0219/2025 - A gestão contraceptiva do ponto de vista de homens jovens: (des)engajamentos e possibilidades
Contraceptive management from the perspective of young men: (dis)engagements and possibilities
Autor:
• Nathália Pacífico de Carvalho - Carvalho, NP - <nathaliapc@ufmg.br>ORCID: orcid.org/0000-0002-4142-4411
Coautor(es):
• Cristiane da Silva Cabral - Cabral, CS - <cabralcs@usp.br>ORCID: http://orcid.org/0000-0003-3025-2404
• Flávia Bulegon Pilecco - Pilecco, FB - <flaviapilecco@yahoo.com.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8316-8797
Resumo:
Analisamos o engajamento de homens jovens heterossexuais na gestão contraceptiva a partir de material empírico de uma pesquisa socioantropológica multicêntrica. Partimos da compreensão das juventudes como construção social, da dimensão relacional do gênero e das dinâmicas das masculinidades em interação com os marcadores sociais da diferença. Este artigo analisa as biografias de 14 participantes homens cisgêneros, moradores de São Paulo (SP) e Conceição do Mato Dentro (MG). Eles são heterossexuais, majoritariamente autodeclarados negros; foram entrevistados entre 2021 e 2022 sobre determinados eventos de suas trajetórias afetivo-sexuais. O contexto relacional mostrou-se crucial para a conformação dos comportamentos contraceptivos e reprodutivos. Discussões sobre a autonomia feminina e a corresponsabilização frente às eventuais falhas contraceptivas configuram diferentes formas de engajamento contraceptivo nos relacionamentos afetivo-sexuais. As representações de homens jovens podem contribuir para a compreensão ampliada das dinâmicas reprodutivas juvenis, suscitando possibilidades de intervenção pública (sobretudo nos campos da saúde e da educação) e caminhos para a redução das desigualdades de gênero.Palavras-chave:
Juventude; Saúde Reprodutiva; Masculinidades; Sexualidade; ContracepçãoAbstract:
We analyze the engagement of young heterosexual men in contraceptive management based on empirical material from a multicenter socio-anthropological study. We start from an understanding of youth as a social construction, the relational dimension of gender and the dynamics of masculinities in interaction with social markers of difference. This article analyzes the biographies of 14 cisgender male participants from São Paulo (SP) and Conceição do Mato Dentro (MG). They are heterosexual, mostly self-declared black; they were interviewed between 2021 and 2022 about certain events in their affective-sexual trajectories. The relational context proved to be crucial in shaping contraceptive and reproductive behavior. Discussions about female autonomy and co-responsibility for possible contraceptive failures shape different forms of contraceptive engagement in affective-sexual relationships. The representations of young men can contribute to a broader understanding of youth reproductive dynamics, giving rise to possibilities for public intervention (especially in the fields of health and education) and ways of reducing gender inequalities.Keywords:
Youth; Reproductive Health; Masculinities; Sexuality; ContraceptionConteúdo:
Como se dá o engajamento de homens jovens na gestão contraceptiva? Neste artigo analisamos as complexas dinâmicas sociais que subjazem a participação de jovens rapazes na tarefa de prevenção de uma gravidez no contexto de relações heterossexuais.
A juventude, período marcado por aprendizados e transformações, é frequentemente analisada de forma homogênea, centrada em marcos biológicos e psicológicos ou nos supostos “riscos” advindos do exercício da sexualidade, como a gravidez na adolescência1. Pode ser compreendida também como movimento, caracterizada por processos de reprodução e produção social2, bem como enquanto categoria analítica1, abordagem que permite examinar como a condição juvenil se articula com a determinação social dos processos saúde-doença através de relações de poder inscritas em classe, gênero, raça/etnia e outros marcadores sociais.
A articulação entre juventudes, masculinidades e saúde reprodutiva é um campo ainda pouco explorado. O referencial teórico que adotamos para analisar essas inter relações busca superar concepções abstratas que tratam a categoria “homem” como universal/neutra, entendendo o gênero como construção interdependente e relacional3 e crucial para pensar a saúde dos homens4. A relação entre construção das masculinidades5 e saúde dos homens6 demanda uma abordagem interseccional para compreender suas combinações nos processos de determinação social da saúde7.
A questão reprodutiva foi historicamente vinculada à saúde da mulher, naturalização que molda a própria experiência masculina nesse campo3,8. A emergência dos conceitos de direitos e saúde sexual e reprodutiva na década de 1990 destacou a necessidade de maior envolvimento masculino, ponto reforçado pelas Conferências de Cairo e Pequim no combate às desigualdades de gênero7–9. Apesar disso, persistem lacunas nos estudos sobre masculinidades e saúde reprodutiva10. Ademais, a inclusão masculina nesse contexto levanta questões sobre a autonomia das mulheres e a busca pela equidade11–13.
A contracepção integra um conjunto de eventos, representações, práticas e estratégias em torno da sexualidade e da reprodução, constituindo-se como processo complexo de negociações, decisões e socialização, mediado por códigos culturais e de gênero14,15. Os contextos relacionais são centrais nesse processo não-linear. A divisão artificial entre métodos contraceptivos “femininos” e “masculinos” reforça a gestão contraceptiva generificada, privilegiando o organismo sobre o qual atuam em detrimento do processo relacional8,11. Essa divisão foi acentuada pela medicalização que, desde meados do século XX, femininizou a gestão contraceptiva, criando uma carga mental e prática predominantemente feminina16. Apesar de tecnicamente ampliar a autonomia reprodutiva das mulheres, esse processo não questionou a divisão sexual do trabalho reprodutivo17.
Diante desse contexto, analisamos como essas questões têm incidido nas trajetórias reprodutivas de jovens rapazes cisgêneros. A literatura científica tem focado na perspectiva feminina, deixando lacunas sobre o comportamento contraceptivo e reprodutivo masculino. Neste artigo, analisamos o engajamento de homens jovens na gestão contraceptiva em diferentes contextos relacionais a partir do material empírico de uma pesquisa socioantropológica.
ASPECTOS METODOLÓGICOS
A presente análise situa-se no âmbito da pesquisa “Jovens da era digital”, um estudo socioantropológico realizado entre 2021 e 2022 com jovens de 16 a 24 anos em seis municípios brasileiros. Foram entrevistados(as) 194 jovens, com roteiro semi-estruturado, tendo como fio condutor central as narrativas de suas trajetórias afetivo-sexuais.
Trabalhamos com o material empírico oriundo de 2 dos 6 centros da pesquisa: São Paulo (SP) e Conceição do Mato Dentro (MG). O intuito foi compor uma diversidade de experiências provenientes de uma grande metrópole e de uma cidade do interior do país, sem ambição comparativa a partir do marcador territorial como eixo central analítico, mas apenas potencializar a diversidade de trajetórias a serem estudadas. Incluímos informantes que se declararam como homens cisgênero e heterossexuais, e que já haviam tido experiência sexual com possibilidade fisiológica de gravidez. Chegamos ao conjunto de 14 informantes, 9 de São Paulo e 5 de Conceição do Mato Dentro. Destes, 11 tiveram pelo menos um episódio de gravidez. Há um predomínio de jovens pertencentes às camadas sociais populares e que se autodeclararam como negros, pretos ou pardos (Quadro 1).
O trabalho de campo aconteceu entre outubro de 2021 e junho de 2022. Os informantes foram acessados por meio de diferentes estratégias, incluindo redes de relações pessoais e profissionais dos(as) pesquisadores(as), veiculação de convites em redes sociais e recurso à técnica “bola de neve”. Os tópicos abordados nas entrevistas individuais suscitaram reflexão sobre a relação entre os eventos da vida sexual e reprodutiva dos(as) jovens com situações contextuais mais amplas, tais como aspectos da vida familiar, escolar e profissional, e dinâmicas de sociabilidade. Os(as) entrevistadores(as) dos centros de São Paulo e de Conceição do Mato Dentro passaram conjuntamente por treinamento e formação. Compreendendo que as entrevistas são uma relação social e intersubjetiva18, consideramos criticamente a posição assimétrica que ocupam entrevistador(a) e entrevistado(a). As equipes de campo foram compostas por jovens pesquisadores(as) de idade mais ou menos próxima às dos informantes. O processo de negociação para a realização das entrevistas foi muitas vezes árduo; o perfil de homens jovens com experiência reprodutiva foi mais difícil de ser alcançado. As entrevistas foram realizadas presencialmente em local indicado pelos(as) entrevistados(as), observadas as recomendações de prevenção da covid-19 vigentes na época. Todas as entrevistas foram gravadas, transcritas e revisadas pelos(as) entrevistadores(as). Mais detalhes sobre os aspectos metodológicos da pesquisa podem ser conferidos no artigo de Cabral19.
A análise de conteúdo temática20,21 foi a técnica escolhida para exame do material empírico. Estruturamos a análise em seis etapas: (i) leitura e escuta flutuante, compreensiva, para aproximação e impregnação do material empírico; (ii) elaboração dos perfis biográficos e extração de informações chave sistematizadas em quadros; (iii) categorização dedutiva, com base nos recortes temáticos previstos no roteiro; (iv) categorização indutiva, realizada de acordo com as categorias emergentes do material empírico; (v) reflexão, problematização e estabelecimento de diálogo entre conteúdo e temas analisados com os conceitos e referenciais teóricos trabalhados; (vi) elaboração de sínteses interpretativas com articulação de conteúdos e temas com objetivos e pressupostos teóricos adotados.
A pesquisa foi aprovada pelos comitês de ética em pesquisa das instituições participantes. Jovens com mais de 18 anos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Obteve-se dispensa de consentimento parental para menores de 18 anos; estes(as) assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). Nomes fictícios foram atribuídos aos participantes.
RESULTADOS
O engajamento na gestão contraceptiva reflete não apenas aspectos materiais que propiciam o acesso aos métodos contraceptivos, mas também um conjunto de representações sociais sobre contracepção, parentalidade, família, gênero e sexualidade. Negociações e ambivalências são situadas nesse contexto relacional que é conformado, também, em meio a constrangimentos de ordem estrutural relacionados às desigualdades de gênero, raça e classe8,11,14,15,22.
Partindo da premissa de que as decisões e o comportamento contraceptivo estão fortemente enredados em tramas/lógicas relacionais, apresentamos a análise do material de acordo com a natureza atribuída para os tipos de relação: exploramos o engajamento contraceptivo dos homens nos relacionamentos mais “estáveis” e no contexto de parcerias mais “casuais”, assim por eles definidos. Exploramos elementos desses contextos relacionais, associando com possibilidades de prevenção e/ou momentos de vulnerabilidade e uso referido de métodos contraceptivos (cf. Quadro 2 para informações compiladas).
A contracepção é feminina? Possibilidades e limites de engajamento masculino nas relações estáveis
Os relacionamentos afetivo-sexuais com maior duração guardam uma lógica contraceptiva que geralmente envolve transição de métodos (Quadro 2). Tal como já observado na literatura sobre pesquisas sobre sexualidade e juventude23,24, o uso do preservativo masculino no início do relacionamento dá lugar a um conjunto mais amplo de métodos, especialmente os “femininos”, como a pílula, os injetáveis e o dispositivo intrauterino (DIU). Esse deslocamento é acompanhado de forte atribuição da responsabilidade contraceptiva às jovens mulheres25,26. A prevenção de IST é posta como menos prioritária nesses contextos relacionais, como foi observado amplamente em todos os contextos desta pesquisa27.
Compreendemos o engajamento masculino na gestão contraceptiva como as diversas possibilidades de envolvimento ativo dos homens em práticas e decisões relacionadas à contracepção. Mais do que o mero conhecimento ou uso efetivo de um método, abrange também os processos de comunicação com as parceiras, o interesse e a busca por informações sobre os diferentes métodos, a consideração das implicações de cada escolha contraceptiva, bem como o apoio às decisões que concernem à autonomia feminina nesse campo. Assim, o engajamento masculino pode denotar diferentes graus de corresponsabilização na gestão contraceptiva e potencialmente contribuir para a redução das desigualdades de gênero no âmbito da saúde reprodutiva.
“Eu vou junto com ela”: a corresponsabilização da gestão contraceptiva
Alguns informantes demonstram engajamento mais ativo na gestão contraceptiva, com maior envolvimento em conversas sobre contracepção, maior nível de conhecimento sobre os métodos utilizados em seus relacionamentos e participação mais significativa nos processos decisórios que elegem os métodos a serem utilizados. Foi recorrente o argumento em termos do respeito à autonomia feminina e a decisão final em relação à contracepção. Os casos apresentados a seguir ilustram situações de assunção da corresponsabilização frente à gestão contraceptiva na perspectiva deles.
Natan (19, pardo, camada média, CMD) discute o uso do preservativo com a namorada, expressando preocupação com a efetividade do método. Gustavo (17, negro, camada popular, SP) sublinha a importância de ter conversas sobre contracepção com a parceira, facilitando a tomada de ações conjuntas, como a decisão de não ter relações sexuais quando se esquecem de comprar preservativos. Ele contou sobre terem decidido juntos não usar a pílula devido aos efeitos adversos potenciais no corpo da parceira:
Foi... na verdade, conversado entre os dois. A gente (...) decidiu porque, tipo, ela tem muito problema com ansiedade e pelos remédios que tomaria e tal poderia aumentar a ansiedade. Aí a gente decidiu que não ia usar.
(Gustavo, 17, negro, camada popular, SP)
O argumento da agência e da autonomia feminina foram norteadores do processo decisório para a escolha do método contraceptivo em alguns casos. Natan, Iago e Leandro, principalmente, explicitaram a incumbência dessa tarefa para as parceiras, sob a justificativa de que os efeitos adversos atingem os corpos delas. Natan (19, pardo, camada média, CMD) expressou a intencionalidade de continuar usando o preservativo mesmo com a perspectiva de adoção da pílula, ainda que ele sinalize a possibilidade de falhas na execução dessa dupla proteção. Iago (23, negro, camada popular, CMD) detalhou a trajetória contraceptiva com a esposa e explicou como foi a decisão de troca da pílula para o método injetável: "Eu deixei mais pra ela, sabe? Porque quando eu tinha pesquisado, isso afetava muito o corpo da mulher". Leandro (18, branco, camada popular, SP) tem postura parecida, reunindo um amplo repertório sobre os métodos já utilizados em seu relacionamento e evidenciando a adesão à justificativa da autonomia feminina frente aos processos decisórios:
Eu vou mais pelo que... por esse fator de não ter muitas opções [de contraceptivos “masculinos”], eu vou mais pelo que ela se sente bem. Tipo ela “ah, eu quero o DIU porque eu me sinto melhor. Ah, eu quero a injeção. Eu quero que você use a camisinha”. Eu, tipo, eu tô aberto a isso, entende?! O que ela disser que se sente bem aí eu vou junto com ela. (Leandro, 18, branco, camada popular, SP)
Alguns elementos contextuais nas biografias dos rapazes dão pistas para o processo de socialização contraceptiva que tiveram. Destacam-se os casos de referências positivas de educação sexual: Uriel refere um aprendizado em meio aos projetos sociais frequentados, enquanto Gustavo e Iago falam sobre uma presença mais regular dos pais, com ênfase nas conversas sobre o uso do preservativo. Iago tem pais mais escolarizados e é um dos poucos que reiteradamente demonstrou percepção sobre a escolarização e a carreira profissional como projetos centrais em sua vida em detrimento da construção de um núcleo familiar no curto prazo.
Ressaltam os discursos que trazem certa percepção sobre as assimetrias de gênero nas relações e desigual responsabilidade contraceptiva e reprodutiva. Uriel reconhece o impacto diferencial da gravidez vivenciada para a vida da parceira; Leandro fala sobre o compartilhamento de cuidado com o filho, tarefa usualmente percebida como feminina; Iago enfatiza a importância da dinâmica conjugal para a colaboração na gestão contraceptiva.
Esses jovens demonstram engajamento na gestão contraceptiva, participando ativamente nas conversas, decisões e ações necessárias para evitar uma gravidez, ao mesmo tempo que reconhecem a autonomia de suas parceiras na escolha dos métodos que afetam o seu corpo. Em outros casos, a chave da autonomia feminina foi mobilizada de maneira distinta, de forma a justificar um não engajamento, ou um desengajamento, como apresentados a seguir.
“Também eu nem perguntei”: a contracepção como questão feminina
A maioria dos informantes - Bernardo, Samuel, Hugo, Vicente, Fernando, Caio, Artur, Elias e Saulo - demonstrou menor envolvimento ou mesmo desinteresse na gestão contraceptiva em relacionamentos estáveis. Seus relatos evidenciam tanto imprecisões e desinformações sobre os métodos contraceptivos utilizados, quanto uma retórica que, embora valorize a autonomia feminina nas decisões contraceptivas, revela na prática baixo envolvimento, apoio ou diálogo efetivo sobre o tema. Há um caso em que a presunção da responsabilidade é exclusiva da parceira: o rapaz (Caio, 22, pardo, camada popular, SP) explicitamente culpabiliza a namorada por falhas na gestão contraceptiva. Para além dessas questões, nota-se uma dificuldade e um repertório raso em torno do assunto.
Bernardo (23, pardo, camada média, CMD), por exemplo, mostrou-se confuso sobre o uso do DIU pela parceira. Samuel (19, pardo, camada popular, CMD) revelou incertezas sobre os métodos utilizados antes da gravidez em que esteve envolvido. Hugo (24, negro, camada popular, CMD) afirmou inicialmente que não usava mais métodos contraceptivos, mas ao longo da entrevista menciona que a esposa fazia uso da pílula. Fernando 24 (pardo, camada popular, SP) sabia que a parceira usava um implante subdérmico, mas não soube fornecer nenhum detalhe. Caio (22, pardo, camada popular, SP) e Elias (19, branco, camada popular, SP) exibiram um desconhecimento significativo em torno dos métodos: falam sobre uma suposta ineficácia do preservativo e sobre métodos como “chás”, que eles não confiam, com dificuldades marcantes para discorrerem sobre a gestão contraceptiva em seus relacionamentos.
O argumento da autonomia feminina (exclusiva ou preponderante) para a gestão contraceptiva foi recorrente neste conjunto de entrevistados. Bernardo (23, pardo, camada média, CMD) não sabia sobre o uso do DIU pela parceira (acessamos esta informação através da entrevista realizada com ela no âmbito dessa pesquisa). Quando questionado sobre o que ele pensava sobre o DIU, ao ter dito que a parceira estava considerando colocá-lo, ele afirma: “eu não sei te falar, mas ela acha melhor, sabe?”. Samuel (19, pardo, camada popular, CMD) destacou a compra de preservativos e de pílula do dia seguinte. Hugo (24, negro, camada popular, CMD) afirmou que deixava a decisão para a parceira: “o que for melhor pra ela eu aceito”, sem muitos acréscimos sobre sua participação. Fernando (24, pardo, camada popular, SP) referiu-se ao implante subdérmico como "um tal de chip" e explicou que todo o processo decisório ocorreu entre sua parceira e a equipe de saúde após o parto. Saulo (18, branco, camada média, SP) descobriu sobre o uso da pílula pela namorada no decorrer do relacionamento, e parece não ter demonstrado interesse sobre o assunto. Quando a entrevistadora pergunta se a parceira havia comunicado sobre a escolha da pílula, ele responde: “Não, não. Também eu nem perguntei. Sabia que ela tava tomando, ela tinha me contado e foi isso”, explicitando sua posição passiva frente à gestão contraceptiva. Caio (22, pardo, camada popular, SP) mencionou uma ex-namorada que usava excessivamente a contracepção de emergência (CE) e culpou a parceira pela falta de uso de outros métodos, como o injetável: “Poxa, por que não evitou, fica toda hora se enchendo de remédio [a CE], por que você não tomou a injeção”.
O uso irregular ou o não uso dos métodos “masculinos” como o preservativo, o coito interrompido e a vasectomia reiteram esse desengajamento, com narrativas que deixam transparecer um desinteresse acentuado pela gestão contraceptiva. Vicente (21, negro, camada popular, SP) e Fernando (24, pardo, camada popular, SP) reconheceram a irregularidade no uso do coito interrompido nos seus relacionamentos estáveis. A vasectomia foi cogitada por Vicente e Fernando, mas ambos concluíram que não estariam dispostos a realizar o procedimento. A centralidade do corpo é acionada quando os rapazes argumentam acerca da prioridade e primazia da contracepção por parte das parceiras; esta justificativa não tem a mesma importância/peso quando a correlação é feita entre contracepção e corpos masculinos, denotando claramente a perspectiva de que a tarefa contraceptiva é um atributo essencialmente feminino.
Contracepção (e prevenção) nos relacionamentos casuais: “sem camisinha não vai não”
O comportamento contraceptivo em relacionamentos casuais difere significativamente do que é narrado em relação aos relacionamentos estáveis. O preservativo é o método mais utilizado pelos jovens rapazes nesses contextos (Quadro 2). Relatos sobre o uso de outros métodos contraceptivos pelas parceiras casuais são raros - o que provavelmente reflete mais o desconhecimento dos rapazes do que o não uso -, e a CE aparece em alguns casos. O medo de contrair uma IST é mais presente nas relações casuais, o que não é observado em relacionamentos fixos27. Analisamos nesta seção como o uso do preservativo é muitas vezes condicionado a características da parceira, à relação dos informantes com o risco de falha contraceptiva e à participação deles na CE.
O uso do preservativo é frequente entre os jovens em encontros eventuais (Natan, Bernardo, Samuel, Hugo, Fernando, Artur, Gustavo e Vicente), embora não isento de falhas. Conforme relatado por Saulo, Fernando e Elias, o comportamento contraceptivo varia conforme as informações disponíveis sobre a parceira: quanto menor o nível de conhecimento e intimidade, maior tende a ser a adesão ao preservativo: "Nunca fiz [sexo] sem camisinha quando é tipo com uma pessoa desconhecida, quer dizer, já, né?" (Saulo, 18, branco, camada média, SP); “Eu num sabia com quem elas já tinha se relacionado, não sabia nada sobre elas. Aí eu falei "ah eu vou usar [o preservativo] né, vai saber".” (Elias, 19, branco, camada popular, SP). Essa lógica de comportamento contraceptivo em função da moralidade atribuída ao tipo de parceria e do conhecimento que se tem sobre condutas pregressas delas não é uma novidade em estudos com homens jovens brasileiros23,28,29. Chama atenção a permanência/vigor da norma de gênero que classifica distintivamente as parceiras e é acompanhada de uma certa lógica de proteção ao longo das gerações26,28, apesar dos esforços que foram feitos em termos de políticas públicas de educação sexual, especialmente na primeira década do século XXI.
Caio (22, pardo, camada popular, SP) é uma das exceções em relação ao uso do preservativo e a assunção de risco. Embora perceba maior “perigo” nos encontros casuais, relata usar poucas vezes a proteção. Há um certo tom de resignação frente às eventuais consequências de uma relação desprotegida: “Acabo correndo esse risco, né”. Essa postura também foi observada na entrevista de Iago (23, negro, camada popular, CMD) sobre suas relações casuais antes do casamento: “Falava: ‘Ah, se vier é benção de Deus, né?’”. Ainda que ele articule sobre a distinção moral entre os tipos de parcerias em dado momento na entrevista, identificando um certo “tipo ideal” para casar e ter filhos, sua fala denota a possibilidade de assunção da paternidade diante de uma eventual gravidez não planejada.
Nos contextos de relacionamentos casuais, a principal preocupação dos informantes centrava-se nas IST. No entanto, concorria com o medo de contrair uma IST o ímpeto do momento para a relação sexual, marcante em muitas narrativas: “no momento a gente não liga, né, mas depois passa, fica com aquele trem na cabeça, será que eu peguei alguma coisa?” (Bernardo, 23, pardo, camada média, CMD). Em algumas situações específicas, como em uma "traição" ou em relações com trabalhadoras do sexo, o receio de IST é mais evidenciado e reforça a necessidade do uso de preservativo: "P: E as meninas que você chegava a pagar pelo sexo, você usava camisinha com elas? E: Sim, mano! Sim, que ali num tinha nem como num usar" (Elias, 19, branco, camada popular, SP). Ainda que menos frequente em comparação com as IST, o receio de uma gravidez imprevista em tais contextos foi enunciado, como no caso de Natan (19, pardo, camada média, CMD): “eu acho que eu sempre tive muito medo, sabe? De ter um filho e atrapalhar o objetivo que eu tenho”.
Os métodos contraceptivos considerados “femininos”, como a pílula, a injeção hormonal e o DIU, não são citados pelos jovens rapazes ao falar sobre gestão contraceptiva nesses contextos. Já o uso da CE é mencionado em pelo menos quatro casos (Artur, Caio, Iago e Hugo). A narrativa de Iago (23, negro, camada popular, CMD) exemplifica o tipo de “negociação” que pode se dar em tais contextos, ou antes, a não negociação em torno da decisão pela CE, uma vez que a necessidade do seu uso já estaria subentendida. Após comprar o insumo, ele explica que demandava a comprovação do uso: “depois só manda a foto, né?! Depois que você tomar. Mostra aí que você tomou [a pílula do dia seguinte]”. O caráter errático e uso pontual da CE e do preservativo se adequam bem ao contexto de relações eventuais e sem proteção que eles podem se engajar. A participação masculina costuma estar diretamente vinculada à aquisição desses insumos em tais contextos. A facilidade de aquisição da CE e do preservativo em farmácias comerciais favorece essa opção30. Essa prática pode ser compreendida na lógica engendrada pela masculinidade hegemônica5: adota-se práticas aparentemente engajadas (como comprar preservativos ou CE), mas que, na verdade, reforçam identidades masculinas tradicionais ligadas ao papel de provedor (quem banca a prevenção).
Em suma, a preocupação com IST é predominante em relações casuais, enquanto a prevenção de uma gravidez é menos mencionada. Há uma centralidade do preservativo como principal método contraceptivo nesses contextos, ainda que a contracepção de emergência seja também acionada. A lógica de proteção de si preside este tipo de encontro sexual para o qual, a priori, não se vislumbra algum tipo de desdobramento ou continuidade. O engajamento não está necessariamente ausente; ao contrário, podemos admiti-lo nas estratégias consistentes de prevenção de IST ou de gravidez, o que, em alguma medida, representa gestão dos riscos advindos do exercício da sexualidade.
DISCUSSÃO
A análise do engajamento de homens jovens na gestão contraceptiva sugere padrões persistentes ao longo das últimas décadas26. É importante demarcar que trabalhamos com participantes majoritariamente negros e pertencentes às camadas populares em dois territórios distintos (São Paulo e Conceição do Mato Dentro), os quais em sua maioria (11 de 14) já haviam vivenciado situações gravidez antes dos 20 anos. Configura-se, assim, um recorte específico de juventudes e masculinidades situadas nas interseções entre esses marcadores sociais. A despeito desse enquadramento, identificamos uma diversidade de trajetórias sexuais e reprodutivas.
Nossa opção pela conformação do conjunto de informantes a partir de dois contextos territoriais distintos deveu-se, em parte, à expectativa de variações nos modelos de masculinidades e nos padrões de engajamento contraceptivo. No entanto, outros aspectos se destacaram mais no engajamento dos homens com a gestão contraceptiva do que as possibilidades e restrições que os territórios podem conformar para os indivíduos em suas trajetórias. Estão em curso processos mais amplos de homogeneização sócio-cultural entre jovens, potencializados pela influência das redes sociais, por exemplo.
Os comportamentos relacionados à gestão contraceptiva masculina parecem conectar-se às formas pelas quais esses indivíduos percebem e acomodam determinados planos e projetos de vida relacionados à conjugalidade, à parentalidade, ao desejo de formar uma família, de estudar e construir uma carreira. Essas “aspirações”, por sua vez, têm profunda relação com o ambiente familiar e com os recursos e oportunidades que dispõem a partir de instituições sociais como a escola. Em meio a isso estão presentes diálogos e aprendizados sobre a sexualidade, que ajudam a conformar uma percepção de si e sobre o outro com quem se relaciona. As normas de gênero são aí reiteradas, internalizadas ou mesmo questionadas, estruturando as relações sociais que o gênero ordena e são expressas em um conjunto de práticas31.
Dimensões estruturais, relacionais e individuais incidem sobre os comportamentos contraceptivos11,32. A socialização contraceptiva14,15 parece operar de múltiplas maneiras nessas conformações sobre as concepções e práticas no campo da sexualidade e da reprodução para os jovens. Na dinâmica relacional com os pares afetivo-sexuais, questões de gênero estruturam expectativas e tarefas que vão sendo assumidas pelas partes numa relação heterossexual. Por exemplo, a aquisição da CE e do preservativo interno em farmácias comerciais pelos rapazes pode ser compreendida pela lógica engendrada pela masculinidade hegemônica5: adota-se práticas aparentemente engajadas, mas que, na verdade, reforçam identidades masculinas tradicionais ligadas ao papel de provedor (quem banca a prevenção).
A contracepção ainda é amplamente vista como uma questão feminina, fundamentada na naturalização do fenômeno reprodutivo: sendo a gravidez e a maioria dos métodos contraceptivos ligados ao corpo da mulher cis, presume-se que a responsabilidade é delas. Isso nos remete ao que alguns autores ressaltam sobre a biologização do sexo reforçar a própria naturalização das normas de gênero33,34: o destino do gênero atrelado às tarefas reprodutivas dado pela rigidez do sexo associada ao fenômeno da reprodução. Segundo Connell, o gênero se constitui a partir de uma estrutura de relações sociais organizada em torno da reprodução, na qual as diferenças corporais são mobilizadas para sustentar práticas e hierarquias. A desproporção na responsabilização contraceptiva não é um acidente, mas um reflexo de como a sociedade inscreve nos corpos femininos a obrigação de gerir os processos reprodutivos, enquanto os corpos masculinos permanecem à margem dessas demandas34.
A ideia de que a contracepção é assunto e tarefa da mulher não é nova35, mas pode estar ganhando novos contornos nas atuais gerações com a incidência de discursos feministas sobre homens. A questão da agência e da autonomia feminina foi ponto chave em nosso material empírico, trazida à tona como justificativa dos rapazes para o protagonismo das parceiras na gestão contraceptiva, especialmente em relações estáveis. Por um lado, esse discurso pode ser usado para reificar desigualdades de gênero na carga de trabalho contraceptivo, como visto em alguns casos de maior desengajamento. Por outro, há também aqueles que mobilizam esse argumento juntamente com estratégias que permitem um engajamento: implicam-se na gestão contraceptiva aportando estratégias que contribuem para a efetividade dos métodos escolhidos, apoiando as parceiras nas suas escolhas contraceptivas ou ainda colocando-se como corresponsáveis diante de uma eventual “falha contraceptiva”.
O comportamento dos jovens diante da gestão contraceptiva apresenta-se com muitos matizes, camadas e complexidade. Percebemos nuances e contradições que demonstram o caráter móvel e contingente das masculinidades5,36, com discursos de autonomia feminina por parte dos rapazes coexistindo com práticas que perpetuam assimetrias.
A natureza da relação, o status que se atribui a ela, a forma e a intensidade com que se constrói a intimidade com a parceira incidem sobre o engajamento de homens jovens na gestão contraceptiva. Em todos os casos, apoiando ou não suas parceiras, a carga de trabalho contraceptivo recai desproporcionalmente sobre as mulheres16. Elas pesquisam sobre os métodos, lidam com os anseios e consequências dos efeitos adversos30, precisam lembrar de administrá-los e gerenciar as consultas de manutenção dos métodos de longo prazo37.
Ainda que alguns rapazes afirmem uma posição de corresponsabilização diante de uma gravidez imprevista, são as mulheres que usualmente arcam desproporcionalmente com as suas consequências. Isso não diminui, contudo, a importância do engajamento masculino na gestão contraceptiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É fundamental pensar e pautar no campo das políticas de saúde e de educação a ideia de que homens não devem apenas participar da esfera reprodutiva como coadjuvantes, mas precisam aparecer enquanto protagonistas e com necessidades concretas nesse âmbito8. Por exemplo, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH)38 é metodologicamente direcionada aos homens adultos. Embora traga algumas considerações sobre paternidade na adolescência, a necessidade de conscientização dos homens sobre o dever e o direito à participação na vida reprodutiva, são escassas as ações institucionais, limitando-se muitas vezes a pautar uma aproximação dos homens com questões reprodutivas a partir de uma gravidez estabelecida e a participação masculina no pré-natal. Questões como o engajamento masculino na contracepção e em outros momentos da vida reprodutiva devem ser abordadas com profundidade nas políticas de saúde, com vistas à promoção da saúde reprodutiva neste grupo e redução das desigualdades de gênero.
Se a concepção de que os jovens constituem uma espécie de barômetro das mudanças sociais é factível, os dados empíricos deste estudo apontam para sutis transformações das relações de gênero no que tange a dimensão da contracepção e da reprodução, as quais coexistem com antigas e arraigadas concepções e classificações morais sobre parceiras sexuais. A discussão aqui travada reitera a permanência de alguns padrões de comportamento contraceptivo na atual geração de jovens, muito ligado a tradicionais normas de gênero e atributos de certas masculinidades, que imputam às mulheres a tarefa de evitar uma gravidez indesejada. No entanto, as possibilidades de engajamento na gestão contraceptiva estão presentes no material empírico, e são atravessadas por discursos/concepções que reportam à autonomia feminina e a corresponsabilização no processo decisório e escolha de métodos contraceptivos. Esperamos que esse tipo de narrativa seja reflexo de uma mudança efetiva e respeitosa do engajamento masculino na esfera da saúde reprodutiva, que ainda segue tendo uma carga desproporcional de trabalho contraceptivo para as mulheres.
CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES
NPC é responsável pela concepção do manuscrito, curadoria dos dados, análise, metodologia, redação do texto original e final. CSC contribuiu para a concepção do manuscrito, metodologia, aquisição de financiamento, recursos, redação e revisão crítica do manuscrito. FBP contribuiu para a concepção do manuscrito, metodologia, aquisição de financiamento, recursos, redação e revisão crítica do manuscrito.
AGRADECIMENTOS
1. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
2. A pesquisa “Jovens da era digital: sexualidade, reprodução, redes sociais e prevenção às IST/HIV/Aids” foi coordenada por Cristiane S. Cabral, coordenadora-geral, (São Paulo – Universidade de São Paulo (USP)), Ana Paula dos Reis (Salvador – Universidade Federal da Bahia (UFBA)); Daniela Riva Knauth (Porto Alegre – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)); Elaine Reis Brandão (Rio de Janeiro – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)), Flávia Bulegon Pilecco (Conceição do Mato Dentro – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)); José Miguel Nieto Olivar (São Gabriel da Cachoeira – USP). O estudo contou com apoio financeiro do CNPq (Processo 442878/2019-2; Processo 431393/2018-4). Agradecimentos especiais às/aos coordenadoras/es e equipes de trabalho de campo de cada localidade, bem como às/aos jovens que compartilharam parte de suas experiências de vida conosco.
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