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0255/2024 - Pressão arterial e hipertensão entre mulheres indígenas: resultados do I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas no Brasil
Blood pressure and hypertension among indigenous women: resultsthe 1st National Health and Nutrition Survey of Indigenous Peoples in Brazil

Autor:

• Felipe Guimarães Tavares - Tavares, F. G. - <felipegt@id.uff.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8308-6203

Coautor(es):

• Aline Araújo Nobre - Nobre, A. A. - <aline.nobre@fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6306-9257

• Bernardo Lessa Horta - Horta, B. L. - <blhorta@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9843-412X

• Gerson Luiz Marinho - Marinho, G. L. - <gersonmarinho@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2430-3896

• Andrey Moreira Cardoso - Cardoso, A. M. - <andrey.cardoso@fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7591-7791



Resumo:

Estimar os níveis tensionais médios e prevalências de hipertensão arterial e fatores associados é fun-damental para o monitoramento da saúde e planejamento de ações para o enfrentamento das DANT em povos indígenas no Brasil. Trata-se de um estudo transversal que investigou níveis tensionais médios e prevalência de hipertensão arterial em 4680 mulheres indígenas (18-49 anos) usando dados do I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas (2008-2009) e fatores associados, por meio de regressão Gama e logística multinível. A prevalência de hipertensão foi 10,7%, variando nas macrorregiões: Norte (4,0%), Nordeste (10,7%), Centro-Oeste (16,9%) e Sul/Sudeste (17,5%). Mulheres que residiam em aldeias sem coleta doméstica de lixo e em domicílios desprovidos de ren-da estável apresentaram maiores chances de terem HÁ. O aumento do IMC e na idade associou-se positivamente as chances de desenvolver hipertensão arterial. No modelo para a PAD, ao contrário da escolaridade, as variáveis renda estável domiciliar, IMC e idade associaram-se positivamente. No modelo para a PAS, houve associação negativa com a Escolaridade, nos estratos médio e alto do índice de bens domésticos e em domicílios sem renda estável e associação positiva com Indicador de Habitação, IMC e Idade.

Palavras-chave:

Saúde dos Povos Indígenas; Inquérito de Saúde; Saúde da Mulher; Hipertensão Arterial

Abstract:

Estimating average blood pressure levels and prevalence of hypertension and associated factors is fundamental for monitoring health and planning actions to combat NCDs in indigenous peoples in Brazil. This is a cross-sectional study that investigated average blood pressure levels and prevalence of arterial hypertension in 4680 indigenous women (18-49 years old) using datathe 1st Na-tional Survey of Health and Nutrition of Indigenous Peoples (2008-2009) and associated factors, for example through Gamma regression and multilevel logistics. The prevalence of hypertension was 10.7%, varying across macro-regions: North (4.0%), Northeast (10.7%), Central-West (16.9%) and South/Southeast (17.5%). Women who lived in villages without domestic waste collection and in households without stable income were more likely to have HÁ. Increasing BMI and age were posi-tively associated with the chances of developing high blood pressure. In the model for PAD, unlike education, the variables stable household income, BMI and age were positively associated. In the model for PAS, there was a negative association with Education, in the medium and high strata of the household goods index and in households without stable income, and a positive association with Housing Indicator, BMI and Age.

Keywords:

Health of Indigenous Peoples; Health Survey; Women\'s Health; Arterial hypertension

Conteúdo:

Introdução
O perfil de saúde dos povos indígenas no Brasil é ainda parcialmente conhecido, sendo ca-racterizado por grande heterogeneidade derivada da diversidade sociocultural desses povos, da ex-posição a distintos determinantes sociais e ambientais nas diferentes regiões em que habitam e das limitações no acesso e qualidade da vigilância e da atenção à saúde1. Apesar disso, nacionalmente, e também internacionalmente, é possível reconhecer um padrão de saúde geral nesses povos, marcado pela elevada carga de morbidade e mortalidade por doenças infecciosas e carenciais, particularmente na infância, concomitante à emergência, tanto em crianças quanto em adultos, das causas relaciona-das à contaminação e degradação ambiental, ao uso abusivo de álcool e outras drogas, às violências e às doenças e agravos não transmissíveis (DANT), entre estes a hipertensão arterial (HA)2–7.
A HA se constitui em uma das principais causas de morbidade e mortalidade em escala glo-bal. Este agravo é responsável por 8,5 milhões de mortes por acidente vascular cerebral, doença car-díaca isquêmica, outras doenças vasculares e doenças renais em todo o mundo. Em 2019, a preva-lência global de hipertensão padronizada por idade em adultos com idade entre 30 e 79 anos foi de 32% (IC95%: 30-34) em mulheres e 34% (IC95%: 32-37) em homens8. No Brasil, cerca de 24% da população feminina e 17% da população masculina possuíam o diagnóstico dessa condição no ano de 20119, mas esses valores foram crescentes ao longo dos anos, sendo as estimativas para ano 2023 de 26,4% e 29,3%, para homens e mulheres, respectivamente10.
Estudos têm apontado que a HA é uma condição de saúde emergente entre povos indígenas em diferentes regiões do globo 5. Nos Estados Unidos, por exemplo, após os anos 1980, houve in-cremento progressivo e heterogêneo nas médias de pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) e nas prevalências de HA em diversos grupos indígenas, superando, em alguns casos, os valo-res correspondentes nas populações não indígenas do entorno11,12.
Estudos que investigaram a níveis tensionais e prevalência de HA em povos indígenas no Brasil indicam, de maneira similar, níveis tensionais baixos e ausência de HA em diversos povos indígenas na década de 19707, enquanto os estudos mais recentes indicam incremento desses even-tos em diversas comunidades, com prevalências de HA superando 60% em algumas delas13–18. As mudanças observadas no perfil de saúde indígena nas últimas décadas têm sido atribuídas aos pro-cessos históricos de contato com a sociedade envolvente, impulsionados pela abertura de fronteiras demográficas, atrelada às transformações socioeconômicas e ambientais locais, aos conflitos e perda de territórios tradicionais, transformações socioculturais e do estilo de vida, dependência do merca-do regional, insegurança alimentar, maior consumo de alimentos industrializados e barreiras no aces-so à saúde19–23.
Até a realização do I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas (1º INSNPI), em 2008-2009, uma demanda do Ministério da Saúde financiada pelo Banco Mundial e capitaneada pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva24, não havia, e ainda não há outras estima-tivas nacionais da prevalência de diversas doenças e agravos em escala nacional e regional para a saúde indígena. Estimar os níveis pressóricos, a prevalência de HA e fatores associados em indíge-nas é uma condição necessária para a melhor caracterização do perfil de saúde dessa população e para acompanhar sua tendência ao longo das próximas décadas, bem como para o planejamento da atenção à saúde e a formulação de estratégias de prevenção e promoção da saúde25,26.
O presente artigo teve como objetivo analisar os níveis de PAS e PAD, a prevalência de HA e os fatores associados em uma amostra probabilística representativa das mulheres indígenas adultas (18 a 49 anos) residentes em aldeias indígenas no Brasil e em quatro macrorregiões - Norte, Nordes-te, Centro-Oeste e Sul/Sudeste, a partir dos dados coletados no 1º INSNPI24, gerando informações inéditas de abrangência nacional e regional sobre a saúde cardiovascular das mulheres indígenas no pais.
Metodologia
Esse estudo baseou-se nos dados coletados entre os anos de 2008 e 2009, durante o 1º INSNPI, que teve uma amostra probabilística complexa representativa das mulheres indígenas adul-tas em idade fértil (14 a 49 anos) residentes em aldeias indígenas do país e de quatro macrorregiões - Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul/Sudeste. Maiores detalhes sobre a metodologia do 1º INSNPI foram publicados previamente 24.
A pressão arterial (PA) das mulheres adultas (18 a 49 anos) foi medida de acordo com The Seventh Report of the Joint Committee (JNC 7)27, seguindo protocolos para garantir acurácia da medida, tais como repouso relativo de 10 minutos, abstenção de fumo ou café por pelo menos 30 minutos e redução de estímulos externos, como conversas e brincadeiras, antes das aferições; e colo-cação do participante na posição sentada, fixação do tensiômetro no pulso esquerdo e seu posicio-namento ao nível do coração. Sempre que necessário e viável, foram removidas roupas, pulseiras ou outros acessórios que pudessem interferir na precisão das leituras. No caso de impedimento para a medição no pulso esquerdo, as medições foram realizadas no pulso direito. Essa circunstância foi registrada em apenas 1,1% das medições efetuadas, sem divergências entre as diferentes macrorre-giões.
Foram realizadas duas aferições da PA: a primeira obtida após as sete perguntas iniciais da entrevista e a segunda, concluída no fim da entrevista, assegurando um intervalo mínimo de 10 mi-nutos entre as medições. O valor da PA do indivíduo foi definido como a média das duas aferições. Os valores médios foram classificados a partir dos critérios para hipertensão arterial do JNC 727. As-sim, os valores para classificar como normal a Pressão Arterial Sistólica (PAS) e Diastólica (PAD) foram: PAS < 140 mmHg e PAD < 80 mmHg. Foi classificado como HA a PAS ? 140 mmHg e/ou PAD ? 90 mmHg. Tendo em vista a possibilidade da existência de indivíduos já com diagnóstico de HA, em uso de medicação anti-hipertensiva e níveis de PAS e PAD normais no momento da entre-vista, considerou-se como HA o relato de uso de mediação anti-hipertensiva, independentemente dos níveis tensionais aferidos. A proporção de informação faltante sobre o uso de anti-hipertensivo foi de 0,4% para o conjunto das macrorregiões, verificando-se maior proporção no Norte (1,4%), seguido do Centro-Oeste (0,3%) e Sul/Sudeste (0,2%). Essa situação não foi observada no Nordes-te.
Uma análise de componentes principais (PCA) foi utilizada para criar as seguintes variáveis socioeconômicas e de condições de vida: (a) índice de bens de consumo, baseado nas quantidades de bens duráveis industrializados em cada domicílio (primeiro componente explicou 19% da variân-cia, autovalor 3,56); (b) índice de condições de habitação, baseado no tipo de piso, paredes, cobertu-ra, presença de eletricidade e combustível utilizado para cozinhar (primeira componente explica 48,0% da variância, autovalor 1,44); e (c) índice de saneamento, baseado no local principal para de-fecar, destino do lixo, fonte principal de água para consumo humano e disponibilidade de água fil-trada para beber na casa (primeiro componente explicou 56,5% da variância, autovalor 0,63). Os domicílios receberam escores baseados na soma da contribuição de cada item, multiplicado pela quantidade de cada item existente no domicílio, antes destes serem classificados segundo os tercis da distribuição geral, considerando as quatro macrorregiões juntas. Em cada caso, o primeiro tercil indica uma pontuação de índice mais baixa, que representa menos bens industrializados duráveis, menos acesso a materiais e recursos habitacionais provenientes do mercado e condições de sanea-mento de qualidade inferior20.
As variáveis individuais das mulheres incluíram faixa etária, anos de estudo. Demais variá-veis analisadas no estudo são autoexplicativas e estão apresentadas nas tabelas.
Análises Estatísticas
Inicialmente, realizamos análise estatística descritiva da PAS e PAD e da prevalência de HA, estratificada por macrorregiões e para o país como um todo. Posteriormente, empregamos modelos multiníveis com 2 níveis - aldeia e região, seguindo um processo de seleção de variáveis com abor-dagem hierarquizada, para investigar associações entre esses desfechos e variáveis de exposição das dimensões individual, domiciliar e aldeia.
Para analisar os fatores associados à PAS e à PAD, cujas distribuições apresentaram assime-tria positiva, optamos pela regressão Gama multinível com função de ligação identidade. Para anali-sar os fatores associados à HA, utilizamos a regressão logística multinível. A etapa de seleção de variáveis retidas no modelo final ajustado foi realizada de maneira criteriosa, iniciada por meio de uma análise bruta para as diferentes dimensões variáveis - aldeia, domicílio e mulher. Variáveis com p-valor inferior a 0,20 foram incluídas nas análises múltiplas, ficando retidas no modelo final aquelas com nível de significância (p-valor) inferior a 0,05.
Construímos três modelos múltiplos para cada desfecho do estudo, sendo o Modelo 1 com-posto exclusivamente pelas variáveis relacionadas à aldeia (distal), o Modelo 2 composto pelas vari-áveis relacionadas à aldeia e ao domicílio (intermediário) e, o Modelo 3, que incorporou ao Modelo 2 as variáveis relacionadas às características da mulher (proximal). Importante mencionar que nos mo-delos que envolveram a PAS e PAD, excluímos as mulheres em uso de medicação anti-hipertensivo. A abordagem multinível visou à realização de uma análise abrangente das associações entre os des-fechos cardiovasculares e diferentes variáveis demográficas, socioeconômicas, alimentares e nutrici-onais, levando em consideração os contextos de vida nas aldeias e domicílios.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP) e pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Em cada comunidade visitada, a equipe de pesquisadores realizou reuniões com líderes e outros membros da comunidade para apresentar e explicar os objetivos e procedimentos do estudo. Na ocasião, foi explicitado que a participação de comunidades, domicílios e indivíduos era voluntária. Os termos de consentimento coletivo livre e esclarecido foram obtidos mediante a assinatura de lideranças e/ou de outros repre-sentantes da comunidade das aldeias que optaram por participar na investigação.
Resultados
Participaram do estudo 4.680 mulheres indígenas com idade entre 18 e 49 anos, as quais fo-ram avaliadas em relação aos desfechos cardiovasculares de interesse. Os valores de mediana de PAS e PAD foram de 111,5mmHg e de 71,0mmHg, respectivamente, no conjunto das mulheres indígenas da faixa etária alvo da pesquisa no Brasil. Tanto para a PAS quanto para a PAD observa-se que somente os valores relativos às mulheres da macrorregião Norte (PAS:108,0mmHg; PAD: 67,5mmHg) apresentaram-se abaixo das medianas nacionais indígenas correspondentes. As maiores medianas de PAS e PAD foram observadas no Sul/Sudeste (PAS: 115,5mmHg; PAD:74,0 mmHg) e no Centro-Oeste (PAS:115,0mmHg; PAD:74,5 mmHg), seguidos do Nordeste (PAS:111,5mmHg; PAD:72,0mmHg). As distribuições de PAS e PAD segundo macrorregiões são apresentadas na Figura 1. Observam-se diferenças significativas nas distribuições dos valores de PAS e PAD, com medianas mais elevadas nas macrorregiões Centro-Oeste e Sul/Sudeste, que se destacam pela maior variação entre os valores medidos. Foram identificados outliers em todas as macrorregiões.
Figura 1 –

A prevalência de HA nas mulheres indígenas adultas em idade fértil no Brasil foi de 10,7%. Observou-se heterogeneidade nessas prevalências segundo macrorregiões, sendo a menor no Norte (4,0%), e as maiores no Centro-Oeste e Sul/Sudeste, que foram semelhantes entre si, e superaram em cerca de 4,5 vezes a prevalência na região Norte (Tabela 1).
A análise das prevalências de HA por faixa etária evidencia incremento consistente da pro-porção de mulheres com HA conforme aumenta a idade, sendo essa tendência observada em todas as macrorregiões, ainda que com menor magnitude na região Norte. As maiores prevalências foram encontradas na faixa etária de 45 a 49 anos, com variações macrorregionais, que vão de 11,3%, no Norte, a 52,9%, no Sul/Sudeste. Destaca-se que as macrorregiões Centro-Oeste e Sul/Sudeste apre-sentaram elevadas prevalências (> 20%) já a partir da faixa etária entre 30 e 34 anos (Tabela 1).
Tabela 1 –
Na análise bruta, foram verificadas as seguintes associações com os desfechos do estudo, com nível de significância (p-valor) menor que 0,20: a prevalência de HA se associou negativamente com a prática de pesca e coleta domésticas, escolaridade, renda estável e presença de doações externas, e positivamente, com IMC e idade. A PAS e a PAD se associaram negativamente com a produção pe-cuária coletiva, índices de posse de bens, de condições de habitação e de saneamento, renda estável no domicilio e escolaridade, e positivamente com IMC e idade. A PAS ainda se associou positiva-mente com presença de doações externas (Tabela 2).
Tabela 2 –
Na análise ajustada, permaneceram negativamente associadas à prevalência de HA a coleta doméstica de alimentos, a renda estável domiciliar e a escolaridade, e positivamente associadas, o IMC e a idade. Notavelmente, mulheres indígenas residentes em aldeias onde a coleta doméstica não era praticada e em domicílios desprovidos de renda estável apresentaram chances de terem HA 1,77 e 1,25 vezes a chance das mulheres residentes em aldeias onde a coleta doméstica era praticada e em domicílios com renda estável, respectivamente. O incremento de uma unidade nos valores de IMC e idade corresponderam a um aumento de 9% e 11% nas chances de apresentar HA, respecti-vamente. Por outro lado, à medida que houve incremento nos anos de estudo, notou-se um gradiente de redução nas chances de ter HA da ordem de 24%, 31% e 68%, respectivamente para os estratos de 1 a 4, 5 a 9 e 10 ou mais anos de estudo, quando comparados à categoria de ausência de escolari-dade (Tabela 3).
Na análise ajustada, permaneceram negativamente associadas à PAS os índices de posse de bens e de condições de habitação, a renda estável domiciliar e a escolaridade, e positivamente asso-ciadas o IMC e a idade, mas o índice de condições de habitação e a renda estável perdem signifi-cância estatística no Modelo 3 (Tabela 3). Observou-se uma diminuição média 1,31 mmHg e de 1,94 mmHg, respectivamente, no segundo e terceiro tercis do índice de posse de bens domésticos, em comparação ao primeiro tercil, com menor posse de bens. De modo similar, verificou-se redução da PAS da ordem de 2,19 mmHg, 3,45 mmHg e 4,37 mmHg, respectivamente, nos estratos de 1 a 4, 5 a 9 e 10 ou mais anos de estudo, quando comparados à categoria de ausência de escolaridade. Por outro lado, verificou-se um incremento de 0,62mmHg e de 0,29mmHg, à medida que aumentam em uma unidade o IMC e idade, respectivamente.
A PAD manteve-se, nessa mesma análise, associada negativamente à escolaridade e positi-vamente à renda estável domiciliar, IMC e idade, mas a renda estável perdeu significância estatística no Modelo 3 (Tabela 3). Verificou-se redução da PAD da ordem de 1,19 mmHg, 2,31 mmHg e 2,96 mmHg, respectivamente, nos estratos de 1 a 4, 5 a 9 e 10 ou mais anos de escolaridade, quando comparados à categoria de ausência de escolaridade. Por outro lado, verificou-se um incremento de 0,38mmHg e de 0,17mmHg, à medida que aumentam em uma unidade o IMC e idade, respectiva-mente.
Tabela 3 –
Discussão
Os resultados deste estudo são representativos da população de mulheres indígenas adultas (18 a 49 anos) no Brasil e em quatro macrorregiões, sendo uma iniciativa singular para estimar mag-nitude da HA nessa população, evidenciar as desigualdades regionais nos níveis pressóricos e nas prevalências de HA e identificar fatores associados à elevação dos níveis pressóricos e da prevalên-cia de HA. O estudo oferece, portanto, uma visão abrangente e inédita sobre as DANT, com foco na HA, em povos indígenas no Brasil. Mundialmente, a literatura científica tem destacado a vulnerabi-lidade à saúde dos povos indígenas decorrente de condições de socioeconômicas, demográficas, sanitárias, ambientais e territoriais desfavoráveis5,25, bem como a emergência das DANT nestas po-pulações, incluindo a HA em mulheres indígenas11,13,17,28. Esses padrões encontram ressonância em nossos resultados, em que a HA demonstra ser um problema de saúde emergente entre os povos in-dígenas no Brasil.
Em revisão sistemática sobre níveis pressóricos e HA em populações indígenas na América do Norte, publicada em 2014, Foulds e Warburton11 constataram que, após o ano de 1980, houve um incremento progressivo nas prevalências de HA ao longo das décadas, o que não se verificava no período pré-1980, abrangendo distintas populações nativas, como as Primeiras Nações/Índios Ame-ricanos e os Inuit/Nativos do Alasca. Os indígenas Inuit/Alasca apresentavam prevalência elevada de HA, atingindo a magnitude de 55,1% ainda antes da década de 1980. Posteriormente a 1980, essas proporções mantiveram-se estáveis, ao passo que as médias de PAS e PAD apresentaram con-tínua elevação. Essas flutuações nos valores pressóricos destacam mudanças notáveis na saúde car-diovascular das populações indígenas Inuit/Alasca ao longo do tempo. Neste cenário de saúde hete-rogêneo e em transição em comunidades indígenas em nível global, emerge a questão premente da HA. Ainda que haja comunidades com baixas ou mesmo inexistentes prevalências de hipertensão, registros apontam para prevalências superiores a 50% em algumas delas11,16,29,30.
Nosso estudo estimou uma prevalência média nacional de HA de 10,7% em mulheres indí-genas adultas em idade fértil, com expressivas variações entre as macrorregiões. A região Norte exi-biu a menor prevalência e, em contrapartida, as macrorregiões Sul/Sudeste e Centro-Oeste apresenta-ram as maiores prevalências, superando em cerca de 4,5 vezes a prevalência no Norte. Ao comparar a prevalência da hipertensão arterial entre mulheres indígenas encontradas neste estudo e a população feminina brasileira maior de 18 anos, verifica-se que as indígenas apresentaram uma prevalência equivalente à metade dos 23,0% registrados entre as mulheres brasileiras no ano inicial desta pesqui-sa, em 200831,32.
A magnitude das prevalências encontradas em nosso estudo se assemelha aos resultados re-portados de 11% em uma revisão sistemática e metanálise voltada à saúde metabólica de adultos indígenas no Brasil33. Entretanto, essa similaridade deve ser vista com cautela, na medida em que a referida revisão estima a prevalência para ambos os sexos, todas as idades e independente da resi-dência em aldeia, enquanto nossas estimativas se restringem às mulheres indígenas adultas em idade fértil aldeadas. Além disso, a revisão parte dos estudos realizados em um número relativamente res-trito de comunidades indígenas no Brasil, já que no país há uma das maiores socio diversidades in-dígenas do planeta, e demonstra expressiva heterogeneidade nas prevalências de HA entre comuni-dades e regiões, com valores que variam de 30%, no Sul, a valores tão discretos quanto 1%, identifi-cados entre indígenas residentes na região Norte. Estudos mais antigos apontavam para a ausência de hipertensão nessas populações, um fenômeno possivelmente vinculado ao aprimoramento dos diagnósticos e à emergência das DANT no decorrer do tempo33. Outros estudos reportaram preva-lências de HA entre os indígenas inferiores às verificadas em nosso estudo16,34–37, enquanto outros estudos exibiram prevalências mais elevadas, como os conduzidos nos Mura da região amazônica (27,8%)15, nos Krenak (27,6%)38, nos Kaingang de Santa Catarina (40,7%)39, nos Tupinikin do Espí-rito Santo (20,8%) (ambos os sexos)40.
Portanto, nossas médias de PAS e PAD e prevalências HA devem ser vistas como estimati-vas restritas às mulheres indígenas adultas em idade fértil, mas representativa da diversidade de po-pulações indígenas aldeadas, pois foi realizada em uma amostra probabilística das mulheres indíge-nas adultas em idade fértil residentes em aldeias no Brasil e nas quatro macrorregiões analisadas. Esse recorte populacional resulta na estimativa de prevalências relativamente baixas de HA arterial, quando comparadas a outras pesquisas realizadas com populações indígenas que consideraram am-bos os sexos, faixas etárias mais elevadas e populações residentes fora de aldeias e terras indíge-nas15,33,38. Visto que a associação entre HA e idade, sexo e residência em zonas urbanas são ampla-mente reconhecidas, a inclusão de desses segmentos no estudo resultaria em prevalências bastante superiores de HA em comparação ao que verificamos26,34,36,39.
Nossos achados revelam distintos fatores associados aos níveis pressóricos e à HA em mulhe-res indígenas adultas em idade fértil no Brasil. A ausência de renda familiar estável, juntamente com a condição de residir em aldeias onde o padrão de consumo alimentar provenientes da caça, pesca e coleta é inexistente, emerge como um contexto favorável à maior chance de apresentar HA. Essa relação sugere uma conexão entre condições adversas de subsistência e insegurança alimentar, resul-tando na escassez de alimentos em quantidade e qualidade satisfatórios, e no consequente consumo de alimentos industrializados e ultraprocessados, resultando em incremento do excesso de peso e obesidade e piora da saúde cardiovascular, como o incremento dos níveis pressóricos e da prevalên-cia de HA. Ao mesmo tempo, é intrigante observar que a escolaridade emerge como um fator de proteção contra a HA, enfatizando a importância do acesso à educação em relação à promoção da saúde e à prevenção das DANT.
Outros estudos realizados com povos indígenas ganharam destaque por investigarem a rela-ção entre o modo de vida destas populações a pressão arterial, tal como o estudo internacional IN-TERSALT41. Conduzido no final da década de 1980, teve como objetivo explorar de forma sistemá-tica as relações entre a ingestão de sódio (Na+) e potássio (K+) com a pressão arterial, assim como outras variáveis, em 52 populações de 32 países. Este estudo incluiu em sua amostra grupos indíge-nas, como os Yanomámi na Amazonia, que se destacaram naquele cenário, por terem apresentado médias de pressão arterial excepcionalmente baixas e uma ausência de diagnóstico de HA. Além disso, chamou a atenção a associação positiva identificada entre a ingestão de sódio e os níveis de pressão arterial, um achado que divergiu de padrões observados em outras populações16. Esses acha-dos não apenas ressaltam a importância de considerar fatores culturais e ambientais na determinação da pressão arterial, mas também evidenciam a necessidade de abordagens individualizadas ao se investigar a saúde cardiovascular em diferentes grupos populacionais, para compreender de forma mais completa sua determinação.
Neste contexto, vale destacar as repercussões negativas sobre a saúde cardiovascular atrela-das às mudanças substanciais nos padrões alimentares e de estilo de vida, que têm sido associados a um aumento alarmante nas prevalências de obesidade e sobrepeso42. Resultados deste mesmo inqué-rito nacional já publicados anteriormente, evidenciaram elevadas prevalências de obesidade e sobre-peso entre as mulheres indígenas do nosso estudo20. Esse fato se reveste de especial relevância, na medida em que verificamos incremento da prevalecia de HA e dos níveis pressóricos com o aumento do IMC, tal como evidenciado em outros estudos com povos indígenas6,13,15,38. Em outras palavras, a associação entre obesidade e HA observada neste estudo provavelmente reflete mudanças nos pa-drões alimentares, de atividade física e nas condições ambientais, as quais fazem parte do processo de transição nutricional e epidemiológica vivenciados por esses povos a partir do contato com as sociedades envolventes.
Ao discutimos as limitações deste estudo, faz-se necessário destacar que a abordagem trans-versal adotada impossibilita a atribuição de causalidade às relações investigadas. Além disso, merece destaque o foco do I INSNPI na investigação da saúde materno infantil da população indígena bra-sileira, deixando de abranger homens adultos e mulheres acima de 50 anos e indígenas residentes fora de aldeias e terras indígenas, restringindo-se às mulheres residentes nas reservas indígenas ofici-almente reconhecidas pelo governo federal e que faziam parte do Subsistema de Saúde Indígena (SASI-SUS).
Quanto às fortalezas do estudo, destacamos que o mesmo foi desenvolvido com o objetivo de gerar evidências para apoiar a atenção à saúde dos povos indígenas atendidos no Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, em particular a saúde materno-infantil e a vigilância alimentar e nutricio-nal. Por isso, os achados são aplicáveis ao planejamento da atenção e promoção da saúde nesse seg-mento de particular interesse, por sua vulnerabilidade de saúde. O estudo teve abrangência nacional e se baseou em uma amostra probabilística da população de mulheres aldeadas, representativa das quatro macrorregiões, sem perda de precisão, incluindo populações nunca antes estudadas. Dessa forma, as estimativas geradas no estudo são robustas e generalizáveis para as populações indígenas das macrorregiões e do país, servido de parâmetros para comparações futuras da tendência da HA nessas populações e para o planejamento da atenção e promoção da saúde.
Estudos futuros devem considerar a inclusão de outras faixas etárias, o sexo masculino e po-pulações residentes fora das aldeias e terras indígenas, a fim de proporcionar uma compreensão mais completa da carga de HA e dos fatores que influenciam a saúde cardiovascular das populações indí-genas no Brasil. A realização de investigações em comunidades específicas reforça a necessidade de contextualização cultural e geográfica para uma compreensão mais precisa e sensível dos determi-nantes de saúde nessas comunidades historicamente marginalizadas. A reprodução de pesquisas co-mo essa em diferentes contextos e escalas é fundamental para monitorar a tendência das DANT em povos indígenas e orientar políticas e estratégias de saúde que visem à redução das desigualdades e o aprimoramento da saúde e do bem-estar dessas populações, respeitando suas particularidades cul-turais, socioeconômicas e seus direitos constitucionais territoriais e de acesso à saúde.

Agradecimentos: Os autores agradecem o apoio e a assistência oferecidos pelos líderes indígenas e membros da comunidade em todas as aldeias pesquisadas, bem como pelos funcionários locais da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). O apoio ad-ministrativo prestado pela equipe da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) facilitou muito as viagens e a logística financeira. Apoio financeiro: O apoio financeiro foi fornecido pelo Ministério da Saúde do Brasil e pelo Banco Mundial através de uma doação concedida à ABRAS-CO. Os financiadores não tiveram nenhum papel na concepção, análise ou redação deste arti-go. Agradecemos a confiança e o apoio de Carlos E.A. Coimbra Jr. e James R. Welch, pesquisado-res da ENSP/FIOCRUZ que foram coordenadores da pesquisa que gerou os dados analisados no presente texto. Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse a declarar. Autoria: AMC, BLH e formularam o conceito e desenho da pesquisa. Todos os autores estiveram envolvidos na coleta de dados. AAN. AMC e FGT conduziram análises estatísticas. FGT, AMC, AAN redigiram o manus-crito. A versão final submetida para publicação foi lida e aprovada por todos os autores.

Referências Bibliográficas
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Tavares, F. G., Nobre, A. A., Horta, B. L., Marinho, G. L., Cardoso, A. M.. Pressão arterial e hipertensão entre mulheres indígenas: resultados do I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas no Brasil. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/Jun). [Citado em 30/06/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/pressao-arterial-e-hipertensao-entre-mulheres-indigenas-resultados-do-i-inquerito-nacional-de-saude-e-nutricao-dos-povos-indigenas-no-brasil/19303?id=19303

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