0034/2025 - Percepções das mães sobre a interação-comunicação com seus bebês prematuros na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
Mothers' perceptions on interaction-communication with their preterm babies in the Neonatal Intensive Care Unit
Autor:
• Moisés Andrade dos Santos de Queiroz - Queiroz, M.A.S - <fonomoises@outlook.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4887-1377
Coautor(es):
• Christina Cesar Praça Brasil - BRASIL, C.C.P - <cpraca@unifor.br>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7741-5349
• Joana Angélica Marques Pinheiro - Pinheiro, J.A.M - <joangelica2@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3092-3936
• Andrea Cintia Laurindo Porto - Porto, A.C.L - <andrea.cintialp@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8608-1336
• Waléria Tomaz Pacífico - Pacífico, W.T - <waleria.tomaz@educacao.fortaleza.ce.gov.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2579-1879
• Raimunda Magalhães da Silva - Silva, R.M - <rmsilva@unifor.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4849-1502
• Pedro Melo Pestana - Pestana, P.M - <ppestana@ufp.edu.pt>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1931-3192
• Rita Feio da Gama Alegria - Alegria, R.F.G - <ralegria@ufp.edu.pt>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6327-6088
Resumo:
O desenvolvimento da linguagem deve ser estimulo pelos pais de bebês. O presente estudo objetivou investigar as percepções das mães sobre a interação-comunicação com seus bebês prematuros na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Realizou-se um estudo descritivo, transversal, qualitativo e quantitativo, no Núcleo de Atenção Médica Integrada, na cidade de Fortaleza, de janeiro a dezembro de 2022, com 30 mães de bebês prematuros. Aplicaram-se questionários sociodemográficos, de saúde do bebê e uma entrevista semiestruturada. Adotou-se a análise de conteúdo na modalidade temática amparada às teorias sobre cuidados ao desenvolvimento da linguagem. As percepções das mães sobre a interação-comunicação associaram-se às incertezas relacionadas às dificuldades de desenvolvimento do bebê, com interferências do ambiente hospitalar e dos profissionais de saúde. Conclui-se que o nível de conhecimento das mães sobre o desenvolvimento de linguagem de seus bebês prematuros é vago, tornando-as espectadoras passivas dos cuidados aos seus bebês, gerando emoções negativas. Há necessidade de estratégias e recursos que possam subsidiar os pais no cuidado mais eficaz e efetivo dessas crianças.Palavras-chave:
Saúde materno-infantil; Recém-nascido prematuro; Promoção da saúde; Educação em Saúde Pública; Desenvolvimento da Linguagem.Abstract:
The development of language should be stimulated by the parents of babies. The present study aimed to investigate mothers' perceptions of interaction and communication with their premature babies in the Neonatal Intensive Care Unit. A descriptive, cross-sectional, qualitative, and quantitative study was conducted at the Integrated Medical Care Center in the city of Fortaleza,January to December 2022, with 30 mothers of premature babies. Sociodemographic and baby health questionnaires were applied, along with a semi-structured interview. Thematic content analysis, supported by theories on language development care, was adopted. Mothers' perceptions of interaction and communication were associated with uncertainties related to the baby's developmental difficulties, influenced by the hospital environment and healthcare professionals. It was concluded that mothers' knowledge level about the language development of their premature babies is vague, making them passive spectators of their babies' care, generating negative emotions. There is a need for strategies and resources to support parents in providing more effective and efficient care for these children.Keywords:
Maternal and Child Health; Premature Newborn; Health Promotion; Public Health; Language Development.Conteúdo:
O desenvolvimento de bebês prematuros exige cuidados especiais para garantir sua saúde e qualidade de vida. Dentre esses cuidados, aspectos fonoaudiológicos são fundamentais, englobando as funções orofaciais, a audição e a linguagem. O termo "orofacial" refere-se às funções relacionadas ao sistema estomatognático, como respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala (articulação e voz)1. Já a "linguagem" é entendida como a capacidade única dos seres humanos de se comunicar de maneira receptiva (compreender) e expressiva (produzir), utilizando sinais arbitrários, mas socialmente aceitos (como palavras e frases), dentro de um sistema regido por regras que permitem a transmissão de significados. Essa comunicação transcende o presente, possibilitando a discussão de eventos passados, futuros e de conceitos abstratos ou hipotéticos. A fala, uma das formas de expressão da linguagem, envolve a coordenação de estruturas respiratórias, laríngeas, velofaríngeas e orais, enquanto outras formas incluem a linguagem de sinais e a escrita2.
A prematuridade pode impactar negativamente o desenvolvimento das funções orofaciais, auditivas e de linguagem, demandando cuidados específicos para esses bebês e suas famílias3,4. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica como prematuros os nascimentos que ocorrem antes das 37 semanas de gestação, dividindo-os em categorias: prematuros extremos (<28 semanas), muito prematuros (28 a <32 semanas) e prematuros moderados a tardios (32 a <37 semanas)5.
O ambiente estressante da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e fatores sociais adversos podem impactar negativamente o desenvolvimento sensorial e comportamental do bebê prematuro. A maior prevalência de transtornos de desenvolvimento em crianças nascidas prematuras em comparação com seus pares a termo possui relação com as características e morbidades neonatais, ambiente estressante da UTIN e fatores sociais vivenciados pelo RNPT que podem levar a complicações, como: atrasos motores, deficiência cognitiva global, problemas de percepção visual, dificuldades comportamentais, transtornos alimentares, dificuldades de aprendizagem e déficits de atenção, de funcionamento executivo, de linguagem e de comunicação social6.
Os transtornos de linguagem relacionados à prematuridade são frequentemente associados aos déficits cognitivos, motores ou ambos. A dependência funcional pode ter relação aos altos níveis de déficits cognitivo e de linguagem no bebê pré-termo7. O desenvolvimento atípico da linguagem nesses bebês pode ser resultado de fatores neuroanatômicos e ambientais, como a permanência prolongada na UTIN e interações disfuncionais com cuidadores8. Mesmo sem comorbidades graves, crianças prematuras podem enfrentar desafios na aquisição de habilidades linguísticas, tanto simples quanto complexas9.
No primeiro ano de vida, o desenvolvimento da linguagem é predominantemente receptivo. Durante esse período, o bebê aprende a compreender a língua materna e a responder de maneira adequada, o que exige um sistema auditivo funcional e estímulos de linguagem apropriados no ambiente8. Habilidades pré-linguais, como vocalizações, contato visual, gestos e atenção compartilhada com o cuidador, são cruciais para o desenvolvimento inicial da linguagem e para o fortalecimento do vínculo cuidador-bebê2. A permanência na UTIN, muitas vezes sem a presença constante dos pais e com menos estímulos de fala, pode levar a atrasos no desenvolvimento da linguagem e da comunicação social10.
A interação entre pais e bebês é crucial para o desenvolvimento infantil. As variações na qualidade dessa interação afetam diretamente o desenvolvimento neuropsicomotor dos bebês. Pais de bebês prematuros podem enfrentar desafios adicionais, como menos oportunidades de interação devido à permanência prolongada na UTIN e maior ansiedade relacionada à percepção de vulnerabilidade do bebê11. Nestes casos, os profissionais de saúde desempenham um papel essencial ao facilitar a interação e apoiar os pais na leitura dos sinais do bebê, promovendo o desenvolvimento saudável12.
Com base nos fatos apresentados, questiona-se: Quais sentimentos as mães de bebês prematuros vivenciam durante a internação de seu filho na UTIN? Qual o conhecimento das mães de bebês prematuros sobre o desenvolvimento e a estimulação da linguagem oral? e; Quais dúvidas e dificuldades as mães de bebês prematuros apresentam na interação com seus filhos durante a internação e após a alta da UTIN?
Diante do exposto, o presente estudo objetivou investigar as percepções das mães sobre a interação-comunicação com seus bebês prematuros na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
MÉTODOS
Realizou-se um estudo descritivo, transversal, prospectivo e exploratório, de natureza mista, associando dados qualitativos e quantitativos de forma complementar, no Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI), situado na cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil, de janeiro a dezembro de 2022.
A população foi composta por mães de bebês prematuros que acompanhavam seus filhos, egressos da 2ª etapa do Método Canguru13, ao seguimento no NAMI, independente, do nível socioeconômico e da escolaridade. Foram excluídas do estudo mães que apresentassem três faltas consecutivas ao seguimento do bebê no período do estudo ou que optassem por não mais participar. Assim, a amostra foi composta de 30 mães, de 18 a 47 anos, de crianças que nasceram prematuras, e que, na época da coleta de dados deste estudo, tinham até 3 anos de idade e estavam em acompanhamento de saúde (seguimento). O recrutamento aconteceu no próprio setor, conforme a programação de retorno já prevista pelo serviço.
As mães que concordaram em participar preencheram o Termo de Consentimento e Livre Esclarecido (TCLE). Em seguida, responderam ao Questionário Socioeconômico, que abordou a faixa etária, estado nível, nível de escolaridade e renda familiar média. Além disso, os antecedentes obstétricos também foram investigados, referentes à realização de pré-natal, número de total de partos, históricos de intercorrências e hábitos prejudiciais durante a gestação. As Condições de Saúde do Bebê também foram investigadas, contemplando as informações referentes à realização dos principais exames pós-natais, o desenvolvimento neuropsicomotor do bebê, a realização do seguimento pós-alta hospitalar, os aspectos nutricionais e alimentação no primeiro ano de vida, além do uso de possíveis hábitos deletérios e utilização de telas. Ao final desse primeiro contato, foi agendada a entrevista.
As entrevistas semiestruturadas foram realizadas em uma sala reservada nas instalações do próprio NAMI, com a finalidade de explorar mais detalhadamente as dificuldades e as dúvidas das mães quanto aos cuidados com o bebê prematuro pós-alta da UTIN, além dos conhecimentos das participantes sobre o desenvolvimento neuropsicomotor do bebê, com ênfase no desenvolvimento orofacial e de linguagem. O Roteiro de Entrevista foi composto de oito questões acerca das principais dificuldades enfrentadas no período de permanência na UTIN, na transição entre a alta hospitalar e a chegada ao lar, e os sentimentos envolvendo a relação interação-comunicação entre a díade mãe-bebê nesses dois períodos. O tempo médio de aplicação de cada entrevista foi de 40 minutos, tendo sido cada gravada por meio de um smartphone, marca Iphone 11 Pro Max.
As entrevistas foram analisadas com base na Análise de Conteúdo na modalidade temática14. Estas foram transcritas e, em seguida, o pesquisador realizou a pré-análise, quando retomou a leitura em profundidade do material coletado e iniciou a triagem dos trechos, a partir das primeiras inferências. Depois, fez-se a exploração detalhada dos dados, organizando e reorganizando ideias, a partir de semelhanças e diferenças, o que possibilitou a separação de trechos, frases, fragmentos, conceitos e outras informações na busca das categorias que passaram a emergir. Dessa forma, significados e conceitos agregados às questões norteadoras deste estudo foram se formando.
Por fim, o pesquisador fez a síntese e a interpretação dos achados, quando as temáticas foram confrontadas ao referencial teórico-metodológico que alberga a literatura sobre os cuidados à saúde fonoaudiológica do bebê prematuro referentes ao fortalecimento do vínculo pais-bebê e o desenvolvimento de linguagem. Tudo isso se alinha aos pressupostos e aos objetivos pré-estabelecidos.
Destaca-se que, visando à preservação das identidades das participantes, adotou-se a letra “M” para “mãe” seguida de números cardinais (1, 2, etc...). Diante do exposto, “M1” significa “Mãe 1” e assim sucessivamente.
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética de uma Universidade privada brasileira sob o parecer nº 4.949.032. Os procedimentos ético-legais da pesquisa seguiram as normas contidas na Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, a qual aponta as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta as principais informações sociodemográficas das entrevistadas, todas mães de bebês nascidos prematuramente, onde a maioria era casada ou possuía união estável (70%) e tinha formação no ensino médio completo (53,3%). No geral, os bebês eram, em sua maioria, filhos únicos (56,66%), com idade gestacional média de 32,7 semanas e peso médio ao nascer de 1.824 gramas. A faixa etária predominante foi de 18 a 29 anos de idade (63,3%)e 60% referiu ter renda familiar média de 2 a 3 salários mínimos (60%).
Tab.1
O fato de que a faixa etária predominante é de 18 a 29 anos (63,3%) pode levantar questões sobre como a idade das mães pode influenciar nos cuidados com os bebês prematuros. Nessa perspectiva, pode haver considerações específicas relacionadas à experiência materna e à capacidade de lidar com os desafios associados ao cuidado quando comparadas a seus pares em diferentes faixas etárias. A predominância de mães casadas ou em união estável (70%) pode ter implicações para o suporte emocional e prático disponível para elas, visto que o apoio do parceiro pode desempenhar um papel crucial no enfrentamento dos desafios associados ao cuidado de bebês prematuros.
O ensino médio completo é relevante para entender o nível de compreensão das informações médicas e a capacidade de se envolver ativamente nos cuidados com o bebê prematuro. Porém, os profissionais da saúde devem estar atentos à necessidade de estratégias educacionais específicas para atender aos diferentes níveis de escolaridade.
A informação de que 60% das mães têm uma renda familiar média de 2 a 3 salários mínimos influencia as opções de cuidado disponíveis para essas famílias. Discutir as implicações financeiras dos cuidados com o bebê prematuro pode ser importante para fornecer suporte adequado.
Em suma, com base nas informações sociodemográficas da presente amostra, é necessário discutir os desafios específicos que mães mais jovens, solteiras ou com menor escolaridade podem enfrentar ao lidar com bebês prematuros. Isso pode auxiliar na criação de estratégias personalizadas para fornecer apoio e informações relevantes de forma mais contextualizadas. A partir dessas informações, podem ser propostas intervenções específicas e programas de suporte que atendam às características predominantes da amostra, incluindo iniciativas educacionais, programas de apoio emocional e recursos financeiros.
Tab.2
A Tabela 2 apresenta os dados obstetrícios das 30 mães entrevistadas no estudo. O número de gestações médio foi de 1,86 (variando de 1 a 5). Destes, o número de partos cesáreos foi superior ao de vaginais 38:16. Foram relatados seis abortos. Apenas uma mãe (3,3%) relatou ser tabagista durante o período gestacional. Todas as mães negaram o consumo de álcool ou drogas ilícitas durante a gestação. Relacionado ao histórico de saúde, 10 mães (33,4%) relataram ter apresentado algum tipo de intercorrência durante a gestação.
Tab.3
A Tabela 3 apresenta as informações gerais dos trinta bebês prematuros em acompanhamento no NAMI que fizeram parte da amostra do presente estudo. A maioria dos bebês foi do sexo feminino (60%), com idade gestacional média de 32,7 semanas, variando de 28 semanas a 36 semanas. Durante o período de gestação, 80% das mães relataram ter realizado o pré-natal do bebê. Apenas 8 bebês (26,7%) conseguiram ser amamentados, e apenas um (3,3%) não apresentou queixas referidas pela mãe no período da amamentação. O Teste da Orelhinha esteve alterado em 6,7% (2) dos casos, com necessidade de repetição; o Teste da Linguinha esteve alterado em 13,3% (4) dos casos. As sondas de alimentação foram necessárias em 56,7% (17) dos bebês.
Apenas 1 bebê (3,3%) da amostra não apresentou nenhum hábito deletério. A utilização de mamadeiras foi necessária em 26 casos (96,7%); seguido pelo uso de chupetas, em 14 casos (86,7%); sucção de dedo, em 10 casos (33,3%) e de fraldas e tecido, em 2 casos (6,7%). Na idade atual dos bebês (1,6 anos), o uso de telas, como smartphones, televisão e tablet estavam presentes em 23 casos (76,7).
SENTIDOS, AÇÕES E INTERPRETAÇÕES DAS MÃES DE BEBÊS PREMATUROS QUANTO À INTERAÇÃO-COMUNICAÇÃO COM O BEBÊ:
A partir das entrevistas com as mães dos bebês prematuros, foi possível evidenciar temáticas e núcleos de sentido que traduzem dúvidas, questionamento e angústias no cuidado domiciliar a este bebê, principalmente quando não mais contam com o ambiente “protegido” do hospital. Apesar do “alívio” que sentem com a alta dos filhos, ir para casa traz insegurança, principalmente, pelo medo de intercorrências que poderão não ser resolvidas de forma rápida e eficiente pela falta de conhecimento e prática dos pais diante da nova situação.
O primeiro Núcleo de Sentido versa sobre os “conhecimentos das mães quanto ao desenvolvimento de linguagem e da comunicação do bebê prematuro”, associando-se a “incertezas e insegurança relacionadas às dificuldades de desenvolvimento do bebê prematuro”. O segundo Núcleo de Sentido corresponde aborda a "influência do ambiente hospitalar e da presença dos profissionais de saúde na interação-comunicação entre mãe-bebê", com os seguintes desdobramentos: “desconforto em seguir normas e regras do ambiente hospitalar” e “dificuldade em interagir com o bebê diante dos profissionais de saúde”.
CONHECIMENTOS DAS MÃES QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM E DA COMUNICAÇÃO DO BEBÊ PREMATURO:
No presente estudo, observou-se que a hospitalização prolongada dos bebês prematuros representou uma barreira para a comunicação e a interação natural entre a díade mãe-bebê, fazendo com que as mães sentissem culpa, ansiedade e incertezas diante do desenvolvimento dos seus filhos, além de insegurança frente a pouca reatividade dos bebês.
Os avanços tecnológicos na saúde Materno-Infantil têm levado a uma melhor sobrevida de bebês prematuros14. No entanto, essas crianças enfrentam o risco de apresentarem déficits neurocognitivos em longo prazo. Dependendo da idade gestacional e das complicações neonatais, até 30% dos bebês prematuros podem apresentar problemas de neurodesenvolvimento, como deficiências cognitiva, motora e/ou auditiva15. Além disso, a prematuridade também está relacionada a déficits de atenção, dificuldades socioemocionais e transtornos de linguagem, de aprendizagem e comportamentais16.
Todas as limitações apontadas pela literatura sejam elas motoras, cognitivas, alimentares, emocionais, entre outras, são percebidas pelas mães ao longo do processo de desenvolvimento, fazendo com que precisem ser apoiadas para que consigam lidar com essas questões de forma menos traumática e dolorosa17,18.
Eu nunca me preocupei em saber como ensinar uma criança a falar. Mas, quando o meu [filho] foi crescendo e eu via que os amiguinhos dele já falavam e ele não, fiquei muito preocupada.(M5)
No fundo, eu sabia que ele [bebê] precisava fazer algum tratamento. Mas a minha mãe dizia que eu também tinha demorado para falar e o meu marido falava que era só preguiça dele [bebê]. Foi nas consultas com a pediatra e com a fono que me alertaram que eu precisava ter mais atenção com essa parte da fala, porque ele tinha nascido muito prematurinho.(M17)
Os meus outros filhos nasceram no tempo certo e não demoraram muito pra começar a falar. Esse [bebê] aqui até hoje fala pouquinho, mas eu percebia essa diferença desde a UTIN [...] que ele era mais paradinho, só queria ficar dormindo, aí deve ter aprendido menos que os outros porque nasceu antes do tempo. (M7)
Estudos indicam que quase 20% dos bebês prematuros extremos são diagnosticados com alterações de linguagem durante a idade escolar (6 a 17 anos), e mais de 50% necessitam de um suporte educacional19. Metanálises apontam dificuldades relacionadas às habilidades de linguagem complexas, como a contação de histórias, que podem persistir e até mesmo se agravar entre os 3 e os 13 anos de idade16,20. Esses achados são alarmantes, uma vez que o desenvolvimento da linguagem desempenha um papel crucial nas conquistas acadêmicas e na comunicação no dia a dia.
A minha prima tem um filho autista. E tudo começou quando ele chegou na idade de falar e não saía nada. Eu tenho tanto medo do meu [bebê] que já é prematuro ser autista... porque eu sei a dificuldade que é cuidar de uma criança assim. (M20)
Sabe-se que existe uma relação entre a menor idade gestacional e um maior risco de desenvolvimento cerebral e de linguagem atípicos. Outro fator que parece ter influência no aparecimento de alterações de linguagem é o sexo do bebê; porém, poucos estudos conseguem demonstrar significância estatística nessa relação sem haver uma conclusão geral sobre o papel do sexo na correlação entre cérebro e linguagem do bebê prematuro21.
Pais de bebês prematuros vivenciam experiências distintas de interação e comunicação com seus filhos em comparação aos pares nascidos a termo. Os bebês prematuros vêm ao mundo quando ainda não estão totalmente preparados anatomicamente, fisiologicamente e neurologicamente para a vida fora do útero materno22. Como resultado, eles podem apresentar menor nível de alerta e responsividade em comparação aos bebês nascidos a termo e demonstrar interação limitada com o ambiente ao seu redor23. O desenvolvimento da linguagem também é influenciado pelo contexto social em que o bebê está inserido. A natureza das interações entre os pais e o bebê desempenha um papel crucial na estruturação do desenvolvimento da linguagem. Portanto, é fundamental compreender os fatores que influenciam a qualidade dessas interações pais-bebê, a fim de proporcionar uma intervenção eficaz em comunicação precoce para bebês prematuros24.
INFLUÊNCIA DO AMBIENTE HOSPITALAR E DA PRESENÇA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA INTERAÇÃO-COMUNICAÇÃO ENTRE MÃE-BEBÊ.
Os bebês prematuros frequentemente necessitam de intervenção por uma equipe interdisciplinar de profissionais de saúde e podem passar por internações hospitalares frequentes e/ou prolongadas. Para a maioria dos pais, o ambiente hospitalar, especialmente a UTIN, é desconhecido e pode ser desafiador ou intimidador25. Diversos fatores pessoais e contextuais contribuem para dificultar a interação e a comunicação prolongada entre os pais e o bebê26. Isso, frequentemente, pode levar ao surgimento de percepções maternas negativas em relação ao filho prematuro e às suas próprias habilidades maternas, o que requer atenção especializada.
As percepções dos pais quanto aos seus bebês prematuros e suas habilidades parentais podem impactar negativamente o desenvolvimento dos vínculos de interação e comunicação. Durante os dois primeiros anos de vida do bebê, ocorre um rápido desenvolvimento da linguagem27, sendo este um período oportuno para o desenvolvimento de habilidades cruciais, como a atenção conjunta e o envolvimento com o ambiente. Isto proporciona uma base sólida para o desenvolvimento social, emocional e acadêmico da criança22.
Estudos demonstram que bebês com interações maternas positivas apresentam melhor desenvolvimento cognitivo e linguístico23,28,29. Quando as mães têm percepções negativas, tendem a reduzir a interação com seus bebês prematuros, limitando a experiência de comunicação bem-sucedida em relação a esses bebês. Nessa perspectiva, os profissionais da equipe de saúde, com suas estratégias técnicas e humanizadas, são essenciais na mediação dessa aproximação, no fortalecimento emocional das mães e no estabelecimento de vínculos saudáveis.
O pessoal [profissionais de saúde da UTIN] me ajudou muito! Me diziam como tinha sido a noite dele [bebê], como ele estava naquele dia [...] eu me sentava com ele nos braços e passava um tempão olhando pra ele, conversando [...] eu sabia que ele entendia e até sorria pra mim,às vezes. (M10)
Eu era super travada na UTI, porque eu não entendia nada e tinha muito medo de ver todos aqueles bebês tão pequeninhos. Mas com o tempo, os profissionais de lá foram conversando comigo, me acalmando, me davam dicas de como segurar, conversar com o meu bebê e eu fui melhorando. (M11)
O vínculo entre os profissionais de saúde e os pais de bebês prematuros, durante a hospitalização, possui um papel importante na construção das percepções dos pais sobre o seu bebê. Portanto, é essencial que os profissionais identifiquem o mais cedo possível atrasos ou transtornos na comunicação em bebês prematuros, para que possam agir e estimular o melhor desenvolvimento possível de linguagem; o que pode ser realizado nos serviços de seguimento, após a alta hospitalar, que oferecem intervenções preventivas e terapêuticas30.
A insegurança materna também foi identificada durante as entrevistas. Algumas mães não tinham confiança em suas habilidades para cuidar de um bebê prematur. Isso, repercutia mais na interação-comunicação entre a mãe e bebê e na execução independente de rotinas de cuidados diários, como tomar banho ou vestir-se, do que nos procedimentos clínicos complicados ou monitoramento. Uma possível razão sugerida para esse fenômeno foi que as informações recebidas dos profissionais de saúde se concentravam quase exclusivamente em aspectos médicos, com pouca atenção sobre como interagir e cuidar de um bebê prematuro. As necessidades médicas e físicas desses bebês tendem a ser priorizadas acima da interação-comunicação, quando informações ou cuidados são fornecidos às mães.
Quando eu ia às consultas com a fono, ela me dizia que eu tinha que conversar com a minha bebê. Aí, eu respondia que não sabia fazer isso. Como o bebê não me respondia de volta, eu ficava pensando que não servia pra nada eu ficar falando com aquela bebê tão pequena. Pra mim, era mais fácil dar o leite e trocar a fralda.(M5)
Pra mim, a parte mais difícil foi ensinar ele [bebê] a falar. Eu ensinava, mas eu tinha a sensação de que ele não estava entendo nada. Era mais fácil colocar um vídeo para ele assistir, porque eu sentia que estava perdendo tempo.(M12)
Olha, ficava eu e ela [bebê] sozinha em casa. Eu tinha que arrumar a casa, lavar a roupa, fazer a comida dela, dar a comida, não tinha a menor condição de eu tirar um tempo pra brincar não. Me desculpe, mas era mais fácil deixar ela no cercado brincando sozinha mesmo.(M16)
A hospitalização representa uma barreira para a comunicação-interação natural22,23,25,28. Nesse contexto, a UTIN é um ambiente novo para a maioria das mães, levando a uma experiência única e desafiadora25. Incubadoras, vias alternativas de alimentação e respiração, além de uma variedade de monitores ligados a pequenos bebês prematuros criam barreiras físicas e emocionais. Regras e políticas relacionadas ao manuseio do bebê, horários de visitas e de alimentação também limitam ainda mais a naturalidade da interação. A presença constante de profissionais de saúde, como médicos e demais profissionais da equipe multiprofissional, muitas vezes pode ser interpretada como uma invasão de privacidade entre o bebê e a mãe e a oportunidade de interagirem livremente entre si. Isto leva à percepção materna de ser redundante e uma espectadora passiva do processo.
Outro ponto a destacar, é que a atitude dos profissionais de saúde, principalmente dos que realizam os cuidados diários normalmente realizados pela mãe do bebê, pode ser percebida como facilitadora ou como uma barreira para a interação. Diante desse fato, os profissionais que incluem ativamente a mãe no processo de cuidado estimulam o vínculo e a interação entre a díade mãe-bebê.
Essa parte de ensinar a falar é muito difícil. A doutora me explicava como eu tinha que fazer, mas, quando eu chegava em casa, eu esquecia tudo! Muito complicado! Acho que ele [bebê] aprendeu sozinho mesmo.(M2)
As diferenças culturais e de linguagem entre mães e profissionais de saúde são percebidas como outras barreiras potenciais à comunicação e interação entre mães e seus bebês em ambientes hospitalares. Isto pode ser atribuído à falha de comunicação que ocorre quando os profissionais de saúde tentam explicar conceitos relacionados à facilitação da comunicação-interação entre pais-bebê com o uso de jargões técnicos. Assim, as mães podem não entender os conselhos dos profissionais de saúde sobre como facilitar a comunicação-interação com seu bebê e também podem relutar em implementar comportamentos que se desviem de suas crenças e práticas culturais31.
O Método Canguru ajuda a melhorar a percepção materna das capacidades de comunicação de seus bebês nascidos prematuramente, além de fortalecer a consciência de seu papel na estimulação da comunicação precoce e no desenvolvimento de linguagem32.
A interação entre a díade mãe-bebê por períodos prolongados aumenta a capacidade de a mãe perceber e inferir o significado por trás dos sinais comportamentais de seu bebê e de responder a eles pronta e apropriadamente. A prática do Método Canguru, portanto, leva à formação de percepções maternas mais realistas e positivas em relação à comunicação e interação precoce com o bebê prematuro. As mães que praticam o Método Canguru, portanto, têm uma melhor compreensão de seus filhos e respondem de maneira mais natural durante as interações com seus bebês do que aquelas que não praticam32,33,34.
Assim, é reconhecidamente benéfico fornecer informações específicas às mães sobre como interagir e cuidar de seus bebês prematuros, contribuindo para a diminuição das inseguranças maternas e aumentando as percepções positivas, habilidades e bem-estar. Estas informações podem ser oferecidas de diversas maneiras, destacando-se as orientações orais, individuais e/ou grupais, dadas aos pais pelos profissionais, de forma clara e humanizada; cursos de formação, que podem ser presenciais ou a distância; tecnologias eHealth (portais responsivos, aplicativos, cursos EaD, redes sociais e outras); cartilhas; entre outros18.
No contexto da saúde Materno-Infantil, as estratégias de comunicação desempenham um papel essencial no processo de orientação à família, visando proporcionar informações claras, acessíveis e relevantes. Uma abordagem eficaz inclui a personalização das mensagens para atender às necessidades específicas das gestantes e cuidadores, considerando fatores culturais, linguísticos e educacionais. O uso de linguagem simples, livre de jargões técnicos, facilita a compreensão e empoderamento das pacientes, permitindo que tomem decisões informadas sobre a própria saúde e a do bebê. Além disso, a utilização de recursos visuais como infográficos e vídeos educativos, pode fortalecer a compreensão das informações, especialmente entre aqueles com baixo nível de conhecimento em saúde31.
No presente estudo podemos identificar algumas limitações, tais como: as dificuldades na captação da amostra, limitada pelo número de participantes, podendo influenciar a representatividade dos resultados; o contexto específico do NAMI, o que pode restringir a generalização dos resultados para outras instituições de saúde ou contextos diferentes; o enfoque na percepção das mães que, embora valiosa, torna-se pouco abrangente pela ausência de outros membros da família, rede de apoio e profissionais de saúde, limitando a compreensão completa das necessidades e desafios enfrentados pelos cuidadores do bebê prematuro após a alta hospitalar; a ausência de dados longitudinais, onde a distância entre o período de alta hospitalar e o período da realização da entrevista pode influenciar as memórias das entrevistadas; ausência de análise estatística dos dados quantitativos, trazendo viés e subjetividade nas interpretações dos dados. Ao considerar essas limitações, é essencial interpretar os resultados com cautela e reconhecer as áreas que requerem investigações adicionais para fortalecer a robustez e a aplicabilidade dos achados do estudo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O nível de conhecimento das mães de bebês prematuros sobre o desenvolvimento de linguagem mostra que existem lacunas e a necessidade de estratégias e recursos que possam subsidiar os pais no cuidado mais eficaz e efetivo dessas crianças.
Observa-se que as mães de bebês prematuros percebem a UTIN e outros ambientes hospitalares como estritamente médicos e sujeitos a regras, onde elas se vêem como espectadoras passivas dos cuidados prestados aos seus bebês, o que leva ao aumento das emoções negativas - ansiedade, insegurança e incertezas. Isto leva a recomendação de que sejam realizados estudos futuros mais aprofundados, com ênfase nesses sentimentos, no intuito de orientar a concepção e a implementação de estratégias que considerem as necessidades únicas dessa população vulnerável.
É crucial que os cuidadores de bebês prematuros recebam apoio contínuo da equipe médica e multiprofissional, bem como acesso a recursos educacionais e de suporte emocional para enfrentarem essas dificuldades. Programas de acompanhamento pós-alta e grupos de apoio podem desempenhar um papel importante na facilitação dessa transição e na promoção do bem-estar tanto dos pais quanto dos bebês prematuros.
Referências
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Autoria:
MASQ contribuiu na concepção e delineamento do estudo, pesquisa bibliográfica, análise e interpretação dos dados, na redação e formatação do trabalho; CCPB contribuiu na concepção e delineamento do estudo, revisão crítica do trabalho e aprovação da versão a ser publicada; JAMP e ACLP contribuíram na análise e interpretação dos dados, na redação e formatação do trabalho; WTP e RCS contribuíram na análise e interpretação dos dados; PMP e RFGA contribuíram na revisão crítica do trabalho e aprovação da versão a ser publicada.