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0534/2007 - Afecção do tendão supra-espinal e afastamento laboral
Supraspinatus tendon pathology and sick leave

Autor:

• JOsiane Schadeck de Almeida - JOsiane Schadeck de Almeida - JALES, SP - FAMERP - <schaj24@hotmail.com>


Área Temática:

Não Categorizado

Resumo:

As afecções do manguito rotador, dentre elas as relacionadas ao tendão supra-espinal, são problemas comuns na população, sobretudo devido à sobrecarga ocupacional, o que leva a altos índices de afastamento do trabalho. Buscou-se então, comparar a necessidade de afastamento de trabalho entre os diferentes estados da afecção do tendão supra-espinal e entre cinco diferentes grupos profissionais, tendo a participação de pacientes que apresentavam diagnóstico da afecção. Os indivíduos foram agrupados quanto ao estado da doença (tendinite, ruptura parcial, ruptura total) e quanto aos aspectos biomecânicos da ocupação (ramo de serviços, construção civil, trabalhadores domésticos, lavradores e seguranças). Teste qui-quadrado de Pearson, análise de dependência e teste exato para uma proporção foram realizados. Os resultados apontaram que 62 (55%) estavam afastados da atividade laboral e que os grupos com maior número de afastados foram o do ramo de serviços (38,71%) e lavradores (22,58%), segundo Pearson. A maior freqüência de casos de afastamento foi registrada no estágio de tendinite (p<0,05) pela análise de dependência e a ocupação de lavrador parece deixar o indivíduo por mais tempo afastado (p=0,02), segundo teste de Pearson.
Palavras-chave: Dor de Ombro, Síndrome de Colisão do Ombro, Licença Médica.

Abstract:

Rotator cuff diseases, among them related to the supraspinatus tendon, are common problems in the population, above all in occupational conditions, what takes to high indexes of sick leave. It was looked for then, to compare the need of work removal among the different states of the disease of the supraspinatus tendon and among five different professional groups, tends the patients‘ participation that they had the pathology. The people were grouped as for the disease stages (tendonitis, partial rupture, total rupture) and as for the biomechanical aspects of the occupation (general services, building site, domestic workers, rural workers and safeties). The test qui-square of Pearson, dependence analysis and exact test for a proportion were accomplished. The results appeared that 62 (55%) were sick leave of the work and the groups with larger number of having moved away were it of the general services (38,71%) and rural workers (22,58%), according to Pearson. The largest frequency of cases of removal was registered in the tendonitis stage (p<0,05) for the dependence analysis and farmer‘s occupation seems to leave the individual for more moved away time (p=0,02), according test of Pearson.
Key words: Rotator cuff, Shoulder impingement syndrome, Sick leave.

Conteúdo:

As lesões do manguito rotador são problemas comuns relacionadas a sobrecargas na articulação do ombro, sobretudo em condições ocupacionais1. Esse agravo é responsável por considerável número de afastamentos do trabalho, cerca de 27%, resultando em custos ao sistema previdenciário e, também, problemas sociais, como dificuldade de reinserção no mercado formal de emprego2,3,4,5,6.
Estas lesões representam um espectro de doenças que vão desde uma tendinite, passando por uma ruptura parcial até uma lesão de ruptura total comprometendo todos dos componentes do manguito rotador7.
Várias etiopatogenias estão relacionadas com os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) do ombro, como posturas inadequadas dos membros superiores, tipo de ocupação8, 9, repetitividade de movimentos acima do nível do ombro10,11,12 e envelhecimento biológico13,14.
Sua característica multifatorial é fator de complicação para o entendimento e gerenciamento das lesões, principalmente considerando a diversidade cinesiológica envolvida nas mais variadas formas de ocupação laboral15,16,17.
Baseando-se nas questões anteriormente amealhadas que definem as doenças em questão como situação problema relacionada a atividades ocupacionais e, que descrevem a variedade de manifestações evolutivas e condições causais do agravo como fator de complicação para o gerenciamento de medidas preventivas e de reabilitação, entende-se como pertinente investigar os aspectos relacionados à doença e sua repercussão sobre o trabalho.
Assim, constituem-se como os objetivos deste estudo a comparação da necessidade de afastamento de trabalho entre os diferentes estágios evolutivos da doença e entre cinco diferentes grupos profissionais com diferentes aspectos biomecânicos da ocupação.

Métodos
Foram convidados a participar do estudo todos os indivíduos atendidos no Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto com o diagnóstico de afecção do manguito rotador durante os meses de abril e novembro de 2004, que foram informados sobre o objetivo da pesquisa e após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, foi feita a entrevista seguindo um roteiro de entrevista previamente elaborado.
Estes pacientes possuíam historia de dor espontânea, arco doloroso na elevação de membro superior e positividades no teste irritativo de Neer1.
Para a participação, os pacientes passaram pela avaliação clínica do ortopedista do local do estudo, onde também foi realizado o exame de ultra-som e/ou de ressonância magnética de ombro para confirmação do diagnóstico. Os achados alterados ou positivos foram interpretados como tendinite do supra-espinal, ruptura parcial ou total do supra-espinal15. Foram considerados critérios de exclusão a história de cirurgias ou fraturas anteriores no ombro, instabilidades articulares e afecção em mais de um tendão, já que o objetivo do estudo visa à estrutura particular do tendão supra-espinhal.
A abordagem foi feita durante a consulta promovida pelos ortopedistas do departamento. Os dados utilizados foram coletados por meio de entrevista com questionário previamente elaborado. O instrumento continha questões referentes aos aspectos pessoais (idade, sexo, peso, membro superior dominante, lado da afecção) atividade ocupacional (função no trabalho, tempo de serviço, função anterior, acúmulo de função) e afastamento laboral (tempo de afastamento), feito apenas por um pesquisador. As informações sobre o estágio da lesão, registradas em prontuários clínicos, foram anotadas na ficha da entrevista.
Os participantes foram agrupados conforme o estado da patologia do tendão supra-espinhal (tendinite, ruptura parcial e ruptura total)15 e de acordo com a atividade laboral exercida, com ênfase na biomecânica14, constituindo-se de cinco grupos: a) indivíduos do ramo de serviços (costureira, cabeleireiro e do lar); b) construção civil (pedreiro, marceneiro e serralheiro); c) trabalhadores domésticos e faxineiros; d) lavradores; e) seguranças.
O estudo teve aprovação pela Comissão de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, com protocolo nº 1941/2004 de 12 de abril. A abordagem dos achados como idade e grupamento ocupacional foi realizada por meio da média, mediana e desvio padrão. Entre as variáveis afastamento laboral e estado da doença utilizou-se a análise de dependência18; o teste exato para uma proporção foi usado na variável lateralidade da queixa e membro dominante. Realizou-se a caracterização por grupamento ocupacional, afastamento do trabalho e tempo de afastamento pelo teste qui-quadrado de Pearson, O nível de significância adotado foi p<0,05.

Resultados
Do total de participantes, exclui-se 12 indivíduos que não preenchiam os critérios de inclusão, permanecendo 112, sendo 75 (67%) do sexo feminino e 37(33%) do masculino, cuja idade variou de 23 a 71 anos, com média de 51 anos (desvio padrão de 9 anos). Desta população, 96% (107) eram destros e o membro acometido direito foi observado em 69% (78), sendo mais freqüente pelo teste exato para uma proporção (p<0,05).
Em relação à atividade laboral, a amostra foi dividida de acordo com o ramo de atividade e com o tipo de movimento biomecânico exercido. O grupo I foi formado por 58 indivíduos (52%) que exercem ou exerceram trabalhos manuais como costureira, cabeleireiro e indivíduos que trabalham no lar. O grupo II constituiu-se de 15 indivíduos (13%) que exercem ou exerceram a função de pedreiro, marceneiro e serralheiro. O grupo III constituiu-se de 19 pessoas que trabalham como faxineiro e trabalhador doméstico (17%). O grupo IV foi formado por 18 lavradores (16%) e o grupo V por dois seguranças (2%). Dentre todos, 62 (55%) afastaram-se da atividade laboral.
A tabela 1 apresenta a distribuição dos participantes quanto à ocupação e idade, agrupada conforme aspectos biomecânicos. Nota-se que a faixa de média de idades independente da população, encontra-se entre 45 e 53 anos e não houve diferenças estatisticamente significativas entre idade e ocupação.
Em relação ao afastamento laboral, observa-se na tabela 2 que a maior freqüência de casos de afastamento foi registrada no estado de tendinite (p<0,05), segundo análise de dependência. Para os outros estados, as distribuições foram casuais, sem diferença estatística.


Na tabela 3 é apresentada a distribuição dos participantes quanto à sua atividade ocupacional e necessidade de se afastar do trabalho. Observa-se valor significante para os grupos I e IV, mostrando maior afastamento laboral (p=0,024), segundo teste de Pearson.A tabela 4 apresenta a distribuição dos indivíduos afastados que tinham mais de 49 meses de profissão. Observa-se diferença estatística no maior tempo de profissão, mostrando ter mais indivíduos afastados quando a mesma ocupação for seguida por 5 anos e ainda, que a atividade de trabalho rural parece deixar o indivíduo por mais tempo afastado (p=0,01), segundo teste de Pearson.


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