando incapacidade funcional e aumento do risco de mortalidade40.
A pesquisa apresenta, como limitações, as condições autorreferidas do diagnóstico de catarata, de morbidades e do tempo dispendido em comportamento sedentário, pois o autorrelato envolve o risco de viés de informação, no presente estudo representado pela dependência da memória dos participantes ao responder ao questionário padronizado. Além disso, há a ausência de variáveis ligadas à participação social e elementos ambientais, já que potencialmente atuam como barreiras ou facilitadores na execução de AVD; e a inclusão de idosos com declínio cognitivo ampliaria o entendimento também entre esse segmento populacional.
Adicionalmente, novas pesquisas longitudinais e multicêntricas, e amostras representativas dos idosos nos diversos estados brasileiros, podem identificar a presença de outras causalidades, e associações além das verificadas no atual estudo.
Conclusão
Conclui-se que independentemente do sexo, a incapacidade funcional está associada à pior capacidade cognitiva e à síndrome de fragilidade; especificamente nas idosas, o desfecho associou-se às condições físicas e comportamentais; nos homens, à presença de sintomas depressivos.
O estudo amplia o conhecimento acerca dos fatores associados à incapacidade funcional em idosos com catarata, apresentando as diferenças entre os sexos, e , assim, propicia a criação de políticas assistenciais e planos de cuidado mais eficazes, atentos a elementos de maior relevância para cada um destes segmentos populacionais.
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Oliveira, N. N., Oliveira, N. G. N., Tavares, D. M. S. Incapacidade funcional de mulheres e homens idosos com catarata autorreferida: modelagem de equações estruturais. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/jul). [Citado em 22/12/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/incapacidade-funcional-de-mulheres-e-homens-idosos-com-catarata-autorreferida-modelagem-de-equacoes-estruturais/19305?id=19305

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