0203/2025 - “Todo mundo tem vergonha de dizer que transa”: interdições no acesso de jovens aos serviços de prevenção à HIV/aids no distrito de Grajaú, São Paulo.
“Everyone is embarrassed to say they have sex”: interdictions in young people's access to HIV/AIDS prevention services in the district of Grajaú, São Paulo.
Autor:
• Elisabete Agrela de Andrade - Andrade, EA - <elisabeteagrela1@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5335-5417
Coautor(es):
• Hevelyn Rosa - Rosa, H - <hevelynconceicao@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2778-1690
• Adriano Queiroz da Silva - Silva, AQ - <queiroz.ad@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0005-6153-5855
• Elaine dos Santos Souza - Souza, ES - <elaine.santossouza@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0007-5724-403X
• Maria Izabel Sanches Costa - Costa, MIS - <belcost@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9117-5089
• Maria Cristina Trousdell Franceschini - Franceschini, MCT - <cris_franceschini@yahoo.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0472-4861
• Marco Akerman - Akerman, M - <marco.akerman@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1522-8000
Resumo:
O artigo tem por objetivo problematizar o acesso dos jovens aos serviços de prevenção de HIV/aids. Nos últimos anos, novas estratégias de prevenção ao HIV/aids foram disponibilizadas na rede pública de saúde. Em contrapartida, dados epidemiológicos apontam que jovens são afetados desproporcionalmente pelas epidemias de IST, HIV e sífilis no Brasil. Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa, realizado em um bairro periférico da cidade de São Paulo. Utilizaram-se três técnicas de coleta de dados: inquérito eletrônico, entrevistas semiestruturadas e grupos focais, direcionadas a jovens entre 17 e 24 anos. Os resultados evidenciam um descompasso entre a oferta de prevenção e o acesso dos jovens decorrente de ruídos no acesso à informação e da compreensão da temática relacionar-se a um tema considerado tabu. Conclui-se que a qualidade e a confiabilidade das informações somadas à moralização acerca da vivência da sexualidade, sobretudo de jovens, interferem no acesso às tecnologias de cuidado.Palavras-chave:
HIV; juventude; acesso à informação; sexualidade; prevenção.Abstract:
The article aims to problematize young people's access to HIV/aids prevention services. In recent years, new HIV/aids prevention strategies have become available in the public health network. On the other hand, epidemiological data shows that young people are disproportionately affected by the STI, HIV and syphilis epidemics in Brazil. This is a case study with a qualitative approach, conducted in a peripheral neighborhood in the city of São Paulo. The data was collected using three techniques: an electronic survey, semi-structured interviews and focus groups, with young people aged between 17 and 24. The research found that there is a mismatch between the availability of prevention and access by young people, due to the lack of access to information and the fact that the subject is considered taboo. The conclusion is that the quality and reliability of the information, together with the moralization of the experience of sexuality, especially among young people, interfere with access to care technologies.Keywords:
HIV; youth; access to information; sexuality; prevention.Conteúdo:
Nos últimos anos, surgiram novas estratégias de prevenção a HIV/aids como as profilaxias pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP) ao HIV, e o conhecimento sobre a intransmissibilidade do vírus por pessoas vivendo com HIV que estão em tratamento antirretroviral (TARV) e indetectáveis a mais de seis meses1. Com relevante potencial de impacto, essas estratégias mostram-se capazes de reduzir novas infecções, a circulação do vírus e a mortalidade pela doença2. Entretanto, a desaceleração das taxas de novas infecções no Brasil segue abaixo do esperado. Em países como Botsuana, Camboja e Zimbábue, cujas políticas combinam evidências científicas, enfrentamento de desigualdades, financiamento estável e fortalecimento da sociedade civil, as taxas têm apresentado quedas sistemáticas3.
As tendências globais demonstram que outras perspectivas são necessárias para melhor compreender a transição da epidemia e avançar seu enfrentamento. A redução das taxas de novas infecções de HIV requer foco na prevenção primária e remoção de barreiras de acesso a serviços e programas de prevenção, através de estratégias que priorizem uso de evidências, participação comunitária e garantia de direitos com foco em populações/territórios e ações centradas em pessoas3.
Diversos desafios relacionam-se ao cuidado ao HIV/aids na atenção básica no Brasil como questões de ordem ética, institucional, técnica, política e moral4,5. Entre elas: a descontinuidade de ações, em particular de grupos vulnerabilizados, baixa eficácia de ações preventivas, desigualdades sociais, pouco conhecimento sobre estratégias efetivas de comunicação, falta de monitoramento das ações e construções sociais de raça e gênero6,7. Assim, conhecer a perspectiva de usuários e de profissionais de saúde sobre a prevenção ao HIV pode contribuir para aprimorar modelos e processos de cuidado.
Especialmente quanto à população jovem, há a tendência de aumento dos índices de novas infecções de HIV, sobretudo em países em desenvolvimento como o Brasil8. Esse grupo tem apresentado queda no uso de preservativo, mas também se identifica uma demanda crescente por serviços de saúde9. Ademais, jovens são afetados desproporcionalmente pelas epidemias de IST, HIV e sífilis no país8, o que indica a necessidade de ampliar a compreensão sobre a diversidade juvenil e o contexto em que está inscrita.
Dados recentes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), ressaltam a importância de priorizar a população jovem nas ações de prevenção. Entre 2020 e 2023, o número de casos de infecção pelo HIV aumentou 24,1%. Quanto ao perfil dos casos, 70,7% do sexo masculino, 63,2% eram de pessoas negras (49,7% de pardos e 13,5% de pretos). As faixas etárias mais afetadas incluem jovens de 15 a 24 anos (23,2%) e adultos de 25 a 34 anos (34,9%), sendo 16.134 casos (34,7%) na região sudeste10.
Este artigo tem por objetivo compreender como jovens do distrito do Grajaú, em São Paulo, percebem e experienciam o acesso às informações e aos serviços de prevenção ao HIV/aids. Visa contribuir para a reflexão sobre essa dinâmica, na qual por um lado está disponível um potente conjunto de medidas preventivas e por outro, identificam-se barreiras de acesso de jovens aos serviços de saúde. Utilizando dados de uma pesquisa realizada no bairro do Grajaú, na cidade de São Paulo, buscou-se identificar os pontos críticos dessa relação, a partir da percepção de jovens acerca do seu acesso às tecnologias de cuidado e prevenção de HIV/aids.
As tecnologias de prevenção do HIV
A cidade de São Paulo apresentou, em 2023 - pelo quinto ano consecutivo -, diminuição de novos casos de HIV após a implementação do tratamento oferecido a todas as pessoas vivendo com HIV/aids e com a ampliação do acesso a PrEP e PEP2.
Em 2014, no momento de transição para o atual cenário da epidemia de HIV/aids, foi realizada a Pesquisa de Conhecimento, Atitudes e Práticas na população residente no município de São Paulo (PCAP) com 4.318 pessoas, de 15 a 64 anos de idade. Os resultados mostraram que o preservativo externo é altamente conhecido, mas TARV e a PEP eram menos familiares11.
Apesar do foco dessas tecnologias voltar-se às populações mais vulneráveis ao HIV - gays e homens que fazem sexo com homens, mulheres trans e travestis, profissionais do sexo e pessoas usuárias de drogas - a população jovem é considerada prioritária para o Ministério da Saúde (MS). São também prioritárias as populações: negra, em situação de rua, e indígena.
No primeiro protocolo clínico da PrEP, lançado em 2018 pelo MS, embora não exclusiva, a sua indicação prioritária era para alguns segmentos populacionais (gays, homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e travestis, profissionais do sexo e casais sorodiferentes). Com as atualizações de 2022, a PrEP torna-se indicada a qualquer pessoa que tenha exposição de risco acrescida ao HIV, apesar de um esforço maior para que seja conhecida e acessada pelas populações mais vulneráveis. Também incluiu-se a liberação da prescrição de PrEP para adolescentes com 15 anos ou mais e a modalidade de uso sob demanda12. O município de São Paulo, seguindo as diretrizes nacionais estabelecidas pelo MS, incorporou essas orientações aos seus protocolos locais de prevenção e cuidado.
O uso da PrEP entre adolescentes e jovens tornou-se uma necessidade global. O estudo PrEP1519 revelou que adolescentes menores de 18 anos têm pouco conhecimento sobre PrEP e PEP13,14. Destaca-se a importância de estratégias ativas de recrutamento, que utilizem linguagem acessível, contem com equipes acolhedoras e reconheçam a diversidade dos contextos juvenis, para ampliar o acesso, o vínculo e a adesão à prevenção do HIV15.
Outro estudo evidenciou que muitos jovens têm conhecimento limitado sobre as novas tecnologias de prevenção, como PrEP e PEP; alguns desconhecem essas estratégias ou não sabem onde e como acessá-las. Além disso, a tecnologia da informação disponível não tem sido suficiente para combater o avanço do conservadorismo e a falta de políticas eficazes voltadas para a prevenção do HIV entre os jovens16.
As barreiras de acesso às novas tecnologias
No início da década de 1980, a aids foi chamada por setores conservadores da sociedade de “câncer gay” ou “peste gay”. Nesta concepção, a doença foi vista como uma possibilidade de punir e extinguir essa população. Por estar relacionado à transmissão sexual, o contágio dependeria somente da vontade do sujeito, que assume comportamentos entendidos como perigosos, irresponsáveis ou perversos, gerando, consequentemente, experiências de discriminações e perseguições. Essa linguagem metafórica intensificou o estigma ao reforçar estereótipos de desvio e culpa e é construído socialmente por meio de discursos que servem a interesses excludentes. Não se trata apenas de avanços biomédicos, mas também uma transformação no modo como a sociedade compreende e se relaciona com a aids e com os que vivem com ela17.
Os êxitos na resposta ao HIV no Brasil convivem com uma dupla tensão entre o que chamam de “fazer viver” - a ampliação de ofertas de exames e medicações - e o “deixar morrer” - o reforço ao estigma e à discriminação18. Há o avanço sistemático na produção de estratégias de prevenção e tratamento, porém ainda não se ultrapassou o obstáculo do preconceito. O fazer viver e deixar morrer é perceptível na relação entre HIV e população adolescente, uma vez que são ofertadas ações, porém se mantém as dificuldades em estabelecer debates sobre sexualidade e juventudes18.
Embora existam estratégias altamente eficazes (como a prevenção combinada), há barreiras complexas para o enfrentamento do HIV, como o estigma e o preconceito, que impactam o contato da população com os serviços de prevenção e a adesão ao tratamento. Inclui-se ainda o acesso limitado à informação e a serviços de saúde adequados, especialmente em regiões mais vulnerabilizadas18.
Os resultados desta pesquisa demonstram que há desconhecimento das tecnologias de prevenção, tanto por jovens como por profissionais de saúde19,5. Nossa hipótese é de que apesar da disponibilidade de diferentes tecnologias de enfrentamento à epidemia, o acesso às estratégias de prevenção ao HIV está marcado pela estigmatização do tema.
Materiais e métodos
Pesquisa de abordagem qualitativa, com delineamento de estudo de caso, uma estratégia adequada para investigar fenômenos contemporâneos dentro de seu contexto real 20. Os dados utilizados são oriundos da pesquisa [título da pesquisa extraído para avaliação cega], realizada entre 2020 e 2023 por uma parceria entre [extraído para avaliação cega], financiada pelo [extraído para avaliação cega]. O objetivo do projeto era compreender as barreiras e potencialidades para o acesso aos serviços de saúde a partir da percepção de jovens, em territórios de alta vulnerabilidade do município de São Paulo.
O Grajaú, na cidade de São Paulo, é um distrito periférico situado no extremo sul da cidade, com aproximadamente 360.787 habitantes em uma área de 91 km². Essa região foi selecionada após consulta com parceiros do Programa IST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde e com base nos seguintes critérios: (1) indicadores de vulnerabilidade; (2) alta população juvenil e (3) existência de coletivos e movimentos sociais organizados relacionados com juventude e sexualidade.
Na primeira etapa, realizou-se a aproximação ao território por meio de bate-papos virtuais com líderes e atores locais para conhecer as ações realizadas no Grajaú no campo da saúde e da juventude. Contataram-se coletivos juvenis, equipamentos de saúde e educação, e agentes de prevenção do território.
Os dados foram levantados a partir de três técnicas: inquérito eletrônico, entrevistas semiestruturadas e grupos focais. A Tabela 1 descreve os instrumentos e metodologias empregadas e a Tabela 2, o perfil sociodemográfico dos participantes da pesquisa.
Tab. 1
A análise dos dados qualitativos foi fundamentada na teoria grounded21. Com o uso do software Nvivo, os dados foram categorizados em macro-códigos: barreiras de acesso; conhecimento sobre HIV; percepção sobre prevenção; percepção sobre comportamento de risco; percepção sobre acesso à informação, e percepção sobre acesso aos serviços.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo - SMS/SP, sob parecer 4.077.563, CAAE: 30409020.4.3001.0086. Os participantes foram identificados por código alfanumérico.
Resultados e discussão
Os resultados são apresentados em dois eixos: 1) falta de acesso à informação por parte dos jovens; e 2) compreensão da temática como tabu. Como a construção de diálogos entre a ciência e o território é permeada por estigmas e preconceitos, pode-se identificar um afastamento entre esses dois pólos. Em outras palavras, por não reconhecer a sexualidade juvenil, instâncias como o Estado, a ciência, os serviços de saúde e as famílias propõem uma comunicação repleta de vieses e marcada por discurso moral, produzindo acesso deficitário à informação qualificada.
Acesso à informação – “Eu achava que coquetel era um suco batido”
O acesso às informações sobre HIV é influenciado por diferentes fatores como educação, cultura, acesso à tecnologia e políticas de saúde pública. Os principais canais informativos mencionados foram: a educação sexual nas escolas, o uso de internet e mídias sociais, campanhas públicas e eventos de conscientização, conversas entre amigos e familiares.
O inquérito apontou que os jovens buscam informações sobre HIV/aids na internet (39%), na escola (34%), com profissionais da saúde (24%) e com familiares (20%). Já as entrevistas indicam que as principais fontes são a escola e a família:
Na escola eu aprendi isso A professora falou bem pouco, não tinha uma informação de qualidade, de falar ‘nossa, sabe, tratar a coisa com mais naturalidade’. Não só na escola né, porque é um conjunto. Em casa têm pais que são bem conservadores, não conversam sobre. Eu acho que não é uma questão que só o sistema pode resolver. É de pessoas, é dentro de casa, na escola, no ambiente onde você convive (Entrevista - participante B, mulher).
Han22 afirma que vivemos uma sociedade de infomaníacos, com uma tendência crescente de procura por informações, entretanto o autor questiona se essa busca tem gerado efetiva construção de conhecimento. As falas dos jovens indicam que os canais de informação sobre a prevenção de HIV não se mostram suficientes, não geram sentido ou conhecimento de forma relevante. Desse modo, interroga-se qual conteúdo se apresenta e de que forma ele é tratado nos círculos habitados pelas juventudes.
Leal e Coêlho23 questionam se realmente há falta de informação sobre o tema ou se a questão reside na abordagem, visto que as propostas de educação sexual hegemônicas reproduzem um discurso moralista e não proporcionam um espaço de diálogos francos e abertos. Segundo os autores, para que tais propostas sejam eficazes, faz-se necessário incorporar intervenção com acolhimento, reconhecendo o protagonismo dos sujeitos, e integrando valores sociais e representações de saúde e de doença sensíveis aos modos específicos de condutas dos sujeitos em contextos determinados.
Eu acho que não tendo tanta informação assim no que a pessoa pode atingir, sabe, achar que é só uma DST e está tudo bem, ou às vezes ela nem sabe o quanto isso pode agravar na vida dela” (Entrevista - participante F, mulher).
A diversidade de tecnologias de prevenção é pouco conhecida entre os jovens ouvidos. A escassa e superficial comunicação sobre sexualidade nas escolas e famílias tem um viés moralizante que define o que é necessário saber e o modo como se dará esse aprendizado. Destaca-se o esforço em organizar a forma como se fala, se pensa e se vive o sexo, buscando controlar o modo como as pessoas percebem a si mesmas e aos outros em referência às suas vivências sexuais24. Nessa dinâmica, a busca por conhecimento pode ser taxada como imprópria, fazendo com que circulem informações incompletas ou desatualizadas:
Eu vou ser bem sincero, de prevenção de HIV basicamente só [conheço] a camisinha. Eu sei que existe o coquetel, mas não sei como falar, não sei como funciona, até um tempo atrás eu pensava que era um coquetel mesmo, um suco que era batido (Entrevista - participante A, homem).
Eu não tive muito acesso [à informação em casa, com a família]. Era exatamente como estou te falando, foi um tabu, não foi conversado. Não era conversado até porque na cabeça é assim: a gente nem precisa falar, não vai acontecer (Entrevista - participante A, homem).
Embora a internet seja uma fonte valiosa de informações, também pode ser um ambiente onde preconceitos e notícias falsas proliferam-se. Quanto às famílias, em muitas situações a sexualidade é um tema evitado, o que pode levar a uma falta de comunicação aberta sobre o HIV/aids. E, por mais que as escolas sejam locais estratégicos para a educação sexual, muitas vezes enfrentam desafios ao abordar o tema devido às pressões políticas e culturais:
Por exemplo: a questão da educação sexual na escola, deveria ser um tema abordado nas escolas, mas a própria família, dependendo, pode ver como uma certa ideologia, ao invés de olhar isso como uma forma de informação mesmo (Entrevista - participante A, homem).
Um espaço possível para o acesso à informação adequada pode ser um equipamento do SUS, entretanto os dados apontam que os jovens não reconhecem essa possibilidade. Em meio ao discurso moralizante sobre a sexualidade presente em muitos arranjos familiares e escolares, os serviços de saúde parecem ser invisibilizados como equipamentos apropriados para a formação e a informação em saúde sexual e reprodutiva. Alguns entrevistados relataram que o conhecimento mais consistente sobre HIV foi tardiamente adquirido: após terem vivido uma situação percebida como de potencial exposição ao vírus. Desde este episódio buscaram assistência especializada. Ressalta-se a percepção geral dos jovens de que a informação que possuem é insuficiente para o desenvolvimento de práticas de prevenção que garantam sua segurança ante uma possível exposição ao HIV.
Um exemplo citado foi a escassez de campanhas educativas nas mídias de massa. Esse tipo de veiculação de informação poderia atenuar o déficit de conhecimento, uma vez que tem ampla abrangência e, geralmente são transmitidas em plataformas abertas. Alguns jovens têm a percepção de que há estabilização ou decréscimo das incidências de transmissão, o que justificaria o tema HIV/aids perder relevância midiática e a centralidade na organização de políticas públicas de saúde. Para esses jovens, a divulgação massiva de informações sobre os serviços cumpriria o papel de ultrapassar algumas das restrições comunicacionais vivenciadas na família e na escola:
A desinformação é o que prejudica bastante o acesso das pessoas. Eu acho que deveria ter mais campanhas, não só durante o carnaval, o ano novo, mas deveria ser constante, no nosso dia a dia. Você passar e estar vendo um banner, você passar e estar vendo um cartaz, você se sentar na televisão e ter uma galera falando. Eu acho que deveria ser mais comum no nosso cotidiano e talvez explicar mais como funciona (Entrevista - participante M, mulher).
Há um tempo eu conversava num círculo de amizade com cinco pessoas e ninguém sabia que o SUS prestava esse tipo de serviço de fazer o teste quando você tinha tido uma relação em que você não tinha se prevenido. É preciso informar que esse serviço é prestado e a forma como ele é prestado, que muitas vezes a gente também não sabe o que é feito e o que precisa para ser feito (Entrevista - participante G, homem).
Por outro lado, observou-se que quando o jovem procura o serviço de saúde para ter acesso à informação qualificada e atualizada, ele pode encontrar práticas profissionais desatualizadas ou baseadas em perspectivas moralizantes que buscam controlar a vivência da sexualidade juvenil5.
As coisas que você vê em pronto socorro e posto é aquele pote cheio de camisinha e tipo, ‘a aids mata’, alguma frase de impacto. É sempre assim. Não adianta você colocar medo, precisa dar informação (Entrevista - participante R, mulher).
Dez anos após o início da ida ao campo pela PCAP11, identificamos baixo conhecimento significativo sobre a prevenção combinada ao HIV entre a juventude do Grajaú. Ainda que muitos saibam onde acessar os preservativos e reconheçam a testagem como forma de prevenção, a PrEP e a PEP são menos populares. Somente 30% dos jovens (questionário) já conheciam essas tecnologias:
Algumas medicações que alguns amigos meus comentam que já fizeram uso, aquela PrEP e PEP, sei lá, não lembro qual é exatamente, eu sei que tem aqui perto da minha casa. Eu sei que existe tipo uma UBS, mas que é voltada só para DST e então eu sei que lá eles fazem esse, acho que eles fazem exames, oferecem medicação, tem aqueles retrovirais também. Que eu me lembro agora é isso (Entrevista - participante B, mulher).
Em suma, evidencia?se que apenas a disponibilidade de dados não garante a produção de saberes significativos acerca da prevenção ao HIV, uma vez que o acúmulo de informações nem sempre resulta em compreensão crítica22. A limitação das abordagens hegemônicas de educação sexual — marcadas por discursos moralizantes e práticas de vigilância corporal — reforça o diagnóstico de Leal e Coêlho23, que apontam para a urgência de intervenções acolhedoras e compreensivas, capazes de reconhecer o protagonismo juvenil e dialogar com suas experiências singulares.
Sexo como tabu – “Todo mundo tem vergonha de dizer que transa”
Um dos principais obstáculos apontados pelos jovens entrevistados foi a orientação insuficiente oferecida em seus círculos sociais. O tabu sobre o sexo foi relacionado à restrição do diálogo para abordar a vivência da sexualidade, tanto em casa quanto na escola. O tabu materializa-se nos discursos morais que levam as pessoas a sentirem-se constrangidas ao buscar informação e acessar a rede de saúde. Destaca-se a tensão concernente à vida sexual ativa dos jovens, especialmente de meninas e mulheres. A maioria dos jovens entrevistados se percebe com pouca apropriação sobre HIV/aids:
Eu conheço muito pouco, tanto que é um tabu conversar sobre aids (Entrevista - participante A, homem).
Nesses casos, a família não é vista como um potencial interlocutor para abordar o tema:
Realmente, saber como pode se prevenir, é mais na internet porque ninguém [em casa] vai saber explicar (Grupo focal - participante L, homem).
Eu não tenho tanta intimidade com os meus pais de chegar para conversar sobre isso, eu acho que tenho mais facilidade de conversar sobre essas coisas com um estranho do que com os meus pais (Entrevista - participante D, mulher).
Há, inclusive, um pessimismo frente às possibilidades de diálogo, que seriam sufocadas devido à vigilância moral:
Isso não é falado em casa, isso não é falado na escola. E às vezes, como já foi o caso da minha escola, se tem aulas mais práticas tipo, como usar preservativo, como fazer direito as prevenções, muitas vezes as famílias também cortam, tolhem essas ideias (Entrevista - participante T, mulher).
Os efeitos da falta de diálogo esclarecido sobre sexualidade e prevenção de ISTs podem, na visão dos jovens, manifestarem-se na insegurança frente às decisões a serem tomadas, na dificuldade em se perceber vulnerável e na formação da própria subjetividade. De acordo com Brandão25, a inibição da sexualidade juvenil é mobilizada por uma pedagogia cuja gramática fundamenta-se na noção de risco, impondo uma interdição ao tema. Com isso, o tabu teria a função de afastar o “perigo sexual” e regular “sexualidades fora de controle”26:
Sempre que um pai falar ‘não, não vou falar sobre esse assunto’, ou uma mãe também agir dessa forma, a pessoa vai sentir uma barreira e isso já é um assunto tabu para ela. Porque se ela não sente liberdade para falar nem em casa, com quem ela vai falar? E muitas vezes os amiguinhos também não sabem falar sobre isso. Só tem uma visão fechada e vamos falar de uma forma fechada também, e você vai moldando a cabeça da pessoa (Entrevista - participante S, mulher).
Para as jovens que encontraram em suas famílias uma abertura para conversar sobre sexo, isso aconteceu, em geral, com a chegada da primeira menstruação. Assim como demonstram outros estudos27,28, observa-se que as meninas são responsabilizadas individualmente pelos riscos envolvidos na experimentação da sexualidade.
As entrevistas apontam que a instrução sexual é uma incumbência materna, visto que em nenhuma das falas foi citado o pai como fonte de informação e/ou assumindo o papel de orientador em questões relativas à sexualidade ou prevenção de ISTs:
Minha mãe sempre teve uma conversa bem aberta comigo em relação a isso, me ajudou muito. Meu pai sempre teve um pouco de vergonha, então quem falava diretamente comigo era a minha mãe. Minha mãe sempre me dava muito conselho, a gente conversava horas e horas, ainda mais quando fui perder minha virgindade (Entrevista - participante B, mulher).
Eu morria de medo [de contar sobre minha primeira relação sexual para minha mãe], mas foi tranquilo, e ela começou a me orientar, falar para ter cuidado. Ela sempre me chamava para conversar, se eu estava precisando de alguma coisa, se estava acontecendo alguma coisa diferente, se eu queria perguntar alguma coisa para ela. Eu sempre tive muita orientação dentro de casa, sobre anticoncepcional, uso de camisinha, tanto para não engravidar como para a saúde (Entrevista - participante E, mulher).
Ainda no que se refere às garotas, a fala sobre o preservativo pode vir acompanhada da recomendação do uso de contraceptivo:
Quando a minha mãe descobriu que eu já estava tendo relação, imediatamente, ela me levou no médico, começou a comprar remédio. E falava: toma o remédio, mas não é só o remédio não, é camisinha também, porque remédio não previne a doença (Grupo focal - participante S, mulher).
Na saúde pública – como campo de conhecimento e práticas –, o desenvolvimento de técnicas de contracepção não foi acompanhado por um debate sobre sexo, erotismo e prazer25. Cabral27 argumenta que “é como se o manejo efetivo da contracepção – muitas vezes reduzido à questão da informação e do acesso aos métodos anticoncepcionais – permitisse uma total desvinculação entre sexualidade e reprodução” 27:16.
Em outro relato, observa-se também a desigualdade de gênero atuando como obstáculo para a vivência saudável da sexualidade e para o acesso a tecnologias de contracepção e prevenção de ISTs:
O sexo é como se fosse um tabu. Todo mundo tem vergonha de dizer que transa, que faz e tal. Para as meninas, principalmente, é algo... nossa! Se você já perdeu a virgindade, pelo menos hoje em dia né: nossa! Meu Deus! Então, o pessoal vai com mais medo de ser julgada. Por exemplo, até com medo de comprar a pílula do dia seguinte, ter vergonha de ir à farmácia. Acho que isso prejudica muito (Entrevista - participante B, mulher).
O tabu adquire centralidade nessa discussão, uma vez que atua como obstáculo para que o HIV/aids seja tratado de forma compreensiva e sem estigmatização das pessoas afetadas pelo vírus. Neste ponto, ganha destaque a sensibilização dos jovens em referência ao tema da prevenção. Por um lado, alguns dos entrevistados identificaram a existência de informação disponível e manifestaram um desinteresse em aprofundar-se (seja no ambiente familiar ou escolar). Por outro lado, uma parcela argumentou que o desinteresse pode estar associado a uma barreira psicológica subjacente ao tabu sobre o sexo, relacionada à pressão social por atender a padrões de comportamento distanciados das experiências juvenis concretas.
Logo, é como se a demanda por serviços de prevenção de HIV/aids ou educação sexual presumisse uma conduta imprópria, o que é especialmente problemático para jovens mulheres, considerando as desigualdades de gênero25. Os discursos morais transformam comportamentos usuais dos jovens em comportamentos degenerados ou atípicos, o que soma-se ao não-reconhecimento da sexualidade juvenil, e à reificação de hierarquias sociais, como as de raça, classe, gênero, região, entre outras28.
Essa coisa arcaica que a gente tem, que a mulher tem que se preocupar com isso, ela que tem que ir atrás, ela tem um controle maior. Quando você pega um homem cis[gênero], por exemplo, para ele é: se vira aí, se cuida! E raramente a gente tem pessoas desse estilo de vida com cuidados em dia. Têm muitos homens que nunca nem sequer fizeram um exame. [...] Todo mundo sabe que a camisinha feminina tem um tabu gigantesco: não usam, não sabem nem como funciona. Acho que se conseguisse achar um meio para que a mulher tenha um controle disso, talvez… Isso falando de uma relação cis[gênero] (Entrevista - participante F, mulher).
Diversos entrevistados asseveraram a necessidade de se falar abertamente sobre a prática sexual entre jovens e, consequentemente, os riscos à saúde relacionados, demarcando a importância de inverter a tendência de incutir medo, a fim de privilegiar a educação para uma escolha consciente e informada.
O tabu em torno da sexualidade dificulta o acesso dos jovens a informações sobre HIV/aids, devido ao silêncio familiar e escolar, e à moralização das práticas sexuais, sobretudo das meninas. Isso reforça desigualdades de gênero e limita a autonomia juvenil. A falta de espaços seguros para diálogo torna a prevenção um tema cercado de medo e julgamento. Diante disso, os jovens demandam uma educação sexual aberta, acolhedora e alinhada às suas vivências.
Alinhavando o acesso à informação com o tabu do sexo
A disponibilidade de tecnologias como os preservativos (externos e internos), a PrEP, a PEP, e os testes nos serviços da rede pública de saúde não é o único componente que regula o acesso aos serviços de prevenção de ISTs/HIV. Os dados produzidos pela pesquisa indicam que a qualidade e a confiabilidade das informações somadas à moralização acerca da vivência da sexualidade, sobretudo de jovens periféricos, interferem sobremaneira no acesso às tecnologias de cuidado.
Os jovens entrevistados não se sentem informados por campanhas ou outras estratégias de comunicação, o que pode sinalizar um distanciamento entre o conteúdo presente nessas peças e a realidade concreta de suas experiências nos diferentes cenários onde estão inseridos. Assim, identifica-se a coexistência de múltiplas abordagens sobre a sexualidade oriundas da saúde pública, pois se por um lado o Estado oferece insumos e tecnologias de cuidado para a prevenção de ISTs em uma perspectiva compreensiva, na qual o sexo é parte da vida das pessoas; por outro, há um viés fortemente regulador que busca controlar as experiências sexuais e, inclusive, desincentivá-la25.
A sexualidade juvenil tem sido sistematicamente abordada em articulação a noções de perigo e ameaça à ordem moral e social vigente24, uma vez que é associada à permissividade sexual, à perpetuação da pobreza, à desintegração familiar e ao fracasso de projetos de vidas. Os riscos virtuais a trajetórias de vidas bem-sucedidas têm justificado uma série de intervenções sobre essa população desde o campo das políticas públicas25,27. Tais elementos ganham ainda mais envergadura no contexto periférico, onde as desigualdades sociais articulam-se ao estigma historicamente associado à doença6,18. Assim, o território periférico não opera apenas como um marcador geográfico, mas como um elemento ativo na produção das vulnerabilidades que afetam o acesso à informação e aos serviços.
A regulação da sexualidade juvenil consiste em um processo sócio-histórico que aborda o sexo a partir de modulações que visam controlar como a sexualidade será vivida. Além de impor interdições, desenvolve-se noções de sexo bom/apropriado, e mau/inapropriado, conforme a presença ou ausência do caráter reprodutivo das práticas (hetero)sexuais, reforçando a articulação entre sexualidade e reprodução26. A prevalência desse sistema desempenha papel central na constituição de discursos e condutas sobre o sexo.
O controle do acesso à informação é parte integrante do tabu em torno do sexo. Tal perspectiva é percebida na permanência da moralidade tradicional que impinge à “vergonha”, delineia fronteiras de gênero (relações de poder) e da sexualidade considerada apropriada e legítima. De fato, o corpo, suas sensações, prazeres, anatomia, disposições, estão consolidados como campo de disputas contínuas entre instâncias como a igreja, a escola, a família, a ciência e a medicina24.
O silêncio e a interdição perpetrados pelo tabu sobre o sexo reforçam estereótipos sobre o HIV/aids no imaginário social, afastando os jovens da apropriação de conhecimento e práticas preventivas. Os jovens entrevistados reivindicam saberes mais específicos sobre HIV/aids, como: o que é, qual a diferença entre HIV e aids, como ocorre a transmissão, como afeta a saúde, como proteger-se dela e como tratá-la.
Considerações finais
Os dados da pesquisa apontam uma discrepância entre a oferta das tecnologias de cuidado e prevenção de HIV/aids disponíveis no SUS e o conhecimento de jovens acerca da existência e da disponibilidade desses recursos na rede pública de saúde. A falta de confiabilidade na qualidade da informação acessada pelos jovens através da família, da internet e até mesmo da escola emerge como um elemento central nesse cenário. Identificamos também o impacto das relações de vulnerabilidade, uma vez que o campo no qual se deu a pesquisa encontra-se atravessado por hierarquias sociais de raça/etnia, gênero, classe, região e pelo estigma histórico relacionado a HIV/aids.
Concluímos que os discursos de prevenção de HIV/aids são manipulados como ferramentas morais a fim de gerar medo e promover uma política de abstinência ou adiamento da vida sexual de jovens baseada no silenciamento e na interdição. Desta forma, o foco na prevenção de gravidez e de doenças e agravos exclui da cena questões como prazer, corpo e direitos, colocando o risco como forma de punição pelo exercício da sexualidade. A chamada prevenção do “risco sexual precoce”29 mobiliza artifícios de controle de comportamentos, especialmente da sexualidade, e reforça padrões estereotipados de gênero, à medida que reitera a ideia de que a reprodução é um tema que concerne sobretudo às mulheres30.
Acreditamos que os resultados da presente pesquisa podem contribuir para se pensar em estratégias de promoção da autonomia sexual dos jovens, de acesso à informação e aos serviços de saúde. Considerar jovens como sujeitos políticos de direito implica promover educação em sexualidade baseada no fortalecimento de sua autonomia, em consonância com a perspectiva dos direitos humanos. Para aprofundar essa análise, pesquisas futuras podem abranger diferentes contextos culturais e sociais em que os jovens se encontrem.
Contribuição no manuscrito:
Andrade, Rosa, Silva e Souza foram responsáveis pela análise dos dados e pela produção do texto. Costa, Franceschini e Akerman contribuíram no desenho do artigo e na revisão crítica do seu conteúdo. Todas/os as/os autores aprovaram a versão final do manuscrito.
Financiamento:
O projeto de pesquisa foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (DCCI/ SVS/MS).
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Contribuição no manuscrito:
Andrade, Rosa, Silva e Souza foram responsáveis pela análise dos dados e pela produção do texto. Costa, Franceschini e Akerman contribuíram no desenho do artigo e na revisão crítica do seu conteúdo. Todas/os as/os autores aprovaram a versão final do manuscrito.
Financiamento:
O projeto de pesquisa foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (DCCI/ SVS/MS).










