0240/2025 - Suicídio em mulheres segundo os métodos de perpetração mais incidentes nas macrorregiões do Brasil (2000 a 2019)
Suicide in women according to the most incident methods in the macroregions of Brazil (2000 to 2019)
Autor:
• Eder Samuel Oliveira Dantas - Dantas, E.S.O - <edersamuel_rn@hotmail.com>ORCID: http://orcid.org/0000-0002-6595-6105
Coautor(es):
• Karina Cardoso Meira - Meira, KC - <karina.meira@unifesp.br>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1722-5703
Resumo:
Objetivo: analisar a tendência temporal da mortalidade por suicídio em mulheres residentes nas macrorregiões brasileiras segundo os métodos de perpetração mais incidentes no período de 2000 a 2019. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico com recorte temporal de suicídios em mulheres e métodos de perpetração nas macrorregiões do Brasil. Os dados foram extraídos do Sistema de Informação Sobre Mortalidade e foram aplicadas técnicas de correção dos registros de óbito para cobertura e qualidade da informação. Tendências foram avaliadas por regressão binomial negativa, classificadas de acordo com o valor do risco relativo e valor de p. Resultados: Os métodos de perpetração com maiores taxas em todas as localidades estudadas foram: enforcamento, estrangulamento e sufocação, seguido por autointoxicação e arma de fogo. Em todas as localidades, verificou-se tendência ascendente para os suicídios por enforcamento, estrangulamento e sufocação em todas as faixas etárias, e descendente para suicídio por arma de fogo e autointoxicação, com exceção da região Sul que mostrou ascendência das taxas de suicídio por autointoxicação e Centro-Oeste em que houve estacionariedade. Conclusão: Enforcamento, estrangulamento e sufocação representa o principal método utilizado por mulheres em todas as faixas etárias e regiões do Brasil.Palavras-chave:
Suicídio; Mulheres; Estudos de Séries Temporais.Abstract:
To analyze the temporal trend of suicide mortality in women residing in the macroregions of Brazil according to the most incident perpetration methods from 2000 to 2019. Methods: This is an ecological study with a temporal cut on suicides in women and perpetration methods in the macroregions of Brazil. Data were extracted from the Mortality Information System, and techniques were applied to correct death records for coverage and information quality. Trends were assessed by negative binomial regression, classified according to the relative risk value and p-value. Results: The perpetration methods with the highest rates in all studied locations were hanging, strangulation, and suffocation, followed by self-poisoning and firearm. In all locations, there was an upward trend for suicides by hanging, strangulation, and suffocation in all age groups, and a downward trend for suicide by firearm and self-poisoning, except in the Southern region, which showed an upward trend in suicide rates by self-poisoning, and the Midwest, where there was stability. Conclusion: Hanging, strangulation, and suffocation represent the main method used by women in all age groups and regions of Brazil.Keywords:
Suicide; Women; Time Series StudiesConteúdo:
O suicídio é considerado um importante problema de saúde pública global. Anualmente morrem pelo menos 703.000 pessoas por esta causa no mundo o que representa uma taxa global média de 9 óbitos por 100.000 habitantes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca que a maior carga desse agravo à saúde (77% de todos os óbitos) ocorre em países de baixa e média renda1.
De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde2, a taxa nacional de suicídios no Brasil é de 7,5 óbitos por 100.000 habitantes, taxa considerada baixa pela OMS quando comparada à países da Europa, da América do Norte e da Ásia, que podem ultrapassar a taxa de 15 óbitos por 100.000 habitantes.
No que diz respeito aos coeficientes de suicídio por sexo no Brasil, as taxas de suicídios entre homens são três vezes superiores as registradas entre mulheres (11,9 óbitos por 100 mil homens, em contraste com 3,3 óbitos por 100 mil mulheres) no período de 2010 a 20212. Estes dados assemelham-se aos padrões encontrados na maioria dos países ao redor do mundo2. Conforme a OMS1, nenhum país, na atualidade, apresenta taxas de suicídio mais elevadas entre mulheres em comparação com homens.
Apesar da maior magnitude das taxas observadas nos homens, é crucial ressaltar que, no Brasil, a tendência temporal dos suicídios entre mulheres revelou-se crescente na maioria das faixas etárias analisadas (15 a ~60 anos) no período de 1997 a 20153. Um estudo focado na região Nordeste do país também indicou um aumento na incidência de suicídios em mulheres em vários estados daquela região no período de 1996 a 20184.
Além da tendência crescente de óbitos por suicídio em mulheres, menciona-se o “paradoxo de gênero do suicídio” existente no comportamento suicida, este conceito se refere ao fato de que homens morrem mais por suicídio, enquanto as mulheres apresentam mais ideação e tentativas, e, desse modo, são mais afetadas no geral pelo comportamento suicida5,6. No período de 2010 a 2018, 68% das 338.569 notificações de tentativas de suicídios no Brasil ocorreram em mulheres7.
Enfatiza-se que homens e mulheres adotam, geralmente, comportamentos autodestrutivos relacionados aos seus papéis de gênero na sociedade, portanto, ligadas as masculinidades e feminilidades hegemônicas8. Marcadamente, essas condutas envolvem a utilização de diferentes métodos do suicídio, quanto à letalidade, acessibilidade e aceitação cultural9. As tentativas de suicídio de homens são geralmente realizadas por métodos mais letais e agressivos tais como o enforcamento e arma de fogo, enquanto mulheres tentam suicídio na grande maioria das vezes por autointoxicação10.
O conhecimento sobre os métodos de suicídio mais utilizados é importante para subsidiar a criação de estratégias de prevenção de novos óbitos. O documento da OMS intitulado LIVE LIFE: um guia de implementação para a prevenção do suicídio nos países11, afirma que medidas eficazes de prevenção do suicídio, passam, necessariamente, pela restrição do acesso aos métodos de suicídio, e, isto só é possível, quando se conhece o comportamento da população ao longo do tempo.
Contudo, destaca-se que os coeficientes de mortalidade por suicídio e o conhecimento dos seus métodos no Brasil, podem estar subestimados devido à grande proporção de mortes classificadas com intenção indeterminada no Sistema de Informação sobre Mortalidade do SUS. De acordo com o Atlas da Violência de 202312, entre 2011 e 2021, mais de 10% das mortes violentas registradas no Brasil eram de causa indeterminada, nas regiões mais vulneráveis, este percentual é ainda superior.
Assim, urge a necessidade da realização de estudos que explorem a temática do suicídio visibilizando este agravo à saúde nas mulheres e sua relação com as questões de gênero, permitindo o conhecimento dos métodos e que utilize as devidas correções dos óbitos considerando a qualidade da informação e subnotificação. A partir desses apontamentos, este estudo tem o objetivo de analisar a tendência temporal da mortalidade por suicídio em mulheres residentes nas macrorregiões brasileiras segundo os métodos mais incidentes no período de 2000 a 2019.
Métodos
Desenho de estudo e fonte de dados
Estudo observacional de desenho ecológico com recorte temporal dos suicídios de mulheres residentes nas macrorregiões brasileiras, no período de 2000 a 2019, que seguiu as recomendações dos Guidelines for Accurate and Transparent Health Estimates Reporting: the GATHER statement13. Os registros de óbito foram extraídos do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Departamento de Informática do SUS (SIM/DATASUS). Os dados são de domínio público, sem identificação dos indivíduos, e estão disponíveis no seguinte endereço eletrônico: https://datasus.saude.gov.br/mortalidade-desde-1996-pela-cid-10. Os dados populacionais foram obtidos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes à Projeção da população do Brasil e Unidades da Federação por sexo e idade para o período de 2000 a 2070 (edição 2024).
Foram analisados todos os registros de óbitos classificados como suicídios em mulheres com 10 anos ou mais de idade, perpetrados por enforcamento, estrangulamento e sufocação, arma de fogo e autointoxicação. As variáveis estudadas foram: ano de ocorrência (2000 a 2019); localidade (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste); faixa etária (10–19, 20–39, 40–59 e 60 anos ou mais); raça/cor da pele (branca, negra [preta e parda], amarela, indígena e ignorada); estado civil (solteira, casada, viúva, separada/outras e ignorado); método (enforcamento, estrangulamento ou sufocação; arma de fogo e autointoxicação); e local de ocorrência (domicílio; via pública; hospital e outros estabelecimentos de saúde; e outros).
Os óbitos extraídos do SIM/DATASUS apresentavam as seguintes codificações: (i) suicídio: (X60 a X84), suicídio por autointoxicação (X60 a X69), suicídio por arma de fogo (X72 a X74) e suicídio por enforcamento, estrangulamento e sufocação (X70); (ii) outras causas externas de traumatismos acidentais: por intoxicação ou envenenamento (X40 a X49), por arma de fogo (W32 a W34) e por enforcamento, estrangulamento e sufocação (W75 a W76); (iii) agressão: por envenenamento ou intoxicação (X85 a X90), por arma de fogo (X93 a X95) e por enforcamento, estrangulamento e sufocação (X91); (iv) evento cuja intenção é indeterminada: envenenamento e intoxicação de intenção não determinada (Y10 a Y19); disparo de arma de fogo, carabina, pistola e outras armas de fogo de intenção não determinada (Y22 a Y24); e enforcamento, estrangulamento e sufocação de intenção não determinada (Y20); (v) sequelas de lesões autoprovocadas intencionalmente (Y87).
No período em estudo, verificou-se heterogeneidade na qualidade da informação e na cobertura do Sistema de Informação sobre Mortalidade, apontando para a necessidade de correção dos registros de óbito12,14.
Correção dos registros de óbito
Os dados de óbito foram corrigidos para má certificação e subnotificação em sete etapas. A retificação para a má certificação foi realizada por meio de redistribuição proporcional, considerando ano, faixa etária, localidade e método, conforme descrito a seguir: (i) calculou-se a proporção dos suicídios para cada método em relação ao total de suicídios; (ii) multiplicou-se esse resultado pelo total de óbitos classificados como Y87 (sequelas de lesões autoprovocadas intencionalmente), obtendo-se o quantitativo a ser redistribuído por ano, faixa etária e método; (iii) somaram-se os registros de suicídios, agressões e outras causas externas de traumatismos acidentais para cada método, por ano, faixa etária e localidade; (iv) os óbitos por suicídio para cada um dos métodos em estudo, ano e faixa etária foram divididos pelo resultado da etapa 3; (v) os valores da etapa 4 foram multiplicados pelos registros classificados como evento cuja intenção é indeterminada, segundo método; (vi) somaram-se os valores obtidos na etapa anterior aos resultados da etapa 2 e ao total de suicídios segundo método, por ano, faixa etária e localidade, concluindo-se a correção para a má certificação dos óbitos; e (vii) os valores obtidos na etapa 6 foram multiplicados pelos fatores de correção para subnotificação dos registros de óbito (Quadro 1).
O grau de cobertura dos registros de óbito foi estimado usando o método demográfico Adjusted Synthetic Extinct Generations (SEG-adj), que combina o método de geração extinta e a equação geral de balanceamento15. Os fatores de correção, derivados desses graus de cobertura, seguiram as recomendações de Hill et al.15 para minimizar os efeitos da migração, adotando-se a média das estimativas geradas pelos métodos anteriores e desconsiderando-se as idades mais afetadas pela migração.
Análise estatística
Análise descritiva
Foram calculadas as taxas de mortalidade específicas por faixa etária, tanto brutas quanto padronizadas, segundo o método de perpetração, abrangendo taxas sem correção e taxas corrigidas. As taxas foram padronizadas pelo método direto, utilizando como padrão a população feminina do Censo Demográfico de 2010. Adicionalmente, foram determinadas as proporções de óbitos segundo raça/cor da pele, estado civil e local de ocorrência, para cada método de suicídio, considerando também a macrorregião do Brasil.
Para a análise descritiva da tendência temporal dos suicídios, segundo o método de perpetração, foram calculadas taxas de mortalidade suavizadas por médias móveis trienais. A suavização teve como objetivo atenuar a flutuação aleatória presente nas taxas anuais de mortalidade, sendo seguida da construção de gráficos de linhas¹6,¹7.
Análise de tendência
Na realização da análise exploratória inicial das séries históricas empregando-se a função de autocorrelação (ACF) e o teste de Durbin-Watson16,17. Para cada localidade, definiu-se o número de óbitos observado para cada ano como a variável dependente (y_t); e o ano calendário t centralizado como a variável independente. Estimaram-se modelos de regressão com distribuição binomial negativa4,16-18, adicionando um termo offset como o logaritmo natural da população em risco de cada localidade, no ano calendário de análise, que é dada pela seguinte equação: y_t~Binomial Negativa (?_t,?)
?log (?_t ) =log (N_t )+?_0+?_1 (t-E(t))+?_t
?_t~Gama(?,?)
Em que µ é o número esperado de óbitos no ano t, ? o parâmetro de dispersão, N_t é a população em risco no ano i , ?_0 o intercepto, ?_1 a variável tempo centralizada (t-E(t)) e ?_i é o erro aleatório, com distribuiçãoGamma(?,?). A sobredispersão dos dados é considerada na estimativa de variância VAR(Y_t )=?_t+(?_t^2)/?.
As tendências foram classificadas em estacionária, decrescente ou ascendente, de acordo com o valor do Risco Relativo (RR), calculado pela exponenciação do coeficiente da regressão (e^(?_1 (t-E(t)) )) e os respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) e p-valor17. Todas as análises foram realizadas no software R versão 4.2.0, por meio das bibliotecas MASS e lmtest, foi considerado estatisticamente significativo valor de p <0,05.
Resultados
No período de 2000 a 2019 foram registrados 33.056 suicídios em mulheres por enforcamento, estrangulamento e sufocação, arma de fogo e autointoxicação. Após o processo de correção dos registros de óbito, houve aumento de 27,3% no número de suicídios por esses métodos de perpetração (n=42.074). Maior percentual de aumento nas taxas de mortalidade após o processo de retificação foram observadas nas regiões Norte e Nordeste e as menores na Sul e Sudeste (Tabela 1).
Em todas as macrorregiões, as maiores taxas médias padronizadas de suicídio em mulheres ocorreram por enforcamento, com destaque para o Sul (2,33 suicídios por 100 mil mulheres) e Norte (2,10 suicídios por 100 mil mulheres). Em seguida, os suicídios por autointoxicação foram mais incidentes no Centro-Oeste (1,16 suicídios por 100 mil mulheres) e Nordeste (1,09 suicídios por 100 mil mulheres). Os coeficientes por arma de fogo permaneceram abaixo de 0,40 suicídios por 100 mil mulheres em todas as regiões analisadas (Tabela 1).
As taxas médias de suicídio em mulheres, segundo faixa etária, variaram conforme o método de perpetração e a macrorregião. Para o enforcamento, houve aumento com a idade no Sul e Nordeste; no Sudeste, o crescimento ocorreu até os 40–59 anos, com posterior queda; no Centro-Oeste e Norte, o padrão foi decrescente. Nos casos de autointoxicação, observou-se aumento até os 40–59 anos e, em seguida, redução, exceto no Norte, onde houve declínio contínuo. Quanto aos suicídios por arma de fogo, o pico ocorreu entre 20-39 anos, seguido de queda em todas as regiões, com padrão decrescente no Centro-Oeste (Tabela 1).
A proporção de suicídios variou conforme raça/cor, método e macrorregião. Mulheres brancas predominaram no Sul e Sudeste, enquanto negras nas demais regiões. O domicílio concentrou os óbitos por enforcamento, sufocação e arma de fogo; hospital e outros serviços de saúde foram mais frequentes na autointoxicação. Embora não haja diferenças relevantes por estado civil, método e região, a maioria dos óbitos ocorreu entre mulheres solteiras (Tabela 2).
A análise das taxas de mortalidade por suicídio em mulheres, suavizadas por médias móveis trienais, revelou padrões semelhantes entre os métodos de enforcamento, autointoxicação e arma de fogo nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. No Sudeste e Nordeste, as taxas por enforcamento e autointoxicação eram próximas no início da série, mas, a partir da segunda década do século XXI, observou-se aumento nos coeficientes por enforcamento e queda por autointoxicação. No Norte e Centro-Oeste, essa semelhança ocorreu apenas nos três primeiros anos, com posterior elevação das taxas por enforcamento e declínio por autointoxicação. No Sul, o enforcamento manteve-se mais incidente ao longo de todo o período, com crescimento também nas taxas por autointoxicação. Os suicídios por arma de fogo apresentaram tendência de queda em todas as regiões, exceto no Centro-Oeste, onde houve aumento nos últimos anos (Figura 1).
A regressão binomial negativa confirmou os achados da análise descritiva. Observou-se tendência crescente dos suicídios por enforcamento nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste em todas as faixas etárias e na tendência total. No Sul e Centro-Oeste, o padrão foi semelhante, exceto entre idosas, cuja tendência foi estacionária (Tabela 3).
Os suicídios por autointoxicação apresentaram tendência decrescente em todas as macrorregiões, exceto no Sul, onde foi crescente. No Sudeste, a mortalidade foi decrescente em todas as faixas etárias; no Norte, a tendência também foi descendente, com exceção das idosas. No Nordeste, houve estabilidade entre mulheres de 40 a 59 anos e crescimento entre idosas. No Sul, as taxas subiram em mulheres de meia-idade e idosas; no Centro-Oeste, permaneceram estáveis. Já os suicídios por arma de fogo apresentaram tendência decrescente em todas as regiões, especialmente entre mulheres de 20 a 39 anos (Tabela 3).
Discussão
As condições associadas ao comportamento suicida são consequências de estilos de vida específicos, sustentados por valores, instituições e práticas culturais. Nesse contexto, as normas de gênero e a violência prevalentes em sociedades patriarcais exercem influência significativa sobre o comportamento suicida entre mulheres. Em sociedades patriarcais, como a brasileira, normas de gênero e violência estrutural impactam especialmente as mulheres. Tais normas reforçam a negligência masculina com a saúde, cujos efeitos recaem também sobre as mulheres, resultando em violência interpessoal, feminicídio e suicídio. A desigualdade de gênero, portanto, constitui um determinante relevante nas dinâmicas suicidas, especialmente entre mulheres expostas a múltiplas formas de vulnerabilidade8,10.
Neste estudo, constatou-se que no período de 2000 a 2019, as maiores taxas padronizadas de suicídio em mulheres no Brasil ocorreram por enforcamento, estrangulamento e sufocação, autointoxicação e arma de fogo, respectivamente. Após a correção dos registros de óbito, as regiões Norte e Nordeste apresentaram os maiores percentuais de aumento no número de óbitos, enquanto as regiões Sul e Sudeste, apresentaram os menores percentuais.
Os suicídios por enforcamento demonstraram tendência ascendente em todas as macrorregiões e em praticamente todas as faixas etárias avaliadas, por outro lado, as mortes autoprovocadas por arma de fogo mostraram perfil de redução em todas as localidades, principalmente, nas faixas etárias mais jovens. No que diz respeito as autointoxicações, a região Sul foi a única que apresentou tendência ascendente no período estudado.
O Brasil tem apresentado uma crescente melhora nos registros de óbitos no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), especialmente, a partir dos anos 2000, apesar disso, problemas relacionados a qualidade da informação ainda persistem no país. Entre 2011 e 2021 foram registradas 126.382 mortes violentas de causa indeterminada12, a maioria desses registros nas regiões Norte e Nordeste. Corroborando os dados do presente estudo, pesquisas nacionais18,19,20,21 apontam que essas regiões concentram as maiores taxas de subnotificação e má qualidade da informação, enquanto Sul e Sudeste apresentam os melhores indicadores. Essas disparidades regionais reforçam a necessidade da correção dos registros de óbito por causa específica, quando se estuda a tendência temporal de suicídios e outras causas violentas em localidades que apresentam desigualdades estruturais.
Ainda, é importante mencionar que quando comparadas a outras causas de morte violentas (homicídios, acidentes etc.), os erros de classificação de óbitos por suicídio têm ocorrência mais frequente. Isto pode estar relacionado a falta de conclusão dos processos por parte das autoridades policiais e as condições precárias de serviços de saúde, mas, também pode interligar-se as questões morais que persistem em tornar o suicídio como um tabu social e motivo de vergonha. Além disso, no Brasil, existe a possibilidade de perda de seguros para familiares, o que pode colaborar com essa situação22.
Embora as mulheres apresentem elevadas taxas de tentativas de suicídio por autointoxicações no Brasil23,24, o enforcamento é o principal método de perpetração de mortalidade intencional2,25, e, os resultados deste estudo, reforçam esses achados. Isto se deve, principalmente, as diferenças na letalidade entre esses métodos. Enquanto tentativas de suicídio por enforcamento e arma de fogo possuem alto poder letal, as autointoxicações (pesticidas, medicamentos e outras substâncias) viabilizam maiores possibilidades de socorro médico e posterior tratamento, portanto, apresentam menor poder letal26.
Entretanto, chama atenção o fato de que as autointoxicações apresentam tendência decrescente nas macrorregiões do Brasil entre 2000 e 2019, exceto a região Sul, enquanto os enforcamentos são ascendentes em todas as regiões do país. Esses achados podem colaborar na discussão sobre a intencionalidade do suicídio em mulheres, tendo em vista a crescente utilização de um método mais agressivo e letal. Entende-se que, quanto mais agressivo e letal o método utilizado na tentativa de suicídio, maior a intenção do indivíduo em chegar ao suicídio consumado.
Não é por acaso que autores da suicidologia tenham tratado este fenômeno sob uma égide machista ao longo do tempo, denotando características ditas femininas (menor força física, sensibilidade humana) para justificar a menor letalidade nas tentativas de suicídio de mulheres, quando comparadas as dos homens8,28. Na verdade, as questões de gênero que estruturam as relações sociais ditam as performances de homens e mulheres, e, neste sentido, os homens são muito mais implicados em atos agressivos, violentos e impulsivos de modo geral. As mulheres possuem maior agilidade para reconhecer sinais de sofrimento físico e emocional, para buscar apoio profissional e envolvem-se menos que os homens em estilos de vida destrutivos, quais sejam: abuso de drogas lícitas e ilícitas, direção perigosa, brigas e homicídios8,29.
É importante considerar também, que é no campo da socialização, que as desigualdades de gênero se impõem e vulnerabilizam as mulheres ao ponto de surgir o comportamento suicida30,31. Sendo assim, uma mudança sustentada de tentativas de suicídio de métodos menos letais para um método altamente letal, como o enforcamento, pode incorrer em graves implicações para a saúde pública e provocar aumentos nas taxas gerais de suicídio em mulheres, já que as desigualdades de gênero persistem no Brasil, apesar dos avanços já conquistados32.
Este aumento nas taxas gerais de suicídio em mulheres, já vem ocorrendo no Brasil e em toda região das Américas, que ao contrário das outras regiões do mundo, apresenta tendência desfavorável de mortalidade por suicídio nessa população (+1,2%) de 2000 a 201933. Nesta perspectiva, adiciona-se como aspecto agravante ao que já foi exposto, a realidade de que o enforcamento é um método de fácil acesso e que só dispõe de medidas de prevenção eficazes em pessoas institucionalizadas, a exemplo de hospitais e presídios.
Por outro lado, substâncias que podem ser utilizadas em tentativas graves de suicídio por autointoxicação, podem ser mais bem controladas, a exemplo dos pesticidas e psicofármacos. Neste estudo, apenas a região Sul do Brasil apresentou tendência ascendente de suicídios de mulheres por autointoxicação, todas as outras quatro regiões apresentaram tendência decrescente. A região Sul é conhecida por ter a maior taxa de suicídios do país, tanto entre homens (15,47 por 100 mil habitantes) como entre mulheres (3,94 por 100 mil habitantes)34. Discute-se de um lado, a formação identitária do povo desta região, que apresenta forte influência da colonização de países Europeus, cujas taxas de suicídio são historicamente elevadas, por outro lado, a atividade agrícola que se configura como umas das principais atividades das cidades do interior, e, essa atividade promove o contato com pesticidas de modo indiscriminado, que além de ser nocivo à saúde física/mental é utilizado como método de perpetração de suicídio35.
Em países do Sul Asiático e na Índia, cujas taxas de suicídio são elevadas e a autointoxicação é um método muito comum entre as mulheres, estudos têm demonstrado que o controle efetivo de pesticidas perigosos pode colaborar com a diminuição dos suicídios por autointoxicação36,37,38, influenciando, inclusive, na tendência decrescente das taxas gerais de óbitos por esta causa.
No que diz respeito à baixa utilização de armas de fogo como método de suicídio por mulheres no Brasil, juntamente com a tendência decrescente desse método em todas as macrorregiões do país, conforme revelado por este estudo, a literatura internacional sugere que essa é também a realidade em muitos países onde a posse e o porte de armas de fogo são mais estritamente regulamentados39,40.
Entre 1981 e 2018 o Canadá diminuiu as taxas de suicídio por arma de fogo em ambos os sexos sob influência de legislação pertinente. Na Áustria41 e na Austrália42 após medidas restritivas, também houve redução significativa na utilização deste método. No Brasil, existe o Estatuto do Desarmamento (2003) que estabeleceu critérios mais rígidos para a comercialização de armas e munições e regulamentou o registro de posse e porte de armas no território nacional.
De modo geral, as mulheres são desencorajadas a utilizar armas de fogo, por um reforço dos padrões hegemônicos de gênero. No entanto, em países nos quais o acesso e a disponibilidade são facilitados há aumento na tendência de suicídios por esse método em cidades de grande e pequeno porte41.
No presente estudo, a raça/cor das mulheres apresentou heterogeneidade entre as regiões na utilização dos métodos de perpetração, porém, nas regiões mais desenvolvidas socioeconomicamente (Sudeste e Sul) a maior proporção de suicídios foi observada em mulheres brancas, enquanto nas regiões menos desenvolvidas (Norte, Nordeste e Centro-Oeste) a maior proporção foi entre mulheres negras, resultados que podem estar relacionados com a composição populacional segundo raça/cor da pele de cada região.
No entanto, para além dessa questão estrutural, é importante reforçar a necessária observância para a interseccionalidade, um conceito relacional que busca dar visibilidade e instrumentalidade teórico-metodológica à inseparabilidade estrutural do racismo, capitalismo, cisnormatividade e patriarcado43. Desse modo, pode-se inferir que a intersecção de vulnerabilidades pode influenciar o surgimento do comportamento suicida em mulheres.
O principal local de ocorrência dos suicídios em mulheres por enforcamento e arma de fogo foi o domicílio, enquanto o hospital e outros estabelecimentos de saúde para os suicídios por autointoxicação. O local de ocorrência fornece evidências sobre o comportamento das pessoas em relação aos métodos. Quando se trata de mulheres, o domicílio é, historicamente, um local destinado para a realização de suas principais funções instituídas pelo patriarcado44. Ainda que muitos avanços tenham levado as mulheres a trabalharem e estudarem no ambiente extradomiciliar, as atribuições de cuidadora e de responsáveis pelo trabalho doméstico ainda lhe são permanentemente atribuídas, o que aumenta a carga de trabalho, e, consequentemente eleva os níveis de estresse e risco de desenvolver transtornos mentais8,27,28.
O hospital como principal cenário de morte autoprovocada por autointoxicação, ratifica que as tentativas de suicídio por esse método, dão maiores oportunidades de atendimento médico. Embora a gravidade de uma tentativa de suicídio dependa do tipo, quantidade, via de administração e tempo de exposição à substância utilizada, frequentemente mulheres são atendidas em hospitais gerais e pronto socorros por autointoxicação45 e, quando evoluem desfavoravelmente para o óbito, aquela instituição é registrada como lócus do suicídio.
Todavia, independentemente de qual método de suicídio é elegível, deve-se pensar em como preveni-lo, pois, é uma morte violenta considerada evitável, em sua maioria. Um possível obstáculo na prevenção do suicídio ao restringir o acesso aos métodos é a hipótese de substituição: se um método de suicídio não estiver acessível, poderá ser substituído por outro. Contudo, é essencial considerar que as crises suicidas tendem a ser de curta duração e que os indivíduos muitas vezes têm preferência por métodos específicos. Portanto, a restrição pode desempenhar um papel crucial ao atrasar uma tentativa até que o período de maior risco diminua. Adicionalmente, ao reduzir o acesso a métodos de suicídio mais letais, mesmo quando há substituição, a proporção de pessoas que conseguem sobreviver às tentativas de suicídio pode aumentar46,47.
Entretanto, pontua-se que a efetiva prevenção do suicídio não consiste apenas no controle de acesso aos métodos de perpetração. Embora esta seja uma medida importante e comprovadamente efetiva, políticas públicas intersetoriais e estruturantes precisam ser articuladas. É fundamental ter um plano nacional de prevenção do suicídio que oriente ações e serviços no âmbito da educação, assistência social, saúde e demais setores. Além disso, deve-se considerar as diferenças e particularidades regionais em um país grandioso e heterogêneo como o Brasil48.
Considera-se que neste estudo, a qualidade da informação sobre suicídio pode ser considerada uma limitação, pois pode interferir na tendência temporal dos suicídios em mulheres. Porém, no presente foi realizada retificação dos registros de óbito para má certificação e subnotificação, o que pode ter contribuído para a redução do impacto desse contraponto. Outra limitação é que o período abordado não abrange os anos marcados pela pandemia de Covid-19 no Brasil. Porém, optou-se pelas duas primeiras décadas do século XXI (2000 a 2019), tendo em vista que os anos pandêmicos podem ter gerado efeito de período na magnitude e escolha dos métodos do suicídio. E assim, estes anos merecem análises mais detalhadas em estudos futuros.
Conclusão
Este estudo evidenciou tendência crescente de suicídios de mulheres nas macrorregiões do Brasil por meio de enforcamento, estrangulamento e sufocação, tendência decrescente na utilização de arma de fogo e autointoxicação. Sendo assim, faz-se necessário observar se de fato, as mulheres brasileiras apresentam uma mudança de método de suicídio de forma contundente e sustentada ao longo do tempo.
Sugere-se que as medidas de prevenção do suicídio no Brasil perpassem pelo controle dos métodos de suicídio, atentando-se a possíveis novas substâncias com risco potencial de elevar o número de tentativas de suicídio graves por autointoxicação, restringir o acesso a armas de fogo, e sobretudo, dar enfoque as questões estruturais da sociedade para que suicídios possam ser diminuídos.
Referências
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