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Artigos

0016/2025 - Obesidade infantojuvenil e insegurança alimentar: revisão de escopo - 2020 a 2023
Childhood obesity and food insecurity: scoping review - 2020 to 2023

Autor:

• Ana Paula Ribeiro Ferreira - Ferreira, A.P.R - <anaprif26@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0007-3574-0630

Coautor(es):

• Evellyn Nascimento Xavier da Silva - Silva, E.N.X - <evellynnxs@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0003-4913-3162

• Maria Del Carmen Bisi Molina - Molina, M.D.C.B - <mdcarmen2007@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8614-988X

• Simone Gonçalves de Assis - Assis, S.G - <simone.assis60@gmail.com>
ORCID: http://orcid.org/0000-0001-5460-6153



Resumo:

A obesidade na infância e adolescência tornou-se uma preocupação global em saúde pública, com implicações significativas a curto e longo prazos. A insegurança alimentar, frequentemente associada a dietas de baixa qualidade e ingestão insuficiente de nutrientes, pode contribuir para o excesso de peso. Este estudo realizou uma revisão de escopo para examinar a relação entre esse problema e obesidade infantil, analisando 47 artigos com dados empíricos publicados entre 2020 e 2023. Os estudos foram categorizados por nível de renda dos países de origem e incluíram inquéritos transversais, coortes e abordagens ecológicas. A maior parte das pesquisas foca em países de renda média e baixa, onde a insegurança alimentar é mais prevalente, mas também são analisados artigos de países de alta renda. Entre os fatores avaliados, destacam-se a situação socioeconômica das famílias, a faixa etária e o sexo das crianças, além do impacto da pandemia de COVID-19. Os resultados apontam uma associação significativa entre insegurança alimentar e obesidade infantil, especialmente em famílias de baixa renda e em regiões com políticas insuficientes nas duas questões. A pandemia de COVID-19 contribuiu para agravar as desigualdades, reduzir o acesso a alimentos saudáveis e elevar as taxas de obesidade infantil. Assim, os dois problemas revelam-se interconectados e multifatoriais e exigem intervenções adequadas aos contextos locais. A abordagem integrada e contextualizada é essencial para promover a saúde infantil.

Palavras-chave:

Insegurança Alimentar; Obesidade Infantil; Políticas Públicas; Saúde Pública.

Abstract:

Childhood and adolescent obesity has become a global public health concern, with significant short- and long-term implications. Food insecurity, often associated with poor-quality diets and insufficient nutrient intake, can contribute to overweight. This study conducted a scoping review to examine the relationship between this problem and childhood obesity, analyzing 47 articles with empirical data published between 2020 and 2023. The studies were categorized by income level of the countries of origin and included cross-sectional surveys, cohorts, and ecological approaches. Most of the research focused on low- and middle-income countries, food insecurity is more prevalent, but articleshigh-income countries were also analyzed. Among the factors evaluated, the socioeconomic status of families, the age group and sex of children, and the impact of the COVID-19 pandemic stand out. The results indicate a significant association between food insecurity and childhood obesity, especially in low-income families and in regions with insufficient policies on both issues. The COVID-19 pandemic has contributed to worsening inequalities, reducing access to healthy foods and increasing childhood obesity rates. Thus, the two problems are interconnected and multifactorial, and require interventions tailored to local contexts. An integrated and contextualized approach is essential to promote child health.

Keywords:

Food Insecurity; Childhood Obesity; Public Policies; Public Health.

Conteúdo:

INTRODUÇÃO
A obesidade na infância e adolescência é uma questão de saúde pública global, com consequências significativas tanto no presente quanto ao longo da vida1. Esse fenômeno tem sido intensificado por fatores socioeconômicos, culturais e ambientais que impactam diretamente o desenvolvimento das populações mais jovens, especialmente em comunidades de baixa renda e alta vulnerabilidade social 2;3. O aumento da prevalência de obesidade entre crianças e adolescentes está associado a um risco elevado de comorbidades como diabetes tipo 2, hipertensão e disfunções metabólicas, condições anteriormente vistas como exclusivas da idade adulta4;5.
A insegurança alimentar é outro fator crítico que afeta diretamente a saúde de crianças e adolescentes e é caracterizada pela falta de acesso regular a alimentos suficientes e de qualidade adequada para manter uma vida ativa e saudável6. Estudos sugerem que a insegurança alimentar não está apenas associada à desnutrição, mas também ao aumento do risco de obesidade, devido ao consumo frequente de alimentos de baixa qualidade mais acessíveis, densos em calorias e pobres em nutrientes, especialmente entre populações vulneráveis7; 8 .
A relação entre insegurança alimentar e obesidade pode parecer paradoxal, mas é explicada pelo impacto da transição nutricional em populações de baixa renda. Essa transição resulta em uma dieta caracterizada pelo aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras, em detrimento de alimentos frescos e saudáveis 9;10. Além disso, fatores como estresse crônico e ansiedade decorrentes da insegurança alimentar contribuem para alterações no comportamento alimentar, como o consumo emocional e episódios de compulsão alimentar, que estão associados ao ganho de peso11;12.
A relação entre insegurança alimentar e obesidade em crianças e adolescentes envolve uma série de fatores inter-relacionados, que vão desde o acesso inadequado a alimentos saudáveis até fatores como qualidade do sono, estresse psicológico e nível de atividade física. A má qualidade do sono, por exemplo, é apontada como um fator de risco relevante, uma vez que sua privação pode alterar o metabolismo e aumentar a predisposição ao ganho de peso. Por sua vez, crianças e adolescentes em lares com insegurança alimentar tendem a apresentar um padrão de sono irregular, o que pode exacerbar o ganho de peso e levar ao desenvolvimento de obesidade13;14.
Estudos recentes apontam para um impacto agravado da insegurança alimentar sobre adolescentes do sexo feminino, sugerindo uma relação entre estresse psicológico, aumento do cortisol e maior acúmulo de gordura corporal15;16 . Essas evidências destacam a complexidade das interações entre insegurança alimentar e obesidade, influenciadas por fatores biológicos, comportamentais e socioeconômicos17 .
No contexto brasileiro, a obesidade infantil tem se tornado um desafio crescente, especialmente entre famílias de baixa renda. Dados recentes indicam que mudanças nos padrões alimentares e o aumento do sedentarismo são fatores críticos para a elevação das taxas de obesidade em crianças e adolescentes 18. E a insegurança alimentar, um problema significativo em várias regiões do país também desempenha um papel importante nesse cenário. Famílias em situação de vulnerabilidade econômica muitas vezes têm acesso limitado a alimentos saudáveis, como frutas, legumes e proteínas magras, e acabam consumindo alimentos industrializados, ricos em calorias e pobres em nutrientes. Esse desequilíbrio nutricional contribui para o aumento das taxas de obesidade, especialmente entre os mais jovens, que são particularmente suscetíveis aos impactos da má alimentação19. Além disso, contribui para um ambiente obesogênico, particularmente em áreas urbanas vulneráveis20;21. Constata-se, porém, que a relação entre insegurança alimentar e obesidade não é linear, mas sim mediada por uma série de fatores contextuais, como cultura, ambiente social e econômico e políticas de apoio governamental22.
Essa revisão de escopo pretende explorar a relação entre insegurança alimentar e obesidade em crianças e adolescentes, buscando compreender os principais fatores associados e os diferenciais socioeconômicos que moldam essa relação. Por meio de uma análise abrangente da literatura, a investigação visa contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas e estratégias de saúde que enfrentem, de forma integrada, os desafios da insegurança alimentar e da obesidade infantil.

METODOLOGIA
A metodologia deste estudo foi desenvolvida seguindo o modelo PRISMA para Revisões de Escopo (PRISMA Extension for Scoping Reviews, PRISMA-ScR), com o objetivo de garantir um processo de revisão sistemático e transparente (PRISMA-ScR), registrado no Open Science Framework - OSF (https:// https://osf.io/36d7n/).
As estratégias de busca incluíram termos em português e inglês: (“Obesidade” OR “Excesso de peso”) AND (“Crianças” OR “Adolescente” OR “Nutrição Infantil”) AND (“Insegurança Alimentar” OR “Segurança Alimentar da Criança e do Adolescente”). As bases de dados utilizadas foram BVS, PubMed, Web of Science, Scopus, Scielo e Cochrane, abrangendo o período de 2020 a 2023. Esse recorte foi escolhido para capturar os estudos mais recentes, com especial ênfase no impacto da pandemia de COVID-19 sobre o acesso à alimentação.
Foram estabelecidos critérios de inclusão que focaram em estudos sobre crianças e adolescentes (0 a 19 anos), que tratassem tanto de insegurança alimentar quanto de obesidade infantil, e que fossem publicados em periódicos indexados. Inicialmente incluímos estudos empíricos, revisões e conceituais. Excluímos estudos que não tratassem de crianças e adolescentes como população principal, bem como estudos focados exclusivamente em transtornos genéticos ou programas de intervenção que não estivessem relacionados à insegurança alimentar e obesidade. O processo de seleção dos estudos foi dividido em quatro fases principais:
Identificação: Foram encontrados 699 estudos nas bases de dados mencionadas. Esses resultados foram exportados para o software Zotero, onde foram excluídas 184 duplicatas, resultando em 515 estudos únicos.
Triagem: Títulos, resumos e palavras-chave desses 515 estudos foram analisados no software Rayyan por dois revisores independentes. Nesse processo, 130 estudos foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão. Um terceiro avaliador auxiliou na revisão de eventuais conflitos entre os revisores.
Elegibilidade: Após a triagem, 99 artigos foram avaliados em texto completo. Desses, 52 estudos foram excluídos por inadequação metodológica, por não abordarem diretamente a relação entre obesidade e insegurança alimentar ou por serem estudos de revisão.
Inclusão: Um total de 47 estudos foi selecionado para inclusão na revisão. Esses estudos foram organizados em uma planilha no Excel, onde foram analisados conforme as seguintes categorias: autor, ano de publicação, população-alvo (criança ou adolescente), métodos, tipo de intervenção, duração, principais resultados, conceito de insegurança alimentar e definição de obesidade.
O aplicativo Zotero foi utilizado na fase de organização e exclusão de duplicatas, enquanto o Rayyan foi empregado na triagem de títulos e resumos, permitindo uma colaboração eficiente entre os revisores. Após a triagem, os dados dos estudos selecionados foram exportados para o Excel, onde a análise detalhada das informações ocorreu.
A síntese dos dados foi feita com base em uma matriz que incluiu todas as colunas citadas, permitindo a caracterização dos estudos e a análise. Posteriormente, os estudos foram agrupados tematicamente, com foco nos países de diferentes níveis de desenvolvimento econômico em 2023, conforme os critérios estabelecidos pelo Banco Mundial: baixa renda: renda nacional bruta per capita de até US$ 1.145; renda média baixa entre US$ 1.146 e US$ 4.515; renda média alta entre US$ 4.516 e US$ 14.005; e alta renda mais do que US$ 14.005 (https://datatopics.worldbank.org/world-development-indicators/the-world-by-income-and-region.html).
A análise dos dados foi dividida em duas etapas: caracterização do acervo de estudos e agrupamento temático. Essa abordagem permitiu a identificação de padrões nas pesquisas relacionadas à insegurança alimentar e obesidade infantil em contextos de renda baixa/ média-baixa, média-alta e alta, apontando a importância das políticas públicas. A metodologia adotada, com fases bem delineadas e um processo rigoroso de triagem e inclusão, garantiu a qualidade e relevância dos estudos selecionados.

Fig.1

RESULTADOS
A revisão de escopo incluiu 47 estudos que investigaram a relação entre obesidade infantil e do adolescente e a insegurança alimentar. Esses estudos revelaram dados importantes sobre as características socioeconômicas e culturais, padrões alimentares, estado nutricional e prevalência da obesidade entre crianças e adolescentes em situações de insegurança alimentar. O impacto da insegurança alimentar sobre o aumento da obesidade em jovens foi investigado em diversos contextos, abrangendo diferentes países e populações.
Perfil do acervo
Os 47 artigos analisados se referem aos anos 2020 até 2023. Eles foram publicados integralmente em inglês ou português e abordaram países com variados níveis de desenvolvimento econômico, desde nações com altos índices de desenvolvimento até países em estágios intermediários e baixos.
A distribuição por países foi categorizada de acordo com o nível de desenvolvimento socioeconômico. Os estudos realizados em países com elevado padrão de renda representam 55,3% da amostra, incluindo Estados Unidos, Canadá, Coreia do Sul e Espanha. Os países de renda média-alta compõem 29,8%, com destaque para Brasil, México, Equador, África do Sul, Mongólia e Irã. O último grupo de países agrega os de renda média-baixa (Bolívia, Nigéria, Bangladesh, Jordânia, e Sri Lanka) e baixa (Etiópia, Malawi), representando 14,9% dos estudos.
As publicações estão majoritariamente presentes em periódicos focados em saúde pública (40%), nutrição (30%), pediatria (20%) e segurança alimentar (10%). A predominância de estudos quantitativos é evidente, destacando principalmente os transversais, seguidos pelos de coorte, sendo os primeiros mais frequentemente aplicados pela sua facilidade de obtenção de dados em curto prazo. Estudos qualitativos foram menos frequentes, aparecendo em menos de 5% dos casos.
A análise incluiu trabalhos envolvendo famílias e crianças de diferentes faixas etárias, desde recém-nascidos até adolescentes, conforme detalhado nas tabelas apresentadas. Os instrumentos utilizados nos artigos para medir a insegurança alimentar incluem: Household Food Insecurity Access Scale – HFIAS, amplamente usado para categorizar lares em diferentes níveis de insegurança alimentar23;24; Hunger Vital Sign – HVS25; Escala Brasileira de Insegurança Alimentar – EBIA13; 26; 27; 28; 29; 30; Household Food Security Survey Module – USDA, com variações de 6, 10 e 18 itens31; 32; 33; 34; 35; 36; 37; Food Insecurity Experience Scale – FIES, desenvolvida pela Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO para medir a insegurança alimentar baseada em experiências e comportamentos6; Coping Strategies Index (CSI) que avalia estratégias de enfrentamento relacionadas à escassez de alimentos38; Escala Mexicana de Segurança Alimentar com 12 itens39; Food Security Survey Module do NHANES, com 18 itens para lares com crianças40; Módulo de Segurança Alimentar do US Census Bureau, com 10 itens41; e Radimer-Cornell Scale24, usada para triagem em estudos específicos.
Para aferir a obesidade infantil, os métodos mais utilizados foram Índice de Massa Corporal (IMC)42, circunferência abdominal e dobras cutâneas43. Alguns estudos empregaram métodos menos convencionais, como bioimpedância elétrica para avaliar a composição corporal das crianças44, trazendo dados adicionais sobre massa magra e gordura corporal.
Vários estudos destacam o impacto da pandemia de COVID-19, presente em 45% das publicações, nas taxas de insegurança alimentar e obesidade infantil. Esses estudos evidenciam mudanças significativas no comportamento alimentar e na qualidade nutricional, por causa das restrições econômicas e sociais impostas pela crise sanitária45. O impacto da pandemia foi mais expressivo entre 2020 e 2022, com um aumento nos relatos sobre seus efeitos severos em 2021, quando a coleta de dados foi maior, comparada com o início da crise em 2020.

Insegurança alimentar e obesidade infantil nos países de mais alta renda
Os resultados foram categorizados com base no padrão de renda dos países, com o objetivo de avaliar associações entre insegurança alimentar (IA) e obesidade infantil (OI) em contextos de vulnerabilidade econômica. A Tabela 1 agrupa os estudos realizados em países de alto padrão de renda, Estados Unidos (23 artigos), e um de Canadá, Coreia do Sul e Espanha. Esses ressaltam a relação entre IA e OI em crianças e adolescentes de diferentes faixas etárias. De modo geral, os resultados apontam associação significativa entre IA e OI, com prevalência de obesidade mais alta em crianças vivendo em condições de insegurança alimentar.
Fatores como estresse familiar, baixa qualidade da dieta e impacto da pandemia de COVID-19 foram frequentemente mencionados nos estudos conduzidos após 2020, ressaltando os desafios enfrentados por famílias vulneráveis46;35. A pandemia agravou as condições de insegurança alimentar, aumentando o consumo de alimentos ultraprocessados e reduzindo o acesso a opções saudáveis.
Adicionalmente, vários estudos destacam que crianças de famílias hispânicas, imigrantes e minorias raciais nos Estados Unidos apresentam maior risco de insegurança alimentar e obesidade47. Essas desigualdades evidenciam o impacto das disparidades sociais e raciais e ressaltam a importância do ambiente doméstico e de políticas públicas, sugerindo a ampliação de programas alimentares escolares e subsídios para famílias de baixa renda como medidas para mitigar os impactos da IA sobre a saúde infantil.

Tab.1

Os estudos que abordam a relação entre insegurança alimentar (IA) e obesidade infantil em países com elevado padrão de renda revelam uma associação complexa e multifacetada. Adams et al.33 destacam mudanças no ambiente alimentar domiciliar durante a pandemia de COVID-19, o que intensificou o impacto da IA sobre o consumo alimentar e os padrões de obesidade infantil nos EUA, mostrando como eventos globais podem exacerbar desigualdades pré-existentes.
Estudos como os de Beck et al.48 e Benjamin-Neelon et al.49 mostram que a pandemia afetou percepções parentais sobre os comportamentos de saúde de crianças obesas e o impacto da IA no desenvolvimento de adiposidade infantil.
O trabalho de Weaver et al.46 foca nas mudanças no índice de massa corporal (IMC) em crianças latinas e norte-americanas ao longo da infância, apontando para o papel da IA na exacerbação de problemas de peso, aspecto importante ao se considerar as políticas de intervenção em países de alta renda, onde o acesso aos alimentos não é o único fator a ser considerado, mas também, questões como qualidade e disponibilidade de alimentos saudáveis.
Os resultados deste grupo de trabalhos revelam que a IA, mesmo em países desenvolvidos, está associada à obesidade infantil por meio de mecanismos como estresse, desigualdades, escolhas alimentares de menor qualidade e contextos familiares e sociais vulneráveis, reforçando a necessidade de políticas públicas direcionadas a esses fatores.

Países de renda média alta
A Tabela 2 reúne estudos realizados em países de renda média alta, indicando uma correlação mista entre insegurança alimentar (IA) e obesidade infantil (OI). Em certos casos, a IA foi associada tanto à desnutrição26; 50; 30 quanto ao excesso de peso em diferentes contextos regionais26.
A pandemia de COVID-19 é identificada como fator agravante na África do Sul50 onde as restrições econômicas e sociais e a extrema desigualdade de renda impactaram o acesso a alimentos e exacerbaram os efeitos da pobreza alimentar.

Tab.2

A Tabela 3 apresenta os estudos conduzidos em países de renda baixa, demonstrando forte associação entre insegurança alimentar (IA) e desnutrição, com algumas evidências também apontando para a coexistência de obesidade infantil em contextos de pobreza extrema. As crianças de famílias em situação de IA crônica enfrentam desafios como falta de diversidade alimentar e acesso limitado a serviços de saúde. Outros estudos destacam a influência de fatores socioeconômicos e culturais nas dinâmicas de IA e suas consequências para a saúde infantil.
Os fatores associados à IA e OI incluem pobreza, falta de acesso a alimentos de qualidade e mudanças nos hábitos alimentares devido a políticas públicas deficientes29. Esses estudos destacam, ainda, que as condições socioeconômicas precárias em áreas rurais e urbanas contribuem para a coexistência de desnutrição e obesidade em crianças e adolescentes, evidenciando a necessidade de políticas específicas para melhorar o acesso a alimentos nutritivos e reduzir a desigualdade alimentar nesses contextos. Abukishk et al.51 discutem os efeitos da insegurança alimentar em crianças refugiadas da Jordânia, ressaltando a dualidade de desnutrição e obesidade coexistindo em populações vulneráveis.

Tab.3

Estudos como os de Biadgilign et al.53 mostram que a insegurança alimentar está associada à desnutrição e ao sobrepeso em regiões da África Subsaariana, onde ambas coexistem. Esse fenômeno, conhecido como “dupla carga da malnutrição”, é um desafio significativo para a saúde pública.
Nos países de baixo padrão de renda, os efeitos da insegurança alimentar sobre a obesidade infantil são especialmente pronunciados em populações já vulneráveis a múltiplos fatores de risco. Biadgilign et al.53 revelam que crianças na Etiópia enfrentam altos níveis de insegurança alimentar, resultando tanto em desnutrição quanto em obesidade. A coexistência desses problemas destaca a complexidade da insegurança alimentar nesses contextos, onde a falta de acesso a alimentos nutritivos e seguros é um desafio diário.
Em contextos rurais, como na Nigéria, Adeomi et al.54 mostram que a diversidade alimentar e os padrões dietéticos são fundamentais para prevenir tanto a desnutrição quanto o ganho de peso excessivo. Jubayer et al.29 também apontam para fatores socioeconômicos que influenciam a má nutrição em crianças menores de cinco anos em Bangladesh, sugerindo que intervenções de segurança alimentar devem levar em conta fatores culturais e econômicos específicos.
Thakwalakwa et al.55 exploram a “dupla carga” da má nutrição e obesidade em áreas de baixa renda, observando como a insegurança alimentar impacta não apenas na disponibilidade de alimentos, mas também na qualidade das escolhas alimentares, contribuindo para um ciclo de pobreza e obesidade.
Bethancourt et al.52 mostram que o aumento do cortisol capilar em adolescentes está relacionado à insegurança alimentar e ao acúmulo de gordura corporal, destacando o impacto do estresse relacionado à IA no desenvolvimento físico das crianças.
Esses estudos revelam que, em países de baixo padrão de renda, a insegurança alimentar está fortemente associada a padrões de dieta inadequados, resultando em um aumento da obesidade. Intervenções eficazes devem abordar as causas subjacentes da insegurança alimentar, incluindo desigualdade socioeconômica, acesso a alimentos nutritivos e infraestrutura para melhorar a saúde pública.

Apontamentos sobre políticas públicas e intervenções
Os diferentes trabalhos sugerem que as políticas para superar a insegurança alimentar devem ser multidimensionais. Isso inclui não apenas a oferta de alimentos, mas também programas de educação nutricional30, para ajudar as famílias a fazerem escolhas alimentares mais saudáveis, mesmo em situações de limitação financeira. Em países como o Brasil, a combinação de políticas públicas e intervenções comunitárias mostrou-se eficaz em algumas regiões, conforme relatado por Lucena et al.26.
Os estudos realizados em países de alta renda destacam a necessidade de políticas mais robustas para enfrentar as desigualdades sociais que exacerbam a insegurança alimentar também em seus contextos. McClain et al.35 ressaltam que, embora as taxas de insegurança alimentar tenham diminuído em algumas regiões após a implementação de programas governamentais, a obesidade infantil continua sendo um problema significativo, especialmente para as famílias de baixa renda.
As diferenças na aplicação de políticas públicas específicas e no nível de desenvolvimento das nações revelam a importância de estratégias adaptadas às realidades locais. Em países de renda baixa e média, onde a insegurança alimentar frequentemente está associada à desnutrição, é fundamental que os programas de intervenção combinem o fornecimento de alimentos com a educação nutricional, para evitar que as famílias se voltem para opções alimentares de baixo custo e alto teor calórico, conforme discutido por Jubayer et al.29.
Os estudos também destacam o papel crucial das políticas públicas para superação da insegurança alimentar e da obesidade infantil. Nos Estados Unidos, por exemplo, Adams et al.33 sugerem que a expansão de programas de assistência alimentar durante a pandemia ajudou a atenuar os efeitos mais graves da insegurança alimentar em famílias de baixa renda. No entanto, em países como Bangladesh e Etiópia, a falta de propostas públicas levou a taxas alarmantes de desnutrição e obesidade coexistentes em crianças28;53.

Discussão
A análise dos resultados dos 47 artigos revela um padrão claro de associação entre insegurança alimentar e obesidade, com variações significativas dependendo do nível de desenvolvimento dos países. Nos países de alta renda, como os Estados Unidos, a insegurança alimentar foi frequentemente associada a um aumento da obesidade em crianças e adolescentes nos extratos de renda mais baixos, conforme Adams et al.33 e Beck et al.48 A pandemia de COVID-19 exacerbou essa relação, contribuindo para uma piora nos hábitos alimentares e na atividade física das crianças49; 46.
Em países de renda média, como o Brasil, Lucena et al.26 encontraram uma associação significativa entre insegurança alimentar e obesidade em crianças beneficiárias de programas de assistência alimentar. Essa relação, no entanto, foi mediada por fatores como o nível socioeconômico e o acesso a alimentos ultraprocessados. Santos et al.31 destacam a baixa escolaridade dos pais e o sedentarismo como fatores agravantes da obesidade em adolescentes brasileiros.
Em países de baixa renda, como Bangladesh e Etiópia, os resultados indicam uma associação frequente entre insegurança alimentar e desnutrição, conforme observado por Jubayer et al29 e Dinku et al.56 No entanto, paradoxalmente, algumas populações também apresentaram taxas significativas de obesidade infantil, sugerindo uma “dupla carga” de coexistência de desnutrição e a obesidade em populações vulneráveis. Essa coexistência é um fenômeno comum em países com renda mais baixa, onde o acesso limitado a alimentos saudáveis é substituído pela facilidade de acesso a alimentos baratos e ricos em calorias30. A falta de diversidade alimentar também foi identificada como um fator importante na etiologia da obesidade infantil nesses países, especialmente quando combinada com pobreza extrema e baixa escolaridade dos pais, conforme indicado por Dinku et al.56.
Outro fator importante que emerge dos resultados é o impacto da pandemia de COVID-19 na insegurança alimentar e obesidade infantil. Em diversos estudos33,48, esse fato foi constatado. Nessa ocasião, muitas famílias perderam rendimentos ou tiveram acesso limitado a alimentos saudáveis durante os períodos de isolamento social. Nos Estados Unidos, Adams et al.33 observaram que o ambiente alimentar doméstico mudou drasticamente durante a pandemia, levando a um aumento do consumo de alimentos processados e a uma redução da ingestão de alimentos frescos, contribuindo para o aumento da obesidade infantil, especialmente em famílias de baixa renda.
Os estudos também evidenciam que, nos países de renda média e baixa, a COVID-19 exacerbou as desigualdades, aumentando a vulnerabilidade das crianças à insegurança alimentar e a seus impactos na saúde. Lucena et al.26 relataram que, no Brasil, as políticas de assistência alimentar desempenharam um papel fundamental na mitigação dos efeitos da pandemia, mas não foram suficientes para impedir o aumento das taxas de obesidade infantil nas populações mais vulneráveis.
A implementação de programas de educação nutricional é essencial, conforme destacado por Biadgilign et al.53 que sublinham a importância de orientações sobre a escolha de alimentos nutritivos. Alguns trabalhos ressaltam que as políticas de saúde pública precisam ser integradas com ações sociais. A criação de programas para aumentar a renda das famílias de baixa renda pode contribuir para a redução da insegurança alimentar. Lucena et al.26 argumentam que as condições socioeconômicas desempenham um papel vital na saúde infantil. Medidas que melhorem as condições econômicas das famílias têm um impacto significativo na redução da insegurança alimentar sobretudo se acompanhadas por campanhas de conscientização que promovam a valorização de alimentos saudáveis.
Também foi um aspecto relevante abordado nos estudos, a influência dos hábitos alimentares associados ao ambiente socioeconômico. Em países de alta renda, a obesidade infantil foi frequentemente associada a fatores como o estresse financeiro das famílias e o consumo elevado de alimentos ultraprocessados, conforme reportado por Beck et al.48 e McClain et al.35. Em países de renda mais baixa, como os descritos por Jubayer et al.29 e Dinku et al.56 o acesso limitado a alimentos de qualidade, aliado à pobreza e baixa escolaridade dos pais, foi um dos principais fatores associados à insegurança alimentar e seus efeitos na saúde infantil.
Os resultados analisados mostram que, independentemente do nível de renda do país, a insegurança alimentar tem um impacto significativo na saúde das crianças, contribuindo para o aumento das taxas de obesidade infantil. No entanto, as abordagens e os desafios variam de acordo com o contexto socioeconômico. Nos países de alta renda, o foco está mais em mitigar os efeitos da pobreza relativa e melhorar a qualidade da dieta das crianças mais pobres, enquanto nos países com renda mais baixa, o principal desafio é garantir o acesso regular a alimentos nutritivos35;53.
A “dupla carga” de má nutrição, presente principalmente em países com menor renda, é um dos desafios mais complexos enfrentados pela saúde pública. Estudos como os de Jubayer et al.29 e Dinku et al.56 mostram que as crianças nessas regiões são vulneráveis tanto à desnutrição quanto à obesidade, devido a fatores estruturais, como a pobreza e a falta de acesso a uma alimentação adequada. Este fenômeno foi igualmente observado em países de renda média, como o Brasil, onde, conforme Santos et al.31 a insegurança alimentar afeta tanto a qualidade quanto a quantidade de alimentos disponíveis, especialmente para as crianças.
Bae e Choi57 destacam que, em algumas culturas, o consumo de alimentos ultraprocessados é visto como status social, o que torna a promoção de escolhas alimentares saudáveis ainda mais importante. É necessário um esforço conjunto para mudar percepções e hábitos alimentares, porém as intervenções devem considerar a diversidade cultural das populações. Assim sendo, programas que respeitem e integrem práticas alimentares locais podem ser mais eficazes. A pesquisa de Gamba et al.47 sugere que a resistência a mudanças alimentares pode ser superada quando as intervenções são adaptadas à cultura local, tornando as ações mais relevantes e aceitas pela comunidade.
A colaboração entre diferentes setores, como saúde, educação e agricultura, é vital para abordar a insegurança alimentar de maneira abrangente. Eagleton et al.58 afirmam que políticas intersetoriais podem fortalecer a rede de suporte para famílias vulneráveis, permitindo um enfrentamento mais eficaz da insegurança alimentar e suas consequências.
As políticas públicas devem incluir um monitoramento contínuo para avaliar a eficácia das intervenções implementadas. A coleta de dados robustos é necessária para ajustar estratégias conforme necessário, garantindo que os programas de segurança alimentar sejam eficazes e atendam às necessidades das comunidades.
Cabe considerar ainda, como fator importante, a relação entre insegurança alimentar e saúde mental, discutida no estudo de Cyrenne-Dussault et al.59. Eles apontaram que crianças em insegurança alimentar são mais propensas a desenvolver problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e obesidade. Isso demonstra que a obesidade infantil é multifatorial, envolve além de aspectos nutricionais, fatores emocionais e psicológicos.
Esta revisão apresenta algumas limitações. A heterogeneidade de metodologias e populações dificulta qualquer comparação. E a variedade de escalas utilizadas para medir insegurança alimentar e obesidade com certeza influencia na interpretação dos dados, como apontado por KhaniJahani et al34. Além desses aspectos, a maioria dos estudos se concentrou em áreas urbanas, sendo limitados os resultados para populações rurais. Govender et al.50 chamam atenção para isso, lembrando que a dinâmica da insegurança alimentar e obesidade variam significativamente entre ambientes urbanos e rurais. Pela maioria dos estudos ser de natureza transversal, torna-se difícil uma reflexão mais profunda sobre as relações causais entre insegurança alimentar e obesidade. Estudos longitudinais são necessários para aprofundar a compreensão das relações temporais entre esses fatores, conforme sugerido por Murillo-Castillo et al.39. Por fim a escassez de dados qualitativos sobre o tema impede uma compreensão mais profunda dos fatores humanos e sociais subjacentes como as experiências das famílias e as barreiras que enfrentam para terem uma alimentação saudável.
Futuras pesquisas precisam considerar amostras representativas de áreas urbanas e rurais, e a intercessão entre insegurança alimentar e particularmente em países em desenvolvimento58.
Conclusões
Esta revisão evidencia a complexa e multifatorial relação entre IA e OI. Os resultados demonstram que a insegurança alimentar afeta diretamente o desenvolvimento nutricional das crianças, especialmente em famílias de baixa renda e em regiões com menor acesso a políticas de proteção. A obesidade, historicamente associada a países de alta renda, também é uma preocupação crescente em países de renda média e baixa, pois a má alimentação se relaciona tanto com a falta de acesso a alimentos nutritivos quanto ao consumo de alimentos de baixa qualidade e ultraprocessados, frequentemente mais acessíveis.
O estudo revela ainda que a pandemia de COVID-19 contribuiu para exacerbar as desigualdades sociais e aumentar a insegurança alimentar e a obesidade infantil. A redução do acesso a alimentos saudáveis, associada ao aumento da vulnerabilidade socioeconômica criou um ambiente propício para o aumento do sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes.
Os estudos incluídos nesta revisão apontam que, além da renda familiar, a educação dos pais ou responsáveis, a urbanização, o acesso a programas de assistência alimentar e a disponibilidade de alimentos saudáveis constituem o ambiente necessário para superação da obesidade infantil. É fundamental que as intervenções provenientes de políticas públicas se adaptem às realidades locais e tenham um enfoque interdisciplinar e privilegie o ambiente escolar com propostas consistentes e eficazes.
Por fim, conclui-se que a insegurança alimentar e obesidade infantil não devem ser vistas como problemas isolados, mas como parte de um contexto cultural maior que é sempre passível de intervenções para práticas saudáveis visando o pleno desenvolvimento das crianças e adolescentes.


REFERÊNCIAS
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Ferreira, A.P.R, Silva, E.N.X, Molina, M.D.C.B, Assis, S.G. Obesidade infantojuvenil e insegurança alimentar: revisão de escopo - 2020 a 2023. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/jan). [Citado em 23/01/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/obesidade-infantojuvenil-e-inseguranca-alimentar-revisao-de-escopo-2020-a-2023/19492?id=19492

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