0073/2025 - Análise da qualidade ruim e duração inadequada do sono antes e durante a COVID-19: estudo em bases populacionais
Analysis of poor quality and inadequate duration of sleep before and during COVID-19: a population-based study
Autor:
• Eliara Francine Costa Gomes Darolt - Darolt, E.F.C.G - <eliaracgomes@hotmail.com>ORCID: 0009-0007-1385-5947
Coautor(es):
• Leonardo Pozza Santos - Santos, L.P - <leonardo_pozza@yahoo.com.br>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3993-3786
• Antônio Augusto Schäfer - Schäfer, A.A - <antonioaschafer@ unesc.net>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8834-0434
• Micaela Rabelo Quadra - Quadra, M.R - <micaelarquadra@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6380-7720
• Fernanda Oliveira Meller - Meller, F.O - <fernandameller@unesc.net>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1174-4721
Resumo:
Introdução: Sono adequado é essencial para a saúde do indivíduo. O objetivo do estudo foi analisar a qualidade ruim e duração inadequada do sono e seus fatores associados, em adultos, antes e durantes a pandemia de COVID-19. Metodologia: Estudo transversal de base populacional, conduzidos com indivíduos de 18 anos ou mais. Os desfechos foram qualidade ruim do sono (incluindo regular, ruim e muito ruim), e duração inadequada do sono (<7h ou ?9h). As variáveis independentes foram as características sociodemográficas, comportamentais e de saúde. Regressão de Poisson ajustada foi realizada para avaliar as associações, com nível de significância de 5%. Resultados: Foram analisados 1.683 indivíduos. Antes da pandemia, qualidade do sono ruim foi associada ao sexo feminino, saúde mental e percepção de saúde, e duração inadequada foi associada ao estado civil e percepção de saúde. Durante a pandemia, qualidade do sono ruim foi associada ao sexo feminino, álcool, multimorbidade e saúde mental, e duração inadequada relacionada com renda. Conclusão: Alguns grupos populacionais parecem ser mais vulneráveis à problemas relacionados ao sono, demonstrando a relevância da temática para a elaboração de política públicas direcionadas aos distúrbios do sono.Palavras-chave:
Sono. Qualidade do Sono. Fatores de Risco. COVID-19.Abstract:
Introduction: Adequate sleep is essential for an individual's health. This study aimed to analyze poor quality and inadequate duration of sleep and their associated factors, in adults, before and during the COVID-19 pandemic. Methodology: Population-based cross-sectional study was conducted with individuals aged 18 years or older. The outcomes were poor sleep quality (including regular, poor and very poor), and inadequate sleep duration (<7h or ≥9h). The independent variables included sociodemographic, behavioral, and health characteristics. Adjusted Poisson regression was performed to evaluate associations, with a significance level of 5%. Results: A total of 1,683 individuals were analyzed. Before the pandemic, poor sleep quality was associated with female sex, mental health, and health perception, and inadequate duration was associated with marital status and health perception. During the pandemic, poor sleep quality was associated with female sex, alcohol use, multimorbidity and mental health, while inadequate duration was associated with income. Conclusion: Some population groups appear to be more vulnerable to sleep-related problems, demonstrating the relevance of the topic for the development of public policies aimed at sleep disorders.Keywords:
Sleep. Sleep Quality. Risk Factors. COVID-19.Conteúdo:
O sono tem duas dimensões principais: duração (quantidade) e profundidade (qualidade). Quando os indivíduos não conseguem obter a duração ou a qualidade adequada do sono, o estado de alerta diurno fica comprometido. Indivíduos em privação do sono (incompatibilidade entre as necessidades de sono de um indivíduo e o tempo que reservou para dormir) têm prejuízos na restauração física e mental do organismo o que leva a diversos efeitos fisiológicos1. Problemas na duração do sono, como sono de duração mais curta, estão associados a taxas mais altas de doença de Alzheimer e a maior risco de excesso de peso e dores crônicas, por exemplo1–3.
A qualidade do sono está diretamente ligada ao bem-estar físico e mental do indivíduo, instituída como uma dimensão precípua para a avaliação do sono saudável. O sono de qualidade é influenciado pela sua duração e efetividade, bem como pelas demandas consideradas satisfatórias para cada indivíduo4. Problemas relacionados ao sono têm forte influência sobre a ocorrência e a progressão de doenças como hipertensão, diabetes e doenças coronarianas5–7. Do mesmo modo, o sono de má qualidade também prejudica a resposta imune, facilitando, assim, o desenvolvimento de doenças oportunistas, podendo prejudicar o rendimento do indivíduo no trabalho e suas tarefas de rotina, além de estar associado com acidentes de trânsito e de trabalho8,9.
Problemas de sono são cada vez mais comuns. Segundo estudo transversal realizado por Drager em março de 2020 com 2.635 adultos brasileiros das cinco regiões do país, cerca de 66% dos brasileiros não dormiam bem, sendo as mulheres as mais afetadas, com qualidade de sono até 10% pior do que os homens. Essas altas prevalências de má qualidade do sono têm custos altos, impulsionando maiores gastos públicos e a maior utilização dos cuidados de saúde10.
A qualidade e a duração do sono podem estar ligadas a fatores emocionais. Como sabemos, a pandemia de COVID-19, que teve início em março de 2020, teve forte impacto emocional na vida das populações de todo mundo. Diversos fatores como isolamento social, problemas financeiros e o luto de pessoas próximas contribuíram para o agravamento de problemas como ansiedade, depressão e alterações na qualidade do sono11.
Considerando a carência de estudos sobre a qualidade do sono, especialmente durante a pandemia de COVID-19, bem como o crescimento acentuado dos problemas relacionados ao sono e seus impactos na saúde e qualidade de vida das pessoas, este estudo visa conhecer quais características individuais têm maior relação com os agravos do sono no período pandêmico. Dessa forma, o objetivo do estudo foi analisar a qualidade ruim e duração inadequada do sono, e fatores associados à qualidade ruim do sono, em duas bases de dados populacionais, com indivíduos adultos, do município de Criciúma, Santa Catarina, antes e durante a COVID-19.
MATERIAIS E MÉTODOS
Delineamento, população estudada e coleta dos dados
Trata-se de um estudo transversal que utilizou dados de duas pesquisas de base populacional intituladas “Saúde da População Criciumense” e “Mental COVID: impacto da COVID-19 sobre a saúde mental da população”. Os dois estudos foram realizados em Criciúma, Santa Catarina, cidade localizada no sul do Brasil, com 219.393 habitantes12. Criciúma possui índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,788, e uma densidade populacional de cerca de 815,87 habitantes por km2. Em 2021, o município possuía um produto interno bruto per capita de R$ 38.244,79 e um salário médio mensal de 2,5 salários-mínimos brasileiros. Criciúma tem área territorial de 234.865 km2 e, além de ser considerada uma capital regional, está localizada perto da capital catarinense, Florianópolis12.
O primeiro estudo, "Saúde da População criciumense", foi realizado entre março e dezembro de 2019, e o segundo, "Mental COVID", foi realizado durante a pandemia de COVID-19 entre outubro de 2020 e janeiro de 2021. Em ambas as pesquisas foram incluídos indivíduos com 18 anos ou mais de idade residentes na área urbana do município de Criciúma.
O processo amostral dos estudos, apesar de independente, ocorreu da mesma forma, em duas etapas, com base no Censo Demográfico Brasileiro de 201013. Primeiramente, foram selecionados de forma aleatória os setores censitários (unidades primárias) e, posteriormente, os domicílios (unidades secundárias) foram sorteados proporcionalmente ao tamanho do setor. No primeiro estudo, 77 dos 306 setores censitários foram sorteados e 618 domicílios foram selecionados. Todos os indivíduos com 18 anos ou mais de idade, residentes nos domicílios selecionados, foram convidados a participar do estudo, totalizando 820 indivíduos entrevistados. Para o segundo estudo, foram sorteados 60 setores censitários e 607 domicílios foram selecionados. Todos os adultos (18 anos ou mais) residentes nos domicílios sorteados foram convidados a participar, resultando em 863 indivíduos.
A coleta dos dados ocorreu através de entrevista face a face, através de questionário único, pré-codificado e padronizado aplicado por entrevistadores treinados. No estudo realizado durante a pandemia, todos os entrevistadores usaram equipamentos de proteção individual durante o trabalho de campo para evitar a infecção pelo SARS-CoV-2.
O questionário utilizado em ambas as pesquisas continha informações sociodemográficas, comportamentais e de saúde dos indivíduos e teve duração média de aplicação de 30 minutos. Para a primeira pesquisa, foi utilizado questionário em papel e foi feita a checagem dos dados com dupla digitação no software EpiData 3.1. Para a segunda pesquisa, a coleta foi realizada por meio de tablet e do aplicativo RedCap®. Em ambos os estudos, uma supervisora de campo era responsável pelo deslocamento dos entrevistadores e pelo monitoramento da pesquisa e do trabalho de campo.
Variáveis dependentes
As variáveis dependentes estudadas foram a qualidade ruim e a duração inadequada do sono autorreferidas. Para avaliar a qualidade do sono foi utilizada a pergunta “Como você avalia a qualidade do seu sono?”, com as seguintes opções de resposta: muito bom; bom; regular; ruim; muito ruim. Para fins de análise, foram agrupadas as respostas muito bom e bom, formando a categoria “qualidade do sono boa”. As respostas regular, ruim e muito ruim compuseram a categoria “qualidade do sono ruim”.
A duração do sono foi calculada a partir das informações fornecidas por meio das seguintes perguntas: "Que horas você costuma dormir durante a semana (segunda a sexta)?" e "Que horas você costuma acordar durante a semana (segunda a sexta)?". Os indivíduos com duração do sono entre 7h e 8h59 por dia foram classificados com "duração adequada do sono" e aqueles cujo sono durou menos de 7h ou mais de 9h por dia foram classificados com "duração inadequada do sono"14,15.
Variáveis independentes
Foram avaliadas as seguintes variáveis sociodemográficas: sexo (masculino/feminino), idade (coletada em anos completos e categorizada em 18-29, 30-39, 40-49, 50-59, ? 60 anos) cor da pele (branca, preta, amarela, parda e indígena), estado civil (casado/ não casado: solteiro(a), separado(a)/divorciado(a), viúvo(a)), escolaridade (0-4, 5-8, 9-11, ?12 anos), renda mensal per capita (até 1000,00, 1001,00 a 2000,00, >2000,00 reais), trabalho atual (não/sim) e número de moradores (1-2, 3-4, ? 5).
Também foram avaliadas variáveis comportamentais, a saber: consumo de bebida alcoólica (não/sim); tabagismo (não/sim); prática suficiente de atividade física (não/sim), número de refeições realizadas ao dia (<4, ? 4), realização do café da manhã (não/sim), qualidade da dieta (em tercil). O consumo de bebida alcoólica foi avaliado através da pergunta “Quantos dias por semana o(a) senhor(a) costuma tomar alguma bebida alcoólica?”, na qual indivíduos que bebiam em um dia ou mais por semana foram classificados em “sim” e aqueles que nunca bebiam ou bebiam menos de uma vez por semana foram classificados em “não”. O tabagismo foi avaliado por meio da questão “Atualmente, o(a) senhor(a) fuma?”, na qual aqueles que responderam “não” foram classificados como não fumantes e aqueles que responderam “sim, todos os dias” ou “sim, mas não todos os dias” foram classificados como fumantes. A prática suficiente de atividade física foi avaliada por meio do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ)16 versão longa, considerando atividades de lazer e deslocamento. A prática de atividade física na semana anterior à entrevista (nos últimos sete dias) foi avaliada por meio de questões sobre frequência semanal e duração da caminhada (também para ciclismo no trajeto) e da prática de atividades físicas moderadas e vigorosas. Os indivíduos que realizavam, pelo menos, 150 minutos por semana, foram classificados como tendo prática suficiente de atividade física17. A qualidade da dieta foi avaliada considerando o escore proposto por Francisco et al.18.
Ademais, foram avaliadas variáveis relacionadas à saúde dos entrevistados: autoavaliação do estado de saúde (muito boa/boa/regular/ruim/muito ruim), uso de medicamentos para dormir (não/sim) e multimorbidade (não/sim). Multimorbidade considerou a presença de duas ou mais das seguintes doenças: hipertensão arterial sistêmica; diabetes mellitus; doenças do coração, como insuficiência cardíaca, infarto, angina; depressão; doença mental ou emocional, como ansiedade, esquizofrenia, transtorno bipolar ou transtorno obsessivo compulsivo.
Análise estatística
Análises descritivas das variáveis estudadas foram apresentadas para cada um dos estudos através das frequências absolutas (n) e relativas (%) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%).
Análises brutas da associação entre sono (duração inadequada e qualidade ruim) e as variáveis independentes foram realizadas utilizando o teste Qui-quadrado de Pearson considerando nível de significância de 5%. Análise ajustada foi realizada através da Regressão de Poisson, apresentando valor p correspondente ao teste de Wald para heterogeneidade e/ou tendência linear. Para estudos transversais com desfechos binários, usar Poisson torna o processo de apresentação e interpretação dos resultados mais adequado do que a regressão logística19. Para as análises ajustadas, foi utilizado modelo hierárquico dos fatores associados à qualidade ruim e à duração inadequada do sono, no qual as variáveis com nível de significância de 20% (valor p <0,20) foram consideradas confundidoras e permaneceram no modelo final.
Todas as análises foram realizadas no programa estatístico Stata versão 16.1.
Considerações éticas
A pesquisa “Saúde da População Criciumense” foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos da Universidade do Extremo Sul Catarinense sob protocolo nº 3.084.521. A pesquisa “Mental COVID” foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Rio Grande sob parecer nº 4.162.424. Todos os participantes que aceitaram participar dos estudos leram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e autorizaram a sua participação.
RESULTADOS
Foram estudados 1.683 indivíduos, sendo 820 na pesquisa de 2019 (86,1% de taxa de resposta) e 863 na pesquisa de 2020-2021 (75% de taxa de resposta). No estudo realizado antes da pandemia de COVID-19, a maioria dos participantes era do sexo feminino (63,8%), com faixa etária de 60 anos ou mais (45%) e de cor da pele branca (82,5%). Além disso, 64% relataram não estar trabalhando, 39,9% possuíam renda mensal inferior a R$ 1.000,00 e cerca de um terço tinha entre 9 e 11 anos de estudo (32,5%). No estudo realizado durante a pandemia de COVID-19, houve ligeira diminuição na presença de idosos (29,7%), de indivíduos com renda mensal inferior a R$ 1.000,00 (27,7%) e que não estavam trabalhando (47,2%). No entanto, similarmente ao estudo de antes da pandemia, a maioria dos indivíduos se autodeclarou com cor de pele branca (83,2%) e aproximadamente um terço tinha entre 9 e 11 anos de estudo (30,7%) (Tabela 1).
Acerca das características comportamentais, antes da pandemia de COVID-19, verificou-se que 20% das pessoas pesquisadas faziam uso frequente de bebidas alcoólicas e 14,4% eram fumantes. A prática suficiente de atividade física não era realizada por 74,9% dos indivíduos e 21,8% deles faziam menos de 4 refeições por dia. Além disso, 42,7% dos entrevistados tinham multimorbidade e 50,4% percebiam sua saúde como regular, ruim ou muito ruim. Referente aos aspectos de saúde mental, um terço (29,2%) possuía sintomas depressivos, 38,8% apresentam estresse e 7,8% reportaram ideação suicida (Tabela 2).
Durante a pandemia, alguns aspectos comportamentais foram encontrados com frequências similares as de antes da pandemia: 16,3% faziam uso frequente de bebidas alcoólicas e 10,9% eram fumantes, a prática suficiente de atividade física não era realizada por 76,4% dos indivíduos e 26,1% deles faziam menos de 4 refeições por dia. Todavia, foi encontrada menor frequência de multimorbidade (22,7%) e de percepção regular, ruim ou muito ruim de saúde (24,9%). Referente aos aspectos de saúde mental, durante a pandemia houve redução na frequência de sintomas depressivos (13,9%) e de ideação suicida (4,1%), mas a frequência de estresse percebido se manteve similar (37,5%) (Tabela 2).
Em relação ao sono, antes da pandemia, 48,2% dos entrevistados relataram qualidade do sono ruim (regular, ruim e muito ruim), 21,7% usavam algum medicamento para dormir e 52,4% tinham duração do sono inadequada (Tabela 3). Dentre os indivíduos com duração do sono inadequada, 31,1% relataram dormir menos de 7 horas por dia, enquanto 68,9% referiram dormir, pelo menos, 9 horas por dia (dados não apresentados em tabela). Durante a pandemia de COVID-19, houve redução na frequência da qualidade do sono ruim (regular, ruim e muito ruim) (28,9%) e no uso de medicamento para dormir (13,5%). Todavia, a frequência de duração do sono inadequada se manteve similar à de antes da pandemia (43,2%) (Tabela 3), sendo que 33,4% relataram dormir menos de 7 horas e 66,6% relataram dormir 9 horas ou mais (dados não apresentados em tabela). Quanto à média de horas dormidas por dia, antes da pandemia, foi de 8,2 horas (±1,8) e durante da pandemia de 8,0 horas (±1,4) (dados não apresentados em tabela).
A associação entre qualidade do sono ruim e as variáveis independentes é apresentada na Tabela 4. Após ajuste para possíveis fatores de confusão, antes da pandemia, observou-se que a qualidade do sono ruim esteve associada ao sexo feminino (RP: 1,17; IC95% 1,01;1,37), sintomas depressivos (RP: 1,22; IC95% 1,02;1,45) e estresse (RP: 1,38; IC95% 1,16;1,64). Além disso, aqueles indivíduos que percebiam sua saúde como regular, ruim ou muito ruim tiveram maior prevalência de qualidade do sono ruim do que os que relataram percepção da saúde como muito boa ou boa (RP: 1,26; IC95% 1,06;1,50). As demais variáveis não permaneceram associadas ao desfecho. Durante a pandemia, na análise ajustada, a qualidade do sono ruim também esteve associada ao sexo feminino (RP: 1,55; IC95% 1,18;2,03) e ao estresse (RP: 1,42; IC95% 1,06;1,90), porém também se associou com consumo de bebida alcoólica (RP: 1,44; IC95% 1,05;1,98), multimorbidade (RP: 1,49; IC95% 1,11;2,02) e sentimento de tristeza (RP: 1,57; IC95% 1,17;2,10). Além disso, aqueles indivíduos que percebiam sua saúde como regular, ruim ou muito ruim apresentaram maior prevalência qualidade do sono ruim do que os que relataram percepção da saúde muito boa/boa (RP: 1,53; IC95% 1,11;2,11). As demais variáveis não permaneceram associadas ao desfecho.
A Tabela 5 apresenta a associação entre duração do sono inadequada e as variáveis independentes estudadas. Antes da pandemia, após ajuste para possíveis fatores de confusão, a duração inadequada do sono foi menos prevalente entre os indivíduos casados (RP: 0,86; IC95%0,74;0,96), enquanto aqueles que percebiam sua saúde como regular, ruim ou muito ruim apresentaram maior probabilidade de ter duração do sono inadequada (RP: 1,18; IC95% 1,02;1,38). As demais variáveis não permaneceram associadas ao desfecho. Durante a pandemia, na análise ajustada, a duração do sono inadequada esteve associada com a renda mensal dos indivíduos, ou seja, aqueles que tinham renda superior a R$ 2.000,00 apresentavam prevalência 27% menor de duração inadequada do sono quando comparados aos que recebiam até R$ 1.000,00 (RP: 0,73; IC95% 0,56;0,95). As demais variáveis não permaneceram associadas ao desfecho.
DISCUSSÃO
O presente estudo, que objetivou avaliar a qualidade ruim e a duração inadequada do sono e seus fatores associados em adultos, antes e durante a pandemia de COVID-19, evidenciou resultados bastante relevantes. As prevalências de qualidade do sono ruim e duração inadequada do sono diminuíram durante a pandemia em relação ao período antes da pandemia.
Antes da pandemia de COVID-19, a qualidade do sono ruim esteve associada aos indivíduos do sexo feminino, que tinham sintomas depressivos e relataram estresse. Do mesmo modo, aqueles indivíduos que percebiam sua saúde como regular, ruim ou muito ruim tiveram índices maiores de qualidade do sono ruim do que os que relataram percepção da saúde como muito boa ou boa. Durante a pandemia, a qualidade do sono ruim esteve associada ao sexo feminino, ao consumo de bebida alcoólica, a multimorbidade, aos que tinham sentimento de tristeza e relataram estresse. Além disso, aqueles indivíduos que percebiam sua saúde como regular, ruim ou muito ruim tiveram maiores índices de qualidade do sono ruim do que os que relataram percepção da saúde muito boa ou boa.
Similarmente aos nossos achados, Gao e Scullin em sua pesquisa com adultos americanos realizada no final de março de 2020, que comparou dados de antes e durante a pandemia de COVID-19, observaram que a qualidade do sono melhorou durante a pandemia de COVID-19 nos indivíduos estudados. Segundo os autores, essa melhora na qualidade do sono de alguns indivíduos pode ser explicada pela flexibilização dos horários rígidos de trabalho/escola como também dos compromissos matinais20.
Do mesmo modo, segundo a Associação Brasileira do Sono, existe uma parcela da população brasileira que melhorou o sono nesse período pandêmico, e este grupo é composto por pessoas que se viam comprimidas no horário por conta da jornada de trabalho, que ficavam muito tempo no trânsito e que tinham sobrecarga das tarefas domésticas. Uma vez que foi retirada a necessidade de se locomoverem, elas ganharam um número de horas para se organizarem melhor e consequentemente melhorar sua qualidade de vida2.
Os resultados mostraram que a qualidade do sono ruim foi mais prevalente em indivíduos do sexo feminino antes e durante a pandemia. Diversos estudos estão em conformidade com estes dados21–25. Segundo Barros et al., as mulheres são mais preocupadas com a saúde e tem uma rotina mais intensa, sendo que atividades como as domésticas e cuidados com crianças e idosos, na maior parte das vezes, recaem sobre elas, inclusive no período noturno, o que acaba interferindo também na qualidade do sono11. Em estudo realizado por Lima et al., observou-se que durante a pandemia os problemas no sono foram maiores nas mulheres em que a renda diminuiu muito ou que ficaram sem rendimento, nas que perderam o emprego ou ficaram sem trabalhar e entre as que relataram pouco ou muito aumento na quantidade de trabalho doméstico durante este período5. Pesquisa conduzida por Drager et al., durante a pandemia, também observou que as mulheres foram as mais afetadas, com qualidade de sono até 10% pior do que os homens durante esse período25. De acordo com Krishnan e Collop, devido às alterações hormonais, fisiológicas e cíclicas do corpo feminino, as mulheres geralmente apresentam mais queixas e distúrbios do sono, como insônia, do que os homens1.
Em relação à associação da saúde mental com a qualidade do sono, antes da pandemia, os indivíduos que tinham sintomas depressivos e estresse tiveram maiores índices de qualidade do sono ruim. Estudos evidenciam que transtornos do sono têm associação com transtornos psiquiátricos. Por exemplo, uma pesquisa desenvolvida por Barros et al. detectou que a presença de transtornos mentais comuns se associava a um aumento de 61% na prevalência de má qualidade do sono22. Outro achado semelhante foi relatado por Sá, Motta e Oliveira, em que observaram que indivíduos com ansiedade têm comumente insônia inicial (dificuldade em iniciar o sono) ou insônia intermediária (ato de se levantar no meio da noite e não conseguir dormir mais)26. Além disso, Baglioni et al. relataram que indivíduos com depressão tem comumente alterações mais graves na continuidade e profundidade do sono27.
Durante a pandemia, a prevalência de qualidade do sono ruim foi maior em indivíduos que tinham sentimento de tristeza e relataram estresse. Tal resultado está em conformidade com o estudo realizado durante a pandemia de COVID-19 por Osiogo et al. Neste estudo, indivíduos com sintomas de ansiedade moderada/alta, sintomas de estresse moderado/alto e ideação/pensamentos suicidas de autoagressão tiveram maior probabilidade de desenvolver distúrbios do sono em comparação com indivíduos sem esses sintomas28.
No presente estudo, antes e durante a pandemia os indivíduos que percebiam sua saúde como regular, ruim ou muito ruim tiveram maiores índices qualidade de sono ruim do em relação àqueles que relataram percepção da saúde como muito boa ou boa. Coerente a este achado, foi observado também que durante a pandemia indivíduos com multimorbidade apresentaram 49% maior prevalência de ter qualidade do sono ruim do que os indivíduos sem multimorbidade, consolidando o que identificaram Barros et al. Os autores observaram que a qualidade do sono ruim foi significativamente maior nos indivíduos com saúde autoavaliada como regular ou ruim, como também se mostrou crescente com o aumento do número de doenças crônicas (RP = 1,94 para cinco ou mais doenças), e com aumento do número de problemas de saúde relatados (RP = 4,19 para cinco ou mais problemas). Esses achados nos alertam sobre a importância de os profissionais de saúde estarem atentos e atuando no sentido de reduzir o risco do surgimento de comorbidades e de monitorarem a qualidade do sono dos indivíduos com múltiplas doenças, considerando que sono ruim piora ainda mais a qualidade de saúde e aumenta o risco de mortalidade22.
Entre os que faziam consumo frequente de bebida alcoólica, a prevalência de qualidade do sono ruim, durante a pandemia, foi 44% maior do que dos que não consumiam bebida alcoólica. Um fator que pode ser levado em conta é que o consumo de bebida alcoólica entre os brasileiros aumentou durante a pandemia29. Em estudo realizado por Araújo et al., a prevalência de problemas de sono também foi maior em indivíduos que faziam uso excessivo de álcool (RP = 1,14; IC95% 1,09–1,20). Segundo o autor, o consumo excessivo de álcool interfere na fisiologia do sono, especialmente na segunda metade da noite, facilitando os despertares, causando um sono fragmentado, refletindo em má qualidade do sono21. Os dados do presente estudo nos alertam que o uso moderado de álcool já foi suficiente para alterações negativas no sono. Todavia, existe a necessidade novos estudos, principalmente longitudinais, para confirmação destas associações.
Estudo realizado com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada no Brasil nos anos de 2019 e 2020, mostrou uma maior prevalência de problemas de sono entre os indivíduos não casados (divorciados, viúvos e que moram sozinhos), o que corrobora os achados do presente estudo, visto que, antes da pandemia, a duração inadequada do sono foi maior nos indivíduos não casados. Segundo Araújo et al., o casamento leva a hábitos de uma rotina mais saudável, além de ofertar um melhor suporte familiar que auxilia na resolução de situações estressoras vivenciadas no dia a dia21.
Durante a pandemia, a duração inadequada do sono esteve associada à menor renda mensal dos indivíduos. Corroborando com esses dados, estudo de Lima et al. mostrou que a chance de exacerbação dos problemas com o sono foi duas vezes maior nas pessoas que tinham renda inferior a um salário-mínimo antes da pandemia, e o risco de ter problemas com o sono foi 69% maior nas pessoas que perderam o emprego e naquelas que tiveram a renda muito diminuída/ficaram sem renda durante esse período, sendo que segundo o estudo, o prejuízo de renda no período da pandemia foi duas vezes maior nos mais pobres30.
Importante ressaltar algumas limitações do presente estudo. Estudos transversais não permitem avaliar causalidade, além disso, o viés de causalidade reversa não pode ser descartado. Além disso, as duas amostras selecionadas antes e durante a pandemia eram independentes, o que impediu uma análise longitudinal das associações em questão. No entanto, como as bases de dados utilizadas para as análises não permitiam a identificação dos indivíduos, não foi possível observar quantos foram entrevistados nas duas pesquisas, o que pode, de certa forma, interferir nos resultados. A duração e a qualidade do sono foram avaliadas de forma autorreferidas, podendo a prevalência estar sub ou superestimada. No entanto, embora haja métodos diretos com a polissonografia para avaliar o sono, estudos deste tipo em amostras maiores se tornam inviáveis. Cabe destacar que outros estudos31–33 também têm utilizado questões únicas de autoavaliação do sono em suas pesquisas. Ademais, ressalta-se que se trata de um estudo realizado com a população de uma cidade com IDH alto, assim, a generalização dos achados precisa ser vista com cautela, considerando o IDH médio brasileiro, que é mais baixo quando comparado ao IDH de Criciúma. Por fim, deve-se pontuar que os múltiplos testes podem aumentar a chance do erro tipo alfa e que há a possibilidade de confusão residual, uma vez que para a maioria das exposições estudadas os IC95% estão próximos da nulidade.
Como fortalezas, destaca-se que os estudos são de base populacional representativos dos adultos do município de Criciúma. Além disso, a pesquisa realizada durante a pandemia foi conduzida de forma presencial, o que foi um diferencial comparado com a maioria dos estudos feitos de forma online, já que uma coleta de dados pela internet poderia não representar adequadamente a população adulta e idosa de Criciúma, visto que nem todos têm acesso e facilidade em utilizar esse meio de comunicação, especialmente entre as faixas etárias mais elevadas.
Conclui-se que alguns grupos populacionais parecem ter uma maior probabilidade de problemas relacionados ao sono, antes e durante a pandemia de COVID-19. Diante da relevância do tema abordado e as implicações para a saúde coletiva, acredita-se que estudos longitudinais são necessários a fim de avaliar a real direção das associações estudadas. Dessa forma, será possível contribuir para a elaboração de políticas públicas que promovam tratamentos adequados para os distúrbios do sono bem como direcionar as ações aos grupos mais vulneráveis.
Financiamento: A pesquisa “Mental COVID” recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) [Edital nº 06/2020].
Conflito de interesse: Os autores declaram não ter conflitos de interesse.
REFERÊNCIAS
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