0122/2025 - Dor musculoesquelética crônica e perda de produtividade no trabalho em docentes de universidade federais brasileiras Chronic musculoskeletal pain and loss of work productivity among faculty members at Brazilian federal universities
A dor musculoesquelética crônica é uma das possíveis causas da perda de produtividade no trabalho e, por tal, este estudo teve como objetivos estimar a prevalência de dor musculoesquelética crônica e analisar sua associação e de outras variáveis sociodemográficas e ocupacionais com a perda de produtividade no trabalho em docentes de universidades federais no Brasil. Trata-se de um desenho epidemiológico analítico transversal, realizado virtualmente com 1436 docentes entre Janeiro e Maio de 2023. Variáveis sociodemográficas, ocupacionais e de caracterização da dor foram coletadas por questionário estruturado e a avaliação da produtividade se deu pelo Questionário sobre Limitações no Trabalho (WLQ-25). Os resultados evidenciaram uma prevalência de dor musculoesquelética crônica de 67,83%. Constatou-se associação positiva da dor musculoesquelética crônica e da realização de horas extras sobre a perda de produtividade no trabalho, porém uma associação negativa da área de atuação docente nas Ciências da Saúde, do sexo masculino e da idade. Em conclusão, a prevalência de dor musculoesquelética crônica é preocupante em docentes de universidades federais brasileiras, com significativa perda de produtividade no trabalho associada à dor musculoesquelética crônica.
Palavras-chave:
Saúde do trabalhador, dor musculoesquelética crônica, docentes universitários, produtividade no trabalho.
Abstract:
Chronic musculoskeletal pain is one of the potential causes of work productivity loss. Therefore, this study aimed to estimate the prevalence of chronic musculoskeletal pain and analyze its association, along with other sociodemographic and occupational variables, with work productivity loss among faculty members at federal universities in Brazil. This is an analytical cross-sectional epidemiological study, conducted virtually with 1,436 faculty members between January and May 2023. Sociodemographic, occupational, and pain characterization variables were collected through a structured questionnaire, and productivity was assessed using the Work Limitations Questionnaire (WLQ-25). The results showed a prevalence of chronic musculoskeletal pain of 67.83%; there was a positive association between chronic musculoskeletal pain and overtime work with productivity loss, and a negative association with working in the Health Sciences field, male gender, and age. In conclusion, the prevalence of chronic musculoskeletal pain is concerning among faculty members at Brazilian federal universities, with significant productivity loss associated with chronic musculoskeletal pain.
Keywords:
Worker health, chronic musculoskeletal pain, university faculty, work productivity.
Conteúdo:
Introdução
Os distúrbios musculoesqueléticos representam a principal causa de incapacidade em todo o mundo1 e, no contexto acadêmico, os docentes são uma categoria vulnerável a sua ocorrência devido à combinação de diferentes fatores de risco. Além dos comuns à população em geral, como sexo, idade, índice de massa corpórea, tabagismo e inatividade física2, existem também fatores específicos associados ao trabalho docente os quais incluem baixo apoio social, baixo controle ocupacional, insatisfação, monotonia3, questões ergonômicas da atividade (ficar em pé e/ou sentado por muitas horas em posturas inadequadas, curvar-se sobre carteiras para ler ou avaliar o trabalho dos estudantes, carregar e transportar livros pesados ou equipamentos de sala de aula), entre outros4.
Esses distúrbios são caracterizados pela ocorrência de vários sintomas, concomitantes ou não, nas articulações, ligamentos, músculos, nervos, tendões e estruturas que sustentam membros, pescoço e costas5,6. Frequentemente, se manifestam com dor7 de forte intensidade, que tende a ser localizada em uma ou mais regiões do corpo, e pode se tornar crônica8,9.
A dor musculoesquelética crônica tem o potencial de desencadear uma série de consequências negativas, como aumento do consumo de medicamentos, redução da qualidade de vida e da participação social, aposentadorias por invalidez, limitação da mobilidade e funcionalidade, redução da capacidade para o trabalho, aumento da frequência de licenças médicas e presenteísmo, gerando grandes problemas socioeconômicos10,11.
O presenteísmo, por exemplo, refere-se ao impacto das doenças ou condições de saúde na produtividade no trabalho12. Os gastos relacionados a essa perda de produtividade no trabalho, nos Estados Unidos, variam de 100 a 10.000 dólares por ano. Mais especificamente, os gastos relacionados à perda de produtividade no trabalho por dor variam de 252 a 7.688 dólares por ano, com mediana de 2.065 dólares13, evidenciando a necessidade iminente de se investigar essa questão em pesquisas científicas.
A prevalência de dor musculoesquelética crônica na população geral é bastante variada, sendo mais frequente entre as mulheres e as pessoas com maior idade14; alguns estudos estimam que 20 a 30% da população trabalhadora adulta sofre com esta condição15. Já na população de docentes universitários, esses dados são bastante escassos e, normalmente, os estudos abordam a dor como consequência dos distúrbios musculoesqueléticos e não a avaliam sob o aspecto da cronicidade, tampouco sob o aspecto da perda de produtividade no trabalho16,17.
No Brasil, a análise de uma revisão sistemática18 sobre a prevalência de dor crônica revelou que, dentre os estudos que tinham como desfecho primário ou secundário a dor musculoesquelética crônica, apenas dois19,20 foram conduzidos com professores e estes não atuavam em universidades. Da Silva e Silva e Dutra (2016)19, por exemplo, ao estudarem 23 professores do ensino pré-escolar e fundamental de duas escolas municipais da cidade de Serrana - São Paulo, encontraram prevalência de 69,6% e os locais de maior dor mencionados foram a região lombar (30,43%), coluna cervical (17,39%), ombro (8,69%) e pescoço (4,34%). Já Santos et al. (2018)20, encontraram prevalência de 31,9% em 943 professores de escolas de ensino fundamental e médio em Londrina – Paraná.
A partir disso, este estudo teve como objetivos: 1. Estimar a prevalência de dor musculoesquelética crônica nessa população; e 2. Analisar a associação da dor musculoesquelética crônica e de outras variáveis sociodemográficas e ocupacionais na perda de produtividade no trabalho.
Neste sentido, este estudo é fundamental para a saúde do trabalhador pela produção de dados epidemiológicos relevantes e passíveis de desencadear discussões referentes ao desenvolvimento de políticas institucionais voltadas aos docentes. O estudo adquire relevância ao se considerar o contexto apresentado, o fato de os docentes universitários serem uma população que, apesar da grande importância social, enfrenta significativa invisibilidade quanto aos impactos do processo saúde-doença ao longo de sua carreira e que a literatura científica apresenta escassez de pesquisas que abordam a temática em pauta.
Métodos
Trata-se de um estudo epidemiológico analítico transversal.
População e amostra
A população do estudo foram servidores públicos da carreira docente de universidades federais brasileiras. Como critério de inclusão, estabeleceu-se ter vínculo estatutário e, como critérios de exclusão, ter sido nomeado há menos de um ano da data da coleta de dados, ser aposentado e ter dor crônica de origem oncológica.
O tamanho amostral foi determinado para estimar a prevalência de dor musculoesquelética crônica em uma população finita, considerando o total de docentes em exercício (n = 91.879) nas universidades federais, baseado na Sinopse Estatística da Educação Superior21.
O cálculo foi realizado assumindo um nível de significância de 5%, um erro absoluto tolerável de três pontos percentuais (p.p.) e a estimativa da prevalência de dor musculoesquelética crônica foi de 50,0%. Após o cálculo, a amostra foi estratificada proporcionalmente ao total de docentes por região geográfica brasileira e o cálculo do tamanho amostral final foi de 1058 indivíduos, sendo 10,3% da região Norte, 28,5% da região Nordeste, 10,8% da região Centro-Oeste, 31,2% da região Sudeste e 19,3% da região Sul.
Local do estudo e procedimento de coleta de dados
O estudo abrangeu as 68 universidades federais ativas no Brasil, sendo que os dados foram coletados por questionário estruturado em meio digital com acesso através de um link ou um QR-Code enviados por e-mail. Os e-mails foram enviados sistematicamente e amplamente para todas as universidades, assim como, para e-mails pessoais de docentes, os quais se encontravam disponíveis nas páginas das respectivas instituições de ensino. A coleta de dados ocorreu no período de Janeiro a Maio de 2023.
Variáveis estudadas e instrumentos utilizados
Para caracterizar a amostra de docentes, com e sem dor crônica, quanto a dados sociodemográficos e ocupacionais foram utilizadas as seguintes variáveis: idade, sexo ao nascer (definido com base na genética e não gênero), região geográfica da universidade em que o docente atua e sua área do conhecimento, jornada semanal de trabalho, realização de horas extras, quantidade de horas extras por semana e outros empregos.
Para caracterizar a dor e estimar sua prevalência, questionou-se sobre apresentar ou não dor musculoesquelética, tempo de dor e se ela teve início após diagnóstico positivo para COVID-19. É importante ressaltar que a atual classificação temporal de dor crônica pela International Association for the Study of Pain (IASP) é aquela persistente ou recorrente por período igual ou superior a três meses22; porém, para este estudo, considerou-se dor crônica aquela presente por um período igual ou superior a seis meses, conforme orientação da própria IASP para estudos científicos de dor crônica23.
O questionário estruturado para avaliação da dor também permitia a localização da dor por meio da visualização de um mapa corporal dividido em 27 partes com orientação para identificação da região que mais incomodava. Classificou-se a dor em sua frequência e intensidade por meio de Escala Numérica de 11 pontos, que varia de zero a 10, sendo que o valor zero representa nenhuma dor, o intervalo de 1 a 3 indica dor leve; o intervalo 4 a 6, dor moderada e o intervalo de 7 a 10, dor severa24.
Para estimar a perda de produtividade no trabalho, utilizou-se o Questionário Sobre Limitações Trabalho (The work limitations questionnaire - WLQ-25). Trata-se de um instrumento autoadministrável traduzido e adaptado transculturalmente para o português brasileiro, composto por 25 itens agrupados em quatro domínios (gerência de tempo, demandas físicas, demandas mentais-interpessoais e demandas de produção) que medem o quanto os agravos de saúde em trabalhadores interferem na sua capacidade de desenvolver tarefas no trabalho e o impacto dessa interferência na produtividade25.
Além de permitir a estimativa da perda de produtividade total em porcentagem, cada domínio apresenta um escore que varia de zero (sem limitação) a 100 (todo o tempo com limitação) e indica quanto tempo, também em porcentagem, nas duas últimas semanas, o indivíduo esteve limitado para fazer suas tarefas no trabalho. O instrumento não apresenta uma classificação para os resultados obtidos, sendo que quanto maior a pontuação, maior a limitação e, consequentemente, maior a perda de produtividade no trabalho. Seu uso foi autorizado pelo Mapi Research Trust, uma organização sem fins lucrativos coordenada pelos autores do instrumento original, com a assinatura de um termo de confidencialidade que permitiu acesso ao instrumento e a um manual de orientações sobre como calcular e interpretar os dados sobre a perda de produtividade no trabalho e os escores de cada domínio (Work Limitations Questionnaire Version 2.2. Scaling and Scoring Version 1.2: December 2022). Em decorrência do termo de confidencialidade, o procedimento detalhado não está incluído neste artigo, mas pode ser obtido entrando em contato com a instituição.
Análise dos dados
Para caracterizar a amostra quanto aos dados sociodemográficos, ocupacionais, de dor, incluindo a prevalência de dor crônica, e perda de produtividade no trabalho foi utilizada estatística descritiva.
Para analisar a associação das variáveis foi utilizado regressão linear múltipla. A qualidade deste modelo foi avaliada pelo coeficiente de determinação R² e seu melhor resultado (0,12) foi obtido com a inclusão das seguintes variáveis independentes pelo método stepwise: presença de dor musculoesquelética crônica, região geográfica, área do conhecimento de atuação do docente, idade, sexo ao nascer, jornada semanal de trabalho, realização de horas extras, quantidade de horas extras e outros empregos. A variável dependente foi a perda de produtividade no trabalho.
A significância individual dos coeficientes de correlação estimados para cada variável independente foi calculada pelo teste t de Student e a significância total do modelo, pelo teste F, cujo valor foi de 6,87. Estabeleceu-se o limite de confiança de 95% e os resultados foram considerados estatisticamente significativos para valor-p menor ou igual a 0,05. Todas as análises foram realizadas no software estatístico R versão 4.3.1.26.
Considerações éticas
O estudo teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (CEP/UFSCar) com parecer nº 5.741.976 e CAAE 60437222.5.0000.5504. Todos os participantes concordaram em participar por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em formato digital.
Resultados
O estudo recrutou 1619 participantes. Desses, 183 (11,30%) não compuseram a amostra final por não aceitarem participar do estudo ou por não atenderem aos critérios de inclusão e exclusão. A caracterização sociodemográfica e ocupacional da amostra final (n=1436), que atingiu o quantitativo esperado total e por região, está apresentada na Tabela 1.
A média de idade dos respondentes foi de 47,57 anos (Desvio-Padrão: 9,07), a maioria foi da região Sudeste, da área de Ciências da Saúde, do sexo feminino e com jornada semanal de trabalho de 40 horas em dedicação exclusiva. Dos 85 (5,92%) sem vínculo de dedicação exclusiva, 69 (81,18%) referiram outro emprego. A maioria dos participantes (n=1031; 71,80%) extrapolava a carga horária de trabalho semanal. Desses, 366 (25,49%) trabalhava de 6 a 10 horas a mais por semana e 284 (19,78%) mais de 10 horas por semana.
Tabela 1: Distribuição absoluta e percentual das características sociodemográficas, ocupacionais e presença ou não de dor musculoesquelética crônica em docentes de universidades federais brasileiras. Brasil (n=1436).
Tab.1
Em relação à caracterização da dor, dentre os docentes que receberam diagnóstico de COVID-19 (n=754), apenas 48 (6,37%) relataram que sua dor teve início após a doença. Quanto à topografia anatômica da dor, as regiões mais apontadas foram: região inferior das costas, região supraescapular e região cervical (Tabela 2).
Tab.2
A maioria dos docentes (n=805; 82,65%) referiu sentir dor moderada ou severa. Em relação à frequência de ocorrência da dor, 54,41% (n=530) disseram sentir dor de cinco a sete dias por semana; 27,10% (n=264), de três a quatro dias por semana e 18,48% (n=180), de um a dois dias por semana. No que diz respeito às limitações para o trabalho nas duas últimas semanas, os participantes com dor crônica tiveram maiores escores em todos os domínios do WLQ-25 quando comparados aos que não sentiam dor crônica e a média da perda de produtividade para docentes com dor musculoesquelética crônica foi maior em relação aos docentes sem dor (7,83% e 5,41%, respectivamente) (Tabela 3).
Tab.3
A prevalência de dor musculoesquelética crônica foi de 67,83%.
Os resultados da regressão linear múltipla indicaram que ter dor musculoesquelética crônica e realizar horas extras apresentaram associação positiva na perda de produtividade; e ser docente atuante na área do conhecimento de Ciências da Saúde, ser do sexo masculino e ter menor idade tiveram associação negativa.
Isso significa que, ao manter todas as variáveis do modelo constantes, a dor musculoesquelética crônica está associada a um aumento da perda de produtividade no trabalho em 2.23 pontos (8,95%) e a realização de horas extras em 1.08 pontos (4,33%). Por outro lado, ser docente atuante na área do conhecimento de Ciências da Saúde, ser do sexo masculino e ter menor média de idade está associado a uma diminuição na perda de produtividade no trabalho em 1.45 pontos (5,82%), 1.0 ponto (4,01%) e 0.05 pontos (0,20%), respectivamente (Tabela 4). Esses resultados refletem associações observadas entre as variáveis, sem implicar relações causais.
Tab.4
Discussão
Ao estabelecer a prevalência de dor musculoesquelética crônica nos docentes de universidades federais no Brasil, o presente estudo alcançou seu primeiro objetivo. Contudo, fazer sua articulação com outros estudos foi uma grande dificuldade considerando que, após extensa revisão de literatura, não foram identificadas informações desta prevalência em docentes universitários. A despeito disto, há que se considerar que os dados de prevalência encontrados são alarmantes e devem preocupar clínicos, pesquisadores e as instituições federais de ensino superior, embora possa ter havido um viés de seleção ou mesmo uma interferência do momento pós-pandêmico, o qual repercutiu em alterações dos processos de trabalho.
Do ponto de vista da prevalência de dor musculoesquelética crônica, na população geral, os resultados deste estudo se aproximaram dos de outros realizados com adultos brasileiros que encontraram prevalência de 62,50%27 e 59,85%28. Prevalências menores, também na população geral, foram descritas por Cimas et al. (2017) (35,7%)29, Latina et al. (2019) (44%)30 e Chen et al. (2021) (48,72%)31. Em uma metanálise com 122 estudos, Jackson et al. (2015)32 também encontraram prevalência de dor musculoesquelética crônica menor na população adulta (26%) e idosa (39%), mas esse número aumentou na população trabalhadora (86%). Tais diferenças podem ser explicadas, portanto, pelos variados delineamentos metodológicos e pela inclusão ou não da população trabalhadora.
Além de fornecer informações relevantes sobre a prevalência de dor musculoesquelética crônica entre docentes, este estudo permitiu entender as associações entre essa condição e outras variáveis sociodemográficas e ocupacionais com a perda de produtividade no trabalho.
Os achados em que docentes com dor musculoesquelética crônica apresentaram associação positiva com a perda de produtividade no trabalho pode ser atribuída a dificuldades de realizar atividades inerentes à ocupação, como aquelas que exigem longos períodos de concentração, caminhadas em sala de aula ou em campos de estágio, manutenção de posturas estáticas, entre outras, sentindo dor.
Bem como os achados sobre prevalência de dor musculoesquelética crônica, a perda de produtividade em docentes universitários associada à dor musculoesquelética crônica são limitados. Por esse motivo, trazemos para a discussão estudos com trabalhadores de diversos setores econômicos com algum distúrbio musculoesquelético ou dor associada a ele e que encontraram resultados de perda de produtividade que variaram de 2,2%33 a 13,26%34. Um estudo prospectivo multicêntrico internacional com indivíduos de idade entre 21 e 55 anos e diagnóstico de artrite reumatóide identificou perda de produtividade na amostra total de 7,0%. Na Colômbia a perda foi de 7,8%, seguido de 7,5% na Argentina, 6,5% no México e 5,9% no Brasil35.
Uma porcentagem maior de perda de produtividade, quando comparada à do presente estudo, foi registrada em enfermeiras brasileiras com sintomas musculoesqueléticos (8,8%)36 e em trabalhadores portugueses com dor no pescoço, membros superiores, região mediana do dorso e na região lombar (10,5%)37.
Outra associação positiva com a perda de produtividade foi a realização de horas extras, o que reflete a crise do trabalho docente no ensino superior, decorrente do capitalismo acadêmico e da mercantilização da educação. A precarização das condições de trabalho está intimamente associada ao modelo produtivista que vem se naturalizando nesse meio e caracterizando um tipo de "servidão voluntária" adotada pelos professores, que auto intensificam o trabalho para aumentar sua competitividade em processos de avaliação comparativa38. Como consequência, os docentes acabam trabalhando mais horas do que o estipulado na jornada semanal e tal fato é ratificado pela literatura39.
No que concerne à idade, para aqueles com menor média, os resultados foram associados a uma diminuição da perda de produtividade e isso pode se dar pelo fato de que pessoas mais jovens tendem a ter mais facilidade para lidar com as demandas físicas do trabalho, para aprender e se adaptar a novas tecnologias e processos, contribuindo para maior eficiência no trabalho e menos perda de produtividade. Elas podem também estar mais motivadas a demonstrar desempenho e crescer na carreira ou estar menos saturadas, mantendo o entusiasmo e o engajamento com suas tarefas. Uma revisão sistemática apontou que, enquanto alguns estudos indicavam que indivíduos mais jovens apresentam taxas maiores de produção, outros mostraram não haver diferenças entre faixas etárias40.
Outro achado foi que ser do sexo masculino também está associado a uma diminuição na perda da produtividade e algumas justificativas para isso perpassam pelas diferenças hormonais41, em que altos níveis de testosterona demonstram aumentar o limiar de dor42; e pelo papel sociocultural. Tradicionalmente os homens são impulsionados a serem os principais provedores financeiros dos lares assumindo uma menor carga de responsabilidades domésticas e cuidados familiares com filhos e dependentes ou estimulados a não reportarem dificuldades, devido a normas sociais que desencorajam a expressão de vulnerabilidade, levando-os a priorizar o trabalho formal e a produtividade, mesmo em condições adversas.
Entretanto, esse resultado deve ser interpretado com cautela, visto que há diversos fatores que podem influenciar a associação entre sexo ao nascer e a perda de produtividade. Um estudo com 10.407 funcionários de 37 empresas nos Países Baixos encontrou maior perda de produtividade entre os homens43, enquanto outro, com trabalhadores formalmente empregados e autônomos de diversos setores econômicos, apontou maior perda em mulheres44. Tais diferenças, portanto, ratificam a necessidade de se investigar, além dos fatores citados acima, as influências das atividades de trabalho na perda de produtividade no trabalho entre homens e mulheres.
Entre as áreas de atuação docente, a que se associou negativamente à perda de produtividade foi a de Ciências da Saúde e isso pode ser explicado pelo conhecimento desses profissionais sobre anatomia, fisiologia, cinesiologia, ergonomia, gerenciamento da dor, dentre outros relacionados ao funcionamento do corpo humano, o que permite uma melhor adaptação de suas práticas de trabalho e cuidados pessoais para lidar com a dor musculoesquelética crônica. Somado a isso, eles são capacitados para atuar nos problemas de saúde das populações e, por isso, podem se sentir mais motivados e preparados para o autocuidado, tendo melhores níveis de produtividade no trabalho.
O presente estudo diagnostica a complexidade da temática e fornece uma importante contribuição para o conhecimento sobre a prevalência de dor musculoesquelética crônica e também sua associação junto de outras variáveis com a perda de produtividade entre docentes universitários brasileiros. A relevância dos achados soma esforços a estudos desenvolvidos no Brasil com o intuito de subsidiar políticas públicas direcionadas a esse grupo45.
O planejamento e a execução de ações voltadas à saúde do trabalhador docente nas universidades federais são fundamentais para reduzir custos decorrentes da perda de produtividade. Limitações funcionais causadas por dores musculoesqueléticas crônicas comprometem a qualidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão e, como consequência, tarefas são, muitas vezes, redistribuídas, sobrecarregando outros docentes e se tornando um disparador para novos casos de adoecimento. Em casos mais graves, em que as limitações geram licenças prolongadas para tratamento da própria saúde, pode ser necessária a contratação de professores substitutos, elevando os custos à Administração Pública Federal.
Essa situação evidencia a necessidade urgente de implementar intervenções preventivas que garantam a qualidade acadêmica e a sustentabilidade financeira. Entre tais medidas estão programas de ergonomia, com ajustes nos ambientes e processos de trabalho, e o incentivo a pausas regulares, além da promoção de exercícios físicos, práticas de alongamento e relaxamento e orientações para o autogerenciamento da dor. Também é fundamental repensar o modelo organizacional vigente nas instituições de ensino superior federal, caracterizado por longas jornadas de trabalho, pressões por produtividade, metas excessivas, condições inadequadas de trabalho e recursos insuficientes.
Por fim, entende-se que, para um enfrentamento eficaz desse problema, as universidades públicas federais precisam integrar de forma vigorosa e estratégica a saúde do trabalhador docente em seus planos de desenvolvimento institucional, abordando a questão de maneira interprofissional, com vistas a contribuir para a qualidade de vida e o bem-estar dos docentes, fortalecendo a qualidade das atividades acadêmicas e reafirmando seus compromissos com a excelência e o desenvolvimento social por meio da educação superior.
Conclusões
Este estudo apresenta dados inéditos e preocupantes sobre a saúde de docentes de universidades públicas federais no Brasil. Ao revelar a considerável prevalência de dor musculoesquelética crônica que, em conjunto com realização de horas extras, estão associadas à perda de produtividade no trabalho; traz à tona a necessidade de se discutir a saúde desses trabalhadores, cuja importância social é inquestionável. A partir dos dados apresentados, é possível não apenas ampliar o conhecimento científico sobre a temática, mas também subsidiar políticas públicas voltadas à saúde do trabalhador docente no contexto do ensino superior federal brasileiro.
Além disso, ao identificar a natureza e as medidas das limitações laborais, o impacto da dor musculoesquelética crônica e das variáveis sociodemográficas e ocupacionais na perda de produtividade, este estudo possibilita o delineamento mais assertivo de ações de saúde e segurança no trabalho por parte da Administração Pública e dos gestores das universidades.
Este estudo apresenta como limitação o viés de seleção, uma vez que docentes com dor musculoesquelética crônica podem ter se sentido mais motivados a participar e isto pode ter repercutido na prevalência de dor encontrada.
Por fim, pesquisas futuras devem considerar a utilização de outros desenhos metodológicos, como estudos longitudinais e amostragem probabilística, bem como a inclusão de docentes de universidades de diferentes naturezas jurídicas (públicas e privadas).
Referências
1. Sebbag E, Felten R, Sagez F, Sibilia J, Devilliers H, Arnaud L. The world-wide burden of musculoskeletal diseases: a systematic analysis of the World Health Organization Burden of Diseases Database. Ann Rheum Dis 2019; 78(6):844-848.
2. Al-Ajlouni YA, Al Ta'ani O, Mushasha R, Lee JL, Capoor J, Kapadia MR, Alejandro R. The burden of musculoskeletal disorders in the Middle East and North Africa (MENA) region: a longitudinal analysis from the global burden of disease dataset 1990-2019. BMC Musculoskelet Disord 2023; 24(1):439.
3. de Souza KR, Simões-Barbosa RH, Rodrigues AM, Felix EG, Gomes L, dos Santos MB. The work of professors, gender inequalities, and health at public universities. Cien Saude Colet 2021; 26(12):5925-5934. English, Portuguese.
4. Almeida TEN, Ferreira REdA, Bezerra LA, Pereira TMdM. Analysis of the prevalence of musculoskeletal disorders and occupational stress in professors of a higher education institution in the state of Pernambuco. Rev Bras Med Trab 2020; 18(3):274-279. English, Portuguese.
5. WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO discussion paper for the regional expert consultations: development of an implementation roadmap 2023-2030 for the Global Action Plan for the Prevention and Control of NCDs 2013-2030. Geneva: WHO, 2021. 18 p. Disponível em: https://cdn.who.int/media/docs/defaultsource/documents/health-topics/non-communicable-diseases/eb150---whodiscussion-paper-on-ncd-roadmap-development-(20-aug-2021)---forweb.pdf?sfvrsn=58b8c366_17&download=true. Acesso em: 11 jan. 2024.
6. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo de Investigação, Diagnóstico, Tratamento e Prevenção de Lesão por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Brasília: MS, 2000. 32p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_ler.pdf. Acesso em: 19 jul 2024.
7. Bonanni R, Cariati I, Tancredi V, Iundusi R, Gasbarra E, Tarantino U. Chronic pain in musculoskeletal diseases: do you know your enemy? J Clin Med 2022; 11(9).
8. Sugai K, Tsuji O, Matsumoto M, Nishiwaki Y, Nakamura M. Chronic musculoskeletal pain in Japan (the final report of the 3-year longitudinal study): Association with a future decline in activities of daily living. J Orthop Surg (Hong Kong) 2017; 25(3):2309499017727945.
9. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet 2018; 392(10159):1789-1858.
10. Cieza A, Causey K, Kamenov K, Hanson SW, Chatterji S, Vos T. Global estimates of the need for rehabilitation based on the Global Burden of Disease study 2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet 2021; 396(10267):2006-2017.
11. El-Tallawy SN, Nalamasu R, Salem GI, LeQuang JAK, Pergolizzi JV, Christo PJ. Management of musculoskeletal pain: an update with emphasis on chronic musculoskeletal pain. Pain Ther 2021; 10(1):181-209.
12. JOHNS, G. Presenteeism in the workplace: A review and research agenda. Journal of Organizational Behavior, Chichester, v. 31, n. 4, p. 519-542, July 6 2010. DOI 10.1002/job.630. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/job.630. Acesso em: 6 jan. 2024.
13. Rojanasarot S, Bhattacharyya SK, Edwards N. Productivity loss and productivity loss costs to United States employers due to priority conditions: a systematic review. J Med Econ 2023; 26(1):262-270.
14. Zitko P, Bilbeny N, Balmaceda C, Abbott T, Carcamo C, Espinoza M. Prevalence, burden of disease, and lost in health state utilities attributable to chronic musculoskeletal disorders and pain in Chile. BMC Public Health 2021; 21(1):937.
15. Steingrímsdóttir OA, Landmark T, Macfarlane GJ, Nielsen CS. Defining chronic pain in epidemiological studies: a systematic review and meta-analysis. Pain 2017; 158(11):2092-2107.
16. Alabeesy MS, Almaslouk MS, Alfarraj JF, Alzaidy NF, Almahfuth AM, Nazeer M. Prevalence and the associated risk factors of low back pain among academic staff at Majmaah University, Saudi Arabia. Indo Am J Pharm Sci 2021; 8(5):161-171.
17. Fatudimu MB, Odekunle A, Hamzat TK. Point prevalence and risk factors for work-related musculoskeletal disorders among academic staff in a Nigerian University. J Nigeria Soc Physiother 2022; 21(1):5366FD269012.
18. Aguiar DP, Souza CPdQ, Barbosa WJM, Santos-Júnior FFU, de Oliveira AS. Prevalence of chronic pain in Brazil: systematic review. BrJP 2021; 4(3):257-267. English, Portuguese
19. da Silva KN, Silva e Dutra FCM. Psychosocial job factors and chronic pain: analysis in two municipal schools in Serrana/SP. Rev Dor 2016; 17(3):164-170. English, Portuguese.
20. Santos MCS, de Andrade SM, González AD, Dias DF, Mesas AE. Association between chronic pain and leisure time physical activity and sedentary behavior in schoolteachers. Behav Med 2018; 44(4):335-343.
21. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sinopse Estatística da Educação Superior 2020 [Internet]. Brasília: Inep; 2022 [cited 2023 Dec 26]. Available from: https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/sinopses-estatisticas/educacao-superior-graduacao
22. Smith BH, Fors EA, Korwisi B, Barke A, Cameron P, Colvin L, Richardson C, Rief W, Treede RD. The IASP classification of chronic pain for ICD-11: applicability in primary care. Pain 2019; 160(1):83-87.
23. International Association for the Study of Pain, Task Force on Taxonomy. Classification of chronic pain: descriptions of chronic pain syndromes and definitions of pain terms[Internet]. 2nd rev. ed. Merskey H, Bogduk N, editors. Seattle: IASP Press; c1994 [cited 2023 Dec 26]. Available from: https://www.iasp-pain.org/publications/free-ebooks/classification-of-chronic-pain-second-edition-revised/.
24. Jones KR, Vojir CP, Hutt E, Fink R. Determining mild, moderate, and severe pain equivalency across pain-intensity tools in nursing home residents. J Rehabil Res Dev 2007; 44(2):305-314.
25. de Soárez PC, Kowalski CC, Ferraz MB, Ciconelli RM. [Translation into Brazilian Portuguese and validation of the Work Limitations Questionnaire]. Rev Panam Salud Publica 2007; 22(1):21-28. Portuguese.
26. R CORE TEAM. R version 4.3.1. Vienna: R Foundation for Statistical Computing, 2023. Disponível em: https://cran.r-project.org. Acesso em: 17 fev. 2024.
27. Mota PHdS, Gaudereto BL, Cardoso MRA, Schmitt ACB. Prevalence of musculoskeletal pain and impact on physical function and health care services in Belterra/PA. Fisioter Mov 2016; 29(1):103-112.
28. de Carvalho RC, Maglioni CB, Machado GB, de Araújo JE, da Silva JRT, da Silva ML. Prevalence and characteristics of chronic pain in Brazil: a national internet-based survey study. BrJP 2018; 1(4):331-338.
29. Cimas M, Ayala A, Sanz B, Agulló-Tomás MS, Escobar A, Forjaz MJ. Chronic musculoskeletal pain in European older adults: cross-national and gender differences. Eur J Pain 2018; 22(2):333-345.
30. Latina R, De Marinis MG, Giordano F, Osborn JF, Giannarelli D, Di Biagio E, Varrassi G, Sansoni J, Bertini L, Baglio G, D'Angelo D, Baldeschi GC, Piredda M, Carassiti M, Camilloni A, Paladini A, Casale G, Mastroianni C, Notaro P, Diamanti P, Coaccioli S, Tarsitani G, Cattaruzza MS. Epidemiology of chronic pain in the Latium Region, Italy: a cross-sectional study on the clinical characteristics of patients attending pain clinics. Pain Manag Nurs 2019; 20(4):373-381.
31. Chen L, Ferreira ML, Nassar N, Preen DB, Hopper JL, Li S, Bui M, Beckenkamp PR, Shi B, Arden NK, Ferreira PH. Association of chronic musculoskeletal pain with mortality among UK adults: a population-based cohort study with mediation analysis. EClinicalMedicine 2021; 42:101202.
32. Jackson T, Thomas S, Stabile V, Han X, Shotwell M, McQueen K. Prevalence of chronic pain in low-income and middle-income countries: a systematic review and meta-analysis. Lancet 2015; 385 Suppl 2:S10.
33. Tsuboi Y, Oka T, Nakatsuka K, Isa T, Ono R. Effectiveness of workplace active rest programme on low back pain in office workers: a stepped-wedge cluster randomised controlled trial. BMJ Open 2021; 11(6):e040101.
34. Hammond A, Tennant A, Ching A, Parker J, Prior Y, Gignac M, Verstappen S, O'Brien R. Linguistic validation, validity, and reliability of the British English version of the Workplace Activity Limitations Scale in employed people with rheumatoid arthritis, ankylosing spondyloarthritis, osteoarthritis and fibromyalgia. Res Sq 2023:rs.3.rs-1744048.
35. Xavier RM, Zerbini CAF, Pollak DF, Morales-Torres JLA, Chalem P, Restrepo JFM, Duhau JA, Amado JR, Abello M, de la Vega MC, Dávila AP, Biegun PM, Arruda MS, Ramos-Remus C. Burden of rheumatoid arthritis on patients' work productivity and quality of life. Adv Rheumatol 2019; 59(1):47.
36. Hatch A, Tomé E. Back pain: lost productivity, associated costs and a solution. In: Tomé E, Cesário F, Soares RR, editors. Proceedings of the 20th European Conference on Knowledge Management, 2019 Sep 5-6; Lisboa, Portugal. Manchester (UK): Academic Conferences and Publishing International Limited; 2019. p. 506-513.
37. Santos BdS, Bortolini J, de Sousa ÁFL, de Andrade D, Valim MD. Productivity loss and musculoskeletal symptoms in Brazilian presenteeism: a cross-sectional study. Open Nurs J [Internet] 2023 [cited 2023 Dec 28]; 17:e187443462302010. Available from: https://opennursingjournal.com/contents/volumes/V17/e187443462302010/e187443462302010.pdf
38. Maués O. [Reconfiguration of faculty work in Higher Education]. Educ Rev 2010; (Spec No):141-160. Portuguese.
39. Lu L, Cooper CL. Sickness presenteeism as a link between long working hours and employees' outcomes: intrinsic and extrinsic motivators as resources. Int J Environ Res Public Health 2022; 19(4).
40. Viviani CA, Bravo G, Lavallière M, Arezes PM, Martínez M, Dianat I, Bragança S, Castellucci HI. Productivity in older versus younger workers: a systematic literature review. Work 2021; 68(3):577-618.
41. Overstreet DS, Strath LJ, Jordan M, Jordan IA, Hobson JM, Owens MA, et al. A Brief Overview: Sex Differences in Prevalent Chronic Musculoskeletal Conditions. International Journal of Environmental Research and Public Health [Internet]. 2023 Jan 1 [cited 2024 Jul 25];20(5):4521. Available from: https://www.mdpi.com/1660-4601/20/5/4521
42. Athnaiel O, Cantillo S, Paredes S, Knezevic NN. The Role of Sex Hormones in Pain-Related Conditions. International Journal of Molecular Sciences. 2023 Jan 18;24(3):1866.
43. Dikanovic B, Kouwenhoven-Pasmooij TA, Kraaijenhagen RA, van Lennep JER, Burdorf A, Vasilev V, Robroek SJW. [Gender differences at the workplace: sickness absence and productivity loss at work and their association with health and work-related factors]. Serbian J Med Chamber 2023; 4(1):11-26. Serbian.
44. Cho SS, Lee DW, Kang MY. The association between shift work and health-related productivity loss due to either sickness absence or reduced performance at work: a cross-sectional study of Korea. Int J Environ Res Public Health 2020; 17(22):8493.
45. Reimberg CO, de Souza DM, da Silva JP, Oliveira JA. Condições de trabalho e saúde dos professores no Brasil: uma revisão para subsidiar as políticas públicas. Relatório técnico[Internet]. São Paulo: Fundacentro; 2022 [cited 2023 Dec 27]. Available from: http://arquivosbiblioteca.fundacentro.gov.br/exlibris/aleph/a23_1/apache_media/DV8JAG258DKQ8UPFGBTIN3B1QSNT34.pdf
Outros idiomas:
Chronic musculoskeletal pain and loss of work productivity among faculty members at Brazilian federal universities
Resumo (abstract):
Chronic musculoskeletal pain is one of the potential causes of work productivity loss. Therefore, this study aimed to estimate the prevalence of chronic musculoskeletal pain and analyze its association, along with other sociodemographic and occupational variables, with work productivity loss among faculty members at federal universities in Brazil. This is an analytical cross-sectional epidemiological study, conducted virtually with 1,436 faculty members between January and May 2023. Sociodemographic, occupational, and pain characterization variables were collected through a structured questionnaire, and productivity was assessed using the Work Limitations Questionnaire (WLQ-25). The results showed a prevalence of chronic musculoskeletal pain of 67.83%; there was a positive association between chronic musculoskeletal pain and overtime work with productivity loss, and a negative association with working in the Health Sciences field, male gender, and age. In conclusion, the prevalence of chronic musculoskeletal pain is concerning among faculty members at Brazilian federal universities, with significant productivity loss associated with chronic musculoskeletal pain.
Palavras-chave (keywords):
Worker health, chronic musculoskeletal pain, university faculty, work productivity.
Título: Dor musculoesquelética crônica e perda de produtividade no trabalho em docentes de universidade federais brasileiras
Title: Chronic musculoskeletal pain and loss of work productivity among federal university teaching staff in Brazil
Título: Dolor musculoesquelético crónico y pérdida de productividad laboral en profesores de universidades federales brasileñas
(2) Autores (nome completo, instituição, e-mail and ORCID)
Nome completo:Mônica Jordão de Souza Pinto
Instituição:Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Enfermagem.
e-mail:monijordao@ufscar.br
ORCID:0000-0003-0144-6680
Nome completo: Vivian Aline Mininel
Instituição:Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Enfermagem.
e-mail:vivian.aline@ufscar.br
ORCID:0000-0001-9985-5575
Nome completo:Tatiana de Oliveira Sato
Instituição:Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Fisioterapia.
e-mail:tatisato@ufscar.br
ORCID:0000-0001-8797-8981
Nome completo:Lílian Varanda Pereira
Instituição:Universidade Federal de Goiás. Faculdade de Enfermagem
e-mail:lilian_varanda_pereira@ufg.br
ORCID:0000-0003-4604-0238
Nome completo:Anamaria Alves Napoleão
Instituição:Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Enfermagem.
e-mail:anamaria@ufscar.br
ORCID:0000-0002-6229-4206
Nome completo:Priscilla Hortense
Instituição:Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Enfermagem.
e-mail:prih@ufscar.br
ORCID:0000-0003-0554-451X
Resumo: A dor musculoesquelética crônica é uma das possíveis causas da perda de produtividade no trabalho e, por tal, este estudo teve como objetivos estimar a prevalência de dor musculoesquelética crônica e analisar sua associação e de outras variáveis sociodemográficas e ocupacionais com a perda de produtividade no trabalho em docentes de universidades federais no Brasil. Trata-se de um desenho epidemiológico analítico transversal, realizado virtualmente com 1436 docentes entre Janeiro e Maio de 2023. Variáveis sociodemográficas, ocupacionais e de caracterização da dor foram coletadas por questionário estruturado e a avaliação da produtividade se deu pelo Questionário sobre Limitações no Trabalho (WLQ-25). Os resultados evidenciaram uma prevalência de dor musculoesquelética crônica de 67,83%. Constatou-se associação positiva da dor musculoesquelética crônica e da realização de horas extras sobre a perda de produtividade no trabalho, porém uma associação negativa da área de atuação docente nas Ciências da Saúde, do sexo masculino e da idade. Em conclusão, a prevalência de dor musculoesquelética crônica é preocupante em docentes de universidades federais brasileiras, com significativa perda de produtividade no trabalho associada à dor musculoesquelética crônica.
Palavras-chave: Saúde do trabalhador, dor musculoesquelética crônica, docentes universitários, produtividade no trabalho.
Abstract: Chronic musculoskeletal pain is one of the causes of work productivity loss. The aim of this study was to estimate the prevalence of chronic musculoskeletal pain among federal university teachers in Brazil and investigate the association between this condition and sociodemographic and occupational variables and work productivity loss. We conducted an analytical cross-sectional epidemiological study with 1,436 university teachers. Data on sociodemographic, occupational and pain characteristics were collected between January and May 2023 using a structured digital questionnaire. Productivity was assessed using the Work Limitations Questionnaire (WLQ-25). Prevalence of chronic musculoskeletal pain was 67.83%. A positive association was found between chronic musculoskeletal pain and working overtime and productivity loss, while a negative association was found between the condition and working in the area of health sciences, being male, and age. In conclusion, the prevalence of chronic musculoskeletal pain among federal university teachers is concerning, with significant productivity loss being associated with the condition.
Keywords: Workers’ health, chronic musculoskeletal pain, university teachers, work productivity.
Resumen: El dolor musculoesquelético crónico es una de las posibles causas de la pérdida de productividad en el trabajo y, por tanto, este estudio tuvo como objetivos estimar la prevalencia del dolor musculoesquelético crónico y analizar su asociación y de otras variables sociodemográficas y ocupacionales con la pérdida de productividad en el trabajo en profesores de universidades federales en Brasil. Se trata de un diseño epidemiológico analítico transversal, realizado virtualmente con 1436 profesores entre enero y mayo de 2023. Las variables sociodemográficas, ocupacionales y de caracterización del dolor fueron recogidas por un cuestionario estructurado y la evaluación de la productividad se dio por el Cuestionario sobre Limitaciones en el Trabajo (WLQ-25). Los resultados evidenciaron una prevalencia de dolor musculoesquelético crónico del 67,83%. Se constató asociación positiva del dolor musculoesquelético crónico y de la realización de horas extras sobre la pérdida de productividad en el trabajo, pero una asociación negativa del área de actuación docente en las Ciencias de la Salud, del sexo masculino y de la edad. En conclusión, la prevalencia del dolor musculoesquelético crónico es preocupante en profesores de universidades federales brasileñas, con significativa pérdida de productividad en el trabajo asociada al dolor musculoesquelético crónico.
Palabras clave: Salud laboral, dolor musculoesquelético crónico, profesores universitarios, productividad laboral.
Introduction
Musculoskeletal disorders are the leading cause of disability worldwide1. In academic settings, teachers are prone to the occurrence of these disorders due to the combination of different risk factors. In addition to common factors in the general population, such as gender, age, body mass index, smoking and physical inactivity2, specific factors are associated with teaching, including low level of social support and occupational control, dissatisfaction, monotony3 and ergonomic issues (prolonged standing and/or sitting with bad posture, bending over the desk to read or mark students\' work and carrying and transporting heavy books or classroom equipment)4.
These disorders are characterized by various concomitant or non-concomitant symptoms in the joints, ligaments, muscles, nerves, tendons and structures that support the limbs, neck and back5,6. They often result in severe pain7, which tends to be localized in one or more regions of the body and can become chronic8,9.
Chronic musculoskeletal pain can trigger a host of negative consequences, such as increased drug consumption, diminished quality of life and social interaction, early retirement due to disability, limited mobility and function, reduced ability to work and increased frequency of sick leave and presenteeism, giving rise to major socioeconomic problems10,11.
Presenteeism, for example, refers to the impact of illnesses or medical conditions on work productivity12. The annual cost of lost work productivity in the United States ranges from US$100 to US$10,000 per worker. Costs related specifically to pain range from US$252 to US$7,688 a year (median of US$2,065)13, highlighting the pressing need for research into this issue.
The prevalence of chronic musculoskeletal pain in the general population varies, being more frequent among women and older people14, with some studies estimating that 20 to 30% of the adult working population suffer from this condition15. However, data on this condition in university teachers is scarce and studies tend to address pain resulting from musculoskeletal disorders rather than assessing pain chronicity or loss of work productivity16,17.
A systematic review18 of the prevalence of chronic pain in Brazil revealed that only two19,20 of the studies in which chronic musculoskeletal pain was the primary or secondary outcome were with teachers, with neither including university teachers. In a study of 23 pre- municipal school and primary school teachers in Serrana, São Paulo, Da Silva, Silva and Dutra (2016)19 found that the prevalence of musculoskeletal pain was 69.6% and the sites with the greatest level of pain were the lower back (30.43%), cervical spine (17.39%), shoulder (8.69%) and neck (4.34%), while Santos et al. (2018)20 found that prevalence was 31.9% among a sample of 943 elementary and high school teachers in Londrina, in the state of Paraná.
In light of the above, the aim of this study was to: 1. Estimate the prevalence of chronic musculoskeletal pain in university teachers; and 2. To analyze the association between chronic musculoskeletal pain and other sociodemographic and occupational variables and loss of work productivity.
This study is fundamental for workers\' health because it provides important epidemiological data that can trigger discussions on the development of institutional policies targeting teachers. This research is relevant given the context presented above, the fact that, despite their social importance, university teachers face significant invisibility throughout their career when it comes to the impacts of the health-disease process, and the lack of literature on this topic.
Methods
We conducted an analytical cross-sectional epidemiological study.
Population and sample
The study population was made up federal university teachers employed as civil servants in Brazil. The inclusion criterion was teachers employed as civil servants and the exclusion criteria were teachers appointed less than a year before the start of data collection who were retired and who had chronic cancer pain.
The sample size was determined to estimate the prevalence of chronic musculoskeletal pain in a finite population consisting of all practicing federal university teachers in the country (n = 91,879), based on the Statistical Synopsis of Higher Education21.
The calculation was performed adopting a 5% significance level, a three-point (p.p.) acceptable absolute percentage error and an estimated prevalence of chronic musculoskeletal pain of 50.0%. The calculated sample was stratified proportionally according to the total number of teachers in each of Brazil’s regions, resulting in a final sample size of 1,058 individuals distributed as follows: 10.3% from the North, 28.5% from the Northeast, 10.8% from the Midwest, 31.2% from the Southeast and 19.3% from the South.
Study location and data collection procedure
The study included all the 68 active federal universities in Brazil. The data were collected using a structured digital questionnaire accessed via a link or a QR-Code sent by e-mail. Emails were sent systematically to all the universities and to the teachers’ personal emails, which were available on the institutions’ websites. The data were collected between January and May 2023.
Study variables and instruments
The following sociodemographic and occupational data were used to characterize the sample: age, sex at birth (defined based on genetics rather than gender); region where the university at which the teacher works is located; area of knowledge; weekly working hours; whether the teacher works overtime; weekly overtime in hours; and other jobs.
To characterize pain and estimate prevalence, the teachers were asked to inform whether they presented musculoskeletal pain, pain duration and whether the pain had started after receiving a positive diagnosis of COVID-19. It is important to note that the International Association for the Study of Pain (IASP) currently defines chronic pain as pain that persists or recurs for longer than 3 months22; however, for this study, chronic pain is defined as pain that has been present for at least six months, according to the IASP\'s own guidelines for chronic pain for research purposes23.
The structured pain questionnaire also included a body map divided into 27 sites for respondents to identify pain location, together with guidance on how identify the region where they felt most discomfort. Pain frequency and intensity was classified using an 11-point numeric rating scale ranging from zero to 10, where zero represents no pain, 1-3 indicates mild pain, 4-6 moderate pain and 7-10 severe pain24.
Loss of work productivity was estimated using the Work Limitations Questionnaire (WLQ-25), a self-administered instrument translated and cross-culturally adapted to Brazilian Portuguese. The instrument consists of 25 items grouped into four domains (time management, physical demands, mental-interpersonal demands and output demands) that measure the extent to which health problems interfere with a worker’s ability to perform job tasks and the impact of this interference on productivity25.
In addition to estimating total productivity loss as a percentage, each domain is scored from zero (limited none of the time) to 100 (limited all of the time), indicating the amount of time in the prior two weeks the respondent was limited on the job, also as a percentage. The instrument does not classify the scores, with the higher the score, the greater the limitation and, consequently, the greater the loss of work productivity. The use of the questionnaire was authorized by the Mapi Research Trust, a non-profit organization coordinated by the authors of the original instrument, after signing a confidentiality agreement. The agreement allows access to the instrument and guidelines on how to calculate and interpret loss of work productivity data and domain scores (Work Limitations Questionnaire Version 2.2. Scaling and Scoring Version 1.2: December 2022). In accordance with the confidentiality agreement, details of the procedure are not provided in this article, but can be obtained by contacting the institution.
Data analysis
Descriptive statistics were used to analyze the sociodemographic, occupational and pain variables, including the prevalence of chronic pain and loss of work productivity.
Multiple linear regression was used to analyze the association between the variables. Model quality was assessed using the coefficient of determination (R²). The best result (0.12) was obtained by including the following independent variables using the stepwise variable selection procedure: presence of chronic musculoskeletal pain, geographical region, teacher’s area of knowledge, age, sex at birth, weekly working hours, overtime, amount of overtime in hours and other jobs . The dependent variable was loss of work productivity.
The individual significance of the correlation coefficients for each independent variable was calculated using Student’s t-test and the overall significance of the model was determined using the F-test, resulting in a value of 6.87. All analyses were performed using R version 4.3.1, adopting a 95% confidence interval and significance level of p ≤ 0.0526.
Ethical considerations
The study was approved by the Federal University of São Carlos’ (CEP/UFSCar) research ethics committee (Reference code No. 5,741,976 and CAAE 60437222.5.0000.5504). All participants signed a digital informed consent form.
Results
The study recruited 1,619 participants, of whom 183 (11.30%) were not included in the final sample because they did not agree to take part in the study or did not meet the inclusion and exclusion criteria. The sociodemographic and occupational characteristics of the final sample (n=1,436), which attained the estimated regional totals, is shown in Table 1.
The mean age of the sample was 47.57 years (Standard Deviation: 9.07), and most respondents were from the Southeast and the area of health sciences, female, worked 40 hours a week and had an exclusive employment contract. Of the 85 respondents who did not have an exclusive employment contract, 69 (81.18%) reported having another job. Most of the participants (n=1,031; 71.80%) worked overtime. Of these, 366 (25.49%) worked between 6 and 10 hours a week overtime and 284 (19.78%) worked more than 10 hours a week.
Table 1
Of the respondents who had been diagnosed with COVID-19 (n=754), only 48 (6.37%) reported that pain began after getting the disease. The most frequently mentioned regions of pain were the lower back, upper scapular and cervical regions (Table 2).
Table 2
Most of the respondents (n=805; 82.65%) reported feeling moderate or severe pain, with 54.41% (n=530) saying they felt pain five to seven days a week, 27.10% (n=264) three to four days a week and 18.48% (n=180) one to two days a week. Regarding work limitations in the prior two weeks, respondents with chronic pain obtained higher scores than those without chronic pain in all domains of the WLQ-25 and mean loss of productivity in teachers with chronic musculoskeletal pain was higher when compared to teachers without pain (7.83% and 5.41%, respectively) (Table 3).
Table 3
The prevalence of chronic musculoskeletal pain was 67.83%.
The results of the multiple linear regression revealed that having chronic musculoskeletal pain and working overtime was positively associated with loss of productivity, while working in the area of health sciences, being male and being younger showed a negative association.
When all the model variables were held constant, chronic musculoskeletal pain was associated with a 2.23-point increase in loss of work productivity (8.95%) and a 1.08-point increase in overtime (4.33%). In contrast, working in the area of health sciences, being male and being younger were associated with a 1.45-point (5.82%), 1.0-point (4.01%) and 0.05-point (0.20%) decrease in loss of work productivity, respectively (Table 4). These results show an association between the variables without implying causation.
Table 4
Discussion
By determining the prevalence of chronic musculoskeletal pain among federal university teachers in Brazil, this study achieved its first objective. However, comparing this rate with other studies proved to be difficult, with an extensive review of the literature finding no information on prevalence of musculoskeletal pain in university teachers. Regardless of this gap in the literature, the prevalence rates found by this study are alarmingly high and should be a concern for clinicians, researchers and federal higher education institutions. However, selection bias may have occurred and pain prevalence may have been affected by the fact that the study was conducted in the post-pandemic period, which led to changes in work processes.
When compared to the prevalence of chronic musculoskeletal pain in the general population, our results are similar to those of other studies with Brazilian adults reporting rates of 62.50%27 and 59.85%28. Lower rates were found in the general population by Cimas et al. (2017) (35.7%)29, Latina et al. (2019) (44%)30 and Chen et al. (2021) (48.72%)31. A meta-analysis of 122 studies by Jackson et al. (2015)32 also found a lower prevalence of chronic musculoskeletal pain in the general adult (26%) and elderly (39%) populations; however, the rate was higher in workers (86%). These differences may be explained by the use of different pain and the fact that all samples did not include workers.
In addition to providing relevant information on the prevalence of chronic musculoskeletal pain among teachers, this study helps to understand the associations between this condition and other sociodemographic and occupational variables and loss of work productivity.
The findings showing a positive association between having chronic musculoskeletal pain and loss of work productivity can be explained by difficulties in carrying out work activities associated with the profession, such as those requiring long periods of concentration, walking around the classroom or internship settings and maintaining sustained or static postures while feeling pain.
Literature on loss of productivity associated with chronic musculoskeletal pain among university teachers is also limited. We therefore drew on studies with workers from different economic sectors with musculoskeletal disorders or associated pain, which found that percentage productivity loss ranged from 2.2%33 to 13.26%34. An international multicenter prospective survey with individuals aged between 21-55 years diagnosed with rheumatoid arthritis found that percentage productivity loss in the overall sample was 7.0%. The rate was highest in Colombia (7.8%), followed by Argentina (7.5%), Mexico (6.5%) and Brazil (5.9%)35.
Higher percentage productivity losses than the present study were found in Brazilian nurses with musculoskeletal symptoms (8.8%)36 and Portuguese workers with neck, upper limb and middle and low back pain (10.5%)37.
Working overtime was also positively associated with productivity loss, reflecting the crisis in higher education teaching work resulting from academic capitalism and the commodification of education. Worsening working terms and conditions are intrinsically linked to the productivist model, which has become normalized in the academic environment and is characterized by the adoption of “voluntary servitude” by teachers, who self-intensify work to increase their competitiveness in comparative assessment processes38. As a result, teachers end up working long hours, which is confirmed by the literature39.
The findings show that being younger is associated with decreased productivity loss, which may be explained by the fact that younger people tend to find it easier to cope with physical work demands and learn and adapt to new technologies and processes, contributing to greater work efficiency and less productivity loss. Younger people may also be more motivated to demonstrate performance and develop their careers or less saturated with work demands, maintaining enthusiasm and task engagement. A systematic review showed that some studies reported that younger individuals had higher production rates, while others found no differences between age groups40.
Our findings also show that being male was associated with a decrease in lost productivity. This may be partially explained by hormonal differences41, with high levels of testosterone having been shown to raise the pain threshold42, and sociocultural roles. In this respect, men are traditionally driven to be the main financial provider in the household, thus taking on less domestic and childcare responsibilities. Furthermore, they are conditioned by social norms that discourage expression of vulnerability to not report difficulties, leading them to prioritize formal work and productivity, even in adverse conditions.
However, this result should be interpreted with caution, since various factors can influence the association between sex at birth and productivity loss. A study with 10,407 employees from 37 companies in the Netherlands found greater likelihood of productivity loss among men43, while another study of employees and self-employed individuals from different economic sectors found that productivity loss was greater among women44. These differences confirm the need to investigate the influence of work activities on the loss of work productivity among men and women, in addition to the factors mentioned above.
The area of knowledge that was negatively associated with productivity loss was health sciences. This can be explained by the knowledge these professionals hold of anatomy, physiology, kinesiology, ergonomics, pain management and other aspects related to the functioning of the human body, allowing them to better adapt work practices and personal care to cope with chronic musculoskeletal pain. In addition, they are trained to deal with the population\'s health problems and may therefore feel more motivated and prepared to engage in self-care, resulting in higher levels of work productivity.
This study examined the complexity of the topic in question, making an important contribution to existing knowledge about the prevalence of chronic musculoskeletal pain and its association with other variables and productivity loss among Brazilian university teachers. Our findings make a significant contribution to research efforts in Brazil aimed at informing public policies targeting this group45.
The development of actions aimed at promoting the health of federal university teaching staff is vital to reduce the costs of productivity loss. Functional limitations caused by chronic musculoskeletal pain compromise the quality of teaching, research and extension activities, often resulting in the reallocation of tasks to other staff, which can result in work overload for these workers, triggering new cases of illness. In more serious cases, where limitations lead to prolonged sick leave, it may be necessary to hire substitute teachers, increasing federal government costs.
This situation highlights the urgent need to implement preventive interventions to ensure academic quality and financial sustainability, such as ergonomic programs to promote work and workplace adaptations, encouraging regular breaks, physical exercise, stretching and relaxation, and guidance on pain self-management. It is also essential to rethink the organizational model in federal higher education institutions, which is currently characterized by long working hours, pressure to produce, unrealistic targets, inadequate working conditions and resource shortages.
Finally, to effectively tackle this problem, federal public universities need to vigorously and strategically integrate the health of teaching staff into institutional development plans, addressing this issue in an interprofessional manner with a view to enhancing the quality of life and well-being of faculty members, strengthening the quality of academic activities and reaffirming institutional commitment to the promotion of excellence and social development through higher education.
Conclusions
This study presents worrying first-of-its-kind data on the health of public university teachers in Brazil. Our findings reveal a high prevalence of chronic musculoskeletal pain, which, together with overtime, is associated with loss of work productivity, highlighting the need to discuss the health of these workers, whose social importance is unquestionable. The data presented serve to broaden scientific knowledge on this issue, providing valuable inputs to help shape public policies aimed at promoting the health of federal university teaching staff in Brazil.
Furthermore, by understanding the characteristics and measures of work limitations, the impact of chronic musculoskeletal pain and the sociodemographic and occupational variables that play a role in productivity loss, this study can help promote the design and implementation of effective health and safety at work actions by the government and university managers.
One of the limitations of this study is selection bias, with teachers with chronic musculoskeletal pain potentially feeling more motivated to participate in the research, possibly affecting the pain prevalence rate.
Finally, future research should consider using different research designs and methodologies such as longitudinal studies and probabilistic sampling and include teachers from other types of universities (both public and private).
References
1. Sebbag E, Felten R, Sagez F, Sibilia J, Devilliers H, Arnaud L. The world-wide burden of musculoskeletal diseases: a systematic analysis of the World Health Organization Burden of Diseases Database. Ann Rheum Dis 2019; 78(6):844-848.
2. Al-Ajlouni YA, Al Ta\'ani O, Mushasha R, Lee JL, Capoor J, Kapadia MR, Alejandro R. The burden of musculoskeletal disorders in the Middle East and North Africa (MENA) region: a longitudinal analysis from the global burden of disease dataset 1990-2019. BMC Musculoskelet Disord 2023; 24(1):439.
3. de Souza KR, Simões-Barbosa RH, Rodrigues AM, Felix EG, Gomes L, dos Santos MB. The work of professors, gender inequalities, and health at public universities. Cien Saude Colet 2021; 26(12):5925-5934. English, Portuguese.
4. Almeida TEN, Ferreira REdA, Bezerra LA, Pereira TMdM. Analysis of the prevalence of musculoskeletal disorders and occupational stress in professors of a higher education institution in the state of Pernambuco. Rev Bras Med Trab 2020; 18(3):274-279. English, Portuguese.
5. WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO discussion paper for the regional expert consultations: development of an implementation roadmap 2023-2030 for the Global Action Plan for the Prevention and Control of NCDs 2013-2030. Geneva: WHO, 2021. 18 p. Disponível em: https://cdn.who.int/media/docs/defaultsource/documents/health-topics/non-communicable-diseases/eb150---whodiscussion-paper-on-ncd-roadmap-development-(20-aug-2021)---forweb.pdf?sfvrsn=58b8c366_17&download=true. Acesso em: 11 jan. 2024.
6. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo de Investigação, Diagnóstico, Tratamento e Prevenção de Lesão por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Brasília: MS, 2000. 32p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_ler.pdf. Acesso em: 19 jul 2024.
7. Bonanni R, Cariati I, Tancredi V, Iundusi R, Gasbarra E, Tarantino U. Chronic pain in musculoskeletal diseases: do you know your enemy? J Clin Med 2022; 11(9).
8. Sugai K, Tsuji O, Matsumoto M, Nishiwaki Y, Nakamura M. Chronic musculoskeletal pain in Japan (the final report of the 3-year longitudinal study): Association with a future decline in activities of daily living. J Orthop Surg (Hong Kong) 2017; 25(3):2309499017727945.
9. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet 2018; 392(10159):1789-1858.
10. Cieza A, Causey K, Kamenov K, Hanson SW, Chatterji S, Vos T. Global estimates of the need for rehabilitation based on the Global Burden of Disease study 2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet 2021; 396(10267):2006-2017.
11. El-Tallawy SN, Nalamasu R, Salem GI, LeQuang JAK, Pergolizzi JV, Christo PJ. Management of musculoskeletal pain: an update with emphasis on chronic musculoskeletal pain. Pain Ther 2021; 10(1):181-209.
12. JOHNS, G. Presenteeism in the workplace: A review and research agenda. Journal of Organizational Behavior, Chichester, v. 31, n. 4, p. 519-542, July 6 2010. DOI 10.1002/job.630. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/job.630. Acesso em: 6 jan. 2024.
13. Rojanasarot S, Bhattacharyya SK, Edwards N. Productivity loss and productivity loss costs to United States employers due to priority conditions: a systematic review. J Med Econ 2023; 26(1):262-270.
14. Zitko P, Bilbeny N, Balmaceda C, Abbott T, Carcamo C, Espinoza M. Prevalence, burden of disease, and lost in health state utilities attributable to chronic musculoskeletal disorders and pain in Chile. BMC Public Health 2021; 21(1):937.
15. Steingrímsdóttir OA, Landmark T, Macfarlane GJ, Nielsen CS. Defining chronic pain in epidemiological studies: a systematic review and meta-analysis. Pain 2017; 158(11):2092-2107.
16. Alabeesy MS, Almaslouk MS, Alfarraj JF, Alzaidy NF, Almahfuth AM, Nazeer M. Prevalence and the associated risk factors of low back pain among academic staff at Majmaah University, Saudi Arabia. Indo Am J Pharm Sci 2021; 8(5):161-171.
17. Fatudimu MB, Odekunle A, Hamzat TK. Point prevalence and risk factors for work-related musculoskeletal disorders among academic staff in a Nigerian University. J Nigeria Soc Physiother 2022; 21(1):5366FD269012.
18. Aguiar DP, Souza CPdQ, Barbosa WJM, Santos-Júnior FFU, de Oliveira AS. Prevalence of chronic pain in Brazil: systematic review. BrJP 2021; 4(3):257-267. English, Portuguese
19. da Silva KN, Silva e Dutra FCM. Psychosocial job factors and chronic pain: analysis in two municipal schools in Serrana/SP. Rev Dor 2016; 17(3):164-170. English, Portuguese.
20. Santos MCS, de Andrade SM, González AD, Dias DF, Mesas AE. Association between chronic pain and leisure time physical activity and sedentary behavior in schoolteachers. Behav Med 2018; 44(4):335-343.
21. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sinopse Estatística da Educação Superior 2020 [Internet]. Brasília: Inep; 2022 [cited 2023 Dec 26]. Available from: https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/sinopses-estatisticas/educacao-superior-graduacao
22. Smith BH, Fors EA, Korwisi B, Barke A, Cameron P, Colvin L, Richardson C, Rief W, Treede RD. The IASP classification of chronic pain for ICD-11: applicability in primary care. Pain 2019; 160(1):83-87.
23. International Association for the Study of Pain, Task Force on Taxonomy. Classification of chronic pain: descriptions of chronic pain syndromes and definitions of pain terms[Internet]. 2nd rev. ed. Merskey H, Bogduk N, editors. Seattle: IASP Press; c1994 [cited 2023 Dec 26]. Available from: https://www.iasp-pain.org/publications/free-ebooks/classification-of-chronic-pain-second-edition-revised/.
24. Jones KR, Vojir CP, Hutt E, Fink R. Determining mild, moderate, and severe pain equivalency across pain-intensity tools in nursing home residents. J Rehabil Res Dev 2007; 44(2):305-314.
25. de Soárez PC, Kowalski CC, Ferraz MB, Ciconelli RM. [Translation into Brazilian Portuguese and validation of the Work Limitations Questionnaire]. Rev Panam Salud Publica 2007; 22(1):21-28. Portuguese.
26. R CORE TEAM. R version 4.3.1. Vienna: R Foundation for Statistical Computing, 2023. Disponível em: https://cran.r-project.org. Acesso em: 17 fev. 2024.
27. Mota PHdS, Gaudereto BL, Cardoso MRA, Schmitt ACB. Prevalence of musculoskeletal pain and impact on physical function and health care services in Belterra/PA. Fisioter Mov 2016; 29(1):103-112.
28. de Carvalho RC, Maglioni CB, Machado GB, de Araújo JE, da Silva JRT, da Silva ML. Prevalence and characteristics of chronic pain in Brazil: a national internet-based survey study. BrJP 2018; 1(4):331-338.
29. Cimas M, Ayala A, Sanz B, Agulló-Tomás MS, Escobar A, Forjaz MJ. Chronic musculoskeletal pain in European older adults: cross-national and gender differences. Eur J Pain 2018; 22(2):333-345.
30. Latina R, De Marinis MG, Giordano F, Osborn JF, Giannarelli D, Di Biagio E, Varrassi G, Sansoni J, Bertini L, Baglio G, D\'Angelo D, Baldeschi GC, Piredda M, Carassiti M, Camilloni A, Paladini A, Casale G, Mastroianni C, Notaro P, Diamanti P, Coaccioli S, Tarsitani G, Cattaruzza MS. Epidemiology of chronic pain in the Latium Region, Italy: a cross-sectional study on the clinical characteristics of patients attending pain clinics. Pain Manag Nurs 2019; 20(4):373-381.
31. Chen L, Ferreira ML, Nassar N, Preen DB, Hopper JL, Li S, Bui M, Beckenkamp PR, Shi B, Arden NK, Ferreira PH. Association of chronic musculoskeletal pain with mortality among UK adults: a population-based cohort study with mediation analysis. EClinicalMedicine 2021; 42:101202.
32. Jackson T, Thomas S, Stabile V, Han X, Shotwell M, McQueen K. Prevalence of chronic pain in low-income and middle-income countries: a systematic review and meta-analysis. Lancet 2015; 385 Suppl 2:S10.
33. Tsuboi Y, Oka T, Nakatsuka K, Isa T, Ono R. Effectiveness of workplace active rest programme on low back pain in office workers: a stepped-wedge cluster randomised controlled trial. BMJ Open 2021; 11(6):e040101.
34. Hammond A, Tennant A, Ching A, Parker J, Prior Y, Gignac M, Verstappen S, O\'Brien R. Linguistic validation, validity, and reliability of the British English version of the Workplace Activity Limitations Scale in employed people with rheumatoid arthritis, ankylosing spondyloarthritis, osteoarthritis and fibromyalgia. Res Sq 2023:rs.3.rs-1744048.
35. Xavier RM, Zerbini CAF, Pollak DF, Morales-Torres JLA, Chalem P, Restrepo JFM, Duhau JA, Amado JR, Abello M, de la Vega MC, Dávila AP, Biegun PM, Arruda MS, Ramos-Remus C. Burden of rheumatoid arthritis on patients\' work productivity and quality of life. Adv Rheumatol 2019; 59(1):47.
36. Santos BdS, Bortolini J, de Sousa ÁFL, de Andrade D, Valim MD. Productivity loss and musculoskeletal symptoms in Brazilian presenteeism: a cross-sectional study. Open Nurs J [Internet] 2023 [cited 2023 Dec 28]; 17:e187443462302010. Available from: https://opennursingjournal.com/contents/volumes/V17/e187443462302010/e187443462302010.pdf
37. Hatch A, Tomé E. Back pain: lost productivity, associated costs and a solution. In: Tomé E, Cesário F, Soares RR, editors. Proceedings of the 20th European Conference on Knowledge Management, 2019 Sep 5-6; Lisboa, Portugal. Manchester (UK): Academic Conferences and Publishing International Limited; 2019. p. 506-513.
38. Maués O. [Reconfiguration of faculty work in Higher Education]. Educ Rev 2010; (Spec No):141-160. Portuguese.
39. Lu L, Cooper CL. Sickness presenteeism as a link between long working hours and employees\' outcomes: intrinsic and extrinsic motivators as resources. Int J Environ Res Public Health 2022; 19(4).
40. Viviani CA, Bravo G, Lavallière M, Arezes PM, Martínez M, Dianat I, Bragança S, Castellucci HI. Productivity in older versus younger workers: a systematic literature review. Work 2021; 68(3):577-618.
41. Overstreet DS, Strath LJ, Jordan M, Jordan IA, Hobson JM, Owens MA, et al. A Brief Overview: Sex Differences in Prevalent Chronic Musculoskeletal Conditions. International Journal of Environmental Research and Public Health [Internet]. 2023 Jan 1 [cited 2024 Jul 25];20(5):4521. Available from: https://www.mdpi.com/1660-4601/20/5/4521
42. Athnaiel O, Cantillo S, Paredes S, Knezevic NN. The Role of Sex Hormones in Pain-Related Conditions. International Journal of Molecular Sciences. 2023 Jan 18;24(3):1866.
43. Dikanovic B, Kouwenhoven-Pasmooij TA, Kraaijenhagen RA, van Lennep JER, Burdorf A, Vasilev V, Robroek SJW. [Gender differences at the workplace: sickness absence and productivity loss at work and their association with health and work-related factors]. Serbian J Med Chamber 2023; 4(1):11-26. Serbian.
44. Cho SS, Lee DW, Kang MY. The association between shift work and health-related productivity loss due to either sickness absence or reduced performance at work: a cross-sectional study of Korea. Int J Environ Res Public Health 2020; 17(22):8493.
45. Reimberg CO, de Souza DM, da Silva JP, Oliveira JA. Condições de trabalho e saúde dos professores no Brasil: uma revisão para subsidiar as políticas públicas. Relatório técnico[Internet]. São Paulo: Fundacentro; 2022 [cited 2023 Dec 27]. Available from: http://arquivosbiblioteca.fundacentro.gov.br/exlibris/aleph/a23_1/apache_media/DV8JAG258DKQ8UPFGBTIN3B1QSNT34.pdf
Como
Citar
Pinto, MJS, Mininel, VA, Sato, TO, Pereira, LV, Napoleão, AA, Hortense, P. Dor musculoesquelética crônica e perda de produtividade no trabalho em docentes de universidade federais brasileiras. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/mai). [Citado em 04/07/2025].
Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/dor-musculoesqueletica-cronica-e-perda-de-produtividade-no-trabalho-em-docentes-de-universidade-federais-brasileiras/19598?id=19598