0164/2024 - As vacinas no Brasil da pandemia: um estudo de percepção pública
Vaccines in Brazil in the pandemic: a study of public perception
Autor:
• Yurij Castelfranchi - Castelfranchi, Y. - <yurijcastelfranchi@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4003-5956
Coautor(es):
• Ione Maria Mendes - Mendes, I. M. - <iomendes@hotmail.com, ionemendes@usp.br>ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9993-8039
• Vanessa Fagundes - Fagundes, V. - <vafagundes2@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8018-8490
• Luisa Massarani - Massarani, L. - <luisa.massarani@fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5710-7242
• Ildeu de Castro Moreira - Moreira, I. C. - <ildeucastro@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1866-0077
• Carmelo polino - Polino, C. - <polinocarmelo@uniovi.es>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1789-8024
Resumo:
Em um contexto polarizado e complexo, a pandemia de Covid-19 ressaltou entre várias crises a da hesitação vacinal. Estudos apontam alta intenção de vacinar no Brasil, porém os dados oficiais indicam cobertura vacinal insuficiente. Com o objetivo de identificar a percepção e atitudes dos brasileiros foi realizado um estudo empírico utilizando a técnica de survey, totalizando 2.069 entrevistas domiciliares com pessoas com 16 anos ou mais em centros urbanos de agosto a outubro de 2022. Para analisar os resultados utilizamos técnicas estatísticas multivariadas, análise fatorial e, modelos de regressão e análise de clusters. Em geral, os entrevistados expressam uma visão positiva em relação às vacinas, mas os resultados da pesquisa sugerem que a confiança nos imunizantes pode estar abalada. O grau de escolaridade e de conhecimento científico afetam algumas das atitudes dos brasileiros sobre vacinas. Foram construídos índices considerando valores, trajetórias, contexto de vida e hábitos dos entrevistados. Para além da região de moradia e religião, índices de paridade de gênero, visão do papel do Estado e a confiança na ciência trouxeram informações relevantes, indicando a necessidade de estratégias alinhadas de comunicação com públicos diversos considerando as variáveis que impactam na percepção sobre vacinas.Palavras-chave:
Vacinação; Hesitação vacinal; Saúde Pública; Covid-19.Abstract:
In a polarized and complex context, the Covid-19 pandemic highlighted, among several crises, that of vaccine hesitancy. Studies indicate a high intention to vaccinate in Brazil, but official data indicate insufficient vaccination coverage. With the aim of identifying the perception and attitudes of Brazilians, an empirical study was carried out using the survey technique, totaling 2,069 home interviews with people aged 16 or over in urban centersAugust to October 2022. To analyze the results, we used statistical techniques multivariate, factor analysis and, regression models and cluster analysis. In general, respondents express a positive view of vaccines, but the survey results suggest that confidence in vaccines may be shaken. The level of education and scientific knowledge affect some of Brazilians\' attitudes about vaccines. Indices were constructed considering values, trajectories, life context and habits of the interviewees. In addition to the region of residence and religion, gender parity indices, vision of the role of the State and trust in science brought relevant information, indicating the need for aligned communication strategies with different audiences considering the variables that impact the perception of vaccines.Keywords:
Vaccination; Vaccine hesitancy; Public health; Covid-19.Conteúdo:
Historicamente, o Brasil apresenta O Brasil apresentou durante décadas boa cobertura vacinal, disponibilizando gratuitamente para a população todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para todos os grupos-alvo de vacinação. No entanto, na última década, constata-se um aumento da parcela da população sem vacinação adequada, ampliando o risco de ressurgimento de doenças controladas ou eliminadas no país1,2,3,4.
Como exemplos, no ano de 2022, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Brasil teve a segunda pior taxa de vacinação em bebês da América Latina5 e, de acordo com uma análise do Observatório de Saúde na Infância da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a única vacina que bateu a meta de cobertura em 2022 foi a BCG, com 90% dos bebês menores de um ano vacinados. Após o aniversário de um ano das crianças, vacinas como a tríplice viral e tetra viral ficaram com cobertura inferior a 50%6. A procura pela dose de reforço da vacina bivalente da Covid-19, que começou a ser disponibilizada para a população com 18 anos ou mais no final de abril de 2023, também ficou abaixo do esperado, sendo que pouco mais de 21 milhões dos 97 milhões de brasileiros aptos a tomar a vacina procuraram os postos de saúde até início de junho de 20237,8.
A discussão de melhores práticas para prevenção e mitigação da Covid-19 resvalou sobre a confiança em vacinas e sua eficácia, reforçando a discussão sobre vacinação como um tema planetário em destaque. Mesmo antes da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia definido em seu plano estratégico para o período de 2019 a 2023 – 13th General Programme of Work – a “hesitação (relutância) para a vacinação” como uma entre as dez questões que devem demandar sua maior atenção e de seus parceiros, considerando-a uma ameaça ao progresso já conquistado no combate às enfermidades evitáveis por imunização9.
A cobertura vacinal adequada depende de vários fatores. Entre eles, é possível citar o desenvolvimento de vacinas, sua disponibilidade em quantidade suficiente, estruturas de vacinação robustas, campanhas de comunicação eficientes e aceitação ou coesão da população no sentido de reconhecer a importância e a eficácia das vacinas. A hesitação vacinal é um dos fatores que impactam na cobertura vacinal, sendo entendida como atraso na aceitação ou recusa das vacinas, apesar da disponibilidade de serviços de vacinação. Situando-se entre os extremos que recusam totalmente vacinas e os que aceitam todas as vacinas, a hesitação vacinal é um processo complexo e específico ao contexto, envolvendo aspectos culturais, econômicos e sociais, sendo que alguns grupos aceitam algumas vacinas e rejeitam outras, ou não aceitam integralmente o esquema vacinal recomendado e apresentam dúvidas sobre a decisão de se vacinar ou não3,10,11.
Vários fatores podem estar associados à queda da cobertura vacinal no Brasil, entre eles o próprio sucesso do Plano Nacional de Imunizações (PNI), que erradicou doenças importantes no país, fazendo com que grupos mais jovens as desconheçam e descartem a necessidade de vacinação, a queda de percepção de risco dessas doenças, os discursos antivacina que circulam principalmente em redes sociais, o enfraquecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos anos, problemas com o sistema informatizado de registro de vacinação e o aumento da percepção de risco de eventos adversos pós-vacina3,912.
A hesitação vacinal é outro fator que impacta na cobertura vacinal, sendo entendida como atraso na aceitação ou recusa das vacinas, apesar da disponibilidade de serviços de vacinação. Situando-se entre os extremos que recusam totalmente vacinas e os que aceitam todas as vacinas, a hesitação vacinal é um processo complexo e específico ao contexto, envolvendo aspectos culturais, econômicos e sociais, sendo que alguns grupos aceitam algumas vacinas e rejeitam outras, ou não aceitam integralmente o esquema vacinal recomendado e apresentam dúvidas sobre a decisão de se vacinar ou não3,10,11.
Mesmo antes da pandemia de Covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia definido em seu plano estratégico para o período de 2019 a 2023 – 13th General Programme of Work – a “hesitação (relutância) para a vacinação” como uma entre as dez questões que devem demandar sua maior atenção e de seus parceiros, considerando-a uma ameaça ao progresso já conquistado no combate às enfermidades evitáveis por imunização.12 A discussão de melhores práticas para prevenção e mitigação da Covid-19 resvalou sobre a confiança em vacinas, sua eficácia e hesitação vacinal, reforçando a discussão sobre vacinação como um tema planetário em destaque.
Se, por um lado, assistimos à fragilização da cobertura vacinal no Brasil, por outro ladoMesmo com a fragilização da cobertura vacinal no Brasil, estudos recentes indicam que a população brasileira apresenta uma boa aceitação de vacinas, se comparada a de outros países. Em 2018, no Brasil, 97% da população adulta reconheciam a importância da vacinação infantil (“concorda” + “concorda parcialmente”), sendo que esse percentual, em termos globais, é de 92% de acordo com o estudo Wellcome Global Monitor 201813. Em dezembro de 2020 Outro estudo, realizado pelo Instituto de Pesquisa IPSOS em dezembro de 2020 em 15 países (antes do desenvolvimento e disponibilidade da vacina da Covid-19), estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa IPSOS constatou que 89% dos entrevistados brasileiros concordaram totalmente ou parcialmente com a frase “Se a vacina da Covid-19 for disponibilizada para mim eu vou me vacinar” (tradução livre dos autores), o que colocou o país na primeira posição no ranking internacional14.
Contudo, a pandemia de COVID-19, que aumentou a desigualdade global, aprofundando fragilidades estruturais15,16,17, incluindo aquela relacionada com a assimetria de acesso à informação técnica e especializada18,19,20,21,22, evidenciou como novos riscos e incertezas relacionadas a crises interligadas (ambientais, econômicas, políticas) podem desencadear efeitos dramáticos e levar a crises de desinformação e desconfiança pública poderosas. Além de ter desencadeado uma crise sanitária global, a pandemia da Covid-19 resvalou em crises de ordem política, econômica e social23,24,25. Destaque-se, ainda, que diferentes países e regiões atingidos pela pandemia apresentam particularidades socioeconômicas, políticas e culturais e diferentes formas de enfrentamento e proteção da população26,27,28,29,30.
Renn et al31 classificam a pandemia de Covid-19 como um risco sistêmico, resvalando e interagindo com ou seja, de alta complexidade, exigindo cooperação internacional, transcendendo políticas tradicionais, possuindo relação causa-efeito não linear, estruturas e efeitos em cascata, apresentando alta dependência de fatores contextuais, interagindo com outros fatores, riscos e atividades socioeconômicas, carregando mais incertezas e ambiguidades do que os riscos convencionais com relação aos efeitos e podendo levar a situações negativas irreversíveis incluindo a vacinação adequada.
Schweizer32 afirma que pelas características dos riscos sistêmicos, as percepções dos mesmos tendem a ser atenuadas uma vez que o aprendizado humano depende de experiências passadas e os riscos sistêmicos endereçam para o futuro, são de difícil compreensão, com relações causais não fazemdp com que os indivíduos tendam intuitivas: quando causa e efeito não estão conectados de forma simples e imediatamente perceptível, quando as conexões carecem de plausibilidade e tangibilidade, mesmo ameaçando sistemas vitais da sociedade (coletivo), os indivíduos tendem a ver com menos urgência a necessidade de mudança de comportamento causando também . A gestão de tais crises também depende de confiança nas instituições/mediações, e elas tendem a causar dissonância cognitiva: frustração, ansiedade, insegurança pela sua complexidade, ambiguidade e incertezas., bem como a dinâmica de circulação da informação na esfera pública digital tende a propiciar a polarização e a difusão acelerada de desinformação.
A pandemia de Covid-19 mobilizou a comunidade científica internacional que atuou em ritmo acelerado, contribuindo com métodos de diagnóstico, tratamentos e estratégias de prevenção e mitigação da doença, vacinas e produção e publicação de um grande número de artigos e preprints23. A necessidade de respostas no sentido de mitigar os efeitos da pandemia somada a alta e rápida produção científica (que se difundiu principalmente na forma de preprints, relatos preliminares ainda não revisados ou corroborados pela comunidade científica) expôs para a população o processo da ciência em tempo real. Cabe ressaltar que a comunidade científica brasileira, apesar de fragilizada por cortes acentuados de recursos nos últimos anos e diante de um governo negacionista, atuou politicamente e praticamente em defesa da vacinação.
Estratégias de comunicação desencontradas contribuíram para o sentimento de incerteza e desconfiança. Como exemplo, Di Giulio et al.33 identificaram diferentes narrativas e ações do Governo Federal e apoiadores (incluindo grupos de médicos) que destoaram das recomendações da OMS para o enfrentamento da pandemia de Covid-19: imunidade de rebanho, testagem em larga escala, vacinas, tratamento precoce, medidas de enfrentamento não farmacológicas (ex. distanciamento social e uso de máscaras), transparência na divulgação das informações epidemiológicas da doença e auxílio emergencial, comprometendo a adoção de melhores práticas no enfrentamento da doença.
Tal contexto contribuiu com o fenômeno da infodemia, que se caracteriza pelo excesso de informações, adequadas ou imprecisas, honestas ou deliberadamente distorcidas, amplificadas principalmente pelas redes digitais34, trazendo implicações no cotidiano, na confiança na ciência e nos cientistas, nos riscos e percepções da população, resvalando em diversas discussões e temas, entre eles a vacinação e mais especificamente a vacina da Covid-19.
A pandemia de Covid-19 e possíveis futuras pandemias e a vacinação em massa têm sido discutidas exaustivamente pela comunidade científica, políticos, governos, organizações públicas e privadas, diversos grupos sociais e nessa arena a mídia convencional e as redes sociais têm papel de grande importância35. Porém, os diferentes interesses dos atores dessa arena e suas diferentes narrativas e enquadramentos, incluindo a polifonia da comunidade científica que apresenta análises diferentes para um mesmo problema36 impactam diretamente na comunicação dos riscos e na formação de sua percepção entre os diferentes públicos.
Neste artigo, discutimos, com base em estudo empírico com a população brasileira, a percepção sobre as vacinas em geral e também sobre as vacinas contra a Covid-19, a intenção de tomar doses de reforço, a intenção de vacinar crianças com os imunizantes previstos no calendário de vacinação infantil determinado pelo Ministério da Saúde e a importância da confiança na ciência sobre intenção de vacinação. Discutimos também quais são as variáveis que impactam as percepções e atitudes sobre o tema para além dos dados sociodemográficos, buscando identificar aspectos dos valores dos entrevistados, seu contexto de vida e de seus hábitos que impactam no tema abordado.
Os resultados obtidos em nossa pesquisa empírica alertam, em primeiro lugar, sobre uma distância entre a percepção positiva das vacinas em geral e a intenção de vacinar e tomar as doses de vacina recomendadas pelo calendário vacinal do Ministério da Saúde. Isto é particularmente observado no caso da vacina bivalente contra a Covid-19 (3ª dose de reforço). A pesquisa também indica que a percepção positiva das vacinas coexiste, em segundo plano, com alguns sinais de hesitação vacinal, em um contexto em que a infodemia ganhou destaque político. Os resultados mostram, neste sentido, que esta percepção não está uniformemente distribuída na população e que depende da região de moradia, religião, índices de paridade de gênero e Estado versus sociedade. Por esse motivo, discutimos a importância da comunicação de risco para públicos diversos para melhorar a compreensão pública e fortalecer a confiança institucional.
METODOLOGIA
O primeiro parágrafo foi omitido para garantir anonimato.
Para este estudo, utilizamos a técnica de survey, com coleta de dados por meio de questionário estruturado e entrevistas domiciliares, pessoais e individuais. Foram entrevistadas 2.069 pessoas com 16 anos ou mais, distribuídas entre centros urbanos brasileiros de todas as dimensões, de forma a garantir dispersão e representatividade regional.
Para a obtenção de amostra representativa do público-alvo, foi utilizado um desenho amostral por conglomerados em três estágios e cotas amostrais para as variáveis sexo, idade e escolaridade. Por causa da metodologia amostral adotada, as proporções quanto a região, porte da cidade, sexo, idade e escolaridade são as mesmas do universo pesquisado, com base nas fontes de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). A margem de erro da pesquisa é de 2,2%, em um intervalo de confiança de 95%. As entrevistas, realizadas por equipe especialmente treinada, ocorreram entre os meses de agosto e outubro de 2022. A análise dos resultados foi feita com o emprego de técnicas estatísticas multivariadas, análise fatorial, modelos de regressão e análise de clusters.
A partir das variáveis do banco de dados resultante da base empírica, foram construídos índices que ajudassem, para além dos dados sociodemográficos (sexo, idade, escolaridade, entre outros), a identificar como e se aspectos relacionados a valores dos entrevistados, suas trajetórias e contexto de vida e seus hábitos impactam no tema abordado (ver Quadro I).
A análise dos resultados foi feita com o emprego de técnicas estatísticas multivariadas, como análise fatorial e modelos de regressão. A análise fatorial é uma técnica que investiga padrões ou relações latentes em um número maior de variáveis, buscando resumi-las a um conjunto menor de fatores37. Foi empregada, assim, a fim de identificar variáveis latentes subjacentes às perguntas sobre valores e trajetórias de vida dos entrevistados e construir índices quantitativos para tais construtos. Dessa forma, chegamos ao conjunto de variáveis que melhor representam nossas dimensões de interesse: Conhecimento científico, Paridade de gênero e Mercado versus sociedade. A primeira está relacionada ao conhecimento sobre temas e conceitos da ciência; a segunda, à maior ou menor percepção sobre a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres em diferentes contextos, como no ensino superior, na política e na ciência; a terceira dimensão, por fim, trata das percepções sobre a participação e interferência do Estado no mercado.
Com as variáveis definidas, foram construídos índices a partir da soma ponderada das cargas fatoriais. O objetivo foi compreender, para além dos dados sociodemográficos (sexo, idade, escolaridade, entre outros), essas dimensões relacionadas a valores, trajetórias e contexto de vida impactam no tema abordado (ver Quadro I).
Quadro 1
Os índices criados, juntamente com variáveis sociodemográficas, foram utilizados para a construção de modelos de regressão, técnica estatística que permite prever algum tipo de saída (resultado) a partir de uma ou mais variáveis previsoras. Por exemplo, estimar se, e como, aumenta ou diminui a chance de um entrevistado concordar com uma afirmativa como efeito de uma mudança em cada uma das variáveis independentes, como sexo, religião, idade, entre outras. Dessa forma, é possível controlar o efeito de cada variável sobre a chance de resposta.
Todas as opiniões sobre vacinas foram codificadas como variável binária, sendo 1 concorda com a afirmativa e 0 todas as demais opções de respostas. As variáveis independentes nos modelos eram tanto binárias (sexo) quanto ordinais (faixa etária, escolaridade, renda) ou nominais (religião, região de moradia, raça/cor, entre outras). Elencaremos nos resultados quais variáveis foram capazes de influenciar a opinião dos entrevistados, tendo coeficiente de regressão significativo com p<0.05.
Vale ressaltar que no período da coleta de dados (meses de agosto e outubro de 2022) os efeitos da pandemia já estavam em alguma medida mitigados (queda de número de mortes, diminuição de casos graves, controle de atividade econômica arrefecido) e já havia vacinas contra a Covid-19 disponíveis para a população, sendo que a maioria havia aderido ao calendário de vacinação. Isso permitiu a realização das entrevistas presenciais, em domicílio. A vacina bivalente (3ª dose de reforço) foi disponibilizada após a coleta de dados (27 de fevereiro de 2023).
RESULTADOS
Confiança em vacinas em tempos da pandemia de Covid-19
Apesar da massiva circulação de desinformação sobre o tema durante a pandemia, a maioria dos entrevistados acredita que “as vacinas são importantes para proteger a saúde pública” (90%), que “são seguras” (81%) e que “são necessárias” (70%). No entanto, metade dos entrevistados concordou que “as vacinas produzem efeitos colaterais que são um risco à saúde" e quase metade também afirmou que “as empresas farmacêuticas escondem os perigos das vacinas”. Cabe destacar que 22% dos entrevistados concordaram com a afirmação “as vacinas não são necessárias”. As perguntas sobre opiniões possuíam uma escala de resposta de 0 (discorda totalmente) a 10 (concorda totalmente). Para simplificar a leitura dos resultados, as respostas foram recodificadas como “Discorda” (de 0 a 4), “Concorda” (de 6 a 10) e “Não discorda nem concorda” (5). Para os modelos de regressão, recodificamos as mesmas de forma binária: concorda/não concorda.
Construímos modelos de regressão logística para as variáveis binárias correspondentes à afirmação de que “as vacinas não são seguras”, que “não são importantes para a saúde pública” e que “têm efeitos colaterais graves”. Os resultados dos modelos são apresentados nas tabelas 1, 2 e 3, na sequência. Por razões de espaço, daremos aqui uma visão sintética dos principais resultados de tais modelos.
Quadro 2: Resultados do modelo de regressão logística
Quadro 2
Controlando o efeito de variáveis como escolaridade, idade, renda e sexo, um fator sociodemográfico que tende a influenciar as opiniões sobre vacinas é a região de moradia no país: Descobrimos assim que, mesmo controlando o efeito de variáveis como escolaridade, idade, renda e sexo, um fator que tende a influenciar tais atitudes é a região de moradia no país: em geral, as pessoas que vivem na região Norte têm maior chance (comparado com moradores da região Sudeste) de considerar as vacinas não seguras (14,8%), não importantes para saúde pública, não necessárias e com perigo de efeitos. Além disso, os moradores da região Norte colaterais. Entrevistados da região Norte do país também tendem a concordar com maior frequência significativamente maior com a afirmação de que “as empresas farmacêuticas escondem os perigos da vacina”. Os resultados dos modelos de regressão indicam também que moradores da região Sul, por sua vez, têm menor probabilidade do que os do Sudeste, de considerar as vacinas não seguras (4,2%).
Uma segunda variável sociodemográfica importante, que afeta a percepção sobre importância e segurança das vacinas, é a religião dos entrevistados. Em particular, os evangélicos possuem maiores chances de discordar sobre a segurança das vacinas (?=0.492) se comparados com os que se declararam católicos. O mesmo acontece com os entrevistados que declaram acreditar em Deus, mas não possuir religião, ou se declaram agnósticos (?= 0.570). Evangélicos, e entrevistados que pertencem às religiões protestantes históricas, possuem também maior chance de acreditar que vacinas não são importantes para saúde pública.
Uma segunda variável importante, que afeta a percepção sobre importância e segurança das vacinas, é a religião dos entrevistados. Em particular, os evangélicos possuem maiores chances, se comparados com os que se declararam católicos, de discordar sobre a segurança das vacinas. E, no caso da importância para saúde pública, tanto evangélicos quanto pessoas que se declaram “sem religião” possuem maiores chances de discordar sobre tal importância.
Contudo, o resultado mais marcante talvez seja o fato de que o nível de escolaridade e o grau de conhecimento sobre noções de ciência (ver índice de conhecimento científico – Quadro I) afetem relativamente pouco essas atitudes sobre vacinas. Embora haja, como previsível, uma relação entre escolaridade, grau de conhecimento e atitudes, constatamos que, no caso das afirmativas acima, esta relação não é a mais relevante, nem capaz de explicar quem são os brasileiros com hesitações sobre vacinas. No caso das afirmativas sobre efeitos colaterais e sobre as empresas farmacêuticas, não existe efeito significativo da variável escolaridade, nem do grau de conhecimento científico (ver Quadro I): a fração de entrevistados concordando não muda de forma significativa com essas variáveis.
A atitude sobre a importância das vacinas para saúde pública também não é afetada significativamente pela escolaridade: O mesmo acontece com a pergunta sobre a importância das vacinas para saúde pública: a maioria (90%) dos entrevistados concorda em todas as faixas de escolaridade. . Há sim, uma variação em função do grau de conhecimento científico, mas Em função do grau de conhecimento científico (ver Quadro I), apenas os entrevistados com pontuação zero (resposta errada em todas as cinco questões) se diferenciam, sendo que, mesmo que em porcentagem menor, a maioria deles considera as vacinas importantes (83% dos entrevistados com índice de conhecimento zero, contra 90% da média geral dos brasileiros).
As únicas duas opiniões em que realmente as pessoas de alta escolaridade se diferenciam são “As vacinas não são necessárias” e “As vacinas são seguras”. Em ambos os casos, a maioria dos brasileiros de todos os graus de escolaridades concordam que vacinas são necessárias e seguras, mas a maioria se torna mais esmagadora ao passar dos entrevistados de menor escolaridade (Fundamental 1) para os poucos entrevistados no outro extremo, os que possuem ensino superior completo ou pós-graduação. tendem a fornecer respostas parecidas (ao redor de 22% e 81% de concordância, respectivamente), com a única diferença marcante sendo entre os entrevistados de menor escolaridade (Fundamental 1) e os poucos entrevistados no outro extremo, os que possuem ensino superior completo ou pós-graduação.
Como os modelos de regressão também confirmaram, o grau de escolaridade e de conhecimento científico afetam apenas algumas das atitudes sobre vacinas dos brasileiros e explicam só uma pequena parte das variações nas respostas: outros fatores contribuem de forma mais forte com o posicionamento, as dúvidas e as hesitações. Quais seriam esses outros fatores? Para investigá-los, utilizamos os índices “Atitudes de paridade de gênero” e “Mercado versus sociedade” (ver Quadro I).
Se o grau de escolaridade e de conhecimento científico afetam apenas parcialmente as atitudes sobre vacinas dos brasileiros e explicam só uma pequena parte das variações nas respostas, outros fatores devem estar contribuindo para o posicionamento, as dúvidas e as hesitações. Quais seriam esses outros fatores? Para investigá-los, utilizamos os índices “Atitudes de paridade de gênero” e “Mercado versus sociedade” (detalhados no Quadro I).
Os modelos de regressão trouxeram esses índices como variáveis independentes, juntamente com as variáveis sociodemográficas, e mostraram aspectos interessantes da relação entre atitudes sobre vacina e valores dos entrevistados. O índice de paridade de gênero, por exemplo, afeta muito as percepções a respeito das vacinas: as pessoas com maior concordância com afirmações sobre paridade de direitos e oportunidades para as mulheres têm mais chances de acreditar que vacinas são necessárias (?= -0.275 para afirmação de que não são necessárias) e menor chance de avaliar os efeitos colaterais como perigosos (?=-286) ou que as empresas os escondam (?=-0.424)
Modelos de regressão contendo esses índices como variáveis independentes, juntamente com as variáveis sociodemográficas, mostraram aspectos interessantes da relação entre atitudes sobre vacina e valores dos entrevistados. O índice de paridade de gênero, por exemplo, afeta muito as percepções a respeito das vacinas: as pessoas com maior concordância com afirmações sobre paridade de direitos e oportunidades para as mulheres têm mais chances de acreditar que vacinas são seguras e necessárias e menor chance de avaliar os efeitos colaterais como perigosos ou que as empresas os escondam (Ver Gráfico 1).
Gráfico 1 – Atitudes sobre vacinas e paridade de gênero.
Gráfico 1
As visões dos entrevistados sobre o papel do Estado e do mercado (ver índice “Estado versus sociedade”) influenciam a percepção sobre o grau de necessidade das vacinas (?=0.015), o grau de perigo representado pelos efeitos colaterais (?=0.027) e, de forma mais consistente, a afirmativa de que as empresas esconderiam tais perigos (?=0.333): pessoas que acreditam, em geral, que o Estado não deva intervir no mercado tendem a ter visão mais pessimista sobre estes aspectos (gráfico 2).
Gráfico 2 – Perigos e necessidade de vacina e mercado versus sociedade
A vacina contra ada Covid-19
Entre as várias polêmicas e controvérsias sobre a pandemia de Covid-19, a vacina teve destaque. Posições defendidas pelo Governo Federal e por grupos da sociedade civil evidenciaram uma divisão na opinião pública sobre o tema, bem como certo grau de desconfiança com respeito às fontes de informação e às instituições. Nesse sentido, 53% dos entrevistados concordaram que “o Governo Federal deu informações falsas sobre a vacina da Covid-19” e 30% discordaram.
Por outro lado, a discussão sobre a veracidade das informações fornecidas sobre a vacina contra a Covid-19 parece ter resvalado pouco sobre a percepção da eficácia e segurança da vacina para essa doença: 76% concordaram que as vacinas contra a Covid-19 são eficazes e apenas 13% discordaram, 74% disseram que as vacinas são seguras e 13% discordaram, 78% afirmaram que protegem das formas severas da doença, internação e morte e 12% discordaram e, por fim, 77% concordaram que as vacinas ajudam a acabar com a pandemia e 14% discordaram. Nesse contexto, cabe ressaltar que a maioria dos entrevistados (85%) afirmou que pretende tomar as doses de reforço da vacina da Covid-19 (Ver Gráfico 3).
Gráfico 3- Percepção da vacina da Covid-19
Gráfico 3
Ao analisarmos os dados por região do país, novamente a região Norte se destaca, apresentando média menor de concordância em relação às demais regiões do país com relação à segurança da vacina contra COVID-19 e sua eficácia, tal como no caso das vacinas em geral. Previsivelmente, entre os entrevistados que pretendem tomar doses de reforço da Covid-19, a confiança na ciência é maior do que entre os que não pretendem (73% e 55%, respectivamente) (Ver Gráfico 4).
Gráfico 4- Confiança na ciência e intenção de tomar doses de reforço da Covid-19
Gráfico 4
Cabe observar também que a proporção dos que afirmaram que não pretendem tomar doses de reforço da vacina (10%) é similar a dos que questionaram sua segurança e eficácia (entre 12% e 14%) e que o percentual dos que não pretendem tomar a dose de reforço é metade dos que afirmaram que “vacinas não são necessárias” (20%). Modelos de regressão para esta variável mostram que a recusa em tomar dose de reforço tende a ser mais frequente entre evangélicos e protestantes, se comparados com católicos (?=0.763 e ?=1.051, respectivamente), entre pessoas que mais concordam com a liberdade do mercado do que com intervenção estatal (?=0.279), e diminui ao crescer do grau de familiaridade com conceitos científico (?=-191).
Intenção de vacinar crianças de acordo com calendário do Ministério da Saúde
Entre os entrevistados que têm filhos e/ou crianças sob sua responsabilidade, 91% afirmaram que pretendem vacinar as crianças de acordo com o calendário vacinal, sendo que a chance de recusar a vacinação para os filhos/crianças sob sua responsabilidade é maior entre os homens. A confiança na ciência é significativamente maior entre os que pretendem seguir o calendário vacinal infantil do que entre os que não pretendem (72% e 54%, respectivamente) (Ver Gráfico 5). Outro resultado a destacar é que, entre os que pretendem vacinar as crianças, o percentual de lembrança de alguma instituição que se dedica à pesquisa é maior do que entre os que não pretendem vacinar (28% e 21%, respectivamente).
Gráfico 5- Confiança na ciência e intenção de vacinar crianças
Gráfico 5
Modelos de regressão identificaram três variáveis que afetam de forma significativa esta atitude: sexo, região de moradia e religião. As chances dos entrevistados de indicar intenção de não vacinar seus filhos aumentam entre os homens (?=0.894), as pessoas que moram na região Norte (?=1.170) e os evangélicos (?=0.688). Em particular, a porcentagem de pais que não pretendem vacinar seus filhos é, no Norte, mais que o dobro que a média nacional (20% contra 8%), entre homens quase o dobro que entre mulheres (10% contra 6%) e entre evangélicos e pessoas que se declaram sem religião cerca de 25% maior que entre católicos.
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos em nossa pesquisa empírica alertam para uma distância importante entre a percepção positiva das vacinas em geral, a alta intenção de vacinar e tomar as doses de vacina recomendadas pelo calendário vacinal do Ministério da Saúde e os dados oficiais disponíveis, uma vez que se verifica queda na cobertura vacinal de crianças na última década2,3,4 e baixa aderência com relação à vacina bivalente contra a Covid-19 (3ª dose de reforço)7,8. Essa defasagem entre intenção de vacinar e atitude de vacinar pode ser observada nos dados obtidos neste estudo, alinhados com resultados de estudos já publicados13,14 e dados oficiais disponíveis indicando aderência insuficiente ao calendário vacinal6.
Apesar de os entrevistados expressarem uma visão positiva, já conhecida na literatura em relação às vacinas em geral, os resultados da pesquisa também podem sugerir que a confiança nos imunizantes pode estar abalada, sendo um dos possíveis determinantes na hesitação vacinal no Brasil uma vez que parte significativa dos entrevistados concordou que “as vacinas produzem efeitos colaterais que são um risco à saúde" e que “as empresas farmacêuticas escondem os perigos das vacinas”.
Para além das variáveis que nos trazem a reflexão sobre o abalo na confiança em vacinas, Sato3 apontava a possibilidade, antes da pandemia da Covid-19, que a queda da cobertura vacinal no Brasil poderia estar associada ao sucesso do PNI, que erradicou doenças importantes e queda na percepção de risco de doenças controladas e/ou erradicadas. Corroborando com essa análise, verificamos a baixa procura pela 3ª dose de reforço da vacina da Covid-197,8, que foi disponibilizada em um cenário de maior controle das consequências da pandemia (queda de mortes, internações e retomada da economia).
Argumentamos que a pandemia de Covid-19 se configura como um risco sistêmico32 e que a percepção de risco33 está modulada de acordo com as diferentes fases de vivência do risco resvalando nas percepções e atitudes em relação as vacinas. A perspectiva de avaliar a Covid-19, futuras pandemias e doenças erradicadas ou atenuadas como um risco sistêmico32 parece-nos aderente, uma vez que a percepção dos riscos33 tende a ser atenuada, as relações causais não são intuitivas, causa e efeito não parecem diretamente conectados, as conexões carecem de plausibilidade e tangibilidade, mesmo ameaçando sistemas vitais da sociedade, com os indivíduos tendendo a ver com menos urgência a necessidade de mudança de comportamento31,32, exigindo portanto ações específicas e bem moduladas de prevenção.
Outro ponto a ser ressaltado é a infodemia que ganhou força no contexto do debate entre comunidade científica, sociedade civil, políticos, governos, organizações públicas e privadas, diversos grupos sociais, mídia convencional e as redes sociais. O cenário de incertezas e muitas vezes de falta de consenso gerado pela necessidade de dar respostas rápidas para mitigar os efeitos da pandemia parece ter afetado em alguma medida a formação da percepção pública sobre o tema e as atitudes da população, inclusive sobre a vacinação. Além disso, em contexto de infodemia e desinformação, a opinião das pessoas não é formada apenas com base no grau de acesso à informação e ao conhecimento, mas com os posicionamentos políticos ou morais que eles associam a controvérsias e embates sobre temas médicos ou científicos. De fato, estudos recentes vêm apontando que o conhecimento, embora importante, não possui uma relação direta e linear com atitudes positivas sobre a ciência. Em muitos casos, indivíduos com alta escolaridade e conhecimento sobre a ciência demonstram atitudes mais cautelosas sobre os impactos da aplicação do conhecimento científico. Ou seja, uma campanha de educação ou informação apenas focada em transmitir informação correta pode não conseguir alcançar os públicos que mais precisam dela.38.
Não podemos deixar de mencionar que os resultados nos apontam que posições defendidas pelo Governo Federal33 e por grupos da sociedade civil no período mais grave da pandemia de Covid-19 evidenciaram uma divisão na opinião pública sobre o tema, bem como certo grau de desconfiança com respeito às fontes de informação e às instituições. Porém, no período mais crítico da pandemia, a percepção de risco prevaleceu e a procura pela vacina atingiu a maioria da população. Nesse contexto, os resultados nos indicam que a confiança na ciência merece destaque por impactar positivamente a intenção de tomar doses de reforço da Covid-19 e de vacinar filhos/crianças sob sua responsabilidade.
À luz dos resultados, argumentamos que é necessário um olhar atento sobre a percepção pública de vacinas e a hesitação vacinal para a concepção de estratégias mais eficientes e alinhadas de comunicação com públicos diversos no sentido de reforçar o entendimento da população dos riscos de doenças mitigadas e/ou erradicadas, com a disponibilização de campanhas mais potentes para compreensão. É fundamental considerar que a percepção de risco sobre Covid-19 e sobre vacinas não depende apenas do grau de conhecimento e acesso à informação das pessoas, mas também de sua região de moradia, vivência religiosas, valores e visão sobre o papel do Estado considerando as características dos riscos sistêmicos32.
Como exemplo, os dados da região Norte merecem destaque por apresentar menor concordância em relação às demais regiões do país sobre a segurança e a eficácia das vacinas (incluindo a da Covid-19) explicitando a importância do contexto e suas particularidades apontadas por autores nas formas de enfrentamento e proteção da população26,27,28,29,30 e nas suas percepções e atitudes. Ressalte-se que a região Norte do país vivenciou uma crise dramática com o colapso do sistema de saúde em Manaus (AM) em janeiro de 202139,40. Nesse período, o Ministério da Saúde deu início ao teste do aplicativo TrateCov que tinha por objetivo ampliar a autonomia médica41, recomendando tratamento precoce como estratégia de enfrentamento à doença42.
Os resultados obtidos em nosso estudo indicam que investigar de forma aprofundada a formação de opinião das pessoas, o contexto que vivem, seus valores, atitudes e variáveis que influenciam a percepção sobre o tema pode auxiliar na formulação de campanhas de prevenção e de políticas públicas mais eficazes.
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