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0319/2024 - Masculinidades indígenas e saúde: análise qualitativa do cuidado tradicional no contexto pandêmico e pós-pandêmico da COVID-19
Masculinidades indígenas e saúde: análise qualitativa do cuidado tradicional no contexto pandêmico e pós-pandêmico da COVID-19

Autor:

• Julio Cezar Truká Ramos dos Anjos Damasceno - Damasceno, J.C.T.R.A - <drjcenf@hotmail.com>
ORCID: Ramos dos Anjos Damasceno, Júlio Cézar Julio Cezar Truká

Coautor(es):

• Edinaldo dos Santos Rodrigues - Rodrigues, E.S - <esrodrigu@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0002-2624-724X

• William Dias Borges - Borges, W.D - <williamdborges@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7671-7855

• Climene Laura Camargo - Camargo, C.L - <climenecamargo@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4880-3916

• Anderson Reis de Sousa - Sousa, A.R - <areisconsultor@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8534-1960



Resumo:

Objetivo: analisar construção das masculinidades e o cuidado tradicional da saúde de homens indígenas brasileiros na pandemia e pós-pandemia da COVID-19. Métodos: estudo qualitativo, longitudinal, realizado na web, on-line. Aplicou-se um formulário estruturado em 2020 e 2023, nas cinco regiões do Brasil, com 89 homens indígenas. Empregou-se a Análise de Conteúdo Temática, o referencial da Teoria Transcultural e das epidemiologias indígenas. Resultados: cinco categorias analíticas foram geradas: 1. Percebendo-se enquanto homem – tensões do cotidiano pandêmico; expressando as construções de masculinidades – entre encontros e desencontros; 3. Vivenciando a pandemia – quando as masculinidades implicam o cuidado à saúde; construindo trânsitos e itinerários terapêuticos de cuidado saúde – entre aplicar e preservar saberes tradicionais e aderir o conhecimento científico na busca por integralidade e 5. Exercitando o cuidado em saúde – do enfrentamento das iniquidades à promoção do cuidado tradicional indígena. Conclusão: a construção das masculinidades na relação com o cuidado tradicional de saúde tem sido ressignificada pelos homens indígenas, revendo atributos, comportamentos e práticas do que se espera por ser homem.

Palavras-chave:

Masculinidade. Saúde do Homem. Saúde de Populações Indígenas. Integralidade em Saúde. Equidade.

Abstract:

Objective: To analyze the construction of masculinities and traditional health care for Brazilian indigenous men in the COVID-19 pandemic and post-pandemic. Methods: Qualitative, longitudinal study, carried out on the web, online. A structured form was applied in 2020 and 2023, in the five regions of Brazil, with 89 indigenous men. Thematic Content Analysis was used, the framework of Transcultural Theory and indigenous epidemologies. Results: Five analytical categories were generated: 1. Perceiving oneself as a man - daily pandemic tensions; Expressing the constructions of masculinities - between encounters and disagreements; 3. Experiencing the pandemic - when masculinities imply health care; Building transits and therapeutic itineraries of health care - between applying and preserving traditional knowledge and adhering to scientific knowledge in the search for comprehensiveness and 5. Exercising health care - from confronting inequities to promoting traditional indigenous care. Conclusion: The construction of masculinities in relation to traditional health care has been given new meaning by indigenous men, reviewing attributes, behaviors and practices of what is expected from being a man.

Keywords:

Masculinity. Men\'s Health. Health of Indigenous Populations. Comprehensiveness in Health. Equity.

Conteúdo:

Introdução
As investigações no campo das masculinidades têm ocupado uma posição de destaque em diversos campos do saber científico, carecendo de avanços no contexto do paradigma de construção social indígena. Ainda perpassam tabus, que ainda necessitam ser ressignificados, considerando que tal definição conceitual e prática advém de uma perspectiva colonial brancocêntrica1-3. Nesse sentido, este estudo buscará uma problematização em torno da ideia de masculinidade e da construção social de gênero em direção a um movimento de colonial e não etnocentrista, ainda que haja um enquadramento categórico em relação a concepção de “ser homem”4-6.
No contexto do movimento indígena brasileiro, em eventos marcados pela participação social indígena e indigenista, historicamente, foram preenchidos pela presença masculina heterossexual5, colocando em tensionamento as próprias construções indígenas em direção à construção de masculinidade vigente5-7, em razão das práticas de cuidado exigidas de serem adotadas após a chegada da COVID-19.
Diante de outros fenômenos sócio-históricos como o eurocentrismo, colonialismo, cristianismo, patriarcado, racismo, machismo, as memórias acerca das masculinidades indígenas foram camufladas e até mesmo, apagadas, principalmente, quando o debate envolve a dimensão psicoemocional6-10. Nessa direção, a construção de papéis de gênero no paradigma indígena, no Brasil, é configurada por especificidades e particularidades que podem variar conforme a etnia, comunidade, território e cultura. Dificuldades poderão surgir em aproximar do cotidiano não indígena, mas também à adoção de atributos (posições, prestígio, solteirice, adultez) e papéis sociais essenciais a serem desempenhados por “homens” e “mulheres” indígenas11-12.
A concepção de ser homem também pode remeter a ideia de ser humano, que passa a ser equivalente entre os gêneros e não faz diferenciação entre homem e mulher, uma vez que a noção está voltada para a humanidade13. Destarte, pode refletir a imposição e o autoritarismo do masculino ocidental, mediante a existência de uma matriz de impulsos sexuais e paternalismo da vontade masculina sobre as mulheres, inclusive, as mulheres indígenas14.
A presença de novos modelos de masculinidades, inclusive, entre os povos indígenas, tem provocado rupturas na hegemonia do modelo único de masculinidade. Portanto, é necessário um olhar atento para esse novo movimento, antecipando qualquer intervenção diante aos processos de saúde-doença e as formas/práticas de cuidados da saúde empregada pelos homens indígenas5,7-8,12-15. Nesse sentido, deve-se haver maior compreensão das diferenças culturais específicas dos homens indígenas no emprego de ações e assistência à saúde pelos profissionais16.
No âmbito da pandemia da COVID-19, desde o seu surgimento e acometimento da população brasileira até a divulgação do seu processo de finitude pela Organização Mundial da Saúde, observou-se um cenário trágico da sobrevida dos povos indígenas no Brasil17. O cenário social foi marcado por luto e luta da população indígena, que teve de enfrentar a pandemia com escassez de recursos básicos, tensões, descontrole epidêmico e de biossegurança, imposição de sepultamento, aumento dos perigos da proximidade com os brancos, abandono e negligência dos órgãos públicos18, o que representou um “fato social total”19, que tem atravessado um cenário perene de resistência, enfrentamento e confronto para a conquista de direitos sociais20.
Faz-se saber, que na semana epidemiológica de 23 a 26 de junho de 2023, foram registrados 541 casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave em indígenas21. No tocante ao cuidado tradicional da saúde empregado por homens indígenas no cotidiano pandêmico, os achados carecem de ampliação na literatura, o que justifica a realização deste estudo, o qual contribui com o preenchimento de lacunas no conhecimento científico sobre a problemática. Nesse sentido, é importante atuar para reverter construções de masculinidades equivocadas em relação aos cuidados em saúde, marcadas pelo viés machista e preconceituoso, ocultando demais expressividades masculinas: masculinidades indígenas22. Embora as mulheres sejam o principal alvo dos comportamentos machistas, os homens também são vítimas e, em alguma medida, também afetados23.
A internalização de modelos hegemônicos de masculinidade pode estar ligada tanto à produção de sofrimentos, como também há barreiras no reconhecimento de quando e como buscar por ajuda para lidar/cuidar da saúde16, inclusive na pandemia/pós-pandemia da COVID-1924. Diante disso, desfechos negativos, oriundos do comportamento machista, poderão implicar exposição a estilos de vida pouco saudáveis e/ou adoecedores e a mortalidade precoce. Sendo assim, o suicídio na população indígena tem alcançado índices mais elevados que a população geral brasileira. Entre os anos de 2019 e 2022, 535 indígenas cometeram suicídio, com maior risco para os homens jovens25.
É relevante que haja o reconhecimento da influência da masculinidade nos processos de saúde e doença e nos comportamentos masculinos22. Logo, tal reconhecimento deve ser incorporado às ações no Sistema Único de Saúde, em termos mais concretos, em interface com as tendências de saúde global, alinhados à promoção da atenção integral à saúde. Além disso, potencializar a pauta da saúde dos homens indígenas e suas masculinidades nas ações da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), criada no Brasil em 200826-27, bem como protagonizar tal problematiza junto à Política Integral de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas28, com vistas à promoção integral e inclusiva da saúde do homem indígena, face às diversidades, especificidades e necessidades, para além do câncer de próstata.
Por fim, ancorados nos argumentos explicitados, este estudo está focado na análise sobre integralidade em saúde na perspectiva dos itinerários terapêuticos e cuidados tradicionais indígenas, no âmbito da saúde dos povos indígenas, a partir da abordagem qualitativa. Desse modo, foi guiado pela questão de investigação: como o cuidado da saúde foi exercitado por homens indígenas adultos, durante e após a pandemia da COVID-19 no Brasil? Este estudo tem o objetivo de analisar construção das masculinidades e o cuidado tradicional da saúde de homens indígenas brasileiros na pandemia e pós-pandemia da COVID-19.
Métodos
Estudo qualitativo, de perspectiva temática – Análise Temática29, que buscou compreender, interpretar e dialetizar o fenômeno investigado30, face a narrativa e o vivido em dada cultura (indígena) no cenário brasileiro. Para tanto, a pesquisa foi realizada nas cinco regiões do Brasil, em dois períodos, sendo o primeiro ocorrido de agosto de 2020 a junho de 2022 e o segundo em julho a setembro de 2023.
Participaram 89 homens indígenas. Foram incluídos homens indígenas de etnia brasileira, com idade superior a 18 anos, em vivência da pandemia da COVID-19. Não foram utilizados critérios de exclusão. No primeiro grupo amostral, obteve-se a participação de 68 homens e 21 no segundo grupo. Uma recusa foi registrada. A seguir, a descrição da produção dos dados será apresentada no Quadro 1.
Quadro 1 – Procedimentos de produção dos dados qualitativos da pesquisa. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

Quadro 1
O procedimento analítico dos dados será apresentado no Quadro 2.O uso do software IRAMUTEC foi empregado para processar os dados e gerar a Análise de Similitude, a qual expressou a ligação das palavras em termos hierárquicos de sentido semântico.
Quadro 2 – Procedimentos de análise dos dados qualitativos da pesquisa. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

Quadro 2

Resultados
Os resultados do estudo estão apresentados a partir das variáveis que marcam as características pessoais, identitárias, sociodemográficas, laborais e de situação de saúde dos homens, assim como dos achados empíricos, estruturados a partir de cinco categorias temáticas de conteúdos expressos pelos participantes, de maneira longitudinal, a partir do acompanhamento entre os anos de início e finalização da pandemia, mediante a declaração das autoridades sanitárias globais e no território brasileiro, em que se realizou a investigação.
Homens indígenas que falam: caracterização dos participantes do estudo
Quadro 3 – Caracterização dos participantes do estudo. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

Quadro 3

Categoria Temática 1: Percebendo-se enquanto homem – tensões do cotidiano pandêmico
Quadro 4 – Tematização das percepções do que é ser homem no contexto pandêmico e pós-pandêmico da COVID-19. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

Quadro 4

Categoria Temática 2: Expressando as construções de masculinidades – entre encontros e desencontros

Quadro 5 – Tematização das expressões das construções das masculinidades no contexto pandêmico e pós-pandêmico da COVID-19. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

Quadro 5

Categoria Temática 3: Vivenciando a pandemia – quando as masculinidades implicam o cuidado à saúde

Quadro 6 – Tematização das vivências das implicações das masculinidades no cuidado à saúde no contexto pandêmico e pós-pandêmico da COVID-19. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

Quadro 6

Categoria Temática 4: Construindo itinerários terapêuticos de cuidado da saúde – entre aplicar e preservar saberes tradicionais e aderir o conhecimento científico na busca por integralidade
Quadro 7 – Tematização das construções de itinerários terapêuticos de cuidado da saúde por homens indígenas no contexto pandêmico e pós-pandêmico da COVID-19. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

Quadro 7

Categoria Temática 5: Exercitando o cuidado da saúde – do enfrentamento das iniquidades à promoção do cuidado tradicional indígena

Quadro 8 – Tematização do exercício do cuidado da saúde por homens indígenas no contexto pandêmico e pós-pandêmico da COVID-19. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

A seguir, a Figura 1 representa o fenômeno do cuidado tradicional em saúde empregado por homens indígenas no contexto pandêmico e pós-pandêmico da COVID-19 no Brasil, que indicou a palavra “como” e “meu” enquanto centrais, relacionadas a ideia de tentativa, aceitação, tal qual ao cuidar, manter, evitar, ligando-se de modo mais aproximado a palavra “não”, que recorre à compreensão constante e responsável de diferentes formas de envolvimento, e de maneira mais distante, a palavra “minha”, ligada a vivência, tratamento, enfrentamento, definições e respeito indígena.
Figura 1 – Análise de Similitude dos dados. Salvador, Bahia, Brasil, 2023.

Fig1

Discussão
Este estudo buscou analisar o cuidado tradicional da saúde exercido por homens indígenas adultos residentes no Brasil, no contexto pandêmico e pós-pandêmico da COVID-19 a partir da construção social das masculinidades. Evidenciou-se que o cuidado tradicional indígena perpassa pela construção do ser homem e das masculinidades, marcadas por encontros e desencontros individuais e socioafetivos. A pandemia constituiu-se um marco sócio-histórico significativo na percepção individual dos homens indígenas acerca das implicações prejudiciais do “masculino” no cuidado à saúde, diante do incentivo à adesão a atributos coloniais e hegemônicos que contrariam a construção social indígena.
Os achados revelaram que há construção de práticas de cuidado da saúde próprios dos homens indígenas, que se entrecruzaram como a produção do cuidado deliberadas pelos serviços de saúde para o controle da COVID-19. Permitiu apontar que o cuidado da saúde é exercitado pelos homens indígenas e voltou-se ao enfrentamento das iniquidades sociais em saúde, a fim de manter a vida, preservar a permanência do cuidado tradicional de saúde indígena.
Ao analisar o cuidado tradicional da saúde dos homens indígenas sobreviventes da pandemia, os achados deste estudo apontaram que os sentidos e significados ora se aproximaram com o modelo hegemônico de masculinidade (modelo de homem universal), dada a estreita relação com o sexo – preocupação com a saúde sexual, o cumprimento de papéis considerados masculinos (obrigações/responsabilidades), força física (invencibilidade, invulnerabilidade).
Em relação aos homens indígenas, tem sido observado a responsabilidade de provisão do lar, criação seus filhos, manutenção do território vivo e seguro, proteção dos segredos espirituais e perpetuar os costumes e tradições de suas respectivas etnias. Com isso, o cuidado com a saúde tem ocupado um lugar de segundo plano. Com a chegada da pandemia da COVID-19, fortemente marcada pelo uso excessivo da Internet e acesso à tecnologia, acredita-se que a construção de narrativas de incentivo ao cuidado da saúde possa ter mobilizado os homens indígenas a aderirem terapêuticas empregadas pelos profissionais de saúde, a exemplo da procura por um serviço de saúde35.
Em relação a masculinidade apreendida, neste estudo, pauta-se na relação comportamental, ética, na revisão de concepções consideradas como “errôneas” do que é ser homem, diante a compreensão de que os homens não devem se cuidar advém da lógica colonial. Envolveu a sensibilidade e subjetividade como sendo essenciais à vida e a construção da identidade do homem indígena. Observou-se a construção livre e contrárias aos atributos de masculinidade hegemônica (virilidade, chefia da família, força, honra, poder, subordinação, negação do feminino)36-37. Nesse sentido, emergiram a relação de afeto, carinho, cordialidade, atenção, cuidado consigo (autocuidado), cuidado coletivo (família), indicando a configuração de uma masculinidade comunitários e participativa na sociedade. Por outro lado, notou-se os resquícios do patriarcado, sendo visto como “características que a sociedade valoriza” em um homem: provisão familiar, personalidade forte e liderança social de um povo36-37.
Importa destacar que a própria ideia de homem, bem como a de masculinidade são constructos empregados pela branquitude, o que demanda a necessidade de um olhar ampliado para a perspectiva decolonial de compreensão das identidades indígenas, a partir da ancestralidade. Não obstante, também pode estar atravessado pelo racismo, mediante a invisibilidade dos povos indígenas, tal como da formulação de estereótipos criados em torno da existência indígena. Diante disso, reflete-se sobre as possibilidades reais de impactos negativos no cuidado em saúde, derivados da branquitude, principalmente, no que tange as ameaçadas a autopreservação, a noção de “normalidade”, “universalidade” e o preconceito38-39.
Embora os homens indígenas atribuem determinadas práticas como sendo específicas dos homens, ressaltaram o respeito às mulheres, a não violência, o reconhecimento das fraquezas e outras vulnerabilidades, proteção do seu povo, exercício da cidadania, questionamento do falocentrismo e da normatização de gênero vigente. Diante disso, faz-se mister a necessidade de ampliar as ações públicas em saúde dos homens a partir da compreensão das masculinidades plurais, multiétnicas, territoriais e culturais existentes (homens indígenas aldeados e não aldeados, homens indígenas cisgêneros e/ou transgêneros, homens indígenas com orientação sexual dissidente), revisitando normatizações baseadas na branquitude e cisheteronormatividade40-43.
Em termos de revisão do patriarcado e das influências prejudiciais do machismo na percepção, no sentido e significado do que é ser homem indígena, serão necessários investir esforços para (re)pensar várias dinâmicas da vida e do exercício das masculinidades, a exemplo da expressão da sexualidade, a reprodução, o exercício da paternidade (cuidados paternos na primeira infância). Mas também, expandir para além dessa dimensão, como a saúde mental, espiritual, social, ambiental, ético racial, entre outras, reconhecendo os movimentos interseccionais, intergeracionais existentes.
Nessa direção, será necessário dedicar atenção ao enfrentamento dos impactos provocados pelo machismo na construção das masculinidades dos povos originários/tradicionais, como a população indígena, e quilombola e buscando desenvolver estratégias programáticas em saúde, que visem garantir a preservação das especificidades/singularidades étnico raciais ancestrais dos meninos e homens indígenas (respeito aos ensinamentos, tradições, contato e preservação da natureza), que implique o estabelecimento de relações saudáveis e cuidadoras consigo mesmo e com a comunidade41-45.
Sob esse aspecto é relevante compreender que o machismo e a heterossexualidades estão calcados no colonialismo, uma vez que dita modelos e padrões a serem seguidos de maneira impositiva, inclusive, entre os povos indígenas, a exemplo da concepção de monogamia, que pode ser melhor compreendida a partir do conceito de “artesania narrativa guarani, como propõe refletir Núñez (2021) em estudos realizados sob essa lente teórico-analítica, ao apresentar que tal artesania convoca para uma construção singular do indivíduo com o mundo, que converge com a ideia de cosmogania e não monogamia e de não perpetuidade do matrimônio42-43.
Ao observar as especificidades provocadas pela pandemia da COVID-19 na relação entre ser homem indígena e cuidar da saúde, os achados do presente estudo apoiam no avanço do conhecimento científico sobre a temática ao revelar a noção de não completude, marcada pelas influências ambientais, culturais, a concepção de estar vulnerável, que implicaram adoção de práticas de cuidados cotidianos voltados à prevenção (cumprimento do isolamento social, uso das máscaras, realização de consultas com profissionais de saúde)46. No entanto, é importante considerar que para muitas comunidades indígenas, a presença constante de pessoas não indígenas se mostrou impactante, o que pode explicar o deslocamento da população indígena para áreas de matas/florestas mais remotas, evitando o contato humano.
Tais práticas tradicionais de cura executadas pelos homens indígenas não se configuram em ações destinadas ao controle da doença tão somente, mas da íntima conexão com o eu, com o espírito, a natureza, a proteção de outros males, como os que desequilibram e desarmonizam o meio ambiente, mediante a estreita ligação com as plantas/matas, a terra, o ar, o fogo, a água, os alimentos e a alimentação e os rituais espiritualistas47. São compreendidas enquanto práticas populares genuínas de saberes empíricos ou como sendo expressões identitárias, culturais, de sabedoria e conhecimento sanitário que vem do povo e do seu grupo étnico48.
As práticas de cura indígena se apresentam como modos diversificados de organização promotora de saúde, as quais integram distintos elementos, os quais podem ser articulados ao modo de fazer saúde nos serviços, especialmente, no âmbito da Atenção Primária à Saúde, desde que sejam transculturalmente adaptados, respeitados e valorizados47-48. Logo, torna-se imprescindível assumir um cuidado decolonial em saúde, respeitando o território/ambiente, organização política, residência indígena, valorização dos saberes/práticas tradicionais e enfrentamento das iniquidades sociais8.
Além de evidenciar que os homens indígenas mantiveram as suas culturas de cuidado próprias e aderiram, em certa medida, as intervenções científicas em saúde, os achados deste estudo apontaram um exercício cuidativo em saúde centrado na sobrevivência e manutenção da tradição indígena. Se por um lado, as medidas de confinamento recomendadas para os centros urbanos denominadas de lockdown afetaram o cotidiano das pessoas nesse contexto, no cotidiano indígena, problemáticas como dificuldade no escoamento da produção agrícola, trouxe impactos na saúde mental. Diante o isolamento social, observou-se maior atenção ao cuidado da saúde pelos homens indígenas, inclusive, na ida aos serviços de saúde em seus territórios, a prática de cuidado espiritual, a exemplo do uso do quaquí (cachimbo), rapé para promover conexão com a “força encantada”46. O que pode ter contribuído para a manutenção saudável dessa população em tempos de crise sanitária global.
Tais práticas foram impactadas em algumas etnias, diante do risco da transmissão do novo coronavírus, em razão da prática do tabagismo compartilhado e do contato aproximado entre as pessoas, intrínseco a esses tipos de rituais, alguns deles, fechados e secretos, outros religiosos (tradição do Ouricuri - recolhimento na mata por cerca de 90 dias). Alguns homens indígenas que participaram do estudo cumprem hábitos tradicionais como o uso das ervas (liamba, fumo preto, alecrim de caboclo), os cantos (rodas de toré), e o consumo de bebidas sagradas (jurema), as quais proporcionam experiências sensitivas místicas, que se configuram como uma “ciência indígena” para os seus povos. No entanto, também foram impactadas pela pandemia, uma vez que foram interrompidas, em razão do compartilhamento de objetos pessoais, como a cuia (cumbuca feita em madeira, utilizada como recipiente para acomodar as bebidas sagradas)49-50.
Tais aspectos tornam o debate emergente, dado o surgimento de contextos sanitários de saúde complexo como o advento de doenças transmissíveis, o recrudescimento de doenças e agravos, os eventos climáticos que promovam o deslocamento humano forçado e a migração, inclusive, entre os povos indígenas, que poderão conviver em locais insalubres e contrários aos seus paradigmas e modos de viver/existir, a exemplo dos espaços urbanos e áreas hostis para com a população indígena no Brasil e em países vizinhos49.
Nesse contexto de práticas tradicionais de saúde pelos povos indígenas, faz-se necessário considerar que o uso dos medicamentos é racionalizado, e advém da natureza, na maior parte da sua utilização. O que pode explicar a maneira como os homens indígenas reagiram às orientações e condutas terapêuticas institucionais em saúde, buscando adotar estratégias que vão em direção à promoção da saúde, os quais são transmitidos de forma oral, embora venha se perdendo, diante do genocídio que sofrem os povos indígenas no Brasil, sendo esse um gravíssimo problema de saúde pública, como já denunciados no âmbito internacional49-50.
Esse é um movimento que representa um tensionamento à normatização vigente, que pouco considera como válida ou até despreza os saberes populares e ancestrais indígenas na relação com a saúde e a doença/enfermidade51-52. Tensionalmente, também implicam repercussões nas construções de masculinidades entre os diferentes povos indígenas no território brasileiro, uma vez que as vivências de práticas de cuidados tradicionais de saúde se entrecruzam e ao mesmo momento se conectam, o que pode indicar construções semelhantes entre as diferentes etnias/comunidades indígenas, diferentemente, das construções hegemônicas de masculinidades não indígenas.
Além disso, ressalta-se que para a grande maioria das aldeias e comunidades indígenas, as vacinas contra a COVID-19 demoraram para chegar, colocando em risco as populações indígenas brasileiras, bem como afetando os seus cotidianos interculturais, mas por outro lado, prevenindo a morbimortalidade em massa53-54.
Nesse sentido, o modo como os homens indígenas, muitos deles agricultores, demonstraram construir os seus referenciais de masculinidades na relação com o cuidado da saúde, encontrou sentido com a autoidentificação em relação ao gênero, permitindo-lhes autoafirmar e discernir posições56. Diante disso, é urgente a preservação das identidades indígenas no Brasil, que vem sendo impactadas, entre outros fatores, pelas campanhas missionárias (missões indígeno- jesuíticas coloniais) que estruturam projetos missionais de sociedade em contradição à construção de narrativas do cacique, a imposição de conhecimentos oriundos da medicina ocidental (concepções de saúde, doença e cura) e a formulação de mitos em termo da masculinidade indígena (constituição do homem a partir da junção do barro com a água)8,57-58.
Diante do exposto, partindo para uma provocação no âmbito da constituição e implementação de políticas públicas de saúde que considerem a masculinidade como sendo uma dimensão relevante na vida das pessoas, convocam-se gestores, ativistas e lideranças de movimentos sociais organizados, profissionais de saúde e a sociedade, especialmente, no Brasil, a apoiarem no fortalecimento da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem27,59, em interface com a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas28, no que concerne as necessidades e demandas de saúde dos homens indígenas, com garantia da equidade, diante da escassez de repertório acumulado em termos de ações concretas na rede de atenção à saúde no país60-62.
Face aos impactos da pandemia da COVID-19 na vida e saúde dos povos indígenas, os resultados deste estudo se mostram relevantes para o campo da Saúde Coletiva, cuja relações existentes entre a produção científica e a indução de políticas públicas ainda se mostram fragilizadas, carecendo de ampla atenção e debate nesse âmbito. Recomenda-se o investimento em referenciais teóricos na produção do cuidado da saúde dos homens indígenas, extrapolando o paradigma biomédico, valendo-se das contribuições dos estudos no campo das Ciências Humanas e Sociais, que dão amplitude à implementação da política pública, a reforma sanitária e a problemática indigenista brasileira63.
Destarte, denunciar o (des)compromisso histórico do Estado nas conquistas dos direitos humanos dos povos indígenas na saúde, com fortalecimento de dispositivos como as Secretarias de Saúde Indígena – SESAI64, a implementação de ações de preservação/promoção de masculinidades indígenas saudáveis. Outrossim, convoca-se para a (re)construção de um paradigma de reconhecimento do multiculturalismo contra-hegemônico, do direito garantido às formas interculturais de ser, viver e existir, e da interação/integração institucionais da interculturalidade e dos saberes ancestrais indígenas65.
Os achados do presente estudo permitem ainda refletir acerca da necessidade de expansão e da incorporação dos saberes tradicionais/ancestrais indígenas como a medicina tradicional, no cotidiano dos serviços institucionais de saúde, livre de discriminação e xenofobia. Importa ainda, ressaltar a importância da formação escolar e acadêmica que contemple conteúdos voltados à etnicidade e as particularidades dos homens indígenas, num movimento em torno das epistemologias indígenas37, reflexividades indígenas38 da ancestralidade66, e dos conhecimentos da antropologia, especialmente, aqueles produzidos por pesquisadoras(es) indígenas, em direção à descolonização dos saberes33.
Nessa direção, atenta-se para os posicionamentos pós-coloniais críticos e branco centrados, sobre o eurocentrismo organizador/regulador do modo de ver o mundo e de estruturar a história e a concepção de ser humano, que tem afetado população indígenas67. Tal problemática é expressa nas práticas genocidas institucionalizadas, declínio na educação intercultural, avanço do extrativismo e exploração, degradação e poluição ambiental, negação do direito à terra e apagamento da memória e existência dos povos indígenas no Brasil68, tal como ocorre com os homens quilombolas e os homens acometidos por sequelas pós-COVID-19 no Brasil69-70.
Nesse ínterim, é imprescindível que haja o fortalecimento do Subsistema de Saúde Indígena28, que a partir do ano de 2023, passou a contar com um ministério específico, o Ministério dos Povos Indígenas74 que tem à frente, uma ministra indígena (Sonia Guajajara)71. Por fim, recomenda-se empreender esforços na promoção do empoderamento dos povos indígenas, na permanência/continuidade das ações governamentais e o incremento de dispositivos de enfrentamento das vulnerabilidades e a ressignificação das práticas profissionais em saúde quanto ao reconhecimento das identidades e especificidades indígenas72. Destarte, ampliar o debate da promoção da saúde dos homens indígenas na agenda da saúde pública e no campo de conhecimento da Saúde Coletiva73-74.
Conclusão
O cuidado tradicional de saúde exercitado por homens indígenas no cotidiano pandêmico da COVID-19, perpassa pela construção do ser homem e da expressão social das masculinidades, a qual encontra-se em revisão e carece de valorização e visibilidade no cenário brasileiro, a fim de reduzir iniquidades, afirmar as identidades e ampliar a integralidade da atenção.
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Damasceno, J.C.T.R.A, Rodrigues, E.S, Borges, W.D, Camargo, C.L, Sousa, A.R. Masculinidades indígenas e saúde: análise qualitativa do cuidado tradicional no contexto pandêmico e pós-pandêmico da COVID-19. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/ago). [Citado em 22/12/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/masculinidades-indigenas-e-saude-analise-qualitativa-do-cuidado-tradicional-no-contexto-pandemico-e-pospandemico-da-covid19/19367?id=19367&id=19367

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