0399/2007 - ANÁLISE DA SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA NOS MORADORES DO ABRIGO CRISTO REDENTOR ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DA ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA (EDG)
Analysis Of Depressive Sintomatology In Inhabitants Of The Christ Redeemer Shelter Through The Application Of Scale Of Geriatrical Depression (SGD)
Autor:
• Gisela Rocha de Siqueira - Siqueira, G.R. - Recife, PE - Faculdade Integrada do Recife - <giselasiqueira@uol.com.br>Área Temática:
Não CategorizadoResumo:
RESUMO: O objetivo do estudo foi determinar a prevalência de depressão em idosos que residem no Abrigo Cristo Redentor, Jaboatão dos Guararapes – PE. Foi realizado estudo descritivo no período de setembro e outubro de 2006, com idosos de idade igual ou acima de 60 anos. A amostra foi composta de 55 idosos, que responderam à Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage, com 30 perguntas. Foram realizadas análises de variância da prevalência dos sintomas de depressão entre ambos os sexos. A depressão foi identificada em 28 idosos (51%), dentre os quais 18 homens (64,3%) e 10 mulheres (35,7%). Recomenda-se a criação de uma nova escala, mais simples e de entendimento mais fácil, para pacientes que têm nível cognitivo rebaixado.PALAVRAS-CHAVES: Depressão, Idoso, Escala de Depressão Geriátrica (EDG).
Abstract:
ABSTRACT: This study objective was to determine the prevalence of depression in aged that inhabit in the Christ the Redeemer Shelter, Jaboatão dos Guararapes - PE. It was realized a descriptive study in the period of September and October of 2006, with aged of equal or above of 60 years old. The sample was composed for 55 aged ones, that had answered to Scale of Geriatrical Depression of Yesavage, with 30 questions. It was realized variance analyses of the prevalence of the depression symptoms between both. The depression was identified in 28 aged ones (51%), amongst which 18 male (64,2%) and 10 female (35,7%). The creation of a new scale, simpler and easier agreement is recommended, for patients who have lowered cognitive level.KEY WORDS: Depression, Aged, Scale of Geriatrical Depression (SGD).
Conteúdo:
Depressão é um problema de saúde freqüente entre idosos, embora a identificação desses pacientes seja muitas vezes difícil na prática clínica. Nesse sentido, a avaliação sistemática dos indivíduos nessa faixa etária pode contribuir para melhorar a detecção dos casos de depressão 1. O estudo do envelhecimento e da velhice, como processos do ciclo vital, é hoje um dos principais pontos de atenção dos agentes sociais e governamentais, bem como da medicina em geral. Dentre os diversos transtornos que afetam idosos, a depressão, considerada atualmente o "mal do século", merece especial atenção 2.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde a década de 90, a depressão vem ocupando uma posição de destaque no rol dos problemas de saúde pública, considerada a doença mais cara de todas as doenças em todo o mundo, e que até o ano de 2010 só perderá o primeiro lugar para as doenças cardíacas isquêmicas graves. Ainda segundo a OMS, esta síndrome, no ano de 2020, será a segunda moléstia que afetará os países desenvolvidos e a primeira em países em desenvolvimento 3.
Depressão é condição clínica freqüente no idoso. Estudos epidemiológicos indicam taxas de prevalência que variam de 1 a 16% entre idosos vivendo na comunidade. Em indivíduos portadores de doenças clínicas essas taxas são ainda mais elevadas. Por exemplo, até 45% dos pacientes com doença coronariana apresentam sintomas depressivos graves. Taxas semelhantes são descritas em associação com uma série de doenças clínicas típicas do idoso, como doença de Parkinson, doença cerebrovascular e doença de Alzheimer. Apesar disso, a presença de sintomas depressivos é apenas ocasionalmente reconhecida pelo paciente e profissionais de saúde, causando sofrimento desnecessário àqueles que não recebem tratamento, dificuldades para os familiares do paciente, e elevado custo econômico à sociedade 1.
A depressão é um problema comum em pessoas idosas, especialmente entre os que possuem várias enfermidades médicas. O envelhecimento provoca numerosas perdas que poderiam influenciar a produção de uma síndrome depressiva, como por exemplo, a perda da saúde, do companheiro, dos papéis sociais 4, bem como o abandono, o isolamento social, a incapacidade de reengajamento na atividade produtiva, a ausência de retorno social do investimento escolar e a aposentadoria que mina os recursos mínimos de sobrevivência. Esses fatores comprometem a qualidade de vida e predispõe o idoso ao desenvolvimento da depressão5.
Os transtornos do humor são uma das desordens psiquiátricas mais comuns em idosos, sendo responsáveis pela perda de autonomia e pelo agravamento de quadros patológicos preexistentes. Dentre eles, a depressão é a mais freqüente e está associada ao maior risco de morbidade e de mortalidade, ao aumento na utilização dos serviços de saúde, à negligência no autocuidado, à adesão reduzida aos regimes terapêutico e maior risco de suicídio 6, além de ser caracterizada pela falta de controle sobre o próprio estado emocional 7.
Do ponto de vista epidemiológico, estima-se que cerca de 15% dos idosos apresentam algum sintoma de depressão, sendo 2% do tipo grave. Em algumas populações (hospitalizadas ou institucionalizadas) a freqüência é mais elevada, atingindo de 5% a 13% dos pacientes hospitalizados e de 12% a 16% dos residentes em asilos 3.
A incidência de depressão é mais elevada em populações asilares ou em hospitais para internação de doentes agudos do que na comunidade. As taxas de sintomas depressivos nessas populações são de 31% e 23%, respectivamente. Cerca de 13% dos idosos asilados desenvolvem episódio depressivo dentro de um ano 3.
Os sintomas da depressão são muito variados, indo desde as sensações de tristeza, passando pelos pensamentos negativos até as alterações da sensação corporal como dores e enjôos. Contudo para se fazer o diagnóstico é necessário um grupo de sintomas centrais, como a perda de energia ou interesse, humor deprimido, dificuldade de concentração, alterações do apetite e do sono, sentimento de pesar ou fracasso e lentificação das atividades físicas e mentais 8.
Os sintomas corporais mais comuns são sensação de desconforto no batimento cardíaco, constipação, dores de cabeça, dificuldades digestivas. Períodos de melhoria e piora são comuns, o que cria a falsa impressão de que se está melhorando sozinho quando durante alguns dias o paciente sente-se bem. Geralmente tudo se passa gradualmente, não necessariamente com todos os sintomas simultâneos, aliás, é difícil ver todos os sintomas juntos. Até que se faça o diagnóstico praticamente todas as pessoas possuem explicações para o que está acontecendo com elas, julgando sempre ser um problema passageiro 8.
Alguns sintomas podem vir associados aos sintomas centrais, por exemplo, o pessimismo, dificuldade de tomar decisões, dificuldade para começar a fazer suas tarefas, irritabilidade ou impaciência, inquietação, achar que não vale a pena viver, desejo de morrer, chorar à-toa, dificuldade para chorar, sensação de que nunca vai melhorar, desesperança, dificuldade de terminar as coisas que começou, sentimento de pena de si mesmo, persistência de pensamentos negativos, queixas freqüentes, sentimentos de culpa injustificáveis, boca ressecada, constipação, perda de peso e apetite, insônia e perda do desejo sexual 8.
Em pacientes idosos, além dos sintomas comuns, a depressão costuma ser acompanhada com queixas somáticas, hipocondria, baixa auto-estima, sentimento de inutilidade, humor disfórico, tendência autodepreciativa, alteração do sono e do apetite, ideação paranóide e pensamento recorrente de suicídio.
Deve-se, ainda, registrar que períodos prolongados de dor, comprometimento da nutrição, emagrecimento e fatores oriundos de doenças físicas que conduzem à diminuição da autonomia e perda da mobilidade física contribuem decisivamente para a instalação da depressão. Pacientes nessas condições tendem a evoluir com sintomas psicóticos caracterizados por delírios de nutilidade e de que seu corpo está morrendo. O medo da progressão da doença física, da perda da dignidade e o medo de se transformar em sobrecarga aos familiares também são fenômenos psicológicos que acompanham o comprometimento da condição física 5. Isso torna o diagnóstico dessa condição mais complexo nesta população 2.
O paciente deprimido diminui o autocuidado, recusa-se a se alimentar e a seguir as recomendações do clínico, permanecendo por maior tempo restrito ao leito ou com pouca mobilidade física. Estes fatores, associados à debilidade clínica geral, podem diminuir a imunidade, com maior vulnerabilidade a processos infecciosos 5.
É fundamental, portanto, que os profissionais de saúde tenham familiaridade com as características da depressão no idoso e estejam preparados para investigar a presença de sintomas depressivos entre aqueles em contato com eles. Nesse sentido, o uso sistemático de escalas de depressão pode facilitar a detecção desses casos na prática clínica. A escolha da escala vai depender de uma série de fatores como sua capacidade para detectar casos, sua sensibilidade para monitorar mudanças ao longo do tempo, a consistência de suas medidas e a facilidade com a qual ela pode ser administrada 1.
A Escala de Depressão Geriátrica (EDG) é um dos instrumentos mais freqüentemente utilizados para o rastreamento de depressão em idosos. Diversos estudos mostraram que ela oferece medidas válidas e confiáveis. Descrita em língua inglesa por Yesavage et al 9, a escala original tem 30 itens e foi desenvolvida especialmente para o rastreamento dos transtornos de humor em idosos, com perguntas que evitam a esfera das queixas somáticas. Entre as suas vantagens destacam-se: é composta por perguntas fáceis de serem entendidas, tem pequena variação nas possibilidades de respostas, pode ser auto-aplicada ou aplicada por um entrevistador treinado 6.
Tendo em vista o quadro apresentado e o grande interesse no tema por parte das ciências gerontológicas, este estudo foi elaborado com o objetivo de investigar, em uma amostra de base populacional, o índice de depressão em idosos de um asilo em Jaboatão dos Guararapes-PE.
No idoso institucionalizado ainda são poucos os trabalhos com relação à incidência de depressão, devido a isso, a importância de tal estudo com relação a essa população.
METODOLOGIA
Foi realizado um estudo descritivo, utilizando-se, como meio, um questionário padronizado. O questionário aplicado é denominado Escala de Depressão Geriátrica (EDG), utilizada para avaliar sintomatologia depressiva e tendo como característica ser auto-aplicativo. A Escala de Depressão Geriátrica é composta por 30 perguntas, cada qual com 2 alternativas (sim e não) com valores atribuídos de 0 a 1 e o escore foi dado pela somatória do total de alternativas. Foi considerado o escore 0-10 para normal e 11 ou mais para provável depressão.
A população estudada foi de 55 pessoas (31 homens e 24 mulheres) correspondendo a 45% do total de habitantes do local de estudo. Essa população era composta por indivíduos com mais de 60 anos de idade moradores do Abrigo Cristo Redentor no município de Jaboatão dos Guararapes - PE. O estudo foi realizado no período de setembro e outubro de 2006.
A seleção dos indivíduos estudada foi baseada nos seguintes critérios: 1) idade maior ou igual a 60 anos; 2) capacidade física e mental para responder o questionário; 3) aceitação concedida após explicação do objetivo desse estudo. A distribuição dos questionários foi dada a todos os pacientes que estivessem sendo atendidos pelos acadêmicos de fisioterapia do 8º período da Faculdade Integrada do Recife – FIR, nas quartas e sextas no turno da tarde.
A Escala de Depressão Geriátrica foi aplicada pelos acadêmicos de fisioterapia do 8º período da FIR. Foi realizado um treinamento com os mesmos tendo como objetivo de evitar a interferência de acompanhantes e fatores ambientais. Os acadêmicos da FIR deslocaram-se até as dependências dos indivíduos estudados.
Foram usados como critérios de inclusão: pacientes de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 anos e que apresentassem bom cognitivo.
Foram usados como critérios de exclusão: pacientes com patologias que iriam interferir na avaliação da escala e que não se predispusessem a responder o questionário.
Todos os pacientes que foram submetidos a esse estudo assinaram um termo de consentimento livre esclarecido, dispondo-se a participar do estudo. Esse termo tem a explicação do objetivo do estudo, bem como a explicação da EDG.
RESULTADOS
Através da análise dos resultados encontrados na pesquisa, obteve-se um total de 55 idosos, sendo 31 homens (56,36%) e 24 mulheres (43,64%).
Com relação à prevalência dos idosos estudados na instituição, verificou-se que 28 deles (51%), apresentaram escore igual ou maior a 11, caracterizando uma sintomatologia depressiva, como mostra a Figura 1. Os 49% restantes não foram caracterizados como depressivos, tendo em vista que seu escore variou entre 02 e 10 pontos.
Com relação ao gênero, verificou-se a prevalência no sexo masculino, 18 homens (64,3%), contra apenas 10 mulheres (35,7%), como mostra a Figura 2.
Analisando a média de internamento dos idosos do Abrigo Cristo Redentor foram encontrados os valores de 11 e 5 anos para mulheres e homens, respectivamente, como mostra a Figura 3.
No que se diz respeito à média de idade da amostra estudada, encontramos 79 e 74 anos para mulheres e homens, respectivamente, como mostra a Figura 4. Analisando os idosos de ambos os sexos, foram encontradas a idade máxima de 100 anos, idade média de 77 anos, idade mínima de 61 anos, com desvio padrão de 10,95.
DISCUSSÃO
O processo de envelhecimento populacional em curso no país tem aumentado à freqüência de doenças psiquiátricas, entre as quais, a depressão, que é a desordem mais comum nesse segmento etário. As taxas de prevalência variam entre 5% e 35%, quando consideramos as diferentes formas e a gravidade da depressão.
Um aspecto relevante é que, apesar de boa parte das depressões nos idosos apresentar um quadro clínico semelhante ao de outras faixas etárias, esses indivíduos, com maior freqüência, apresentam quadros atípicos, ou particularidades, como problemas clínicos e sociais simultâneos, que podem levar a dificuldades diagnósticas 10.
Cheloni et al 11 afirmaram que as escalas de depressão no idoso, apesar de úteis no diagnóstico da depressão, apresentam suas limitações, que devem ser levadas em conta, mas, por outro lado, sua utilização serve de “screeming” para melhor avaliar esses pacientes.
Embora o fato de diversos estudos já terem demonstrado que a EDG oferece medidas válidas e confiáveis para a avaliação de transtornos depressivos e da mesma ser bastante utilizada, nos idosos que participaram da nossa pesquisa este instrumento foi de difícil aplicação por mostrar-se confusa para os mesmos, já que eles têm baixo cognitivo.
Nesse estudo foram identificados 51% de casos de depressão entre os 55 idosos avaliados. Esse achado é considerado bastante elevado se compararmos aos estudos internacionais realizados em comunidades com idosos, onde também são usadas escalas para diagnosticar depressão. Segundo Lima 12, essas divergências de percentuais de depressão dos estudos internacionais podem ser atribuídas às diferentes escalas empregadas para diagnosticar depressão, ou a alguns problemas metodológicos, ou, ainda, às possíveis diferenças sócio-demográficas observadas em cada país.
O presente estudo mostra um percentual de depressão nos idosos semelhante aos estudos realizados no Brasil, como o de Cherloni et al 11, que através de uma pesquisa sobre a prevalência de depressão nos idosos institucionalizados em Mossoró-RN, encontrou um acometimento de 51% da amostra estudada, e assim como nosso trabalho, esteve compatível com alguns dados encontrados na literatura.
No entanto, esse resultado foi extremamente superior ao encontrado por Aguiar & Dunningham apud Oliveira et al 13, que, no Estado da Bahia, encontraram sintomas depressivos em apenas 15% dos idosos da comunidade. A provável explicação para esse percentual tão alto de idosos deprimidos é que atualmente, a idéia que se tem sobre a idade avançada é que ela é desprovida de força, incapacidade de prazer, solitária e repleta de amargura.
Antigamente, algumas sociedades garantiam ao idoso o poder, a honra e o respeito, no entanto, na sociedade moderna, consumista e imediatista, os idosos são encarados como um peso social, sempre recebendo benefício e nada oferecendo em troca. Os valores da juventude predominam como os de beleza, de energia e de ativismo, como afirmou Oliveira et al 13.
O idoso institucionalizado é obrigado a adaptar-se a uma rotina de horários, a dividir seu ambiente com desconhecidos e à distância familiar. A individualidade e o poder de escolha são substituídos pelo sentimento de ser apenas mais um dentro daquela coletividade 11. Esses, entre outros, são fatores determinantes para o surgimento de depressão nos idosos institucionalizados, já que freqüentemente se observa que o idoso deprimido passa por uma importante piora de seu estado geral e por um decréscimo significativo de sua qualidade de vida 11.
Com relação ao gênero tivemos uma predominância do sexo masculino, com 18 homens (64,2%) contra 10 mulheres (35,7%). A prevalência da depressão em homens como resultado do nosso estudo ocorreu, provavelmente, devido à região do Nordeste brasileiro apresentar os homens como centro da família e detentores de maior poder e prestígio. À medida que eles vão envelhecendo, passam a ser vistos como peso para família e começam a se isolar, enquanto que as mulheres possuem uma maior facilidade de relacionamento e companheirismo, por serem educadas, desde crianças, para cuidar da casa e da família.
Os dados do presente estudo não corroboram com os resultados encontrados em alguns trabalhos da literatura, em que as mulheres são mais acometidas por depressão que os homens, conforme o estudo de Almeida 1. Nesse estudo, Almeida selecionou 64 indivíduos com 60 ou mais anos de idade, atendidos de forma consecutiva nos ambulatórios da Unidade de Idosos do Departamento de Saúde Mental da Santa Casa de São Paulo entre fevereiro e maio de 1998, e encontrou maior índice de depressão no sexo feminino (67,3% dos casos).
Porcu et al 4, em seu estudo sobre a prevalência da sintomatologia depressiva na população de idosos com idade superior a 60 anos, numa área adstrita do PSF, no município de Maringá, Estado do Paraná, encontrou, com relação à sintomatologia depressiva, o escore de 48% em sua amostra. O humor disfórico foi de 16,2% do total da amostra, sendo que se distribuiu entre 15,1% dos homens e 17,2% das mulheres, prevalecendo o feminino. Já o humor depressivo foi de 35,8% do total da amostra nos quais se distribuiu em 34% nos homens e 37,7% nas mulheres, mais uma vez o sexo feminino prevaleceu.
E ainda Linhares et al 14, em seu trabalho realizado no ambulatório de um hospital do estado do Distrito Federal, constatou que, dos 70 homens submetidos à EDG versão reduzida, 55 (78,6%) obtiveram entre 0 a 5 pontos (ausência de depressão); os 15 idosos restantes (21,4%) encontram-se na faixa de 6 a 15 pontos, indicativa de depressão. A pontuação média masculina na Escala correspondeu a 3,6 (dp=3,2). No que diz respeito às 148 mulheres que responderam à Escala de Depressão Geriátrica, 83 (56%) estão na faixa de 0 a 5 pontos, e 65 (44,0%) obtiveram entre 6 a 15 pontos, o que sinaliza a presença de sintomas depressivos. A pontuação média feminina foi de 5,3 (dp=3,8). Isso comprova, mais uma vez, a maior incidência de sintomatologia depressiva no sexo feminino, o que vai de encontro aos resultados obtidos no nosso estudo.
Ao comparar a idade média e a média de internamento dos idosos do Abrigo Cristo e entres homens e mulheres, encontra-se maior prevalência de ambas nas pacientes do sexo feminino.
Essas variáveis (idade e tempo de internamento) geralmente são diretamente proporcionais ao aparecimento da depressão, porém esses dados obtidos divergiram do estudo, já que pelos resultados, as mulheres estariam predispostas a desenvolver depressão, pois essas variáveis apresentaram-se em maiores proporções no sexo feminino do que os do sexo masculino.
Esse conflito de resultados pode ter acontecido pelo fato do número de homens entrevistados ter sido maior do que o número de mulheres, pois, estas apresentaram baixo nível cognitivo, dificultando na resposta dos questionários aplicados, e dessa maneira, participaram do critério de exclusão.
O atendimento emergencial de idosos deve, também, considerar que a depressão está associada à maior morbidade e mortalidade nessa faixa etária, particularmente quando doença física ou declínio cognitivo estão presentes 15. Outro importante complicador dos quadros depressivos é o maior risco de suicídio — depressão está claramente presente em pelo menos 50% dos casos letais de suicídio em idosos 16, 17.










