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0169/2024 - Estudantes lésbicas e bissexuais na formação médica: narrativas de um (per)curso
Lesbian and bisexual students in medical training: narratives of a (per)course

Autor:

• Andréia Ferreira dos Santos - Santos, A. F. - <andreia.uferreira@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7908-0060

Coautor(es):

• Lana Veras - Veras, L. - <lanaveras@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1744-652X



Resumo:

Diante de uma contemporaneidade em que é imperativo ser feliz, investigar experiências de sofrimento, com orientação ético-política, mostra-se indispensável. O recorte de gênero e sexualidade justifica-se dentre conquistas e recrudescimentos atuais relacionados ao feminismo e à população LGBT+. Nesse sentido, analisar experiências de estudantes lésbicas e bissexuais na formação médica pode ser uma estratégia de observação das dinâmicas que afetam suas individualidades na trajetória universitária e na produção do cuidado em saúde. Esta pesquisa narrativa objetivou propiciar um espaço de escuta, expressão e registro das narrativas de estudantes lésbicas e bissexuais matriculadas em cursos médicos do Piauí. Foram entrevistadas 11 estudantes e suas narrativas analisadas à luz da hermenêutica crítica. O estudo revelou o apagamento da sexualidade lésbica e bissexual na formação médica e os desdobramentos subjetivos e sociopolíticos disto, a urgência do aprimoramento das políticas públicas de saúde e os efeitos da cisheteronormatividade no perfil esperado para profissionais médicas.

Palavras-chave:

Minorias sexuais e de gênero. Educação médica. Narrativa pessoal.

Abstract:

Facing a contemporaneity in which it is imperative to be happy, investigating experiences of suffering, with an ethical-political orientation, proves to be indispensable. The focus on gender and sexuality is justified among current conquests and upsurges related to feminism and the LGBT+ population. In this sense, analyzing the experiences of lesbian and bisexual students in medical training can be a strategy for observing the dynamics that affect their individualities in the university trajectory and in the production of health care. This narrative research aims to provide a space for listening, expression and recording of the narratives of lesbian and bisexual students enrolled in medical courses in Piauí. Eleven students were interviewed and their narratives were analyzed in the light of critical hermeneutics. The study revealed the erasure of lesbian and bisexual sexuality in medical training and the subjective and sociopolitical unfoldings of this, the urgency of the improvement of public health policies and the effects of cisheteronormativity on the expected profile for medical professionals.

Keywords:

Sexual and gender minorities. Medical education. Personal narrative.

Conteúdo:

Introdução

Diante de uma contemporaneidade em que se disputa o bem-estar e é imperativo ser feliz1,2, investigar as experiências de sofrimento mostra-se indispensável na medida em que se observam, também nesse modo de viver, os processos de patologização da tristeza e medicalização da vida3. Traçar esse caminho possibilita, portanto, a revelação de vulnerabilidades em espaços ainda pouco explorados e possíveis intervenções.
A compreensão de sofrimento, nesse contexto, é ampliada quando orientada pela impressão da significação ético-política dada por Bader Sawaia4 (2001), que tensiona as dinâmicas sociais de exclusão/inclusão a fim de destacar suas contraditoriedades e reafirmar o comprometimento político necessário nos processos de legitimação social. A autora destaca a dimensão subjetiva/afetiva – e digna – dessa compreensão com a ressalva da inserção desta em um modelo socioeconômico que perpetua desigualdades e propõe formas ilusórias de inclusão social.
Nesse sentido, situando o meio contemplado neste estudo, analisar experiências de estudantes na formação acadêmica dos cursos de Medicina a partir de suas subjetividades e de seus “lugares de conflito”5 pode ser uma estratégia de observação das potencialidades e fragilidades nas dinâmicas e discursos que afetam suas individualidades, inscritas na trajetória universitária, bem como a produção do cuidado em saúde6.
Visto que pesquisar representatividades alinha-se com as demandas do contemporâneo, a escolha do recorte de gênero e sexualidade justifica-se em um contexto de conquistas relacionadas ao feminismo e à população LGBT+, mas também de profundos desafios e recrudescimentos atuais7. É preciso garantir que esses corpos diversos ocupem os espaços sociais e que sejam vistos e ouvidos, inclusive para adentrar e resistir à dureza das políticas públicas de saúde e da ciência8.
O movimento feminista exprime sua vitalidade tanto na libertação da opressão sexista quanto na renovação das outras lutas libertárias, já que as diversas formas de opressão estão relacionadas9. Assim, enfrentar o apagamento de mulheres no contexto deste estudo significa desafiar a lógica sexista, mas sem perder de vista que esses corpos estão no mundo atravessados por opressões também de raça, classe e sexualidade.
Sendo assim, mostra-se importante investigar quem são, como vivem e o que sentem as mulheres que vivem a experiência de uma formação acadêmica médica ainda predominantemente biologicista, heteronormativa e cisgênero10 e que, ainda segundo a pesquisa, não contempla satisfatoriamente nem mesmo os temas ligados às sexualidades nos currículos tradicionais.
Além dessa lacuna nas diretrizes curriculares dos cursos médicos, Andréa Rufino et al. 11 (2018) destacam os desdobramentos da invisibilidade das mulheres autoidentificadas como lésbicas ou bissexuais tanto nas produções científicas quanto na assistência à saúde, realidade que fortalece as barreiras ao acesso à saúde qualificada e vulnerabiliza ainda mais uma população atravessada por apagamentos diversos.
Este artigo objetiva propiciar um espaço de escuta, expressão e registro das narrativas de estudantes lésbicas e bissexuais matriculadas em cursos médicos do estado do Piauí. Além disso, conhecer suas experiências como acadêmicas e usuárias de serviços de saúde e como sentem as dinâmicas de inclusão/exclusão no campo discursivo de saber médico durante a formação.





Tessitura dos caminhos

O percurso metodológico partiu da abordagem qualitativa, que dialoga com o objetivo deste trabalho na medida que, pontua Maria Cecília Minayo12 (2012), favorece a compreensão da realidade a partir da singularidade dos sujeitos ou grupos enquanto manifestação das suas subjetividades, experiências e vivências situadas em um contexto sociocultural.
No sentido de fortalecer a pesquisa qualitativa em saúde e seus diferentes métodos, superar as abordagens metodológicas tradicionais13 e contrapor a lógica essencialmente biomédica da produção científica em saúde, escolhemos utilizar o método narrativo para a investigação do nosso tema.

Protagonistas e recursos

Quanto aos critérios de inclusão na pesquisa, partimos de narrativas de si produzidas por mulheres autoidentificadas como lésbicas ou bissexuais que cursam Medicina em Instituições de Ensino Superior (IES) do Piauí. As estudantes que não eram alunas de cursos médicos do estado do Piauí, não se autoidentificavam como lésbicas ou bissexuais ou não consentiram em participar da pesquisa por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram excluídas deste estudo.
O recrutamento inicial, realizado em junho de 2021, foi feito a partir do Whatsapp, através de grupos relacionados ao curso como coordenações e centros acadêmicos, com informações sobre o trabalho e o link de acesso a um formulário online onde estavam dispostos o TCLE, objetivos, prováveis contribuições, riscos, procedimentos, garantia de confidencialidade e assistência.
Dadas as problemáticas acerca do tema abordado, envolto por vulnerabilidades que podem ser aprofundadas pela exposição, observamos maior viabilidade de amostragem de bola de neve, método não probabilístico através do qual a teia de participantes é ampliada à medida que entrevistadas – nossas “sementes”, segundo definição de Juliana Vinuto14 (2014) – acionam sua rede pessoal a fim de trazer interessadas para a pesquisa por indicação.
A fim de superar o modelo pergunta-resposta15 e dar espaço para as narrativas, guardadas as limitações da mediação digital, os instrumentos utilizados foram as entrevistas abertas, realizadas através da plataforma Google Meet e com permissão para serem audiogravadas.
A questão disparadora da entrevista foi “O que você gostaria de compartilhar sobre a sua vivência no curso de Medicina enquanto mulher lésbica ou bissexual?” junto às seguintes perguntas auxiliares: “como você se sente, em relação à sua orientação sexual, diante dos seus colegas e professores? Você se sente representada pelo ensino curricular das diferentes áreas médicas? Como é o seu acesso à saúde enquanto mulher lésbica ou bissexual?”.
Foram realizadas 11 entrevistas entre agosto e setembro de 2021. Todas as participantes eram mulheres cisgênero. Em relação à orientação afetivo-sexual, 8 eram bissexuais e 3 lésbicas. Quanto à renda familiar, 1 apontou ser menor que dois salários mínimos, 3 entre dois e cinco, 5 entre cinco e dez e 2 maior que dez. Além disso, quanto à raça/etnia, 5 se declararam brancas, 4 pardas e 2 pretas/negras.

Análise

Rosana Teresa Onocko Campos16 (2011), ao discutir sobre a pesquisa qualitativa em saúde e a importância de inovações no fazer interpretativo, pontua a necessidade de “manter um posicionamento ético-político que não transforme as vozes humanas em objetos nunca, nunca” (p. 1277). Entendemos, em diálogo com a autora, que o material colhido é produzido pelas estudantes e construído no momento dialógico da entrevista. A análise, portanto, não deve se limitar apenas à investigação que sucede um procedimento de “coleta”, o que acentua a brutalização do “bicho pesquisado”, como analisa Brigitte Vasallo17 (2022).
Koosah et al. 18 (2019), com suporte na perspectiva narrativa de Walter Benjamin, destacam a limitação das explicações em si do narrado, as quais reduzem o campo de possibilidades de cenários e compreensões. Buscamos, nesta pesquisa, a ampliação dos sentidos e significados possíveis das existências compartilhadas, inscritas em vozes, e não o seu encolhimento; que o processo seja, como sugerem as autoras, uma “delicada tessitura dos encontros” (p. 34).
Nossa análise narrativa pretendeu apoiou-se, então, na ênfase na intersubjetividade, sem a obrigação de necessariamente explicar vivências, à luz da superação da relação dicotômica entre compreender e explicar, proposta pela abordagem narrativa e hermenêutica crítica de Ricoeur e Gadamer19.
E, a fim de superar a normalização da flexão no gênero masculino inscrita nas produções acadêmicas, optamos por nomear as autoras que fizeram parte do estudo e flexionar substantivos no feminino por se tratar de uma identificação que nos afirma e nos coloca, como mulheres, no que é sobre e para nós.

Aspectos éticos

O projeto deste artigo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Delta do Parnaíba e cumpriu com as Resoluções 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde.


Encontros e suas reverberações

As características socioeconômicas e de identificação quanto à sexualidade das participantes foram essenciais na expressão de sentidos diante dos encontros com as entrevistadas e das reflexões que emergiram. É relevante destacar que todas são mulheres cisgênero, o que configura uma incompletude – mas não insignificância – no que diz respeito às vivências sociais heterogêneas experimentadas por mulheres, o que se estende também ao fato de termos dialogado apenas com pessoas binárias. Cabe ressaltar que os nomes atribuídos às estudantes na transcrição de suas falas são fictícios a fim de preservá-las diante de suas histórias.

Saúde é resistência: nós existimos, mas onde cabemos?

A promoção da saúde integral da população LGBT+ faz parte, teoricamente, da agenda das políticas públicas de saúde no Brasil e orienta as Diretrizes Curriculares Nacionais, nas quais se baseia a construção da grade curricular das escolas médicas. Entretanto, o que se percebe é a ausência de temas específicos de saúde dessa população nos cursos de medicina ou a redução das demandas às áreas de saúde sexual e reprodutiva, o que reforça o enfoque ainda biologicista20,21.
Todas as participantes desta pesquisa compartilharam nas suas narrativas que se percebem pouco ou nada representadas no ensino médico, com destaque para a inserção insuficiente no campo da Ginecologia e Obstetrícia, como a seguir:

“É um tema muito escasso, a gente não vê isso na faculdade [...] eu me sinto pouco representada dentro da faculdade, dentro do meu currículo, é como se a gente não existisse em alguns aspectos [...]” (Alice)

“Isso de prevenção, sexualidade, esse tipo de coisa voltada pra mulheres lésbicas e bissexuais não existe, é inexistente.” (Flora)

“Basicamente o ensino é voltado pro público hetero, principalmente nessa parte de GO, geralmente. “(Dominique)

“Contemplada no curso eu não me senti enquanto estudar saúde LGBT...principalmente porque eu sabia quais eram os tópicos de saúde LGBT que a gente deveria estar estudando.” (Fernanda)

A percepção das estudantes sobre a lacuna do ensino sobre saúde de mulheres lésbicas e bissexuais mostrou-se intimamente associada à angústia tanto pelo não pertencimento quanto pelo despreparo para lidar com as próprias demandas. O ponto de encontro das impressões sobre essa realidade foi a pressuposição generalizada de uma mulher dita heterossexual e cisgênero, o que Maria Carolina Amaral e Silva22 (2014) discute poder ser transformado a partir da responsividade do profissional da saúde - nesse contexto, também de professores - que seria uma postura de alteridade diante da pessoa que se apresenta, uma abertura disposta e interessada.
Quando incluídas no currículo, segundo as participantes que cursam períodos mais avançados, as questões ligadas à sexualidade lésbica e bissexual aparecem de forma superficial e tardia, visto que poderiam ser trabalhadas ao longo do curso. Andréa Rufino et al. 23 (2013), em pesquisa feita sobre ensino da sexualidade no Piauí, destacam que alunos relataram a aposta em aulas expositivas e a pouca experiência prática com o recorte LGBT+ do tema, o que reverbera diretamente no preparo desses estudantes que se formam, espera-se, para serem generalistas e promoverem um cuidado integral.
O despreparo profissional, inclusive, mostrou-se ser receio das estudantes enquanto médicas em formação e também observado tanto nos próprios docentes quanto nas suas experiências pessoais como usuárias dos serviços de saúde. Muitas relacionaram a falha de professores e médicos justamente com uma formação acadêmica insatisfatória nesse aspecto, o que marca o persistente currículo oculto relacionado ao ensino das diversidades sexuais24 e as consequentes barreira no acesso e prejuízo na expressão livre de pessoas não hétero na produção do cuidado em saúde25.
Quanto às indagações e necessidades pessoais das estudantes, emergiu das narrativas um contexto que diz respeito à democratização das informações no uso da internet e que gera reflexões sobre autonomia e desdobramentos coletivos. Segundo Moretti et al. 26 (2012), ainda que seja um canal importante, o crescimento da inserção de informações de saúde na internet expõe os usuários a conteúdos cuja garantia de confiabilidade é desafiadora, o que deve instigar iniciativas civis, estatais e especializadas a desenvolver estratégias de reduzir as chances de prejuízos à saúde da população diante disso.
Algumas participantes dividiram que buscam os conteúdos relacionados às especificidades da saúde sexual de mulheres que se relacionam com mulheres nas redes, com destaque para orientações quanto a sexo e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Isso dialoga com a pesquisa de Lima27 (2011) com mulheres lésbicas, na qual a internet foi o meio prioritário na busca por informações sobre medidas preventivas para uma prática sexual segura. Quanto a essa busca, elas disseram:

“O que eu sei foi pesquisado na internet, foi visto em outros meios e não pessoas chegando e falando pra mim "olha, é assim que funciona", não é algo que eu pergunte, que eu já tenha perguntado pra minha gineco, não é algo que eu tenha visto em sala de aula“ (Flora)

“Mas e as DSTs entre as mulheres? e os cuidados, a parceira mulher, ela tem que se tratar também quando a outra tem sífilis? a parceira mulher tem que se tratar quando a outra tem tricomoníase? não sei. meus colegas também não sabem. se chegar uma paciente assim, eles vão orientar como? tem que usar preservativo? não tem? essas coisas que são básicas que se você não fuçar na internet, você não sabe. E devia ter no nosso curso, devia ter, a gente existe.” (Júlia)

Ainda que se constitua como espaço importante de pesquisa, então, é importante considerar as limitações do meio como fonte confiável – quando exclusiva – para instruções de saúde, o que é, inclusive, reiterado na formação, por profissionais e instituições da área. As orientações quanto às ISTs, que serão abordadas mais adiante, constituem estratégia essencial dentro do que se entende como prevenção na saúde pública, tendo alcance coletivo significativo quando bem executada. Se parte da população não é inserida nas diretrizes, entende-se que há uma falta importante na tentativa de garantia de uma saúde universal e integral.
Além disso, sendo assunto de aspecto íntimo, destaca-se a necessidade de lidar com sensibilidade e respeito. Neste ponto, é possível notar que a insegurança em falar abertamente sobre as demandas em saúde que se relacionam com a orientação afetivo-sexual encontra as discriminações que norteiam não apenas o discurso, mas também a prática profissional médica. Regina Maria Barbosa et al. 28 (2009) destacam que a exposição desse momento da consulta ginecológica está para além do corpo, configurando-se como uma abertura à possibilidade de discriminação pela descoberta de um comportamento entendido como ‘fora da norma’. Uma das estudantes dividiu a seguinte experiência:

“E eu acho que a minha pergunta foi sobre métodos pra se proteger em relação a ISTs né, e aí ela olhou pra minha cara e falou: ‘rezar, você não tem o que fazer’. [...] eu até tentei argumentar, ‘mas...como assim? realmente não tem o que fazer?’ e aí que ela foi me explicar, ‘não, o que você escolheu pra sua vida é ou se abster ou ter doença’” (Mariana)

Esse tipo de vivência, além de se constituir como caso explícito de afronta à dignidade, configura marcas subjetivas que afastam uma mulher lésbica ou bissexual da procura por atendimento médico e, assim, do seu direito à saúde. Além disso, desloca essas estudantes de um espaço de formação ao qual pertencem, possivelmente para uma experiência de omissão e violência quanto a questões de ensino que a identifiquem como homo ou bissexuais.

Comunicação, linguagem e acesso à saúde: qual o impacto de não ser entendida?

As experiências lésbicas e bissexuais compartilhadas sinalizam uma barreira significativa de acesso à saúde. As estudantes revelaram a dificuldade de compreensão e a falta de capacitação dos profissionais de saúde em lidar com esse público, mais uma vez se referindo, principalmente, à ginecologia. Lima27 (2011) sustenta a importância da orientação dessa comunicação pelos princípios do SUS de forma horizontal, de forma a construir coletivamente os conhecimentos. Sobre como falam – ou não – e como são entendidas – ou não, partilharam:
“Nunca foi me perguntado não em consultas ginecológicas...nunca. [...] Eu me sinto (tranquila pra falar), eu só não sei se ele vai estar preparado pra abordar.” (Dominique)

“Os profissionais de saúde no geral não têm essa capacitação pra saber como falar. Isso também reflete nas dificuldades do acesso que essa mulher vai ter porque ela não se vê entendida pelo profissional de saúde, isso dificulta a comunicação. (Alice)

“Eles nunca viram nada sobre aquilo nos cursos de preparo deles [...] e causa um estranhamento tão grande, tão grande, tão grande, é triste de ver, assim, muito triste. A gente fica "meu deus do céu, em que ano que eu estou? quando é isso aqui?" E eu vi muitas irmãs no decorrer do caminho desistindo da gineco, muito triste, da galera estar precisando e não se prestar ao estresse que é ir à gineco.” (Fernanda)

Essas falas abrem caminho para o entendimento de que a insuficiente inserção dos temas relacionados à saúde dessas mulheres nas escolas médicas afeta, de fato, significativamente a produção do cuidado profissional. Algumas participantes dividiram se sentirem confortáveis para falar sobre a orientação sexual na consulta, mas a ideia de que não seriam compreendidas motivava o recuo; enquanto outras, pelo contrário, não se sentem seguras para se expor. Todas disseram que não eram questionadas sobre isso nas consultas ginecológicas, o que nos leva a questionar: que tipo de assistência têm mulheres que não são heterossexuais? E, quando acessam os serviços de saúde, recebem um cuidado resolutivo?
Na pesquisa com mulheres que se relacionam com mulheres conduzida por Regina Maria Barbosa et al. 28 (2009), a maioria das entrevistadas expressou que revelava a orientação sexual durante a consulta ginecológica principalmente para evitar uma condução inadequada do atendimento, apesar de, também na maior parte desses relatos, isso resultar em omissão, silêncio e ausência de orientações por parte do profissional. As autoras pontuam, assim, que ‘sair do armário’ não garante um cuidado em saúde adequado.
Esses questionamentos são importantes na medida em que comprometem a assistência, não só o acolhimento como também as condutas médicas, ainda que seja importante frisar a superação dos aspectos biologicistas do cuidado em saúde da diversidade das sexualidades quando inseridos na formação estudantil e profissional20. Isso se evidencia na prescrição infundada de métodos contraceptivos e de tratamentos que pressupõem a garantia de que não haja uma gestação, como se pode notar nas seguintes falas:

“Acho que vai muito da abertura que o médico dá pra você e ele não assumir as coisas sobre você, por exemplo, eu fui na dermato pra começar a tomar Roacutan e ela pergunta "você tem namorado?" eu falo "não tenho namorado..." então acho que quando você vê que o médico já assume uma coisa assim sobre você, você fica com mais vergonha ainda de assumir. “(Flora)

“As perguntas que elas fazem são bem clássicas, né, e nunca dão abertura pra isso, então eu já cheguei falando porque elas iam me perguntar de anticoncepcional, então, enfim, eu evito [...] Foi um dia assim bem marcante pra mim, porque a forma como ocorre esse cuidado que deveria ser assim voltado pra fazer as mulheres serem estimuladas a frequentar sempre o ginecologista, enfim, sempre buscar o cuidado, na verdade eu percebo que é mais uma punição. “(Mariana)

O direcionamento inadequado para a contracepção encontra a escassez de orientações quando às medidas de proteção, apontadas pelas entrevistadas como tema praticamente inexistente nas aulas e consultas. Isso reforça a questão das ISTs, enquanto questão individual e coletiva, e sinaliza a necessidade de reorientação da prática curricular, docente e profissional em relação também às diversas práticas sexuais possíveis, para além de uma suposição heteronormativa – que, inclusive, desconsidera possibilidades para as próprias relações heterossexuais.
O percurso da construção das políticas visadas a enfrentar as ISTs enquanto problema de saúde pública, por ser atravessado pelas relações de gênero e sexualidade, dispõe de estigmas diversos. Um deles é a persistente associação da infecção por HIV com os homens gays e a pressuposição de que mulheres que fazem sexo com mulheres (o entendimento dessa expressão, MSM, ainda é frequentemente cisgênero) não estão expostas a riscos significativos de ISTs29.
Na contrapartida desse imaginário, Andréa Rufino et al. 11 (2018) destacam justamente a suscetibilidade das MSM às infecções por HPV, outras ISTs e AIDS, visto que a assistência médica despreparada resulta em um acesso limitado, muitas vezes não humanizado, e práticas sexuais mais inseguras. Assim, é mandatória a desconstrução desses estigmas a fim de acolher essas mulheres nos serviços de saúde e garantir um cuidado amplo e integral, inclusive para além das questões sexuais e reprodutivas.
Destaca-se aqui, no sentido de expor como se delineia essa estigmatização no campo das políticas públicas, o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis30. Em uma busca rápida pelos termos “lésbica” e “bissexual”, acha-se correspondência em um quadro de título “História sexual: perguntas específicas para avaliação de risco”. Apenas. O termo “MSM” aparece três vezes, todas nas referências que estão em língua inglesa e referem-se, traduzindo, aos “homens que fazem sexo com homens”. Já quando procurados “gay” ou “HSH”, as correspondências são muitas e a grande maioria também na avaliação de comportamentos de risco e no rastreamento de IST. Onde, então, encontrar orientações seguras senão no documento com diretrizes da principal instituição orientadora de saúde do país, que sequer detalha e aprofunda cuidados com/para essas mulheres?
Mais um contexto que apareceu nas narrativas foi o receio em relação ao sigilo tanto dos profissionais quanto dos planos de saúde, os quais estão associados à possibilidade de a família saber dos procedimentos realizados e exames solicitados. A tradição do “ginecologista da família” surgiu como fator determinante no desconforto de algumas participantes em relação à exposição de questões ligadas à sexualidade; houve um relato, inclusive, de ameaça à ‘retirada do armário’ de uma estudante bissexual ainda não assumida para a família:

“E nossa, foi muito ruim, muito ruim, porque ela meio que ficava ameaçando falar pra minha mãe quando minha mãe ainda não sabia, aí foi quando eu larguei de mão, assim.” (Fernanda)

Jardim et al. 31 (2019) discutem as situações emblemáticas que podem confrontar o sigilo médico como, por exemplo, as que envolvem pessoas com doenças infectocontagiosas e os adolescentes. Ao apresentarem os resultados deste grupo, citam estudo de Loch et al. 32 (2007) com universitários de até 21 anos sobre quais contextos eles acreditavam que informações poderiam/deveriam ser reveladas mesmo sem o seu consentimento. Uma das situações hipotéticas era “Sou homossexual” e, segundo a pesquisa, apenas 10,9% das mulheres, dentre os 20,6% estudantes que concordaram com a quebra de sigilo neste caso, apoiaria a revelação não consentida, visto que isso poderia repercutir negativamente.
Diante desses dados, para além do apontamento previsível do receio das estudantes do estudo citado em relação à discriminação, levanta-se uma questão: por que a homossexualidade foi inserida como situação hipotética de possível quebra de sigilo médico, juntamente com tópicos como gravidez e vida sexual ativa?

Representatividade e a contextura do apoio

A construção e a manutenção de redes de apoio são importantes em diversos contextos da existência humana. A vivência acadêmica em si, associada a mudanças e exigências tais que deslocam estudantes – muitos bem jovens – dos lugares de afeto e segurança, prediz o fortalecimento das possibilidades de suporte. É preciso situar que em relação aos cursos médicos, Andréia Santos et al. 6 (2021) destacam as expectativas sobre a formação e os diversos sofrimentos associados – e compartilhados - a um fazer acadêmico de negociação com os próprios limites. Sendo assim, a garantia de espaços de partilha, pertencimento e apoio é uma estratégia de enfrentamento e também de prevenção de adoecimentos.
Se o corpo estudantil não é homogêneo – ainda que tenha uma representação padrão – é de se pensar que tanto a construção das redes de suporte não se dá da mesma forma quanto a falta delas impacta os estudantes de maneira distinta. Os grupos que já não se sentem pertencentes no espaço acadêmico tornam-se ainda mais vulneráveis à falta de assistência, inclusive institucional. Construir uma “rede de apoiadores” viabilizaria uma luta contra as opressões de sexualidade e gênero de forma solidária e dialógica24.
Um desses grupos é o de lésbicas e bissexuais, que na colheita desta pesquisa já relataram a dificuldade de identificação e pertença, realidade que encontra eco na seguinte fala que expressa bem a essencialidade dessa construção diante disso:

“Foi engraçado perceber o quanto a minha rede de apoio era forte, meus amigos impediam de eu ouvir coisas escrotas e tipo, cuidando da gente como um casal, como pessoas [...] então pra mim, foi o meu maior determinante de saúde mental na faculdade, foi ter essa rede de apoio muito forte. Acho que ser LGBT sozinho num curso de medicina deve ser muito traumático, rede de apoio é fundamental.” (Fernanda)

E o que seria ser “LGBT+ sozinho” num curso de medicina? A experiência de deslocamento ou de solidão é, certamente, individual; mas quando compartilhada, é possível pensar em desdobramentos coletivos. Segundo as estudantes, o não pertencimento pode estar relacionado à falta de representatividade na grade curricular, ao efeito das experiências negativas em consultas de saúde e ao preconceito dos colegas de sala, mas também à ausência de pessoas com vivências semelhantes, ou seja, outras mulheres lésbicas e bissexuais.
É importante situar essa possibilidade de solidão – pouco ruidosa, de acordo com Maria Cristina Ferraz33 (2014) - em um contexto de graduação em que se espera desse estudante de medicina que atenda a uma série de competências formativas34, o que está inserido numa lógica contemporânea ainda mais abrangente de avaliação constante de desempenhos e performances33.
A tessitura do apoio no contexto dessas estudantes lésbicas e bissexuais, então, parece ser perpassada pelo estranhamento solitário num local de existência compartilhada, pelo desejo de se cercar “das suas” a fim de partilhar vivências, pela ferida aberta de ser desrespeitada inclusive pelos possíveis aliados – e, também, a compreensão de que estão em seus processos e, sem dúvidas, pelas questões que envolvem a ‘saída do armário’.
É importante salientar, também, como o medo aparece nos discursos. O processo de ‘saída do armário’ configura-se não exatamente como libertação para pessoas LGBT+, mas como uma experiência de afastamento de uma certa proteção para uma exposição que traz consigo questões de aceitação – por si e pelo outro – e vulnerabilidade a violências, apagamentos e tentativas de dominação nos campos diversos do saber/existir35.
É também caminho cuja forma está intimamente associada à presença ou não de uma rede de apoio fortalecida. O medo relatado das reações de repressão ou exclusão por parte dos professores e colegas levanta a questão: onde está a instituição enquanto parte da construção dessas redes?
Assim, para além do compromisso em orientar a grade curricular para as demandas específicas em saúde de mulheres lésbicas e bissexuais a fim de garantir minimamente representatividade11, é preciso que as instituições – neste caso a universidade, mais amplamente o Estado - assumam a responsabilidade sobre as dinâmicas de exclusão dessas estudantes que engendram essa lógica do medo reproduzida pelos próprios professores.

Encruzilhadas da existência: racismo, discriminação e exclusão

Carla Akotirene36 (2020), quando ilustra as encruzilhadas de avenidas identitárias como “colisões múltiplas do capacitismo, terrorismo religioso, cisheteropatriarcado e imperialismo” (p.23), abre caminho para uma compreensão mais complexa e digna das vivências, por exemplo, de pessoas LGBT+. Isso é notório nesta fala:
“Minha vivência, quanto à minha sexualidade, acabou que foi bem tranquila, muito porque eu sou negra na medicina e aí a gente vive tanta questão relacionada a isso que acho que a maioria dos dias eu tava tão enfadada que assim, o que tinha de bifobia e tal muito ficou suprimido (...) boa parte dos professores são tão racistas que eu já tava tão estressada de vivenciar essa parte que não deu tempo de sofrer bifobia no contexto de viver diário.“ (Fernanda)

Aqui é preciso adentrar um caminho cujas nuances são indispensáveis para a análise e a suscitação das reflexões acerca do que é o principal nesta pesquisa, ou seja, as narrativas de estudantes de medicina lésbicas e bissexuais. Como já discutido, não existe homogeneidade no que se entende como ‘estudante de medicina’, ainda que exista o padrão de credibilidade social representado por um homem, branco, heterossexual e de classe alta. E o que caracterizaria, então, as diferenças e qual a relevância disso para as vivências das/dos estudantes?
Nessas avenidas propostas por Carla Akotirene36 (2020), as mulheres negras estão distantes da norma perpassada pela branquitude cisgênero. A perspectiva interseccional, então, dialoga diretamente com a ideia de que as vivências das estudantes não devem ser equiparadas sem considerar os contextos de privilégio social e as distintas opressões a que estão submetidas, com o cuidado de se ter em vista as condições estruturais, e não o estabelecimento de hierarquias36.
Há ainda a reprodução dos estereótipos racistas que atravessam as existências negras e, certamente, alcançam a experiência acadêmica. A fala a seguir, ainda de Sofia, dialoga com o que bell hooks9 (2019) denuncia sobre os mitos reproduzidos sobre as mulheres negras, que teriam uma ‘força mítica sobre-humana’, característica que suporta o equívoco da ideia de mulher ‘forte’ e agressiva:
“Só que ao mesmo tempo, durante toda a minha trajetória de vida assim mesmo enquanto mulher negra, eu fico muito receosa em ter conflito com as pessoas porque sempre eu sou tachada como "a barraqueira" ou então "a agressiva" e a que não sabe aceitar brincadeira, e também tem muito aquela questão de querer afeto, de querer ser aceita, de querer estar incluída dentro de algum movimento [...]” (Sofia)

Outra questão presente nessa narrativa realça a perspectiva socioeconômica do curso:
“O objetivo de ter autonomia é também um objetivo financeiro, isso inclusive é uma coisa que eu tenho muita vergonha de falar, porque assim, eu acho muito feio eu falar que eu quero medicina por dinheiro, porque eu vejo as outras pessoas falando e parece assim uma coisa tão fantasiosa, tão mágica, "ai, desde criança eu sempre tive amor em ajudar as pessoas", "eu sempre senti essa vocação no meu coração", só que aqui em casa dinheiro sempre foi uma questão. [...] e sendo também uma família um pouco mais pobre eu vejo que minha mãe ainda hoje ela é dependente financeira da minha vó e eu não queria que essa história se repetisse.” (Sofia)

Não querer que a história se repita retoma os trânsitos identitários referidos por Carla Akotirene36 (2020), o lugar afetivo da família para a mulher negra e uma trajetória de vida comumente marcada por opressões sexistas e racistas que atravessam gerações. A luta feminista como compromisso político, partilhado como responsabilidade coletiva mediante a construção de uma contra-hegemonia9 deve compor, decerto, o enfrentamento do cenário cisheteronormativo e endurecido dos cursos médicos que foi delineado nesta pesquisa.




















Horizontes possíveis
Dentre as (in)conclusões, destacou-se a denúncia do apagamento do tema da sexualidade e, mais especificamente, da saúde de lésbicas e bissexuais na formação médica. Essa lacuna mostrou-se disparadora de angústias relativas ao não pertencimento, ao despreparo profissional no cuidado em saúde e à preocupação com o futuro exercício da profissão das estudantes.
Essa desqualificação estaria associada à prestação de uma assistência em saúde inadequada, o que sinaliza para a urgência do aprimoramento também das políticas públicas de saúde no sentido de ampliar o olhar para as demandas desse grupo, que está vulnerável no que se diz respeito a sofrimento psíquico, prevenção de doenças e tratamentos adequados.
Mostrou-se imperativo, também, o enfrentamento contra-hegemônico da realidade dos cursos médicos como um compromisso político com direção interseccional, a fim de garantir a ocupação da universidade por corpos marcados socialmente por violências e invisibilidades.













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Santos, A. F., Veras, L.. Estudantes lésbicas e bissexuais na formação médica: narrativas de um (per)curso. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/Abr). [Citado em 06/10/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/estudantes-lesbicas-e-bissexuais-na-formacao-medica-narrativas-de-um-percurso/19217?id=19217

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