0367/2025 - INTERAÇÃO SOCIAL DE MULHERES BRASILEIRAS QUE PROFESSAM RELIGIÃO PROTESTANTE COM A EXPOSIÇÃO AO HIV/AIDS
SOCIAL INTERACTION OF PROTESTANT BRAZILIAN WOMEN WITH EXPOSURE TO HIV/AIDS
Autor:
• Carla Marins Silva - Silva, CM - <carlamarins@usp.br>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6467-6267
Coautor(es):
• Antônio Marcos Tosoli Gomes - Gomes, AMT - <mtosoli@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4235-9647
• Lloyd Goldsamt - Goldsamt, L - <lg54@nyu.edu>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9401-4005
• Heloisa Gonçalves Silva - Silva, HG - <heloisa.goncalves.silva@usp.br>
ORCID: https://orcid.org/0009-0004-1513-9491
Resumo:
Objetivou analisar o processo de interação social de mulheres brasileiras que professam a religião protestante com a exposição ao HIV/AIDS, segundo os significados por elas atribuídos. Estudo qualitativo, interpretativo, com 24 entrevistas por videoconferências. Análise apoiada no Interacionismo Simbólico e Grounded Theory. As mulheres significam exposição ao HIV/AIDS como falta de métodos preventivos tradicionais, de ensinamentos cristãos e condenação do outro. Resgatam memórias de tabu, sentidos de doença grave e normas religiosas protetivas. Avaliam sua exposição como baixa e tentam agir desde os ensinamentos cristãos com o casamento, preservativos para controle de natalidade e orientando outras pessoas. Interpretam negativamente a pouca abordagem de algumas igrejas, os preconceitos contra pessoas com HIV e a impulsividade das pessoas fora do meio cristão. Procuram viver o melhor dos dois mundos, cristão e não cristão, buscando conhecimentos. Categoria central: Recomendando cuidado do corpo, templo do Espírito Santo, com uso de preservativos em situações não condizentes com a vida cristã. Conclui-se que o modelo representativo evidencia distanciamento das mulheres com a exposição ao HIV/AIDS como “doença do outro”, sugerindo potencial das instituições religiosas como promotoras de saúde.Palavras-chave:
HIV. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Religião. Saúde da Mulher.Abstract:
The objective of this study was to analyze the process of social interaction of Brazilian women who profess the Protestant religion with exposure to HIV/AIDS, according to the meanings attributed by them. This was a qualitative, interpretative study with 24 videoconference interviews, analyzed based on Symbolic Interactionism and Grounded Theory. Women mean exposure to HIV/AIDS as a lack of traditional preventive methods, Christian teachings, and condemnation of the other. They recall memories of taboos, senses of serious illness, and protective religious norms. They assess their exposure as low and try to act on Christian teachings with marriage, condoms for birth control, and mentoring others. They interpret negatively the little approach of some churches, the prejudices against people with HIV and the impulsiveness of people outside the Christian environment. They seek to live the best of both worlds, Christian and non-Christian, seeking knowledge. Central category: Recommending care for the body, the temple of the Holy Spirit, with the use of condoms in situations not maintaining Christian life. In conclusion, the representative model shows that women distance themselves from exposure to HIV/AIDS as a “disease of others”, suggesting the potential of religious institutions as health promoters.Keywords:
HIV; Acquired Immunodeficiency Syndrome; Religion. Women's Health.Conteúdo:
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) atinge parcela significativa da população global, mesmo que novos casos venham diminuindo no mundo.1 Mas, no Brasil, entre 2020 e 2023, os casos aumentaram 24,1%, destacando-se no Norte e Nordeste.2 Neste contexto, entre 2007 e junho de 2024, foram notificados no Sinan 541.759 casos de infecção pelo HIV no Brasil, com concentração mais expressiva na região Sudeste.2
Diante deste quadro epidemiológico, as mulheres representam em torno de 53% das pessoas que vivem com HIV e 44% de novas infecções em 2023 no mundo.1 No Brasil, em 2022, novas infecções em mulheres de 15 a 49 anos, configuraram 78,3% do total de infecções em mulheres. E, casos entre mulheres com 50 anos ou mais subiram de 11,4% em 2012 para 20,3% em 2022.2
A vulnerabilidade feminina é um grande desafio de saúde globalmente, considerando nuances e visões de mundo imbricados nas diferentes crenças e culturas além das questões de gênero. Relacionando a questão religiosa e sua relação com a vulnerabilidade feminina ao HIV se torna importante considerar o perfil religioso do Brasil e os estereótipos marcados por julgamentos morais. Neste sentido, pela perspectiva de gênero, a naturalização de uma ideia machista de que as mulheres cisgênero e heterossexuais vivem relações estáveis monogâmicas invisibiliza fragilidades, colocando essas mulheres em um falso cenário de proteção.3
E, apesar das transformações relacionadas ao direito sexual, em normas religiosas, principalmente as cristãs, as questões ligadas ao sexo são associadas ao matrimônio e à reprodução humana, que pode ser entendido como forma de opressão ou de controle da expressão da sexualidade.4 Este fenômeno explicita o poder e a influência dessas ideias sobre os fatores socioculturais que podem promover a exposição feminina ao HIV/AIDS bem como caracterizar a aids como uma doença do outro.5
Ademais, esse panorama é potencializado nas relações de mulheres com seus parceiros íntimos, revelando a manutenção de desigualdades de gênero. No âmbito de medidas protetivas da exposição ao HIV/AIDS, mulheres confiam em seus parceiros e esperam atitudes de preservação de suas vidas e revelam a relevância de conhecer o parceiro e a intimidade do casal como forma de "controle" sobre a exposição.5
Simultaneamente, a maioria dessas religiões orienta comportamentos conservadores para redução da vulnerabilidade.6 Ser religioso e comparecer frequentemente a reuniões religiosas estão associados a menores chances de adquirir IST e menor risco autoavaliado de contrair HIV/AIDS, especialmente para adeptos do cristianismo.7 Evidencia-se associação protetora entre religião e espiritualidade na prevenção ao HIV.8
Assim, é importante pensar no panorama religioso brasileiro. Segundo o Global Religion9, destoando da média global de 61%, cerca de 89% dos brasileiros acreditam em Deus ou em um poder maior que permite superar crises, como doenças, conflitos e desastres. E, 76% seguem alguma religião, principalmente cristãs (70%). Apesar dessa importância demográfica, existem lacunas no conhecimento científico que embasem estratégias de controle da epidemia.
Portanto, o objetivo deste estudo foi analisar o processo de interação social de mulheres brasileiras que professam a religião protestante com a exposição ao HIV/AIDS, a partir dos significados por elas atribuídos. Para isso, contou-se com o apoio do Interacionismo Simbólico, um referencial para observação do comportamento humano pela compreensão do significado do cotidiano no qual os indivíduos interagem.10
As três premissas do Interacionismo simbólico são: 1) o ser humano age em relação as coisas com base nos sentidos que essas coisas têm para ele; 2) o sentido das coisas se origina da interação social que o indivíduo estabelece com os outros; 3) esses significados são manipulados e modificados por um processo interpretativo durante as interações sociais.10
Logo, entende-se que os significados que as mulheres religiosas atribuem à exposição ao HIV/AIDS são construídos ao longo de suas experiências e de suas percepções do passado que são ressignificadas no presente, em processo dinâmico e contínuo. Pelas interações, traçam metas, aplicam perspectivas apropriadas, tomam o papel dos outros na situação, pontuam e definem os objetos da situação e olham a si mesmas na situação. A partir daí, determinam a linha de ação em relação aos objetos, incluindo outros indivíduos. Posteriormente agem abertamente, que é a ação social, interpretando seus próprios atos à luz da ação dos outros, além de interpretarem também a ação dos outros, fato que determina a construção dos significados. Ao mesmo tempo, outros indivíduos dão significados para essa ação, de acordo com suas perspectivas e definições, definem uma linha de ação e estes agem abertamente. Enfim, as mulheres reveem perspectivas, definindo novamente a situação e sua linha de ação em relação ao HIV/AIDS.11,12,13
Método
Pesquisa qualitativa, interpretativa, baseada nos pressupostos teórico-metodológicos da vertente clássica da Grounded Theory.14 Foram respeitados os critérios do Consolidated Criteria for Qualitative Research Reports (COREQ) para apresentação da metodologia.
A Grounded Theory se ocupa da compreensão e interpretação da realidade social e dos sentidos socialmente construídos. Uma teoria emerge da análise de dados qualitativos pela comparação de incidentes, da proposição de conceitos e do levantamento de hipóteses, que, quando comparados com mais incidentes, aprofundam suas propriedades teóricas. Este procedimento é denominado análise comparativa constante.14,15
De acordo com a Grounded Theory, inicialmente não existe definição prévia do número de participantes e a constituição dos grupos amostrais é definida durante o estudo pela análise comparativa constante.15,16 O quantitativo total de mulheres foi determinado de acordo com o critério de saturação teórica.14 Segundo Glaser e Strauss16, saturação ocorre quando a coleta de novas informações não permite mais elucidações para o objeto de estudo ou acrescentar propriedades a uma categoria.16
A captação da amostragem ocorreu por bola de neve, em que se localiza na população os participantes iniciais (sementes) com perfil necessário para coleta de dados. Essas “sementes” indicam outras pessoas com o perfil procurado. Esse processo ocorre sucessivamente.17 Neste estudo, a captação da “semente” ocorreu por redes sociais. Em trocas de mensagens, enviou-se o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e agendou-se um encontro online para entrevista gravada por videoconferência, pelo aplicativo Google Meet®. O formato online permitiu captação de mulheres de diferentes localidades do Brasil. Cada participante indicou outras possíveis participantes e, assim, consecutivamente.
Foram realizadas 24 entrevistas semiestruturadas com mulheres que professam a religião protestante, de idades entre 20 e 61 anos. O roteiro foi composto por 2 partes. A primeira, com dados de caracterização (faixa etária, escolaridade, estado civil, frequência semanal de participação, papel que exerce e tempo de participação na religião) e, a segunda, com uma pergunta disparadora (o que é se expor ao HIV/AIDS para você?) e tópicos que foram introduzidos na entrevista (exposição individual social e em relação ao HIV/AIDS, uso de preservativo, sexualidade e pertencimento religioso).
Durante a coleta e análise dos dados, foram registados memos, que, segundo Glaser14, são as notas do pesquisador, metodológicas e teóricas. Os dados foram analisados, de acordo com os pressupostos do IS10 e as etapas da vertente clássica da Grounded Theory,14,15 como as codificações aberta, seletiva e teórica nas formas indutiva, comparativa e emergente.
Pelo software ATLAS.TI 9 foram selecionados os trechos de falas (quotations), criação de códigos (codes) e agrupamento de códigos (groups) para identificação da categoria central. O estudo respeitou os aspectos éticos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da USP.
Resultados
Para a formação do primeiro grupo amostral, foram selecionadas mulheres brasileiras, residentes da cidade de São Paulo, acima de 18 anos, que professassem a religião protestante. Foram excluídas mulheres com diagnóstico de HIV/AIDS e/ou com deficiências na fala ou transtornos psiquiátricos. Assim, esse grupo foi formado por 6 mulheres, casadas, de alta escolaridade, pertencente à religião supracitada desde o nascimento ou que a professassem há, pelo menos, 5 anos, com alta frequência à Igreja e com funções em ministérios ou pastorais.
Na análise comparativa dos dados identificou-se a influência dos ensinamentos cristãos no pensar e agir no mundo do primeiro grupo amostral. Destaca-se o casamento como proteção, o discurso informado sobre exposição ao HIV/AIDS e formas de prevenção tradicionais sem utilizá-las. Outro ponto é o lugar de fala das participantes como “representantes” da Igreja. Nesta etapa de análise, surgiu o questionamento: será que mulheres que frequentam a igreja apenas uma vez por semana no culto tem o mesmo discurso e comportamento?
O grupo 2 foi formado, então, por 6 mulheres que frequentavam a Igreja apenas uma vez por semana, como ouvintes e apenas tocando instrumentos musicais no culto, casadas, de alta escolaridade, com mais de 5 anos professando a religião protestante. Nesta fase da análise percebeu-se mais abertura em falar sobre o tema e críticas sobre posições rígidas e falta de abordagem da Igreja.
Considerando que as participantes do grupo 1 e 2 têm muitos anos de pertencimento religioso, emergiu a ideia de comparar os dados com participantes que professam a religião há menos de 5 anos. Então, formou-se o terceiro grupo amostral com 4 participantes com menos de 5 anos na religião evangélica, sem alterações no fenômeno.
Depois, formou-se um quarto grupo por mulheres jovens e solteiras, com acréscimo da ideia de filtro entre ensinamentos da igreja e “do mundo” com ações conforme suas conclusões. Em seguida, o quinto grupo com mulheres jovens casadas, mantendo a mesma ideia.
No entanto, até este grupo, todas as mulheres entrevistadas eram de alta escolaridade. Assim, buscou-se por mulheres de baixa escolaridade, independentemente da idade ou do estado civil, para o sexto grupo amostral. Relataram memórias de ter pessoas próximas ou conhecidas que morreram de aids e, portanto, tinham medo de exposição.
Diante desse processo intencional de amostragem teórica, vale destacar que não foram encontradas diferenças entre os grupos que pudessem interferir no processo de análise comparativa dos dados.
CATEGORIA 1: SIGNIFICANDO EXPOSIÇÃO AO HIV/AIDS COM DISTANCIAMENTO.
As participantes significam exposição ao HIV/AIDS com distanciamento de forma científica, sob olhar religioso e de condenação de outros indivíduos. Assim, significam como o não uso, pelos indivíduos, de medidas preventivas tradicionais e a não adoção de cuidados no contexto das relações.
Influenciadas pelas doutrinas da igreja, para elas, exposição ao HIV significa falta de cuidado dos indivíduos em não conhecer a pessoa com quem se relaciona afetiva e sexualmente e falta de preservação do corpo pela promiscuidade e falta de ensinamentos cristãos desde o nascimento. Além de considerar sentença de morte para outras pessoas e sinônimo de perigo e medo.
CATEGORIA 2: REFLETINDO SOBRE A EXPOSIÇÃO DO OUTRO
Sendo interrogada sobre exposição ao HIV/AIDS, as mulheres entram na situação e reconhecem os objetos sociais. Assim, resgatam memórias do passado, sentidos da exposição e normas religiosas. Resgatam o tabu relacionado ao sexo e aos temas afins no seio familiar e atribuem as poucas informações sobre sexualidade, doenças e prevenção à ignorância, vergonha ou receio dos pais. Relatam que, quando havia diálogo, as recomendações eram voltadas para o cuidado com o corpo pela castidade e na escolha de com quem se envolve. Relatam a abordagem do tema “exposição ao HIV” prioritariamente no âmbito educacional, amigos, profissionais de saúde e mídias, ou seja, fora do seio familiar.
Refletindo sobre os sentidos da doença e exposição do outro
Para as participantes, trata-se de uma doença grave e assustadora, que remete a casos de pessoas próximas ou famosas que faleceram de aids. Entendem como uma questão cultural, social e familiar com preconceitos. Apesar disso, refletem sobre a quantidade e a facilidade de acesso a informações disponíveis na atualidade. Apontam maior vulnerabilidade de determinados grupos, como prostitutas, homossexuais e usuários de drogas. Entretanto, ressaltam a importância da não exclusão dessas pessoas e que aids não é o fim da vida.
Resgatando normas religiosas como proteção
Para elas, a relação sexual é algo divino, ato íntimo de entrega, confiança e união ao esposo. Relatam que a igreja prega o casamento e o cuidado com o corpo, templo do Espírito Santo, com o sexo após o casamento. E, o cristão precisa ter cuidado maior por pois estar mais visível aos olhos de Deus. As participantes afirmam que o temor a Deus favorece comportamentos adequados e, logo, preservação do corpo, vida e mente, na busca pela vida em santidade.
Nesse sentido, cuidar do corpo demanda restrições de comportamentos que não condizem com a vida cristã, como uso de drogas e bebidas alcoólicas, promiscuidade e não dançar alguns ritmos de músicas.
O uso de preservativos e anticoncepcionais não são declaradamente proibidos e é visto como uma escolha do casal, normalmente com foco no controle de natalidade.
CATEGORIA 3: OLHANDO PARA SI EM RELAÇÃO A DISTANTE EXPOSIÇÃO AO HIV/AIDS
Após a delimitação de significados à exposição ao HIV e reconhecimento dos objetos sociais, elas definem a situação para si a partir da vivência no meio cristão, em que, independentemente do tempo que professam a religião, relatam seguir os ensinamentos cristãos e que se preocupam em cuidar do corpo, mente e alma para serem templos do Espírito Santo.
Após definirem a situação para si, as mulheres determinam sua linha de ação em relação aos objetos sociais. Assim, a partir da aplicação de experiências passadas, de perspectivas de grupos de referência, de considerações sobre o futuro e se colocarem no lugar do outro, avaliam sua exposição ao HIV como baixa.
Para determinação da linha de ação, avaliam possibilidades e condições intervenientes, reveem perspectivas e definem a linha de ação considerando o HIV/AIDS distante de suas realidades por não terem relações íntimas com pessoas com HIV, não terem comportamentos considerados desviantes e acreditarem na fidelidade do parceiro ou não terem parceiros por serem solteiras se guardando para o casamento.
CATEGORIA 4: APLICANDO OS ENSINAMENTOS CRISTÃOS PARA PROTEÇÃO DE SI E DOS OUTROS
Assim, buscando por estratégias de ação interação, agem abertamente tentando aplicar, em suas vidas, os ensinamentos cristãos. De fato, pensando no modelo teórico explicativo, são ações baseadas na reflexão estratégica e tática de acordo com o meio cristão em que vive.
Assim, para elas, o berço religioso é um critério para escolha do marido como forma de segurança, relações sexuais somente após o casamento e, portanto, não sentem necessidade de conversar com o marido sobre exposição. Utilizam preservativos de boa qualidade como controle de natalidade e para conforto, mas apontam não precisarem usar preservativos como proteção contra doenças.
Outra forma de proteção é a realização de exames diagnósticos pré-nupciais e rotinas médicas regulares após o casamento. Avaliando sua exposição como baixa, age abertamente orientando outras pessoas de modos específicos conforme a audiência, dividindo as pessoas entre as do meio cristão e as externas a este ambiente.
Para os membros da família ou irmãos da igreja orientam sobre sexualidade sem incentivar a sua prática e a preservação do corpo a partir dos ensinamentos cristãos, incluindo a castidade e o sexo como adoração a Deus. No entanto, fora grupo cristão, com pessoas conhecidas ou do trabalho, orientam métodos tradicionais de prevenção. E, comentam sobre casos famosos da mídia, falam rotinas médicas e de realização de exames diagnósticos como responsabilidade de cuidado com o corpo. Além disso, orientam a realização de procedimentos em clínicas confiáveis para proteção de outras formas de transmissão e procuram não julgar as escolhas de outros.
Interagindo com as ações dos outros e interpretando em relação à exposição ao HIV/AIDS
A interação social construída a partir da ação social e na interação interpessoal com a igreja protestante e os indivíduos em sua volta, tornam-se objetos sociais uns para os outros. Através da comunicação, por meio de símbolos sociais e culturais, as participantes apreendem a preservação do corpo em abordagem diferente da ciência ou das políticas públicas de saúde. Relatam que a igreja não proíbe ou interfere na escolha dos cristãos pelo uso de preservativos, mas também não abordam sobre a temática na comunidade cristã.
Neste momento, se engajam em ação mental, utilizando o self e justificando que a igreja não aborda esta temática com frequência porque, em tese, os relacionamentos são monogâmicos e são raros os casos na comunidade cristã. Entretanto, consideram um desafio igrejas desinformadas ou muito rígidas na abordagem com seus fiéis.
Para elas, pessoas infectadas pelo HIV não costumam anunciar sua condição de saúde para a comunidade cristã. Apesar disso, interpretando essas ações, as participantes entendem o contexto de medo e preconceito de pessoas com HIV e prezam pela não exclusão para orientações sobre autocuidado e cuidado do outro.
E, interpretam que pessoas que vivem em contextos fora da igreja cristã agem por impulsividade sem acreditarem na possibilidade de uma infecção como a do HIV, mesmo com acesso à informação. Para elas, as pessoas não cristãs tendem a ter comportamentos considerados desviantes como promiscuidade, relação sexual antes do casamento e uso de drogas, além de confiarem em seus parceiros.
Interpretando seus próprios atos em relação à exposição ao HIV/AIDS à luz da ação dos outros
Nesta fase, procuram interpretar seus próprios atos à luz de sua própria interpretação da sociedade e da ação e interpretação da ação dos outros. Interpretam que aprenderam ao longo da vida e sabem dos riscos. Consideram-se com mente aberta e disposição para falar sobre qualquer assunto. Assim, preferem orientar os filhos sobre sexualidade e prevenção de doenças a eles aprenderem com pessoas externas ao grupo cristão.
Contudo, não sentem necessidade de métodos tradicionais de prevenção e nem de debater com os maridos sobre prevenção de doenças ou uso de preservativos, pois são da mesma religião e seguem os ensinamentos cristãos. Confiam que os maridos não têm relacionamentos extraconjugais.
Considerando importante orientar sobre a melhor forma de proteção de acordo com autoavaliação de riscos
A partir da interpretação das ações dos outros e de suas próprias ações, as mulheres reveem perspectivas acreditando que a temática deveria ser abordada em todos os lugares possíveis para quebra de tabus e diminuição da exposição. As pessoas deveriam ser sensibilizadas para autoavaliação dos riscos para escolha da melhor forma de prevenção contra o HIV. As participantes acreditam ser fundamental a orientação para o uso do preservativo em relacionamentos complicados, inseguros, não confiáveis e violentos, mesmo em um casamento. Para elas, trata-se de uma questão de saúde pública, independentemente da religião, manter exames diagnósticos em dia para cuidar de si e do outro.
CATEGORIA 5: Tentando viver o melhor de dois mundos sem perder a essência do cristão
Após reveem perspectivas, definem novamente a sua situação e a linha de ação. As participantes procuram viver o melhor dos dois mundos, o cristão e o não cristão, buscando conhecimentos para orientar os outros de forma adequada e livre de preconceitos, participando ou conduzindo ações de saúde na igreja, filtram as abordagens da igreja e do mundo para escolherem suas ações e preservam-se buscando uma vida em santidade, sem exclusão de pessoas com HIV/AIDS.
Em virtude do exposto, apresenta-se o diagrama representativo do modelo teórico explicativo, construído a partir da análise comparativa dos dados deste estudo, em que a categoria central se apresenta como “Recomendando cuidado do corpo, templo do Espírito Santo, com uso de preservativos em situações não condizentes com a vida cristã”.
Discussão
O modelo representativo apresentado evidencia postura de distanciamento das participantes em relação à exposição ao HIV/AIDS trazendo a ideia de “doença do outro”. Esta questão não é novidade, pois estudos concluem que mulheres reconhecem fatores de vulnerabilidade em outras mulheres, mas sem se considerarem com risco de exposição.5,18
Pode-se ilustrar esse distanciamento com significados atribuídos à exposição ao HIV/AIDS a partir dos conhecimentos teóricos básicos sobre a temática apreendidos na grade educacional e não pela vivência. Apesar do distanciamento, na luta contra a epidemia da aids, o conhecimento sobre HIV e suas formas de transmissão ainda é considerado um dos pilares para reduzir estigma e favorecer comportamentos positivos.19 Inclusive, pesquisa realizada com jovens brasileiros mostrou a associação da falta de conhecimento sobre a temática com aumento da exposição.20
Esse distanciamento também pode ser discutido a partir da forte influência dos ensinamentos religiosos na visão de mundo das participantes, pela atribuição de significados à exposição ao HIV de forma conservadora relacionando comportamentos não cristãos como exposição. Esses significados também foram atribuídos por mulheres que professam religiões afro-brasileiras5, que ligam essa exposição com atitudes vistas como imorais e/ou promíscuas, especialmente de mulheres que não vivenciam um relacionamento estável.
Destaca-se a pertinência dessa discussão no contexto cristão em função de construções simbólicas acerca do HIV/Aids como forma de justiça divina às sexualidades ditas como desviantes,21 o que consolida a síndrome como doença do outro, sendo este outro aquele que a sociedade rejeita e o desqualifica como indivíduo moral.22
O significado atribuído pelas participantes como condenação do outro perdura desde o início da epidemia, evidenciando a manutenção de estigmas que geram medo e preconceitos.23 Considerando que as pessoas agem de acordo com os significados atribuídos, pode-se pensar em fragilidades no tocante a ações de combate à epidemia em função dos estigmas envolvidos em suas construções simbólicas.
Ao entrarem na situação e definirem a situação para si, as participantes resgatam memórias do passado trazendo tabus familiares, poucas informações sobre a temática e reprodução das recomendações conservadoras de cuidado com o corpo. Estudo com jovens20 mostrou que a baixa escolaridade dos pais é um obstáculo para o alcance de dados atualizados e para discussão com os filhos sobre questões ligadas à sexualidade, além de mitos e a tabus. Apesar de tantos avanços, ainda é uma realidade essa falta de preparo para tratar desses assuntos.24,25 Pode-se acrescentar outra dificuldade que é a crença de que dialogar sobre sexualidade poderia incentivar os jovens a práticas sexuais precoces.
Simultaneamente, os familiares esperam ou delegam essa responsabilidade à educação formal, como ficou evidenciado, na presente pesquisa, que o acesso às informações ocorreu fora do seio familiar. Contudo, as instituições de ensino também não estão preparadas pedagogicamente para atuarem na construção coletiva do que seria a sexualidade saudável. No entanto, mesmo quando consta no planejamento pedagógico, as instituições de ensino sofrem com reações negativas das famílias, gerando lacunas no conhecimento e diminuição de ações preventivas.25
É no contexto de estigmas e estereótipos que as participantes resgatam casos conhecidos de pessoas que se infectaram e morreram com aids. Com isso, ratificam as ideias de transmissão por comportamentos ditos desviantes e de morte/sofrimento. Essa imagem negativa e ligada ao medo e à certeza de morte está presente desde o início da pandemia e persiste até hoje.26 Apesar disso, inclusive nas falas das participantes, essa imagem estereotipada da aids e de alguns comportamentos ou de grupos vulneráveis, existe uma preocupação de um discurso sem julgamentos ou exclusão.
O outro ponto a ser discutido é o avanço do combate à epidemia e a melhoria do acesso à Terapia Antirretroviral (TARV).27 Nesse sentido, as participantes deste estudo, falam sobre a facilidade de acesso a informações sobre HIV e formas de prevenção na contemporaneidade, quando comparado o início da epidemia, afirmando que a falta de informação não pode mais ser considerado um fator de vulnerabilidade.
É correto pensar que a interação dos indivíduos com as redes sociais se trata de uma mobilização política muito utilizada.28 Contudo, no que se refere ao nível de informação e práticas de proteção dos jovens sobre saúde sexual e reprodutiva, a disseminação da internet e redes sociais parece não ter tido o mesmo impacto.29 Destaca-se a existência do que se chama de silenciamento sobre a aids, ou seja, a síndrome e as formas de prevenção são temas que surgem na mídia apenas em ocasiões como carnaval e no dia mundial de Luta Contra a aids.29
Este silenciamento está inserido em um contexto político que provoca enfraquecimento de ações de combate à epidemia.30 Nesse sentido, uma onda de conservadorismo moral e religioso, bem como fortes movimentos políticos, passam a indagar temas como gênero, sexualidade e diversidade inseridas em políticas públicas que afetam diretamente a política de combate à aids31 e, também, o Programa Saúde na Escola, por exemplo.31
Numa perspectiva conservadora, as participantes trazem as normas religiosas como proteção quando definem a situação para si e para seu contexto de vida. Corrobora-se com outro estudo3, em que os sentidos atribuídos à relação sexual estão relacionadas ao casamento para procriação e ao casamento como forma de preservação do corpo. No âmbito de medidas protetivas da exposição ao HIV/AIDS, mulheres confiam em seus parceiros e esperam atitudes de preservação de suas vidas. Relatam também a importância de conhecer o parceiro e ter intimidade para “controle” da exposição.5
Além do casamento, relatam uma série de comportamentos esperados para a salvação individual, baseado na busca por uma vida considerada por elas como santa. Assim, viver em Deus implica em preservação do corpo e proteção contra a exposição ao HIV/AIDS.
Outra ideia trazida pelas entrevistadas foi o cuidado espiritual de Deus e o dom dado aos seres humanos para construção de saberes úteis para preservação do corpo. Para elas, o homem criou os exames diagnósticos para HIV e o preservativo para controle de natalidade. E, mesmos fora do contexto religioso, usam essas estratégias como proteção5,32. Acrescenta-se ainda, a preocupação que os filhos sigam esse caminho cristão de preservação do corpo.33
Estudo realizado com estudantes jovens que professam religiões protestantes34 mostram que quanto maior a regularidade nas atividades religiosas, menor a possibilidade de uso de preservativo. Mas, apresentaram maior probabilidade de permanecerem castos que jovens católicos e jovens sem religião. Ademais concordam significativamente do “sexo somente por amor” e discordam do “amor sem fidelidade”.
Diante do exposto, sugere-se que os planos de ação para prevenção demonstram lacunas na abordagem da população ou em como se pensa academicamente para combater a epidemia. Assim, o modelo representativo deste artigo remete a importância de incluir outros elementos nesta luta e de questionar os direcionamentos do governo brasileiro contemporâneo para o controle do HIV/AIDS.
Apesar dos avanços, concorda-se que o foco das intervenções atuais está respondendo aos interesses biomédicos e tecnocratas, esquecendo a perspectiva dos direitos humanos.35 É fundamental alertar os desafios que o novo cenário da epidemia apresenta com a reemergência do estigma da aids como instrumento necropolítico.36
Isto também faz parte do processo de medicalização que não é suficiente para suprir as lacunas apontadas. Um exemplo para ilustrar seria que, no presente estudo, não foram citadas pelas participantes, em nenhum momento, as novas estratégias medicamentosas como método de prevenção, corroborando com estudo29 que mostra grande desconhecimento de jovens acerca das novas tecnologias como a PreP e a PEP.
Isto posto, o avanço na discussão aqui presente está na ideia de que o cuidado em saúde não é concebido fora da sociedade, e, por isso, deve-se considerar que grande parte da população ocidental professa o cristianismo e que os significados atribuídos/processos de interação social devem ser incluídos nas ações clínicas e de combate à epidemia da aids.
Não basta a realização de campanhas pontuais direcionadas a populações-chave. É preciso articular ações de integração de diversos setores da sociedade, incluindo instituições religiosas. As participantes ratificam que as igrejas devem se posicionar e abordar este e outros temas como forma de cuidado à comunidade, quebra de tabus e diminuição da exposição.
Considera-se que as igrejas desempenham papéis importantes para as comunidades em todo o mundo, em especial em áreas com poucos recursos e acesso insuficiente a cuidados em saúde. Estudo37 mostra a importância de integrar ações promotoras de saúde de forma culturalmente apropriada.
Estudo realizado nos Estados Unidos da América, com líderes religiosos38, avaliou a aceitabilidade de parcerias visando ações de prevenção, triagem e tratamento do HIV em comunidades hispânicas/latinas devido à sua competência cultural e confiança dos fiéis. Os resultados mostram abertura para atividades em parcerias e identificam possíveis soluções baseadas na fé para quebrar barreiras.
Pesquisa realizada com mulheres que professam religiões afro-brasileiras5 também sugere a ideia de que a abordagem da temática sem tabus pela instituição religiosa pode contribuir para a diminuição da exposição ao HIV/AIDS e é um espaço integrador para práticas de saúde. Pensar na integração das crenças religiosas e dos conhecimentos/práticas de saúde pública vai ao encontro da linha de ação das participantes em que procuram viver o melhor dos dois mundos, o cristão e o não cristão, para preservação do corpo e para orientar o outro.
Assim, os dados mostram coerência entre a visão de mundo, ensinamentos cristãos e ações preventivas das participantes, em especial porque, atualmente, as ações preventivas governamentais de recomendação de uso de preservativos ocorrem apenas em determinadas ocasiões29 e sem acompanhar as modificações do fenômeno.39 Ademais, as participantes falam da importância da (auto)avaliação do risco, que também está presente nos roteiros de anamnese da clínica, inclusive no debate atual da profilaxia pós-exposição (PEP) a partir da avaliação do risco da situação de exposição.40 Por fim, validando a categoria central do presente estudo que é “Recomendando cuidado do corpo, templo do Espírito Santo, com uso de preservativos em situações não condizentes com a vida cristã”.
Considerações finais
A teoria substantiva do processo de interação social de mulheres protestantes com a exposição ao HIV/AIDS mostra que os significados atribuídos à exposição ao HIV/AIDS, por mulheres que professam a religião protestante, estão relacionados com conhecimentos do senso comum do início da pandemia, da educação escolar e fortemente influenciados pelas crenças religiosas. Além disso, de maneira comportamental conservadora, se distanciam e focam na exposição das outras pessoas. Por isso, recomendam que pessoas, em situações não condizentes com a vida cristã, devem usar preservativos para cuidado com o corpo em relação ao HIV/AIDS. Além disso, os dados sugerem forte potencial das instituições religiosas como promotoras de saúde, por pregarem cuidado ao corpo, em conjunto com as instituições de saúde.
Diante do exposto, compreender o modelo teórico do processo de interação de mulheres que professam a religião protestante com a exposição ao HIV/AIDS nos permite aceitar que a vivência da mulher a partir de suas crenças é capaz de mobilizar conhecimentos e modos de agir no contexto da aids, a partir dos significados atribuídos por ela à exposição ao HIV AIDS. O entendimento destes significados enfatiza que é um fenômeno muito mais amplo e complexo que os métodos formais de conscientização para prevenção de HIV/Aids. De fato, deve-se respeitar as individualidades, singularidades e complexidade da mulher que professa uma religião cristã.
A pesquisa sofreu com algumas limitações durante seu progresso. Como, por exemplo, a realização das entrevistas de forma remota, o vínculo com as participantes se tornou mais difícil pela dificuldade de captação da linguagem não verbal delas. Outro ponto limitante, foi que, apesar do esforço em captar mulheres de todas as regiões do Brasil, as participantes são predominantemente da região Sudeste. Em relação à temática, existe a possibilidade de viés de desejabilidade social por conta do estigma e preconceito que envolvem as questões da pesquisa, em que as participantes podem responder de forma socialmente aceitável.
Espera-se que possa contribuir para estratégias de promoção da saúde para este grupo populacional específico, estimulando o diálogo e a reflexão sobre a temática. Além disso, pretende contribuir para aprimoramento de práticas já existentes nos serviços de saúde e propor outras ações e práticas dirigidas à saúde da mulher no âmbito intersetorial, envolvendo inclusive instituições religiosas.
Financiamento
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPQ – edital universal - Chamada MCTIC/CNPq Nº 28/2018 - Universal/Faixa A - Até R$ 30.000,00
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