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Artigos

0135/2025 - Jovens migrantes no trabalho de cuidado: condições de trabalho, saúde e mobilidades na América Latina
Young migrants in care work: working conditions, health and mobility in Latin America

Autor:

• Cristiane Batista Andrade - Andrade, CB - <cristiane.andrade@fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1441-9171

Coautor(es):

• Edith França de Carvalho. - Carvalho, EF - <edith.fcarvalho@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/ 0000-0001-7029-8840.

• Thuane Rosa do Carmo - do Carmo, TR - <psithuanerosa@gmail.com.>
ORCID: https://orcid.org/ 0009-0005-2680-7640

• Júlia de Almeida Roffé Borges - Borges, JAR - <julia.roffe@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0006-3630-4382

• Emília Miranda Senapeschi - Senapeschi, EM - <senapeschiemilia@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2343-0647



Resumo:

O trabalho de cuidado é desempenhado, especialmente, pelas mulheres pobres, negras, indígenas e migrantes jovens que se deslocam internamente, para outros países da América Latina ou para o Norte Global. O objetivo do artigo é analisar e discutir o trabalho de cuidado de jovens migrantes do e no contexto latino-americano, indagando se e como as produções científicas dialogam com a interseccionalidade, as condições de trabalho e a saúde, e os desafios diante das mobilidades e das interações sociais, afetivas e sexuais. Foi realizada uma revisão de literatura narrativa com descritores nas bases: Scielo, Web of Science, Biblioteca Virtual em Saúde, Scopus e Scilit, totalizando 19 artigos. Os resultados desta revisão apontam o escasso aprofundamento teórico da interseccionalidade; baixa remuneração, jornada de trabalho prolongada, ausência de direitos trabalhistas que afetam a saúde destas jovens; situações de migração indocumentada; dificuldades de conciliação do cuidado familiar e a maternidade, e interrupções nos estudos. É essencial a discussão do tema sob a perspectiva interseccional para complexificar, entender as particularidades e diversidades do trabalho de cuidado de jovens migrantes com vistas à produção de políticas públicas de cuidado a elas.

Palavras-chave:

Migração interna, Enquadramento interseccional; Mulheres Trabalhadoras; Condições de trabalho; Saúde de migrantes.

Abstract:

Care work is performed, especially, by poor, black, indigenous women and young migrants who move internally to other countries in Latin America, or to the Global North. The objective of the article is to analyze and discuss the care work of young migrantsand in the Latin American context, asking whether and how scientific productions dialogue with intersectionality, working conditions and health, and the challenges facing mobilities, social, emotional and sexual interactions. A narrative literature review was carried out with descriptors in the following databases: Scielo, Web of Science, Virtual Health Library, Scopus and Scilit, totaling 19 articles. The results of this review point to the scarce theoretical depth of intersectionality; low pay, long working hours, lack of labor rights that affect the health of these young women; situations of undocumented migration; difficulties in reconciling family care and motherhood, and interruptions in studies. It is essential to discuss the topican intersectional perspective to complexify and understand the particularities and diversities of care work for young migrants with a view to producing public care policies for them.

Keywords:

Internal migration; Intersectional Framework; Women Working; Working Conditions; Migrant Health.

Conteúdo:

INTRODUÇÃO
É consenso na literatura que o trabalho de cuidado é realizado predominantemente por mulheres 1–3. Entretanto, quem são as mulheres que cuidam de pessoas, das casas e dos animais? Quem são as mulheres que cozinham, dão banho, limpam e cuidam de pessoas dependentes, doentes ou não? Quais as relações entre os deslocamentos e a migração de mulheres jovens e adolescentes e o trabalho de cuidado no contexto latino-americano?
É a partir da construção de uma produção científica que esmiúça as singularidades e as pluralidades das trabalhadoras do cuidado que este artigo se propõe a dialogar sob a perspectiva interseccional, que, para além de interconectar as categorias analíticas de gênero, raça/etnia, classe social, nacionalidade e outras, possibilita a complexificação das relações sociais4 e das condições de trabalho. Assim, entendemos que são também as mulheres jovens e as adolescentes migrantes que cuidam de seus familiares, ou de outras famílias sob a forma de cuidado remunerado ou não, expondo a necessidade de se pensar neste tipo de trabalho, incluindo a perspectiva geracional 5–7.
A dimensão geracional é fundamental para compreendermos este cenário do cuidado realizado por mulheres jovens migrantes, assim como as categorias de raça, classe e gênero. No Brasil, os dados de 2023 sobre o trabalho doméstico apontam que ele é predominantemente feminino e negro, pois, das 5,8 milhões de pessoas nesta ocupação, 91,4% são mulheres e, destas, 67,3% são negras (pretas e pardas), com baixa escolaridade (apenas 2% têm o ensino superior completo) e são de famílias de classes populares. Com relação à faixa etária, 14,3% são jovens: 1,3% tem entre 14 a 17 anos; 6,9%, entre 18 a 24 anos, e 6,7%, 25 a 29 anos8. O perfil brasileiro mostra que as mais jovens têm se afastado do trabalho doméstico remunerado devido ao aumento da escolaridade e à ocupação em outros postos de trabalho, ao passo que as mais velhas permanecem nessa função, frequentemente com problemas de saúde, já que é um trabalho com alta demanda de esforços físicos e muitas iniciam precocemente o trabalho doméstico 9.
Se são as mulheres negras que predominam neste cenário do cuidado, é relevante destacar a historicidade deste processo em que, por meio de seus afazeres, cuidam de outras pessoas, sobretudo das pessoas brancas, reiterando a “herança escravocrata”, nas palavras de Beatriz Nascimento. Nesse sentido, a hierarquização sociorracial no Brasil, construída ao longo do processo de colonização, se constituiu de mecanismos que colocaram as pessoas negras em trabalhos precarizados e informais. Logo, o privilégio branco e a manutenção das mulheres negras nos trabalhos domésticos são realidades persistentes na sociedade latino-americana 10.
O trabalho de cuidado envolve atividades para arrumar casa, alimentar, limpar e higienizar pessoas ou ambientes, e está estreitamente relacionado a relações afetivas permeadas por emoções (positivas ou não) e estabelecimento de confiança entre quem cuida e quem é cuidado, exigindo demandas físicas (dar banho, varrer, carregar pessoas etc.)11. As qualificações para o cuidar fazem parte do processo de socialização de meninas e mulheres construídas ao longo da vida, sendo naturalizadas e tidas como “femininas”3,12.
O trabalho de cuidado é extenuante e atinge diferentemente as mulheres, pois, quando pensamos nos deslocamentos humanos para a busca de melhores condições de vida, de trabalho e de rearranjos familiares, são as migrantes que enfrentam, além dos desafios mencionados, outros obstáculos ante os seus deslocamentos. Nos processos migratórios em que estão indocumentadas, as condições de trabalho tendem a ser ainda mais precarizadas, pois sendo a atividade desempenhada na esfera privada, dificulta os enfrentamentos das violências que sofrem, como a xenofobia, o racismo, os abusos e os assédios moral e sexual. Outra questão é sobre o cuidado de seus familiares, como filhos, pais, avós, irmãos(ãs), que, ao saírem do país de origem, tendem a agenciar estratégias de cuidado, quer seja enviando-lhes recursos financeiros, quer seja contratando e/ou buscando ajuda de outras mulheres para cuidá-los1.
Portanto, o trabalho de cuidado entre migrantes no cenário mundial expõe realidades que fazem parte das discussões da Organização Mundial de Saúde (OMS), para que políticas de cuidado à saúde sejam desenvolvidas e garantidas. O crescente desemprego e subemprego nos países do Sul Global entre jovens, o envelhecimento populacional e a inserção de mulheres migrantes no trabalho de cuidado alertam para as suas condições laborais e de saúde. Assim como os enredos que utilizam diante da informalidade em uma atividade marcada pela precariedade, baixa valoração social, pouco ou nenhum direito trabalhista e com riscos à saúde13.
Sendo assim, este artigo tem como objetivo analisar e discutir, a partir de uma revisão de literatura, o trabalho de cuidado, especialmente o doméstico, desempenhado por jovens migrantes do e no contexto latino-americano, indagando se e como as produções científicas dialogam com a interseccionalidade, as condições de trabalho e a saúde, os desafios que elas enfrentam diante das mobilidades e as interações sociais, afetivas e sexuais.


A REVISÃO NARRATIVA COMO CAMINHO METODOLÓGICO

A escolha pela revisão narrativa se deu em decorrência da experiência anterior de duas das autoras do manuscrito, que, em junho de 2023, realizaram uma busca bibliográfica nas bases de dados do Scielo e da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), e não encontraram produções satisfatórias específicas sobre o trabalho de cuidado realizado por jovens migrantes, sobretudo referente ao contexto da América Latina.
Para a realização desta pesquisa, uma nova busca nas mesmas bases foi realizada em maio de 2024. Novamente, os achados se assemelharam ao do ano anterior, fazendo-nos declinar de uma revisão integrativa ou de escopo, pois apenas três artigos5,14,15 mencionam juventude, jovens, adolescentes ou geração nos títulos, o que fez com que lêssemos os resumos e, em alguns casos, os artigos completos para a inclusão ou não na amostra.
Dessa forma, demos preferência por uma revisão de literatura que pudéssemos, a partir da produção do trabalho de cuidado entre migrantes, encontrar discussões sobre jovens, juventude e/ou gerações. Portanto, a escolha pela revisão narrativa se deu pelo fato de possuir uma abordagem mais flexível, porém, com a possibilidade de produzir resultados relevantes16 ao mesmo tempo em que revela o “estado da arte” sobre um determinado tema17.
A revisão narrativa, de acordo com Sukhera16, possui cinco etapas que são:
a) Justificativa e questões de pesquisa. A escolha pela revisão narrativa de literatura se deu em decorrência de poucas produções sobre o tema de pesquisa, especialmente sobre jovens migrantes no trabalho de cuidado. As questões de pesquisa são: o que a literatura revela sobre o trabalho de cuidado desempenhado por jovens migrantes no e do contexto latino-americano? Estas produções dialogam com a interseccionalidade, as condições de trabalho, saúde, sociabilidades e os desafios diante das mobilidades e as interações afetivas e sexuais entre jovens migrantes trabalhadoras do cuidado?
b) Base de dados e descritores: Foram utilizados os seguintes descritores e as suas respectivas bases de dados expressos no quadro 1.

Quadro 1

É importante ressaltar que, ao utilizarmos os descritores referentes à juventude e jovens, como: “Jovem OR jovens OR juventude OR adolescencia OR "jovens adultos" OR "jovem adulto" OR Young OR Youth OR adolescence OR "young adults" OR "young adult" OR teenagerns”, nas bases do Scielo e BVS, associados com os outros descritores do quadro 1, pouquíssimos documentos apareceram. Portanto, não foram usados nestas bases.
Toda a amostra foi inserida no gerenciador de referência Zotero® para facilitar o manuseio e a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão.
c) Seleção dos materiais e os critérios de inclusão e exclusão. Neste processo, foram lidos os títulos, os resumos e, em alguns casos, o artigo completo de todo o banco de documentos. Contemplam a amostra os que: i) versam sobre jovens migrantes e trabalho de cuidado doméstico (babás, cuidadoras de idosos(as)/ crianças, diaristas ou empregadas mensalistas) no contexto latino-americano, ou aqueles referentes às pessoas migrantes que são latino-americanas e que se deslocam para outro continente; ii) estão disponíveis na íntegra, e iii) escritos nas línguas portuguesa, inglesa ou espanhola. Os critérios de exclusão foram: i) livros, capítulos de livros e anais de congresso; e ii) indisponíveis na íntegra.
d) Reflexões sobre o material e a sua suficiência para as análises. Após a leitura dos títulos, resumos e do artigo completo, foram elencados os artigos para a análise. Ressaltamos que, da amostra advinda com o uso dos descritores do quadro 1, foram selecionados 16 artigos. Associado a isso, foram incluídos três artigos15,18,19, advindos de uma seleção manual no gerenciador Zotero® de uma das autoras, que é estudiosa do tema do trabalho de cuidado e migração.
e) Análise e interpretação dos artigos. Depois de analisados os critérios de inclusão e exclusão, as autoras realizaram um quadro (Quadro 2) com as principais informações dos artigos selecionados (objetivo, metodologia, aspectos sobre o trabalho de cuidado e a saúde das jovens cuidadoras, e as mobilidades, sociabilidades, interações afetivas e sexuais). Para a análise e discussão, elencamos categorias temáticas: a) juventude, migração para o cuidado e interseccionalidade; b) o trabalho de cuidado e a saúde das jovens migrantes, e c) mobilidades, sociabilidades e interações afetivas e sexuais.


RESULTADOS
A amostra final conta com 19 artigos, sendo majoritariamente de abordagem qualitativa, apontando uma variedade de produções que focam nas migrantes jovens e trabalhadoras do cuidado e o contexto latino-americano, embora o número de evidências científicas sobre juventude, migração e o trabalho de cuidado ainda seja escasso, com apenas três artigos que abordam o tema no título5,14,15, como dito anteriormente.

Quadro 2

Do conjunto selecionado, cinco artigos discutem a situação de migrantes peruanas5,6,21,28,29; dois, as migrantes latinas na Europa18,20; três, as migrantes latinas nos EUA22,26,27; uma a respeito das migrantes da Guatemala que se deslocam para o México7; um com migrantes bolivianas, paraguaias e peruanas na Argentina15; um com migrantes transnacionais no Brasil19, e um sobre venezuelanas no Brasil 30.
Um número relativo de artigos sobre migração interna foi contemplado na amostra (n=6), um sobre migrantes internas brasileiras na cidade de Goiânia/Brasil 23; um do Maranhão/Brasil 24; dois sobre o norte de Minas Gerais/Brasil 14,31; um sobre trabalhadoras indígenas no México 25, e um sobre migração interna de peruanas 29, confirmando a necessidade de estudos sobre mobilidades e deslocamentos internos de meninas, jovens e mulheres para o cuidado.
Nenhum artigo focou o trabalho de jovens rapazes, corroborando que o trabalho de cuidado é desempenhado, especialmente, por mulheres e meninas, assim como retrata a literatura1–3.
Juventude, migração para o cuidado e a interseccionalidade
Os artigos, de modo geral, pouco avançam na perspectiva conceitual e/ou metodológica da interseccionalidade. Dos 19 artigos analisados, foi possível identificar algum tipo de discussão que incluísse as relações entre o gênero, raça/cor, idade, etnia, ou status migratório ao versar sobre a experiência da migração.
No conjunto, é possível dizer que, embora não conceituem ou mencionem a interseccionalidade, os artigos abordam especialmente os aspectos: a) geracionais20; b) de gênero, geração, nacionalidade6,18,21,25 e etnia25; c) da classe social e o gênero5; d) dos contextos históricos e sociais das migrantes indígenas, discutindo gênero, raça/etnia, território e as violências coloniais7; d) do status migratório22,26; e) da geração, gênero, raça, classe social23,27 e status migratório27; f) do gênero e geração14,15; g) do gênero, raça/etnia e nacionalidade 19, e h) do gênero, raça, faixa etária, classe social e território31.
Quatro estudos citam e conceituam a interseccionalidade24,28–30. A pesquisa de Menuci et al.30 compreende as opressões de raça, classe, gênero e nacionalidade de mulheres migrantes, tendo como justificativa: “Uma vez que as diversas relações de poder, exploração e dominação feminina encontram-se em diversos corpos seguindo os mesmos caminhos, devem, então, ser avistadas em conjunto como elementos estruturantes e convergentes entre si”30 (p. 16). Este artigo traz as contribuições de autoras como Kimberlé Crenshaw, Carla Akotirene, Patricia Collins e Sirma Bilge.
A interseccionalidade é trazida para o debate na pesquisa de Rodrigues e Bezerra24, que trata das categorias raça e gênero para compreender o trabalho escravizado na atualidade, ressaltando o trabalho da mulher negra como o mais precarizado. Para tal, utilizam a autora Crenshaw, enfatizando a exploração de mulheres: “(...) cuja violência estrutural ainda se assenta nas múltiplas dimensões identitárias que se interseccionam, como a opressão por classe social, cor da pele, geração/idade, localização geográfica, religiosidade e entre outros”24 (p. 19).
A pesquisa de Magliano e Zenklusen28 foca nas longas trajetórias de cuidado de mulheres peruanas, mostrando que a organização da reprodução social se baseia no gênero, mas, ao mesmo tempo, é fortemente influenciada pela geração, raça/etnia, classe social, nacionalidade e sexualidade, sendo o trabalho de cuidado um dos caminhos possíveis para as jovens migrantes na Argentina.
Por fim, a pesquisa de Pérez e Llanos29 especifica o quanto os atravessamentos de classe, etnia e/ou status migratório das trabalhadoras domésticas no Peru (indígenas e da zona rural), tornam-nas vulneráveis com a inserção em situações de exploração e de opressão no contexto do trabalho doméstico mal remunerado, subvalorizado, discriminado, com pouco ou nenhum direito trabalhista.

O trabalho de cuidado e a saúde das jovens migrantes
Sobre o trabalho de cuidado, os artigos destacam a precariedade do serviço doméstico, a inexistência de remuneração, carga horária intensa com jornadas que chegam a 12 horas diárias de trabalho7 e que se intensifica quando há a necessidade de residir em seus locais de trabalho23, além da ausência de direitos trabalhistas vinculadas ao emprego doméstico.
O trabalho de cuidado se inicia na vida das jovens de maneira muito precoce, entre 12 e 17 anos7,21,23, tendo que executar tarefas não remuneradas relacionadas às manutenções da casa onde residem, incluindo o cuidado de outras pessoas, para que seja possível, inclusive, que mulheres da mesma família realizem o trabalho doméstico em outras residências22,28. Estas jovens realizam migrações sazonais nos períodos de férias escolares, buscando por trabalhos domésticos remunerados, visando à independência financeira para subsidiar os próprios estudos7.
Com relação à inserção das jovens migrantes nos serviços de cuidado, os artigos trazem destaques importantes como: a) fator geracional, em que mulheres de uma mesma família executam atividades de cuidado (remuneradas ou não), especialmente as mais jovens, impossibilitando, muitas vezes, que elas possam escolher áreas não vinculadas ao cuidar15,18,28; b) A divisão sexual do trabalho que destina às mulheres as atuações vinculadas ao cuidado, como algo natural do gênero14,15,24,25,27,31, e c) dificuldades das jovens migrantes em iniciar ou manter os estudos devido às condições sociais e econômicas que estão inseridas26,29, em que há a necessidade de conciliar seus estudos com os trabalhos domésticos21, resultando em abandono escolar devido à atividade ser intensa e extenuante5,23.
Estes fatores colaboram para que as jovens estejam vulneráveis a fim de ocupar áreas de trabalhos informais e com menos direitos sociais19,26. Isso faz com que o processo migratório e a atuação no cuidado sejam uma possibilidade para buscar melhores condições econômicas e colaborar com o financiamento dos estudos de pessoas da própria família7,29.
Também é possível identificar a sobrecarga existente com as múltiplas funções exercidas por estas jovens migrantes, seja com as funções das atividades domésticas, seja com o cuidado de outras pessoas, principalmente as dependentes, como crianças e idosos5,7,19–21,24,27,29,30, responsabilizando-as não somente pelo serviço doméstico, mas também pelos cuidados de suas próprias famílias e lares27,29. Além disso, ajudam financeiramente seus familiares que permaneceram na terra natal6,7,21,22.
A sobrecarga das múltiplas funções, somada à precariedade do vínculo empregatício e ao não reconhecimento de seu trabalho, gera impactos significativos na saúde física5,6 e mental das jovens migrantes, como sintomas depressivos, de angústia e altos níveis de estresse5,7,20,23,25,27.
Em um dos estudos, as jovens migrantes trabalhadoras domésticas relatam as experiências de desprezo, isolamento, desconfiança e até infantilização no seu ambiente de trabalho, onde são colocadas pelos seus empregadores como inferiores, trazendo também o não reconhecimento do seu trabalho como uma atividade legítima. As entrevistadas relatam sentimentos de solidão, tristeza e baixa autoestima, resultando em implicações diretas na saúde mental27.
Importante ressaltar que, nos artigos analisados, há também a menção da dificuldade das jovens se inserirem nos sistemas de saúde nos locais para onde migram, impossibilitando, assim, lançarem cuidados aos adoecimentos físicos e emocionais causados pelo trabalho de cuidado20,30.
Destacamos a pesquisa de Valeriano23 que indica que o fato dessas jovens serem consideradas “como se fossem da família”, mascara as desigualdades e as violências no cotidiano de trabalho, pois, na verdade, são impedidas de se alimentarem no mesmo espaço que as patroas/patrões, recebem baixos salários, realizam longa jornada, sobretudo aquelas que moram no trabalho, além de não conseguirem avançar nos estudos. O não reconhecimento no trabalho traz implicações na vida e na subjetividade dessas migrantes, sentindo a pouca valorização social.

Mobilidades, sociabilidades, interações afetivas e sexuais

As motivações para os deslocamentos, seja para outros países, seja para regiões da terra natal das jovens migrantes, estão relacionadas à busca pela sobrevivência de si e familiares, com o desejo de obter a “independência financeira”5,6,14,19,24,25,27,28,30, inclusive para aquelas que são mães solo e precisam sustentar seus filhos23,25, deslocando-se com amigas ou familiares21.
As relações sociais dessas jovens parecem ser influenciadas pela questão migratória, sobretudo pelo fato de estarem ou não regulamentadas no país de destino. Por exemplo, em uma pesquisa, foi verificada a impossibilidade de mulheres jovens se deslocarem para a prestação do cuidado e atenção a seus familiares na terra natal, pois estavam indocumentadas, com o risco de não conseguirem adentrar novamente nos EUA, após a visita da família. Sendo assim, o cuidado foi mantido “à distância”, por meio de contato telefônico22. O que se verificou, em outra pesquisa, é que a irregularidade da documentação também acentua as vulnerabilizações das migrantes, prevalecendo a precarização do trabalho e a ausência de direitos trabalhistas26.
Entendendo o espaço escolar como privilegiado à socialização, por vezes, as jovens têm que lidar com as falsas promessas de seus empregadores de que continuarão estudando, especialmente nos casos de extrema violência, como no trabalho escravizado contemporâneo em que há o cerceamento da liberdade24. Ainda a respeito das sociabilidades e aprendizagens ao longo da vida, quatro pesquisas mostram a socialização de meninas e mulheres para o cuidado, pois aprendem desde cedo a cuidar de si e de outras pessoas da família7,18,24,25.
Sobre as interações afetivas e as sociabilidades, esta revisão mostra que as jovens migrantes se sentem isoladas do convívio e das ligações afetivas com familiares, filhos, amigos e escola5, o que pode estar associado ao fato do cuidado ser realizado na esfera privada, ou por serem migrantes e não terem amizades no país onde trabalham. O medo de realizar denúncias das condições precárias de trabalho e a solidão também foram apontados em duas pesquisas5,6.
Ao mesmo tempo em que o trabalho de cuidado envolve a solidão, ele pode estar permeado pelas ligações afetivas entre quem cuida e quem é cuidado, mostrando as contradições das emoções neste tipo de atividade6. Uma das estratégias para a manutenção dos vínculos familiares é o uso de redes sociais, já que acionam os laços de família, pertencimento, confiança, cooperação e identidade14.
Interessante observar que, em um estudo, duas migrantes jovens relatam que, ao deixarem seus filhos com as avós, suas patroas as impediram de manter relações familiares, especialmente com seus filhos, impactando no sofrimento psíquico delas. A mesma pesquisa enfatiza que, devido ao trabalho envolver as ligações afetivas com quem é cuidado (a família contratante), dificultando, por vezes, o entendimento das opressões e das explorações que sofrem23.
Outro aspecto que esta revisão de literatura aponta é sobre as violências sofridas pelas migrantes. Foram encontrados casos de assédio moral, abusos, maus-tratos e exploração laboral5, trabalho infantil e violência intrafamiliar perpetrada pelo padrasto e marido contra uma jovem migrante6, racismo e xenofobia contra venezuelanas30. Em outra pesquisa, são evidenciadas as violências coloniais e o racismo contra os corpos indígenas, pois, durante os deslocamentos, essas mulheres desenvolvem um “certo” cuidado para não serem violentadas sexualmente, evitando-as. Do mesmo modo, elas ainda enfrentam as violências coloniais, sendo reconhecidas pelos empregadores como pessoas que sabem cuidar, performando seus corpos ao mostrarem suas identidades étnicas e de cuidadoras7.
A discriminação étnica e o assédio sexual também foram encontrados em pesquisa com peruanas29, além do trabalho escravizado contemporâneo24. A violência doméstica levou as mulheres peruanas a buscar o trabalho doméstico remunerado como forma de obtenção de renda familiar, exigindo o seu deslocamento29.
Com relação à perspectiva de futuro, entre as jovens migrantes, há o desejo de cursar a carreira de Enfermagem e docência5, ou seja, mantendo-se nas profissões em que o cuidado é central. Além disso, apesar do não reconhecimento no trabalho trazer implicações na vida e na subjetividade de migrantes, há a percepção de que os direitos trabalhistas adquiridos pela legislação brasileira e as condições de trabalho tendem a melhorar ao longo do tempo, contribuindo para uma melhor percepção de si mesma e das atividades que realizam23.

DISCUSSÃO
O fardo pesado que levas
Deságua na força que tens
Teu lar é no reino divino
Limpinho, cheirando alecrim
(Maria Gadú)

“O fardo pesado que levas” é uma das centralidades na análise deste conjunto de artigos que versa sobre o trabalho de cuidado desempenhado pelas jovens migrantes. Desse modo, é preciso historicizar o trabalho de mulheres no contexto latino-americano, que rememora – para nunca mais esquecer – as violências coloniais que subjugaram as mulheres às perversidades da colonialidade do gênero.
A colonialidade do gênero, trazida por Maria Lugones32, aponta que, na sociedade capitalista, a exploração e as opressões de raça/etnia, gênero, geração, nacionalidade, sexualidade etc. são sofridas, em especial, pelas mulheres de cor, nas palavras da autora. Do ponto de vista histórico do colonialismo, as estruturas de poder foram estabelecidas nas quais as pessoas negras e indígenas, lamentavelmente, foram e ainda são tidas como não humanas, em um intenso e severo processo de exploração e de violação da vida, além do controle da reprodução e do trabalho32.
Se o sistema moderno colonial inferiorizou estas mulheres – não sem resistências –, é evidente que ainda hoje vivenciamos a divisão racial e sexual do trabalho do cuidado, como bem aponta Lélia Gonzalez33. Para a autora, a formação social e histórica do Brasil, sustentada pelo racismo, pelo mito da democracia racial e pela branquitude, opera realidades expressas pela divisão sociorracial e sexual do cuidado, em que as mulheres negras são a maioria no emprego doméstico, fato corroborado pelos dados oficiais brasileiros8.
Impressionam as precárias condições de trabalho encontradas nesta revisão, que desvelam que são as mulheres pobres, negras, indígenas e migrantes que compõem a força do trabalho de cuidado, em que as migrações internas ou transnacionais são fundamentais para que galguem postos de trabalho para a subsistência econômica e familiar. Vivenciam a baixa ou inexistente remuneração, inserção precoce nas atividades de cuidado, trabalho escravo contemporâneo e as jornadas laborais extenuantes, dimensões que impactam de forma significativa a saúde física e mental, com altos níveis de estresse, sintomas depressivos e angústia entre essas trabalhadoras. Estes elementos remetem à estrutura colonial, que caracteriza a sociedade moderna latino-americana com elementos arcaicos coloniais do processo de modernização capitalista, como afirma Beatriz Nascimento10.
Sendo assim, ao partimos da abordagem da interseccionalidade trazida por Patricia Collins e Sirma Bilge4, para além da intersecção de categorias analíticas de gênero, raça/etnia, classe etc., trazemos a perspectiva histórica para complexificar e esmiuçar a compreensão dessas opressões, entendendo os motivos pelos quais o trabalho de cuidado tem como nicho as mulheres negras, indígenas e pobres do Sul Global, que, desde muito cedo, realizam o cuidado de suas famílias ou de outras no espaço público como uma das estratégias de sobrevivência econômica33.
Portanto, este arcabouço teórico e metodológico permite não apenas entendê-las a partir do gênero como simplesmente “cuidadoras”, mas, ao racializá-las, compreendemos – ainda que parcialmente – as realidades das precárias condições de trabalho, do patriarcado, do racismo e da xenofobia, além de seus desafios diante do cuidado de si e familiar. Assim, cabe destacar o artigo de Menuci et al.30 que ao interseccionar essa discussão, complexifica as opressões sofridas pelas jovens migrantes, como o sexismo, o racismo, a xenofobia e o patriarcado em um trabalho marcado pela divisão sociorracial e sexual do cuidado, sobretudo no contexto migratório de latinas que sofrem com inseguranças, medo da morte, fome e precarização da vida.
Diante disso, a interseccionalidade34 apresenta-se como ferramenta analítica capaz de contribuir para solução de problemas muitas vezes invisibilizados, articulando os impactos sexista e racista na experiência das mulheres, levando em conta sua trajetória histórica marcada pelo processo colonial. Trata-se de uma abordagem potente para rechaçar o caráter universalizante de análises que não dão conta de problemáticas como a migração de mulheres jovens na América Latina. É importante reconhecer que raça, classe, gênero, status migratório, geração etc. condicionam vivências permeadas por opressões.
Sem dúvidas, o que a revisão elucida é a importância dos estudos interseccionais que, “[...] ao complexificar os enfrentamentos das trabalhadoras diante das violências antes, durante e depois do processo de migração, proporciona a elaboração de pautas para a construção de políticas públicas para a garantia de saúde, trabalho e prevenção das violências”35(p. 3284), tão fundamentais para a vida destas trabalhadoras jovens.
Entretanto, vale destacar que a dimensão geracional foi pouco debatida no conjunto da amostra, inclusive com pouco uso das palavras jovens, juventude, adolescentes ou geração nos títulos. Se as jovens migrantes começam a trabalhar desde muito cedo no cuidado, seja na própria família, seja nas casas de outras pessoas, o que é caracterizado como trabalho infantil36, este parece ser um ponto fundamental para que políticas públicas possam ser elaboradas para o enfrentamento deste problema de saúde pública.
Sobre as mobilidades das jovens migrantes, com as restrições migratórias cada vez mais acirradas dos países do Norte Global e a irregularidade da migração vivenciadas pelas mulheres latinas negras, indígenas e pobres, fica evidenciado que o status migratório é importante para que tenham melhores condições de vida, de trabalho e do exercício da maternidade, o que nem sempre ocorre36. Jovens migrantes, muitas vezes em situação de migração indocumentada, enfrentam barreiras adicionais ao acesso aos serviços de saúde no país de acolhida, exacerbando suas vulnerabilizações, realidades afirmadas na literatura1,36.
O status migratório é importante para as condições de vida, saúde e trabalho, pois a falta de acesso aos serviços de saúde, muitas vezes devido à condição de migração indocumentada, agrava ainda mais a situação. Como mencionado por Barbosa e Tapia36, as jovens migrantes tendem a lidar com os adoecimentos e o medo da deportação nos casos de estarem indocumentadas.
Entretanto, não são apenas nos espaços do trabalho de cuidado remunerado que as jovens migrantes enfrentam desafios. Elas também os encaram no cuidado familiar e na maternidade, pois significa ter que lidar com as separações e a impossibilidade de retornar ao país onde os filhos ficaram, com pouco ou nenhuma rede de apoio formal ou informal36.
A afirmativa acima é corroborada por esta revisão, pois as jovens, ao migrarem por necessidades financeiras e em busca de melhores condições de vida tendem a enfrentar as separações e/ou arranjos familiares, pois seus parentes permanecem no país ou município de origem; majoritariamente, são mães solo, solteiras ou divorciadas, uma vez que pouco se fala da existência de companheiros ou cônjuges. Os achados reforçam a lógica da feminização da migração, sobretudo no trabalho de cuidado doméstico, em que são sujeitas ativas no processo migratório, priorizando a autonomia e sustentabilidade financeira em detrimento da subjugação e dependência da figura masculina37.
Outro aspecto também importante é sobre as interrupções das trajetórias educativas dessas jovens devido à irregularidade da migração ou à necessidade de priorizar o trabalho para a subsistência econômica36. O desejo de permanecer no trabalho de cuidado em uma profissão com exigência de formação, como é o caso da docência e da Enfermagem5, reforça que seus percursos tendem a se manter no cuidado, pois, socialmente e culturalmente, são considerados espaços de trabalho de mulheres1–3.
Consideramos que a discussão sobre a saúde, mais especificamente a saúde sexual e reprodutiva, e os aspectos sobre a sexualidade destas jovens migrantes foi pouco abordada na literatura. À exceção de dois artigos que abordam a violência sexual7,29, esses temas não são visibilizados pelo conjunto de artigos selecionados. Portanto, é preocupante as poucas evidências científicas que relacionam o trabalho de cuidado e a saúde de cuidadoras1,11.
Deparar-se com estes resultados, é estar diante das reflexões de Silvia Federici12, que ao analisar as contradições do trabalho reprodutivo na sociedade capitalista, refuta a ideia de ser “um trabalho de amor” (p. 42), pois, através da exploração, impacta a vida de mulheres quer seja como trabalho remunerado ou não: “É precisamente essa combinação particular de serviços físicos, emocionais e sexuais que está envolvida no papel que as mulheres devem desempenhar para que o capital possa criar a personagem específica da criada que é a dona de casa, tornando seu trabalho tão pesado e, ao mesmo tempo, tão invisível”12 (p. 45).
Com relação às lacunas desta revisão, entendemos que o fato de não ter sido realizada uma revisão sistemática pode ter deixado de fora alguns estudos centrais, assim como o fato de não termos incluído livros e capítulos de livros. Entretanto, por meio desta pesquisa, sinalizamos a importância do tema da juventude e o seu aprofundamento nos estudos sobre migração e o trabalho de cuidado. É fundamental que futuros estudos explorem mais detalhadamente estas dimensões para promover políticas públicas eficazes que melhorem as condições de trabalho e saúde das jovens migrantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da revisão de literatura, foi possível analisar se e como a temática do trabalho de cuidado, especificamente desempenhado por jovens migrantes no contexto latino-americano, ou daquelas(es) que são latinas(os) que migram para outros continentes, tem sido abordado nas pesquisas científicas. A partir de uma análise interseccional, buscamos avaliar nas produções analisadas quais as possíveis relações entre o trabalho do cuidado, raça/cor/etnia, status migratório, gênero e geração.
Observamos que o tema em questão ainda é pouco discutido. Apesar de encontrarmos produções que falam sobre trabalho do cuidado, juventude e migração, os achados foram escassos, o que sugere a necessidade de mais pesquisas empíricas relacionadas a este tema. Os artigos analisados apresentam dados alarmantes acerca da precariedade do trabalho de cuidado executado pelas jovens migrantes, com baixa-remuneração, impactos na saúde física e mental, e até mesmo ausência de salário e cerceamento de liberdade, o que se nomeia como trabalho escravo contemporâneo.
Em poucos artigos, se fez presente uma análise interseccional do tema. Isso dificulta o debate sobre o assunto e a elaboração de propostas de políticas públicas que visem à proteção das migrantes, sobretudo às relativas ao trabalho, saúde, educação e maternidade. Categorias analíticas, como raça/cor/etnia, gênero, geração, status migratório, principalmente no caso de migrantes indocumentadas, são essenciais para um entendimento aprofundado dos dilemas do trabalho do cuidado no contexto de jovens que migram do Sul Global para o Norte Global.
Além disso, carecemos de uma perspectiva histórica do trabalho de cuidado a partir da interseccionalidade, para esmiuçar as pluralidades e as opressões que mulheres negras, indígenas, pobres e migrantes sofrem ao se deslocarem em busca de trabalho e melhores de condições de vida. Essa abordagem pode auxiliar a construção de políticas públicas rumo à justiça social4,35 para enfrentar: “O fardo pesado que levas”.




Financiamento: CNPq/Ministério da Saúde-DECIT
CBA e EFC participaram da concepção e metodologia, da coleta e análise de dados, escrita e aprovação da versão do artigo. TRC, JARB e EMS participaram da concepção, análise de dados, escrita e aprovação da versão do artigo.

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Andrade, CB, Carvalho, EF, do Carmo, TR, Borges, JAR, Senapeschi, EM. Jovens migrantes no trabalho de cuidado: condições de trabalho, saúde e mobilidades na América Latina. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/mai). [Citado em 21/05/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/jovens-migrantes-no-trabalho-de-cuidado-condicoes-de-trabalho-saude-e-mobilidades-na-america-latina/19611

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