0122/2025 - Dor musculoesquelética crônica e perda de produtividade no trabalho em docentes de universidade federais brasileiras
Chronic musculoskeletal pain and loss of work productivity among faculty members at Brazilian federal universities
Autor:
• Mônica Jordão de Souza Pinto - Pinto, MJS - <monijordao@ufscar.br>ORCID: 0000-0003-0144-6680
Coautor(es):
• Vivian Aline Mininel - Mininel, VA - <vivian.aline@ufscar.br>ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9985-5575
• Tatiana de Oliveira Sato - Sato, TO - <tatisato@ufscar.br>
ORCID: 0000-0001-8797-8981
• Lílian Varanda Pereira - Pereira, LV - <lilian_varanda_pereira@ufg.br>
ORCID: 0000-0003-4604-0238
• Anamaria Alves Napoleão - Napoleão, AA - <anamaria@ufscar.br>
ORCID: 0000-0002-6229-4206
• Priscilla Hortense - Hortense, P - <prih@ufscar.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0554-451X
Resumo:
A dor musculoesquelética crônica é uma das possíveis causas da perda de produtividade no trabalho e, por tal, este estudo teve como objetivos estimar a prevalência de dor musculoesquelética crônica e analisar sua associação e de outras variáveis sociodemográficas e ocupacionais com a perda de produtividade no trabalho em docentes de universidades federais no Brasil. Trata-se de um desenho epidemiológico analítico transversal, realizado virtualmente com 1436 docentes entre Janeiro e Maio de 2023. Variáveis sociodemográficas, ocupacionais e de caracterização da dor foram coletadas por questionário estruturado e a avaliação da produtividade se deu pelo Questionário sobre Limitações no Trabalho (WLQ-25). Os resultados evidenciaram uma prevalência de dor musculoesquelética crônica de 67,83%. Constatou-se associação positiva da dor musculoesquelética crônica e da realização de horas extras sobre a perda de produtividade no trabalho, porém uma associação negativa da área de atuação docente nas Ciências da Saúde, do sexo masculino e da idade. Em conclusão, a prevalência de dor musculoesquelética crônica é preocupante em docentes de universidades federais brasileiras, com significativa perda de produtividade no trabalho associada à dor musculoesquelética crônica.Palavras-chave:
Saúde do trabalhador, dor musculoesquelética crônica, docentes universitários, produtividade no trabalho.Abstract:
Chronic musculoskeletal pain is one of the potential causes of work productivity loss. Therefore, this study aimed to estimate the prevalence of chronic musculoskeletal pain and analyze its association, along with other sociodemographic and occupational variables, with work productivity loss among faculty members at federal universities in Brazil. This is an analytical cross-sectional epidemiological study, conducted virtually with 1,436 faculty members between January and May 2023. Sociodemographic, occupational, and pain characterization variables were collected through a structured questionnaire, and productivity was assessed using the Work Limitations Questionnaire (WLQ-25). The results showed a prevalence of chronic musculoskeletal pain of 67.83%; there was a positive association between chronic musculoskeletal pain and overtime work with productivity loss, and a negative association with working in the Health Sciences field, male gender, and age. In conclusion, the prevalence of chronic musculoskeletal pain is concerning among faculty members at Brazilian federal universities, with significant productivity loss associated with chronic musculoskeletal pain.Keywords:
Worker health, chronic musculoskeletal pain, university faculty, work productivity.Conteúdo:
Os distúrbios musculoesqueléticos representam a principal causa de incapacidade em todo o mundo1 e, no contexto acadêmico, os docentes são uma categoria vulnerável a sua ocorrência devido à combinação de diferentes fatores de risco. Além dos comuns à população em geral, como sexo, idade, índice de massa corpórea, tabagismo e inatividade física2, existem também fatores específicos associados ao trabalho docente os quais incluem baixo apoio social, baixo controle ocupacional, insatisfação, monotonia3, questões ergonômicas da atividade (ficar em pé e/ou sentado por muitas horas em posturas inadequadas, curvar-se sobre carteiras para ler ou avaliar o trabalho dos estudantes, carregar e transportar livros pesados ou equipamentos de sala de aula), entre outros4.
Esses distúrbios são caracterizados pela ocorrência de vários sintomas, concomitantes ou não, nas articulações, ligamentos, músculos, nervos, tendões e estruturas que sustentam membros, pescoço e costas5,6. Frequentemente, se manifestam com dor7 de forte intensidade, que tende a ser localizada em uma ou mais regiões do corpo, e pode se tornar crônica8,9.
A dor musculoesquelética crônica tem o potencial de desencadear uma série de consequências negativas, como aumento do consumo de medicamentos, redução da qualidade de vida e da participação social, aposentadorias por invalidez, limitação da mobilidade e funcionalidade, redução da capacidade para o trabalho, aumento da frequência de licenças médicas e presenteísmo, gerando grandes problemas socioeconômicos10,11.
O presenteísmo, por exemplo, refere-se ao impacto das doenças ou condições de saúde na produtividade no trabalho12. Os gastos relacionados a essa perda de produtividade no trabalho, nos Estados Unidos, variam de 100 a 10.000 dólares por ano. Mais especificamente, os gastos relacionados à perda de produtividade no trabalho por dor variam de 252 a 7.688 dólares por ano, com mediana de 2.065 dólares13, evidenciando a necessidade iminente de se investigar essa questão em pesquisas científicas.
A prevalência de dor musculoesquelética crônica na população geral é bastante variada, sendo mais frequente entre as mulheres e as pessoas com maior idade14; alguns estudos estimam que 20 a 30% da população trabalhadora adulta sofre com esta condição15. Já na população de docentes universitários, esses dados são bastante escassos e, normalmente, os estudos abordam a dor como consequência dos distúrbios musculoesqueléticos e não a avaliam sob o aspecto da cronicidade, tampouco sob o aspecto da perda de produtividade no trabalho16,17.
No Brasil, a análise de uma revisão sistemática18 sobre a prevalência de dor crônica revelou que, dentre os estudos que tinham como desfecho primário ou secundário a dor musculoesquelética crônica, apenas dois19,20 foram conduzidos com professores e estes não atuavam em universidades. Da Silva e Silva e Dutra (2016)19, por exemplo, ao estudarem 23 professores do ensino pré-escolar e fundamental de duas escolas municipais da cidade de Serrana - São Paulo, encontraram prevalência de 69,6% e os locais de maior dor mencionados foram a região lombar (30,43%), coluna cervical (17,39%), ombro (8,69%) e pescoço (4,34%). Já Santos et al. (2018)20, encontraram prevalência de 31,9% em 943 professores de escolas de ensino fundamental e médio em Londrina – Paraná.
A partir disso, este estudo teve como objetivos: 1. Estimar a prevalência de dor musculoesquelética crônica nessa população; e 2. Analisar a associação da dor musculoesquelética crônica e de outras variáveis sociodemográficas e ocupacionais na perda de produtividade no trabalho.
Neste sentido, este estudo é fundamental para a saúde do trabalhador pela produção de dados epidemiológicos relevantes e passíveis de desencadear discussões referentes ao desenvolvimento de políticas institucionais voltadas aos docentes. O estudo adquire relevância ao se considerar o contexto apresentado, o fato de os docentes universitários serem uma população que, apesar da grande importância social, enfrenta significativa invisibilidade quanto aos impactos do processo saúde-doença ao longo de sua carreira e que a literatura científica apresenta escassez de pesquisas que abordam a temática em pauta.
Métodos
Trata-se de um estudo epidemiológico analítico transversal.
População e amostra
A população do estudo foram servidores públicos da carreira docente de universidades federais brasileiras. Como critério de inclusão, estabeleceu-se ter vínculo estatutário e, como critérios de exclusão, ter sido nomeado há menos de um ano da data da coleta de dados, ser aposentado e ter dor crônica de origem oncológica.
O tamanho amostral foi determinado para estimar a prevalência de dor musculoesquelética crônica em uma população finita, considerando o total de docentes em exercício (n = 91.879) nas universidades federais, baseado na Sinopse Estatística da Educação Superior21.
O cálculo foi realizado assumindo um nível de significância de 5%, um erro absoluto tolerável de três pontos percentuais (p.p.) e a estimativa da prevalência de dor musculoesquelética crônica foi de 50,0%. Após o cálculo, a amostra foi estratificada proporcionalmente ao total de docentes por região geográfica brasileira e o cálculo do tamanho amostral final foi de 1058 indivíduos, sendo 10,3% da região Norte, 28,5% da região Nordeste, 10,8% da região Centro-Oeste, 31,2% da região Sudeste e 19,3% da região Sul.
Local do estudo e procedimento de coleta de dados
O estudo abrangeu as 68 universidades federais ativas no Brasil, sendo que os dados foram coletados por questionário estruturado em meio digital com acesso através de um link ou um QR-Code enviados por e-mail. Os e-mails foram enviados sistematicamente e amplamente para todas as universidades, assim como, para e-mails pessoais de docentes, os quais se encontravam disponíveis nas páginas das respectivas instituições de ensino. A coleta de dados ocorreu no período de Janeiro a Maio de 2023.
Variáveis estudadas e instrumentos utilizados
Para caracterizar a amostra de docentes, com e sem dor crônica, quanto a dados sociodemográficos e ocupacionais foram utilizadas as seguintes variáveis: idade, sexo ao nascer (definido com base na genética e não gênero), região geográfica da universidade em que o docente atua e sua área do conhecimento, jornada semanal de trabalho, realização de horas extras, quantidade de horas extras por semana e outros empregos.
Para caracterizar a dor e estimar sua prevalência, questionou-se sobre apresentar ou não dor musculoesquelética, tempo de dor e se ela teve início após diagnóstico positivo para COVID-19. É importante ressaltar que a atual classificação temporal de dor crônica pela International Association for the Study of Pain (IASP) é aquela persistente ou recorrente por período igual ou superior a três meses22; porém, para este estudo, considerou-se dor crônica aquela presente por um período igual ou superior a seis meses, conforme orientação da própria IASP para estudos científicos de dor crônica23.
O questionário estruturado para avaliação da dor também permitia a localização da dor por meio da visualização de um mapa corporal dividido em 27 partes com orientação para identificação da região que mais incomodava. Classificou-se a dor em sua frequência e intensidade por meio de Escala Numérica de 11 pontos, que varia de zero a 10, sendo que o valor zero representa nenhuma dor, o intervalo de 1 a 3 indica dor leve; o intervalo 4 a 6, dor moderada e o intervalo de 7 a 10, dor severa24.
Para estimar a perda de produtividade no trabalho, utilizou-se o Questionário Sobre Limitações Trabalho (The work limitations questionnaire - WLQ-25). Trata-se de um instrumento autoadministrável traduzido e adaptado transculturalmente para o português brasileiro, composto por 25 itens agrupados em quatro domínios (gerência de tempo, demandas físicas, demandas mentais-interpessoais e demandas de produção) que medem o quanto os agravos de saúde em trabalhadores interferem na sua capacidade de desenvolver tarefas no trabalho e o impacto dessa interferência na produtividade25.
Além de permitir a estimativa da perda de produtividade total em porcentagem, cada domínio apresenta um escore que varia de zero (sem limitação) a 100 (todo o tempo com limitação) e indica quanto tempo, também em porcentagem, nas duas últimas semanas, o indivíduo esteve limitado para fazer suas tarefas no trabalho. O instrumento não apresenta uma classificação para os resultados obtidos, sendo que quanto maior a pontuação, maior a limitação e, consequentemente, maior a perda de produtividade no trabalho. Seu uso foi autorizado pelo Mapi Research Trust, uma organização sem fins lucrativos coordenada pelos autores do instrumento original, com a assinatura de um termo de confidencialidade que permitiu acesso ao instrumento e a um manual de orientações sobre como calcular e interpretar os dados sobre a perda de produtividade no trabalho e os escores de cada domínio (Work Limitations Questionnaire Version 2.2. Scaling and Scoring Version 1.2: December 2022). Em decorrência do termo de confidencialidade, o procedimento detalhado não está incluído neste artigo, mas pode ser obtido entrando em contato com a instituição.
Análise dos dados
Para caracterizar a amostra quanto aos dados sociodemográficos, ocupacionais, de dor, incluindo a prevalência de dor crônica, e perda de produtividade no trabalho foi utilizada estatística descritiva.
Para analisar a associação das variáveis foi utilizado regressão linear múltipla. A qualidade deste modelo foi avaliada pelo coeficiente de determinação R² e seu melhor resultado (0,12) foi obtido com a inclusão das seguintes variáveis independentes pelo método stepwise: presença de dor musculoesquelética crônica, região geográfica, área do conhecimento de atuação do docente, idade, sexo ao nascer, jornada semanal de trabalho, realização de horas extras, quantidade de horas extras e outros empregos. A variável dependente foi a perda de produtividade no trabalho.
A significância individual dos coeficientes de correlação estimados para cada variável independente foi calculada pelo teste t de Student e a significância total do modelo, pelo teste F, cujo valor foi de 6,87. Estabeleceu-se o limite de confiança de 95% e os resultados foram considerados estatisticamente significativos para valor-p menor ou igual a 0,05. Todas as análises foram realizadas no software estatístico R versão 4.3.1.26.
Considerações éticas
O estudo teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (CEP/UFSCar) com parecer nº 5.741.976 e CAAE 60437222.5.0000.5504. Todos os participantes concordaram em participar por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em formato digital.
Resultados
O estudo recrutou 1619 participantes. Desses, 183 (11,30%) não compuseram a amostra final por não aceitarem participar do estudo ou por não atenderem aos critérios de inclusão e exclusão. A caracterização sociodemográfica e ocupacional da amostra final (n=1436), que atingiu o quantitativo esperado total e por região, está apresentada na Tabela 1.
A média de idade dos respondentes foi de 47,57 anos (Desvio-Padrão: 9,07), a maioria foi da região Sudeste, da área de Ciências da Saúde, do sexo feminino e com jornada semanal de trabalho de 40 horas em dedicação exclusiva. Dos 85 (5,92%) sem vínculo de dedicação exclusiva, 69 (81,18%) referiram outro emprego. A maioria dos participantes (n=1031; 71,80%) extrapolava a carga horária de trabalho semanal. Desses, 366 (25,49%) trabalhava de 6 a 10 horas a mais por semana e 284 (19,78%) mais de 10 horas por semana.
Tabela 1: Distribuição absoluta e percentual das características sociodemográficas, ocupacionais e presença ou não de dor musculoesquelética crônica em docentes de universidades federais brasileiras. Brasil (n=1436).
Tab.1
Em relação à caracterização da dor, dentre os docentes que receberam diagnóstico de COVID-19 (n=754), apenas 48 (6,37%) relataram que sua dor teve início após a doença. Quanto à topografia anatômica da dor, as regiões mais apontadas foram: região inferior das costas, região supraescapular e região cervical (Tabela 2).
Tab.2
A maioria dos docentes (n=805; 82,65%) referiu sentir dor moderada ou severa. Em relação à frequência de ocorrência da dor, 54,41% (n=530) disseram sentir dor de cinco a sete dias por semana; 27,10% (n=264), de três a quatro dias por semana e 18,48% (n=180), de um a dois dias por semana. No que diz respeito às limitações para o trabalho nas duas últimas semanas, os participantes com dor crônica tiveram maiores escores em todos os domínios do WLQ-25 quando comparados aos que não sentiam dor crônica e a média da perda de produtividade para docentes com dor musculoesquelética crônica foi maior em relação aos docentes sem dor (7,83% e 5,41%, respectivamente) (Tabela 3).
Tab.3
A prevalência de dor musculoesquelética crônica foi de 67,83%.
Os resultados da regressão linear múltipla indicaram que ter dor musculoesquelética crônica e realizar horas extras apresentaram associação positiva na perda de produtividade; e ser docente atuante na área do conhecimento de Ciências da Saúde, ser do sexo masculino e ter menor idade tiveram associação negativa.
Isso significa que, ao manter todas as variáveis do modelo constantes, a dor musculoesquelética crônica está associada a um aumento da perda de produtividade no trabalho em 2.23 pontos (8,95%) e a realização de horas extras em 1.08 pontos (4,33%). Por outro lado, ser docente atuante na área do conhecimento de Ciências da Saúde, ser do sexo masculino e ter menor média de idade está associado a uma diminuição na perda de produtividade no trabalho em 1.45 pontos (5,82%), 1.0 ponto (4,01%) e 0.05 pontos (0,20%), respectivamente (Tabela 4). Esses resultados refletem associações observadas entre as variáveis, sem implicar relações causais.
Tab.4
Discussão
Ao estabelecer a prevalência de dor musculoesquelética crônica nos docentes de universidades federais no Brasil, o presente estudo alcançou seu primeiro objetivo. Contudo, fazer sua articulação com outros estudos foi uma grande dificuldade considerando que, após extensa revisão de literatura, não foram identificadas informações desta prevalência em docentes universitários. A despeito disto, há que se considerar que os dados de prevalência encontrados são alarmantes e devem preocupar clínicos, pesquisadores e as instituições federais de ensino superior, embora possa ter havido um viés de seleção ou mesmo uma interferência do momento pós-pandêmico, o qual repercutiu em alterações dos processos de trabalho.
Do ponto de vista da prevalência de dor musculoesquelética crônica, na população geral, os resultados deste estudo se aproximaram dos de outros realizados com adultos brasileiros que encontraram prevalência de 62,50%27 e 59,85%28. Prevalências menores, também na população geral, foram descritas por Cimas et al. (2017) (35,7%)29, Latina et al. (2019) (44%)30 e Chen et al. (2021) (48,72%)31. Em uma metanálise com 122 estudos, Jackson et al. (2015)32 também encontraram prevalência de dor musculoesquelética crônica menor na população adulta (26%) e idosa (39%), mas esse número aumentou na população trabalhadora (86%). Tais diferenças podem ser explicadas, portanto, pelos variados delineamentos metodológicos e pela inclusão ou não da população trabalhadora.
Além de fornecer informações relevantes sobre a prevalência de dor musculoesquelética crônica entre docentes, este estudo permitiu entender as associações entre essa condição e outras variáveis sociodemográficas e ocupacionais com a perda de produtividade no trabalho.
Os achados em que docentes com dor musculoesquelética crônica apresentaram associação positiva com a perda de produtividade no trabalho pode ser atribuída a dificuldades de realizar atividades inerentes à ocupação, como aquelas que exigem longos períodos de concentração, caminhadas em sala de aula ou em campos de estágio, manutenção de posturas estáticas, entre outras, sentindo dor.
Bem como os achados sobre prevalência de dor musculoesquelética crônica, a perda de produtividade em docentes universitários associada à dor musculoesquelética crônica são limitados. Por esse motivo, trazemos para a discussão estudos com trabalhadores de diversos setores econômicos com algum distúrbio musculoesquelético ou dor associada a ele e que encontraram resultados de perda de produtividade que variaram de 2,2%33 a 13,26%34. Um estudo prospectivo multicêntrico internacional com indivíduos de idade entre 21 e 55 anos e diagnóstico de artrite reumatóide identificou perda de produtividade na amostra total de 7,0%. Na Colômbia a perda foi de 7,8%, seguido de 7,5% na Argentina, 6,5% no México e 5,9% no Brasil35.
Uma porcentagem maior de perda de produtividade, quando comparada à do presente estudo, foi registrada em enfermeiras brasileiras com sintomas musculoesqueléticos (8,8%)36 e em trabalhadores portugueses com dor no pescoço, membros superiores, região mediana do dorso e na região lombar (10,5%)37.
Outra associação positiva com a perda de produtividade foi a realização de horas extras, o que reflete a crise do trabalho docente no ensino superior, decorrente do capitalismo acadêmico e da mercantilização da educação. A precarização das condições de trabalho está intimamente associada ao modelo produtivista que vem se naturalizando nesse meio e caracterizando um tipo de "servidão voluntária" adotada pelos professores, que auto intensificam o trabalho para aumentar sua competitividade em processos de avaliação comparativa38. Como consequência, os docentes acabam trabalhando mais horas do que o estipulado na jornada semanal e tal fato é ratificado pela literatura39.
No que concerne à idade, para aqueles com menor média, os resultados foram associados a uma diminuição da perda de produtividade e isso pode se dar pelo fato de que pessoas mais jovens tendem a ter mais facilidade para lidar com as demandas físicas do trabalho, para aprender e se adaptar a novas tecnologias e processos, contribuindo para maior eficiência no trabalho e menos perda de produtividade. Elas podem também estar mais motivadas a demonstrar desempenho e crescer na carreira ou estar menos saturadas, mantendo o entusiasmo e o engajamento com suas tarefas. Uma revisão sistemática apontou que, enquanto alguns estudos indicavam que indivíduos mais jovens apresentam taxas maiores de produção, outros mostraram não haver diferenças entre faixas etárias40.
Outro achado foi que ser do sexo masculino também está associado a uma diminuição na perda da produtividade e algumas justificativas para isso perpassam pelas diferenças hormonais41, em que altos níveis de testosterona demonstram aumentar o limiar de dor42; e pelo papel sociocultural. Tradicionalmente os homens são impulsionados a serem os principais provedores financeiros dos lares assumindo uma menor carga de responsabilidades domésticas e cuidados familiares com filhos e dependentes ou estimulados a não reportarem dificuldades, devido a normas sociais que desencorajam a expressão de vulnerabilidade, levando-os a priorizar o trabalho formal e a produtividade, mesmo em condições adversas.
Entretanto, esse resultado deve ser interpretado com cautela, visto que há diversos fatores que podem influenciar a associação entre sexo ao nascer e a perda de produtividade. Um estudo com 10.407 funcionários de 37 empresas nos Países Baixos encontrou maior perda de produtividade entre os homens43, enquanto outro, com trabalhadores formalmente empregados e autônomos de diversos setores econômicos, apontou maior perda em mulheres44. Tais diferenças, portanto, ratificam a necessidade de se investigar, além dos fatores citados acima, as influências das atividades de trabalho na perda de produtividade no trabalho entre homens e mulheres.
Entre as áreas de atuação docente, a que se associou negativamente à perda de produtividade foi a de Ciências da Saúde e isso pode ser explicado pelo conhecimento desses profissionais sobre anatomia, fisiologia, cinesiologia, ergonomia, gerenciamento da dor, dentre outros relacionados ao funcionamento do corpo humano, o que permite uma melhor adaptação de suas práticas de trabalho e cuidados pessoais para lidar com a dor musculoesquelética crônica. Somado a isso, eles são capacitados para atuar nos problemas de saúde das populações e, por isso, podem se sentir mais motivados e preparados para o autocuidado, tendo melhores níveis de produtividade no trabalho.
O presente estudo diagnostica a complexidade da temática e fornece uma importante contribuição para o conhecimento sobre a prevalência de dor musculoesquelética crônica e também sua associação junto de outras variáveis com a perda de produtividade entre docentes universitários brasileiros. A relevância dos achados soma esforços a estudos desenvolvidos no Brasil com o intuito de subsidiar políticas públicas direcionadas a esse grupo45.
O planejamento e a execução de ações voltadas à saúde do trabalhador docente nas universidades federais são fundamentais para reduzir custos decorrentes da perda de produtividade. Limitações funcionais causadas por dores musculoesqueléticas crônicas comprometem a qualidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão e, como consequência, tarefas são, muitas vezes, redistribuídas, sobrecarregando outros docentes e se tornando um disparador para novos casos de adoecimento. Em casos mais graves, em que as limitações geram licenças prolongadas para tratamento da própria saúde, pode ser necessária a contratação de professores substitutos, elevando os custos à Administração Pública Federal.
Essa situação evidencia a necessidade urgente de implementar intervenções preventivas que garantam a qualidade acadêmica e a sustentabilidade financeira. Entre tais medidas estão programas de ergonomia, com ajustes nos ambientes e processos de trabalho, e o incentivo a pausas regulares, além da promoção de exercícios físicos, práticas de alongamento e relaxamento e orientações para o autogerenciamento da dor. Também é fundamental repensar o modelo organizacional vigente nas instituições de ensino superior federal, caracterizado por longas jornadas de trabalho, pressões por produtividade, metas excessivas, condições inadequadas de trabalho e recursos insuficientes.
Por fim, entende-se que, para um enfrentamento eficaz desse problema, as universidades públicas federais precisam integrar de forma vigorosa e estratégica a saúde do trabalhador docente em seus planos de desenvolvimento institucional, abordando a questão de maneira interprofissional, com vistas a contribuir para a qualidade de vida e o bem-estar dos docentes, fortalecendo a qualidade das atividades acadêmicas e reafirmando seus compromissos com a excelência e o desenvolvimento social por meio da educação superior.
Conclusões
Este estudo apresenta dados inéditos e preocupantes sobre a saúde de docentes de universidades públicas federais no Brasil. Ao revelar a considerável prevalência de dor musculoesquelética crônica que, em conjunto com realização de horas extras, estão associadas à perda de produtividade no trabalho; traz à tona a necessidade de se discutir a saúde desses trabalhadores, cuja importância social é inquestionável. A partir dos dados apresentados, é possível não apenas ampliar o conhecimento científico sobre a temática, mas também subsidiar políticas públicas voltadas à saúde do trabalhador docente no contexto do ensino superior federal brasileiro.
Além disso, ao identificar a natureza e as medidas das limitações laborais, o impacto da dor musculoesquelética crônica e das variáveis sociodemográficas e ocupacionais na perda de produtividade, este estudo possibilita o delineamento mais assertivo de ações de saúde e segurança no trabalho por parte da Administração Pública e dos gestores das universidades.
Este estudo apresenta como limitação o viés de seleção, uma vez que docentes com dor musculoesquelética crônica podem ter se sentido mais motivados a participar e isto pode ter repercutido na prevalência de dor encontrada.
Por fim, pesquisas futuras devem considerar a utilização de outros desenhos metodológicos, como estudos longitudinais e amostragem probabilística, bem como a inclusão de docentes de universidades de diferentes naturezas jurídicas (públicas e privadas).
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