0032/2024 - PRATICAR BULLYING ESTÁ ASSOCIADO COM COMPORTAMENTOS DE RISCO À SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA EM ADOLESCENTES?
IS BULLYING ASSOCIATED WITH HEALTH RISK BEHAVIORS AND QUALITY OF LIFE IN ADOLESCENTS?
Autor:
• Ana Beatriz Pacífico - Pacífico, A. B. - <ana_pacifico@hotmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9719-0792
Coautor(es):
• Eliane Denise Araújo Bacil - Bacil, E. D. A. - <elianebacil@hotmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8672-395X
• Thiago Silva Piola - Piola, T. S. - <tspthiago@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6081-0510
• Michael Pereira da Silva - Silva , M. P. - <prof.mpsilva@outlook.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7628-3997
• Fabio Fontana - Fontana, F. - <fabio.fontana@uni.edu>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4473-3364
• Jhonatan Gritten Campos - Campos, J. G. - <jhonatantec@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3039-2688
• Ademar Avelar - Avelar, A. - <ademaravelar@yahoo.com.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9562-7230
• Wagner de Campos - de Campos, W. - <campos@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3979-1017
Resumo:
OBJETIVO: Verificar a associação da prática de bullying com comportamentos de risco à saúde e qualidade de vida, em meninos e meninas adolescentes, da cidade de Maringá, Paraná. MÉTODOS: Uma amostra representativa de 1020 adolescentes participou do estudo. O bullying, os comportamentos de risco à saúde, a percepção de qualidade de vida e a condição econômica foram avaliados por questionários autorreportados. Razões de chances com intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram obtidas por meio da regressão logística binária e regressão logística ordinal, bruta e ajustada, adotando-se p<0,05. RESULTADOS: Os meninos praticantes de bullying tiveram 2,2 (IC95%=1,4-3,4) e 2,0 (IC95%= 1,2-3,2) vezes mais chance de consumir álcool e de realizar atividade física do que meninos que não praticam bullying. Meninas praticantes de bullying tiveram 2,1 (IC95%=1,3-3,5), 3,6 (IC95%=1,3-10,1), 1,8 (IC95%= 1,1-2,9) e 2,7 (IC95%= 1,1-6,3) vezes mais chance de fumar, usar drogas ilícitas, ter vício em smartphone e ter uma pior qualidade do sono, além de possuir 60% (OR= 0,4 IC%= 0,3-08) mais chance de ter uma pior percepção de qualidade de vida, respectivamente, em comparação com meninas não praticantes. CONCLUSÃO: Ser praticante de bullying pode estar associado a comportamentos de risco à saúde, tanto para os meninos quanto para as meninas e ter uma pior qualidade de vida para as meninas.Palavras-chave:
Bullying; comportamentos de risco à saúde; qualidade de vida; adolescentes.Abstract:
OBJECTIVE: To assess the association between bullying perpetration, health-risk behavior, and quality of life in adolescent boys and girls from the city of Maringá, Paraná. METHODS: A representative sample of 1020 adolescents participated in the study. This study evaluated, through self-reported questionnaires, bullying, health-risk behavior, perception of quality of life, and economic status of these adolescents. Odds ratios with 95% confidence intervals (95% CI) were obtained through binary logistic regression and ordinal logistic regression, both crude and adjusted, with a significance level set at p<0.05. RESULTS: Male bullying perpetrators were 2.2 (95% CI=1.4-3.4) and 2.0 (95% CI=1.2-3.2) times more likely to consume alcohol and engage in physical activity compared to non-bullying males. Female bullying perpetrators were 2.1 (95% CI=1.3-3.5), 3.6 (95% CI=1.3-10.1), 1.8 (95% CI=1.1-2.9), and 2.7 (95% CI=1.1-6.3) times more likely to smoke, use illicit drugs, be addicted to smartphones, and have poorer sleep quality. Furthermore, these girls have a 60% higher chance (OR=0.4, CI%=0.3-08) of having a worse perception of life quality, respectively, compared to non-perpetrating females. CONCLUSION: Being a perpetrator of bullying may be associated with health-risk behavior for both boys and girls but may also be linked to lower quality of life, especially for girls.Keywords:
Bullying, health risk behavior, quality of life; adolescent.Conteúdo:
O bullying caracteriza-se como atos repetitivos de violência física ou psicológica, e é considerado um problema de saúde pública por sua magnitude e pelas sérias consequências para o bem-estar e saúde do adolescente1,2. Elevadas prevalências de bullying tem sido observadas em diversos lugares do mundo, no estudo de Koyanagy et al (2019) com 134.229 adolescentes de 12 a 15 anos, de 48 países de vários continentes, mostrou que a prevalência de quem sofre bullying foi de 30,4%3.
No Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE) de 2019, 23% dos escolares de 13 a 17 anos, de diferentes capitais brasileiras, afirmaram que se sentiram humilhados pelos colegas nos últimos 30 dias, sendo esta prevalência maior em meninas (26,5%) em comparação com meninos (19,5%)4,5 (PENSE, 2019; MALTA et al, 2022). Apesar das prevalências de quem sofre bullying serem altas, a prevalência de quem pratica bullying reduziu de 20,4% em 2015 para 12,0% em 20194.
Contudo, a prática do bullying ainda acontece com frequência e pode afetar negativamente a vida do adolescente praticante de bullying. Esta prática pode ter relação a comportamentos de risco à saúde (CRS), o termo CRS é caracterizado como a participação em atividades que podem comprometer negativamente a saúde física e mental do adolescente6, como uso de tabaco, consumo de bebidas alcoólicas, uso de drogas ilícitas, comportamento sedentário, nível insuficiente de atividade física7–9, e adicionalmente o sono insuficiente que quando acontece tende a trazer prejuízos a saúde e pode ser considerado um problema crônico entre os adolescentes10. Estes componentes estão associados a doenças cardiovasculares, câncer, obesidade, interferências emocionais, cognitivas, estresse e depressão, podendo ser negativamente influentes na saúde do indivíduo a curto, médio e longo prazo2,10–12.
A prática do bullying além de ter relação com fatores físicos, como os CRS, ele está associada a fatores psicológicos e de percepções do próprio indivíduo. Um destes fatores é a percepção de qualidade de vida (PQV). Adolescentes não envolvidos com o bullying tendem a possuir maiores escores na PQV nos quesitos de bem-estar físico, mental, familiar, amigos e doença 13,14. Ou seja, adicionado ao CRS, a PQV também parece ter relação com a prática de bullying, uma vez que a qualidade de vida contempla domínios físicos, psicológicos, sociais e ambientais15.
Evidências apontam a relação do bullying com o comportamento sedentário16,17, níveis insuficientes de atividade física18,19, consumo de bebidas alcóolicas20, tabaco21, drogas ilícitas17, qualidade do sono22,23 e qualidade de vida24 na adolescência. No entanto, estes estudos ainda não mostram resultados consistentes na literatura, mostrando associações positivas e negativas ou mesmo ausência de associações. Além disso, muitos estudos apresentam fraquezas metodológicas incluindo o uso de questionários não validados para a avaliação do bullying4,25. No Brasil não existem pesquisas publicadas que analisem a relação da prática de bullying com CRS e PQV e ainda são importantes estudos com amostras representativas para evidenciar características de uma população.
Investigar a PQV e CRS que se associam a prática do bullying se torna de grande importância, uma vez que há a necessidade de mais estudos para concretizar uma conclusão segura para estas associações. Com isso, o objetivo deste estudo foi verificar a associação da prática de bullying com CRS e PQV, em adolescentes da cidade de Maringá, Paraná, Brasil.
MÉTODOS
Este estudo se caracteriza como transversal, com uma amostra representativa de adolescentes matriculados no período diurno, na rede pública de ensino da cidade de Maringá, Paraná, Brasil. Município de porte médio-grande, é o terceiro maior do estado em termos populacionais, com uma população média de 436 472 habitantes e possui um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 0,80826 e um Índice de Gini de Renda Domiciliar per Capita (indicador de desigualdade) de 0,493726.
A amostra foi composta por meninos e meninas adolescentes, com idades entre 15 a 17 anos. O cálculo de tamanho de amostra foi realizado utilizando o método de Cochran-Mantel-Haenszel27 para análises de associação entre variáveis dicotômicas.
Bullying foi considerado como a variável de exposição principal. Os desfechos do estudo e para os quais os cálculos de tamanho de amostra foram feitos foram os seguintes: fumo (tabaco), consumo de álcool, uso de drogas ilícitas, baixa qualidade de sono, prática insuficiente de atividade física, e comportamento sedentário. Um total de seis cálculos de tamanho de amostra foram realizados.
Todos os cálculos foram realizados considerando um nível de significância de 5%, poder de 80% e razão de expostos para não expostos de 1:1. Para cada cálculo, a prevalência do desfecho em cada grupo da exposição foi considerada como 50% - valor padrão quando não se tem informação sobre a prevalência dos desfechos nos grupos de exposição. Os valores dos Odds Ratio para o cálculo foram obtidos a partir de estudos prévios da literatura15-18.
O tamanho da amostra necessário para o estudo variou de 172 (uso de drogas ilícitas) até 776 indivíduos (Comportamento sedentário). Então do maior valor houve um acréscimo de 30% para possíveis perdas e recusas, e o tamanho amostral mínimo estimado foi de 1009 adolescentes.
A partir da divisão por bairro da cidade de Maringá-PR foram sorteadas escolas das regiões norte, sul, leste, oeste e central (uma de cada região) e conforme o número de alunos matriculados em cada uma delas. Assim, a amostra foi selecionada de forma probabilística em três estágios: 1º) todas as escolas estaduais foram listadas e estratificadas de acordo com cada uma das regionais; 2º) foi realizado sorteio de uma escola de cada regional; 3º) foi realizada uma seleção aleatória simples de uma turma ou mais (conforme a quantidade de alunos que represente a região).
Foram adotados os seguintes critérios de exclusão: os adolescentes com deficiência física ou mental, e adolescentes que não concluíram todas as avaliações do estudo ou desistiram de participar. No total, foram avaliados 1.308 adolescentes. Após as exclusões seguindo os critérios (adolescentes que não terminaram de responder o questionário ou responderam de forma incorreta, se negaram participar e adolescentes com deficiência), a amostral final foi de 1.020 adolescentes.
O estudo seguiu as normas que regulamentam a pesquisa envolvendo seres humanos e do Conselho Nacional de Saúde (resolução nº 466/2012), e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cesumar, CAAE: 57872522.6.0000.5539. A coleta de dados foi feita no ano de 2022 nos meses de abril até junho pela pesquisadora principal e por uma equipe treinada de 6 pessoas: 1 graduando, 2 mestrandos e 3 doutorandos do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá, experientes em coletas de dados.
Após a autorização de Secretaria Estadual de Educação e das escolas, os pesquisadores levaram até os adolescentes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que foram assinados pelos pais ou responsáveis para que pudessem participar da pesquisa. Os adolescentes participantes também assinaram um termo de assentimento livre e esclarecido (TALE) aceitando participar da pesquisa.
Um dia antes da coleta de dados em cada escola, foi entregue aos alunos das turmas sorteadas o TCLE e o TALE. Estes documentos deveriam ser assinados e devolvidos no dia da coleta de dados para que os alunos pudessem participar do estudo. A pesquisadora e a equipe foram até a escola no dia seguinte para recolher os termos e na sequência foi realizado o preenchimento do questionário na sala de aula. A duração média do preenchimento foi de aproximadamente 40 minutos para cada turma.
A coleta de dados foi realizada durante as aulas de Educação Física. Foi explicado aos participantes que suas informações seriam sigilosas e em hipótese alguma seria divulgado os seus nomes e o conteúdo do instrumento. Além disso, foi ressaltado a não obrigatoriedade da participação e que era possível desistir em qualquer momento da coleta. Cada adolescente autorreportou os dados individualmente e em caso de dúvida chamavam um dos pesquisadores para o esclarecimento.
Para avaliar e classificar praticantes do bullying foi utilizado o Questionário de Bullying de Olweus - QBO28, que é a versão brasileira do Revised Olweus Bully/Victim Questionnaire (OBVQ)29. O questionário apresentou confiabilidade adequada para a escala de praticantes (? = 0,87). Este instrumento contém 23 itens que investigam se os indivíduos já experimentaram e/ou se envolveram em comportamentos de bullying e com que frequência nos últimos 30 dias, apresentando uma escala para quem é vítima e outra para quem é praticante de bullying. Foi utilizada para este estudo a escala de praticante de bullying. Foram classificados como praticantes do bullying aqueles que responderem terem se envolvido “Uma ou mais vezes por semana” em comportamentos de bullying.
O comportamento sedentário foi avaliado pelo Questionário de Atividades Sedentárias (QASA) para adolescentes30, na versão para brasileiros31. O QASA apresenta indicadores positivos de validade e reprodutibilidade em adolescentes brasileiros (CCI= 0,88; IC95%=0,82–0,91, para dia de semana e CCI= 0,77 (IC95%= 0,68-0,84, para final de semana). Este instrumento fornece informações do tempo gasto em horas e/ou minutos em diferentes tipos de atividades sedentárias durante a semana e fim de semana de uma semana comum. A classificação foi dada pelo tercil de horas apresentado pela amostra, assim divididos em “Alto”, “Médio” e “Baixo” tempo em comportamento sedentário.
Foi aplicado o Versão curta da Escala de Vício no Smartphone (SAS-SV)32 válida para adolescentes brasileiros, para verificar se o adolescente é classificado com vício ou não no uso do Smartphone, sendo considerado um tipo de comportamento sedentário. O SAS-SV apresenta boa confiabilidade (? = 0,81; ? = 0,78), este questionário é constituído por dez questões sobre o uso do aparelho, com opções de resposta em escala do tipo Likert, de 1 a 6, indo do “Discordo totalmente” até o “Concordo totalmente”. A partir do escore que pode variar de 10 a 60 pontos, o ponto de corte apontado pelos autores32 é de 33 para meninos e meninas, assim um resultado acima deste ponto de corte classifica o adolescente com uso problemático do smarphone, ou seja, com um indicativo que tenha uma disposição para o vício no uso do aparelho.
Para avaliar se o adolescente se encontra em níveis insuficientes de atividade física, foi avaliado o nível de atividade física por meio do questionário Physical Activity Questionnaire for Adolescents PAQ-A33 na versão pra adolescentes brasileiros34. O PAQ-A tem indicadores positivos de validade, reprodutibilidade (CCI entre 0,68 e 0,88 e de consistência interna (?= 0,76). Este questionário é direcionado para adolescentes de 14 a 18 anos, relacionado à frequência de atividade física no tempo livre e à prática de atividade física em intensidade modera à vigorosa durante as aulas de educação física, nos últimos 7 dias por meio de 8 questões com as opções de respostas em escala do tipo Likert de medida crescente de 1 a 5. Os adolescentes foram classificados em: menos ativos (níveis insuficientes) e mais ativos, sendo o ponto de corte a mediana dos resultados da amostra.
O tempo e a qualidade do sono dos adolescentes foram avaliados por meio do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI)35, traduzido e validado para adolescentes brasileiros 36. O PSQI é uma ferramenta com apropriada consistência interna (?=0,71) e confiabilidade adequada (ICC de 0,65 (IC95%;0,21-0,85) na avaliação do tempo e da qualidade do sono37. Os escores podem variar de 0 a 21 pontos. O questionário possui 19 questões sobre o tempo, qualidade e distúrbios de sono nos últimos 30 dias, destacando para a lembrança mais exata da maioria dos dias e noites do último mês. Os adolescentes que pontuaram acima de 5 pontos foram classificados com má qualidade do sono, assim apresentando risco e a pontuação menor que cinco, adequada qualidade do sono, sem risco. Em relação ao tempo de sono foram considerados indivíduos que possuem tempo de sono inadequado aqueles que tiverem com um tempo menor de 8,33 horas de sono por dia e adequado tempo de sono aqueles que tiverem de 8,33 horas de sono por dia ou mais38.
Para avaliar o uso de cigarro, drogas ilícitas e bebidas alcoólicas foi utilizado a versão brasileira para adolescentes39, Youth Risk Behavior Survey (YRBS), desenvolvido pelo Center for Disease Control and Prevention40, o qual apresenta propriedades psicométricas adequadas para sua aplicação (concordância média Kappa 68,6%). Foi considerado risco: consumir pelo menos um cigarro nos 30 dias antecedentes à coleta41; consumir algum tipo de droga ilícita (pelo menos uma) nos últimos 30 dias anteriores a coleta e consumir pelo menos uma dose de bebida alcoólica nos últimos 30 dias.
Para avaliar a percepção de qualidade de vida foi utilizado o questionário KIDSCREEN-52, versão para crianças e adolescentes, validado no Brasil14. Este questionário possui 52 questões distribuídas em 10 dimensões relacionadas à qualidade de vida: Saúde e atividade física; Sentimentos; Estado emocional; Autopercepção; Autonomia e tempo livre; Família/ambiente familiar; Aspecto financeiro; Amigos e apoio social; Ambiente escolar; Provocação/bullying. Neste questionário o ? de Cronbach apresenta coeficientes entre 0,725 e 0,894. Os valores de consistência interna na versão criança/adolescente variaram entre 0,725 na dimensão “Autopercepção” e 0,894 na dimensão “Aspecto Financeiro”, com valor global médio de 0,817.
As respostas das questões são distribuídas em escala tipo Likert de um a cinco pontos (referentes a acontecimentos na semana anterior) O KIDSCREEN-52 proporciona um escore, onde quanto maior o resultado, melhor é a percepção de qualidade de vida. No presente estudo foi categorizado como alta percepção de qualidade de vida ou baixa percepção, a partir da mediana do escore dos adolescentes.
Este estudo apresentou como variáveis de controle: a classe econômica, o sexo e a faixa etária (divididos por idade de 15, 16 e 17 anos). O sexo e a faixa etária foram obtidos por meio de uma anamnese.
A avaliação da classe econômica foi feita pelo Questionário de Critério de Classificação Econômica Brasil, proposto pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa42. Este critério visa estimar o poder de compra das pessoas e famílias por meio de utensílios presentes na casa, e o grau de instrução do chefe da família. Para este estudo, a amostra foi classificada em classe alta (classe A), média (classe B1 e B2) e baixa (C e D).
Para análise dos dados, as características sociodemográficas e descrição das variáveis desfecho e exposição foram descritas a partir de frequências absolutas e relativas. O teste do Qui-quadrado foi utilizado para comparar as proporções e suas possíveis diferenças entre os sexos. Para associação entre as variáveis bullying, CRS (níveis insuficientes de atividade física, sono insuficiente, qualidade do sono, uso de tabaco, drogas ilícitas e bebidas alcoólicas) e PQV foi utilizada a regressão logística binária para desfechos dicotômicos e regressão logística ordinal para o desfecho politômico ordinal (comportamento sedentário).
Como controle foram utilizadas as variáveis sexo, idade e classe econômica, sendo feitas por meio de análises ajustadas. Assim, foram criados três modelos de análise: modelo 1: análise bruta; modelo 2: análise ajustada para classe econômica; modelo 3: análise ajustada para sexo, idade e classe econômica. As análises foram feitas utilizando o software estatístico Stata versão 15.0 (StataCorp LLC, College Station, TX, USA) e consideraram um nível de significância de 5% (p? 0,05).
RESULTADOS
A amostra final foi composta por 1020 adolescentes, sendo 50,1% do sexo masculino (n=511). A Tabela 1 mostra a descrição das variáveis de exposição, desfecho e covariáveis total e estratificada por sexo, mostrando se há diferença entre meninos e meninas (valor p). Quanto ao bullying, 17,2% (n=175) da amostra relatou realizar bullying, não havendo diferença significativa entre os sexos.
Tab.1
A Tabela 2 mostra a associação bruta e ajustada, nos três modelos, entre cada comportamento de risco à saúde avaliado, percepção de qualidade de vida e prática de bullying. Razões de odds destacadas em negrito apresentam associações estatisticamente significantes (valor p < 0,05). As associações significativas do modelo 2 se mantiveram as mesmas ao do modelo 1, exceto a percepção de qualidade de vida dos meninos que quando ajustada para classe econômica não teve mais associação com a prática de bullying no modelo 2. E o modelo 3 também foi bastante similar ao modelo 1 e 2, mostrando que as associações do bullying se mantiveram significativas, exceto comportamento sedentário para meninas, quando controlado a classe econômica e a idade dos adolescentes não foram mais significativas.
Os adolescentes praticantes de bullying apresentaram mais chances (valores ajustados, modelo 3) de estarem no grupo que fumava (OR:1,7); consumia álcool (OR=1,8), tinha uso problemático de smartphone (OR=1,5), tinham pior qualidade de sono (OR= 1,6) e que faziam mais atividade física (OR= 1,5), ou seja, apresentaram mais chances de não estar no comportamento de risco de prática insuficiente de atividade física, quando comparados aos não praticantes (Tabela 2).
Tab.2
Estratificado por sexo, os meninos que realizaram bullying tiveram 2,2 e 2,0 vezes mais chance de consumir álcool e de realizar atividade física, respectivamente. E as meninas praticantes de bullying tiveram 2,1, 3,6, 1,8 e 2,7 vezes mais chance de fumar, usar drogas ilícitas, ter vício em smartphone e ter uma pior qualidade do sono, respectivamente, além de possuir 60% (OR= 0,4 IC%= 0,3-0,8) mais chance de ter uma pior percepção de qualidade de vida (tabela 2).
DISCUSSÃO
Diante do objetivo do estudo de verificar a associação da prática de bullying com CRS e PQV, em adolescentes da cidade de Maringá, Paraná, Brasil, os dados mostraram que praticar de bullying tem associação com fumar, consumir álcool, ter vício em smartphone, ter uma pior qualidade do sono e realizar mais atividade física. Quando analisado os sexos separadamente, os meninos que realizaram bullying mostraram ter mais chance de consumir álcool e de realizar atividade física. E as meninas praticantes de bullying mostraram mais chance de fumar, usar drogas ilícitas, ter vício em smartphone, ter uma pior qualidade do sono, e uma pior percepção de qualidade de vida.
Quanto a relação da prática do bullying com o consumo de álcool, os resultados do presente estudo concordam com outros estudos que também observam essa relação positiva20,43. Um estudo longitudinal mostrou que os adolescentes que não consumiam álcool excessivamente no início da pesquisa, mas que se tornaram praticantes de bullying após dois anos, estavam mais propensos ao consumo excessivo de álcool43. Talvez o consumo do álcool possa fazer com que os indivíduos se sintam superiores ao outros, dando a sensação de serem mais valentes, o que pode os deixar mais agressivos, e assim praticar bullying. Além disso, pretextos sociais podem motivar o adolescente a consumir álcool43. Indivíduos de 15 a 17 anos são proibidos de consumir álcool, mas se mesmo assim consomem, pode ser pelo fato de não terem suporte familiar adequado ou que estejam em vulnerabilidade social, o que pode fazer com que estejam mais suscetíveis de serem agressivos com os colegas.
Diferente de outros estudos, as associações entre álcool e a prática de bullying foram positivas somente nos meninos, o estudo de Klink e colaboradores (2020), mostrou que as associações positivas entre provocações e uso de álcool foram mais fortes entre as meninas44. Já uma revisão sistemática que analisou a associação do bullying e o uso de substâncias psicoativas mostraram que há uma associação entre prática de bullying e uso de substâncias em ambos os sexos45. Ou seja, apesar de no presente estudo apenas os meninos mostrarem associação positiva entre praticar bullying e consumir álcool, há na literatura estudos que mostram a tendência de haver associação entre estas variáveis para os meninos e para as meninas45.
Na amostra deste estudo, os meninos autorreportaram serem mais ativos do que as meninas e isso pode explicar o motivo da relação entre a prática de atividade física e a prática de bullying ser significativamente positiva somente para os meninos. Uma possível explicação para isso é que o ambiente social da atividade física possa influenciar a prática do bullying, onde o adolescente mais ativo e mais habilidoso pode se sentir mais forte que outros indivíduos menos habilidosos e assim o insultá-lo. Além disso, os locais de prática de atividade física tendem a ter menos vigilância e assim maior oportunidade de “anonimato”, podendo ser o ambiente esportivo, um “gatilho” para ações de bullying. Haver ou não haver relação entre estas duas variáveis ainda é conflitante na literatura para os dois sexos, há estudos que mostram relação positiva18,46, estudo que mostra relação negativa25 e outros que mostram não haver relação19,47, mas esse estudo sugere que professores de educação física estejam atentos à prática de bullying no contexto escolar.
Os comportamentos de risco à saúde de fumar e de usar drogas ilícitas apresentaram relação com praticar bullying para as meninas. Uma meta-análise abrangendo 28.477 participantes mostrou que realmente a prática de bullying está associada positivamente com o uso de tabaco e drogas em geral e além disso, praticantes tem mais risco de consumirem substâncias mais tarde na vida do que os indivíduos que não praticam bullying 17. Apesar da literatura mostrar esta associação em ambos os sexos, no presente estudo somente as meninas obtiveram resultados significativos, o que pode ser pelo motivo de que meninas que usam tabaco e/ou drogas ilícitas se sentem mais superiores às meninas que não fazem o uso destas substâncias do que os meninos que fazem uso das substâncias, e isso pode ser um motivo de praticarem bullying.
Outra relação que foi positiva para as meninas foi o uso problemático de smartphones que atualmente pode ser caracterizado como um tipo de comportamento sedentário. Ainda são escassos na literatura estudos que mostram a relação entre o vício em smartphone e praticar bullying, entretanto o estudo de Blinka e colaboradores (2023) apresentaram resultados semelhantes ao deste estudo, onde mostra que há associação entre o uso problemático de smartphones e experiências com bullying em meninas48, adicionado a isso, este estudo mostra que a falta de sono devido ao uso da Internet, hoje na maioria das vezes acessados pelo smatphone, também se conecta a experiências com o bullying 17. Isso pode ser explicado pelo fato de que o smartphone é mais um meio onde pode acontecer o bullying, só que de maneira virtual (o bullying quando acontece em dispositivos digitais é conhecido como cyberbullying)48. Este tipo de bullying é facilitado uma vez que quem o faz é “protegido” pelas telas, o que deixa o praticante mais encorajado. As meninas apresentando maior prevalência de problemas com o uso destes dispositivos, pode ser um dos motivos para somente elas apresentarem associação entre estas variáveis.
O sono também foi uma variável que mostrou associação com a provocação do bullying para as meninas, onde as praticantes tiveram mais chance de ter uma pior qualidade de sono do que as que não realizam bullying. Esta associação corrobora com achados da literatura, que mostram haver relação positivas entre praticantes de bullying e distúrbios do sono22,23. As meninas do presente estudo também mostraram ter uma pior qualidade de sono do que os meninos no geral, independentemente se envolvidas ou não com o bullying, o que pode explicar o fato de ter dado associação somente para as meninas. Uma má qualidade do sono pode resultar em problemas com a saúde mental, tendência ao mau humor, irritabilidade e nervosismos49, o que provavelmente pode impactar no relacionamento com os colegas, e consequentemente favorecer a prática do bullying. Entretanto não foram avaliados outros hábitos diários que podem influenciar na qualidade do sono, como ingerir bebidas energéticas ou comer muito próximo da hora de dormir, o que também poderia influenciar o sono.
Por fim, a PQV das meninas que praticam bullying mostrou associação com a prática do bullying, ou seja, as praticantes de bullying tendem a ter uma pior percepção de qualidade de vida do que as que não são praticantes. Resultados da literatura parecem concordar com este achado24. A revisão sistemática realizada por Dubey e colaboradores (2022) aponta que o bullying pode influenciar significativamente a PQV de adolescentes, pois este é um período da vida em que ocorrem inúmeras transformações pessoais e interpessoais na vida do adolescente15. Sendo a qualidade de vida um constructo multidimensional com domínios físicos, psicológicos, sociais e ambientais15, quando um ou mais destes domínios estão afetados, podem colaborar para que o adolescentes tenha atitudes agressivas que resultem ao bullying. Além disso, alguns estudos apontam que há uma tendência das meninas possuírem uma PQV inferior ao dos meninos50,51, podendo ter relação com o resultado do presente estudo, onde somente houve relação entre prática de bullying e PQV para as meninas.
O estudo apresenta algumas limitações: 1) apesar de ser representativo, o estudo considerou apenas instituições públicas de ensino, entretanto a inclusão de adolescentes de instituições privadas seria justificada apenas pela ampliação da amostra, pois, mesmo em escolas públicas a amostra abrange todos os estratos econômicos; 2) os dados foram obtidos de forma autorreportada, o que pode superestimar os resultados do estudo. Para amenizar este viés foram utilizados somente questionários com propriedades psicométricas adequadas para a população do estudo; 3) a coleta de dados aconteceu pouco tempo depois em que as escolas normalizaram as aulas presenciais após grande período de isolamento social causado pela pandemia de COVID-19. Isso pode ter afetado alguns comportamentos dos adolescentes além do que aconteceria sem a pandemia, porém foi um período de realidade mundial o que não tira a importância destes dados neste período; 4) algumas questões do questionário de comportamentos de risco à saúde, principalmente sobre o uso do tabaco, álcool e drogas ilícitas podem causar insegurança nos adolescentes, que podem não querer expor tais informações e omitir sobre o consumo mesmo sendo afirmado que os nomes não seriam expostos, por isso é necessário cautela ao interpretar estes dados. 5) não foi coletado o local que aconteceu o bullying realizado pelo adolescente, o que impede de saber se lugares com menos vigilância e que facilitam o anonimato tendem a ocorrer mais bullying.
Este estudo apresenta pontos fortes que merecem ser destacados, como a realização de uma pesquisa envolvendo amostra representativa da cidade de Maringá-PR e o fato do trabalho trazer contribuições importantes relacionadas a prática de bullying, o que o tema no Brasil ainda é pouco explorado, principalmente relacionando-o com comportamentos de risco à saúde em adolescentes.
Conclui-se que há associação da prática de bullying com comportamentos de risco à saúde e com a PQV em adolescentes. Sendo que esta associação para os meninos foi entre a prática de bullying e o consumo de álcool e a prática de atividade física (ser mais ativo), e para as meninas os resultados indicam pontos de atenção para prática de bullying e fumar, uso de drogas ilícitas, vício em smartphone, qualidade do sono e PQV. Sugere-se a realização de mais pesquisas envolvendo a prática de bullying e seus correlatos, assim como ações no município e em território nacional para que o bullying seja evitado nas escolas.
FINANCIAMENTO
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
Referências
1. BRASIL. Lei n. 13.185, Programa de Combate à Intimidação Sistemática (bullying). Diário Of da União. 2015;152(213).
2. PENSE. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar: 2015 / IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro; 2015.
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