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Artigos

0036/2025 - VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER BASEADA NO GÊNERO: UMA REVISÃO DE ESCOPO
GENDER-BASED VIOLENCE AGAINST WOMEN: A SCOPING REVIEW

Autor:

• Sheyla Christine Santos Fernandes - Fernandes, S.C.S - <sheyla.fernandes@ip.ufal.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4759-1314

Coautor(es):

• Marcikele Nascimento Martins - Martins, M.N - <marcikele.nascimento@ip.ufal.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4844-743X

• Samyra Araújo Ferro Rocha - Rocha, S.A.F - <samyra.rocha@ip.ufal.br>
ORCID: https://orcid.org/0009-0007-3923-054X

• José Luis Álvaro Estramiana - Estramiana, J.L.A - <jlalvaro@ucm.es>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3017-0305

• Maria Isidora Bilbao-Nieva - Bilbao-Nieva, M.I - <ibilbao@uahurtado.cl>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0957-0723

• Katia Corrêa Vione - Vione, K.C - <k.vione@derby.ac.uk>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6633-8520

• Mery José Antônio - Antônio, M.J - <meryjoseantonio@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0002-4568-8382



Resumo:

A violência contra a mulher é um fenômeno que afeta mulheres do mundo todo de diferentes faixas etárias e classes sociais. Este estudo objetiva mapear as produções científicas existentes acerca desse fenômeno, buscando identificar o que tem sido produzido. Realizou-se uma revisão de escopo nas bases de dados EMBASE, LILACS, Web of Science e PsycInfo. A amostra final da revisão foi composta por 233 artigos publicados entre 1998 e 2023, predominantemente da área de Ciências da Saúde. Os estudos foram produzidos, prioritariamente, usando metodologia qualitativa e direcionaram a atenção para violência física, sexual e psicológica/emocional. O conteúdo temático produzido pelos artigos indicou a existência de 4 classes: Configuração das violências recorrentes; Reconhecimento do impacto social; Estratégias de suporte às vítimas e Estratégias metodológicas. As investigações têm discutido amplamente questões importantes para a compreensão e combate à violência contra a mulher, no entanto, além dos abusos mais comuns, foi observado que as mulheres têm enfrentado outras formas de opressão que ainda recebem pouca atenção no campo da produção científica. A promoção de um diálogo multidisciplinar parece se constituir como um caminho promissor para sanar essa lacuna.

Palavras-chave:

Violência contra a Mulher; Violência de Gênero; Vitimização.

Abstract:

Violence against women is a phenomenon that affects women all over the worlddifferent age groups and social classes. This study aims to map existing scientific production on violence against women, seeking to identify what has been produced on this phenomenon. A scoping review was carried out on the EMBASE, LILACS, Web of Science and PsycInfo databases. The final sample of the review consisted of 233 articles published between 1998 and 2023, predominantly in the area of Health Sciences. The studies were primarily produced using qualitative methodology and focused on physical, sexual and psychological/emotional violence. The thematic content produced by the articles indicated the existence of 4 classes: Configuration of recurrent violence; Recognition of social impact; Support strategies for victims and Methodological strategies. Research has widely discussed important issues for understanding and combating violence against women. However, in addition to the most common forms of violence, it was observed that women have faced other forms of violence that still receive little attention in the field of scientific production. Promoting a multidisciplinary dialog seems to be a promising way of bridging this gap.

Keywords:

Violence Against Women; Gender-Based Violence; Victimization.

Conteúdo:

INTRODUÇÃO
A Organização Mundial da Saúde define gênero como um conjunto de características estabelecidas socialmente, incluindo relações, papéis e normas sociais que variam conforme a cultura¹. Especificamente, o gênero é compreendido como um marcador hierárquico que pode refletir relações de poder desiguais entre homens e mulheres, sendo as mulheres, ao longo dos séculos, desfavorecidas econômica, política e socialmente². A violência de gênero refere ações abusivas produzidas a partir da dominação androcêntrica, as quais não são uniformes e ocorrem em diferentes contextos³.
As Nações Unidas categorizam a violência contra a mulher como qualquer forma de violência de gênero que cause ou possa ter como consequência o sofrimento na vida das mulheres, incluindo abuso físico, sexual ou emocional4. Esse fenômeno representa um problema global de saúde pública, manifestando-se de maneira cotidiana e persistente na vida das vítimas5. As agressões direcionadas às mulheres não se limitam a idade ou classe social, afetando mulheres de diferentes faixas etárias e classes sociais6. O relatório da Amnesty International, publicado em 2023, acerca dos direitos humanos globais, evidenciou que a violência de gênero contra a mulher manifesta-se de maneira arraigada nas diferentes culturas e tem se apresentado com alta incidência em múltiplos contextos7.
Atualmente, há uma produção crescente de estudos sobre a violência contra a mulher em diversas áreas de conhecimento. Embora haja avanços notáveis nessas pesquisas, ainda é evidente a persistência de desafios teóricos e metodológicos recorrentes. Nota-se a prevalência de três abordagens distintas: pesquisas teóricas, empíricas e intervenções de cuidado, que muitas vezes são desenvolvidas de forma independente, sem uma integração necessária para abordar de forma abrangente esse problema. Outras limitações incluem a concentração excessiva na prevalência do fenômeno, a falta de estudos sociológicos, a complexidade das variáveis associadas à violência e a tendência a priorizar algumas variáveis em detrimento de outras negligenciadas. Esses aspectos contribuem para um cenário em que novos conhecimentos têm dificuldade de emergir, resultando em uma repetição de resultados8.
Diante do exposto, mapear as produções científicas existentes acerca da violência contra a mulher baseada no gênero, pode lançar luz sobre essa problemática. Essa pesquisa visa identificar o que tem sido produzido e os padrões presentes nos estudos sobre esse fenômeno.

MÉTODOS
Esta pesquisa consiste em um estudo descritivo com abordagem qualitativa do tipo revisão de escopo. O estudo foi realizado a partir da metodologia do Instituto Joanna Briggs (JBI)9 e relatado seguindo as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR)10.
Esta estratégia metodológica foi selecionada em função de possibilitar a coleta de evidências com base em diversas metodologias de pesquisa, permitindo assim uma análise abrangente de um tópico ou assunto específico11. Foi desenvolvida a seguinte pergunta para orientar a formulação da pesquisa: “Como a violência contra a mulher baseada no gênero tem sido abordada na produção científica?”

Critérios de elegibilidade
Os critérios de elegibilidade foram estabelecidos por meio da estratégia mnemônica PCC (Participantes, Conceito e Contexto) para revisão de escopo12. A elegibilidade para a revisão foi a seguinte: Participantes: estudos que se propuseram a investigar a violência de gênero contra a mulher; Conceito: compreensão do fenômeno, incluindo os fatores propulsores e de combate a sua manifestação; Contexto: estudos com mulheres e/ou homens.
Apenas estudos primários envolvendo homens e mulheres foram considerados, sem levar em conta a faixa etária e que tivessem como foco principal a investigação da violência contra a mulher, independentemente da abordagem metodológica ou área de estudo. Além disso, os estudos incluídos deveriam ser artigos, com resumos e disponíveis na íntegra nos idiomas português ou inglês. Estudos secundários foram excluídos, assim como pesquisas que abordassem outras formas de violência de gênero. Não foram aplicados critérios de exclusão com base na etnia ou no ano de publicação.

Fontes de pesquisa e estratégias de busca
Quatro bases de dados foram utilizadas para a realização do levantamento: EMBASE, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Web of Science e PsycInfo. A escolha dessas bases de dados considerou a quantidade de periódicos indexados internacionalmente e a capacidade de recuperar artigos relevantes em campos multidisciplinares e interdisciplinares13.

Seleção
A seleção dos termos de busca ocorreu em três etapas durante a revisão. Entre setembro e outubro de 2023, foi realizado um levantamento do vocabulário controlado nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/MeSH). Esse levantamento tinha como objetivo investigar os conceitos de interesse, analisar e categorizar os descritores mais relevantes nas pesquisas sobre a violência contra a mulher baseada no gênero. Posteriormente, nos meses de novembro e dezembro de 2023, foram desenvolvidas diversas estratégias de busca com os vocábulos de referência selecionados. Essas estratégias foram individualmente testadas por quatro pesquisadoras para verificar a eficácia de cada uma e selecionar a mais adequada. Por último, a estratégia de busca final foi elaborada e adaptada conforme a base de dados utilizada.

Seleção
Com base nos descritores "Violência contra as mulheres", "Violência de gênero", "Violence Against Women" e "Gender-Based Violence", juntamente com suas estratégias de busca correspondentes, foram conduzidos levantamentos em português e inglês entre janeiro e fevereiro de 2024 nas bases de dados selecionadas (Tabela 1).

Utilizou-se o aplicativo Rayyan (Qatar Computing Research Institute, Qatar) para gerenciar e documentar o processo de revisão. Para garantir a uniformidade da triagem, as autoras realizaram sessões de treinamento em Rayyan com as revisoras. As revisoras identificaram cegamente, de forma independente a partir dos critérios de elegibilidade estabelecidos, os títulos das publicações e os termos de indexação utilizados para descrever os artigos. Uma terceira revisora avaliou e resolveu divergências, quando necessário, houve uma discussão com a equipe de pesquisa sobre a inclusão de estudos acerca das dúvidas de sua elegibilidade. O mesmo processo foi utilizado para a avaliação e seleção dos resumos para compor a amostra final do estudo.

Extração e armazenamento de dados
Os dados foram identificados e extraídos. As seguintes informações foram selecionadas: ano de publicação, autoria dos estudos, país de publicação, metodologia utilizada, tipo de violência discutida e área do periódico definida a partir da Tabela de Áreas do Conhecimento do CNPq14. Posteriormente, revisou-se os dados extraídos, todas as informações foram compiladas e armazenadas em uma planilha utilizando o aplicativo Microsoft Excel versão 2401 para análise subsequente.
Os resumos selecionados foram traduzidos e inseridos na plataforma online Google Docs seguindo as diretrizes de formatação15. Uma das autoras revisou os dados extraídos e a formatação do corpus e o inseriu no aplicativo gratuito OpenOffice.org Writer para a configuração final.

Análise e apresentação dos resultados
Os dados foram analisados através de duas estratégias: avaliação manual seguida pela construção de tabelas para discussão dos resultados e exploração temática por meio de utilização do software gratuito de análise lexical Iramuteq versão R 3.2.1.
No software Iramuteq realizou-se o processamento dos dados por meio da Classificação Hierárquica Descendente (CHD), essa análise de texto informatizada foi escolhida pela sua capacidade de decompor e apresentar uma classificação de vocábulos com base em sua distribuição. A CHD calcula as partições em classes lexicais e apresenta as suas relações por meio de um dendrograma, considerando a relação entre as classes e a representatividade de cada eixo no conteúdo textual analisado15.

RESULTADOS

Levantamento dos artigos
O levantamento nas bases de dados identificou um quantitativo de 3.971 estudos. Após a exclusão de 1.779 duplicatas, 2.192 estudos foram submetidos à leitura dos títulos, dos quais 1.259 foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão: ser estudo primário e discutir a violência contra a mulher baseada no gênero. Foram analisados 933 resumos, dentre os estudos, 700 não foram contemplados pelos critérios de elegibilidade: 211 apresentavam uma população diferente da especificada na estratégia PCC; 255 apresentaram objetivos diferentes do pretendido e 134 não estavam disponíveis gratuitamente. Ao final, 233 estudos foram incluídos nesta revisão. Não foi realizada busca na lista de referências da amostra. Todo o processo de seleção dos estudos é apresentado no diagrama de fluxo do PRISMA apresentado na figura 1.
Figura 1 - Fluxograma do processo de seleção dos estudos.

Datas das publicações
A distribuição dos 233 estudos de acordo com o ano de publicação foi heterogênea, abrangendo o período de 1998 a 2023. Não foram encontrados estudos publicados em 1999 que atendessem aos critérios de inclusão. É possível identificar um crescimento nas publicações a partir de 2010. Entre 2012 e 2018, foram publicados 111 estudos (46,7%). No entanto, esse crescimento foi seguido por uma redução significativa de investigações realizadas em 2019, com apenas 5 pesquisas, seguido por um aumento expressivo em 2020. De 2020 a 2021 foram publicados 54 artigos (23,18%).

Metodologia dos estudos
Com relação ao desenho metodológico utilizado pelos estudos que compõem a amostra, observou-se uma predominância em pesquisas que empregaram abordagem qualitativa. Do total, 130 estudos especificaram o uso da abordagem qualitativa (55,8%), 81 optaram pela abordagem quantitativa (34,8%) e apenas 22 estudos preferiram utilizar a combinação das duas abordagens como desenho metodológico (9,4%).

Autoria dos estudos
Esta revisão incorporou 233 estudos, 28 (12%) foram escritos exclusivamente por homens, 60 (25,8%) exclusivamente por mulheres e 145 (62,2%) em coautoria entre homens e mulheres, totalizando 525 autoras. Considerando a vinculação institucional das pesquisadoras, evidencia-se a predominância de instituições no continente americano (37,7%). Em seguida, destaca-se na Europa (9,9%), seguida pela Ásia (8,6%), África (1,0%) e Oceania (1,7%).
Em relação às informações sobre raça ou etnia das autoras, os dados foram identificados e coletados a partir dos currículos com foto disponíveis na web. Das 525 autoras, 400 foram identificadas como brancas, representando 76,2%. Outras 84 como não brancas (16%). Não foi possível encontrar informações sobre a raça ou etnia de 41 autoras (7,8%).

Países de publicação
Os estudos incluídos nesta revisão foram provenientes de países localizados em cinco continentes: África, América, Ásia, Europa e Oceania. Destaca-se uma predominância de publicações originárias do continente americano, totalizando 147 estudos. Destes, 81 foram publicados em países da América do Sul, com destaque para o Brasil, que contribuiu com 77 produções e 66 estudos foram provenientes de países da América do Norte, com uma predominância de investigações dos Estados Unidos com 64 publicações. Outros continentes que apresentaram um número considerável de estudos: Europa (n= 48), seguida da África (n= 19), Ásia (n=17) e Oceania, com 2 estudos, originários da Austrália (Tabela 2).

Tabela 2 - Países de publicação

Áreas das revistas
Ao examinar as áreas das revistas onde os estudos da amostra foram publicados, destaca-se a existência de uma concentração em apenas três campos do conhecimento. É evidente a predominância da área das Ciências da Saúde (83%) onde a Saúde Coletiva conta com 102 estudos e a Medicina com 73. Apesar de menos representativa em termos quantitativos, as Ciências Humanas demonstram um interesse específico pela Psicologia, com 22 estudos, seguidos por 5 estudos publicados nas Ciências Políticas (Tabela 3).

Tipos de violências discutidos
Embora exista uma sobreposição das diferentes formas de violência contra a mulher, foram identificados, com fins analíticos, seis tipos de violência: física, sexual, psicológica/emocional, moral, patrimonial e violência geral. Discussões sobre a violência física (n=139), sexual (n=133) e psicológica/emocional (n=91) estão em evidência, mas também é possível notar outras modalidades que ocupam um destaque secundário como a violência patrimonial (n=15), moral (n=4). A violência geral é uma categoria representada pelos estudos que investigam múltiplas manifestações de violência.

Análise lexicográfica
O corpus completo continha 233 textos, 1922 segmentos de texto, 7337 formas distintas e 68681 ocorrências. A CHD dividiu o corpus em 1712 segmentos de textos e quatro agrupamentos. O percentual de retenção dos segmentos de texto foi de 89.07%. Para fins de análise, utilizou-se a padronização das formas gramaticais indicadas no Iramuteq (Figura 2).

Fig.2

A análise lexicográfica dividiu o corpus em três partições e quatro classes. Inicialmente, o conteúdo da análise foi dividido em uma partição: Classe 4 “Estratégias metodológicas” que se uniu a duas outras partições: a junção da Classe 2 “Reconhecimento do impacto social” e da Classe 3 “Estratégias de suporte às vítimas”. E em um terceiro momento, a junção das duas partições anteriores originou a terceira partição com a Classe 1 “Configuração das violências recorrentes”. A CHD foi finalizada nesta etapa, pois as classes demonstraram estabilidade, apresentando segmentos de texto com vocabulário semelhante.
O grau de proximidade entre as Classes 2 e 3 sugere uma aproximação de sentido no conteúdo textual nelas encontrado. Ademais, a organização da CHD indica que a discussão sobre o reconhecimento do impacto social (Classe 2) e as estratégias de suporte às vítimas (Classe 3) está contida na análise da configuração das violências recorrentes (Classe 1). O afastamento da Classe 4 indica que o seu conteúdo lexical se distancia do que está sendo abordado nas partições anteriores, mas possibilita que essas análises sejam construídas.
A Classe 4, “Estratégias metodológicas”, representa 454 ST, retendo 26,5% do corpus analisado. A classe apresenta termos como “Realizar” (f=146, x²=299.49), “Dado” (f=155, x²=209.7), “Entrevista” (f=88, x²=190.48), “Transversal (f=74, x²=176.71) e “Questionário” (f=53, x²=115.13). Os trechos presentes na classe demonstram as estratégias utilizadas pelos pesquisadores para desenvolver as suas pesquisas. Como pode ser observado a seguir:
“Foram realizadas entrevistas presenciais baseadas em um questionário desenvolvido pela OMS para uso em pesquisas sobre violência com 883 mulheres selecionadas aleatoriamente”; “Uma amostra de 265 mulheres, de 18 a 49 anos, foi entrevistada utilizando um questionário aplicado face a face”.
A Classe 2, nomeada de “Reconhecimento do impacto social”, representa 291 ST (17%) do corpus total e apresenta palavras como “Problema” (f=80, x²=123.16), “Importante” (f=40, x²=89.43), “Diferente” (f=51, x²=71.43), “Saúde Pública” (f=27, x²=63.34) e “Consequência” (f=45, x²=48.7). A análise dos segmentos de textos possibilita identificar uma reflexão sobre a compreensão dos impactos, tanto individuais quanto sociais, da violência baseada no gênero na vida das mulheres vitimadas. Conforme demonstrado a seguir:
“A violência baseada no gênero é um problema generalizado na África do Sul. As desigualdades estruturais do passado criaram um clima propício à violência contra as mulheres”; “A violência contra as mulheres é um problema social e de saúde pública significativo na sociedade saudita. Os profissionais de saúde podem precisar considerar o diagnóstico, quando forem encontrados os fatores de risco identificados no presente estudo”.
A Classe 3, nomeada de “Estratégias de suporte às vítimas”, representa 369 ST (21,6%) do corpus e apresenta vocábulos como “Intervenção” (f=70, x²=147.45), “Apoio” (f=64, x²=125.84), “Necessidade” (f=52, x²=97.24), “Dever” (f=61, x²=83.69), “Prevenção” (f=44, x²=69.94) e “Político” (f=36, x²=68.35). Os segmentos de texto desta classe destacam estratégias que podem ser desenvolvidas para auxiliar as vítimas no cenário de violência, conforme descrito posteriormente:
“a magnitude dessa problemática evidencia a necessidade do desenvolvimento de intervenções de apoio às vítimas e de políticas públicas efetivas para que o ciclo de violência seja interrompido”; “os resultados obtidos neste estudo são importantes na medida em que podem constituir uma fonte de informação para o estabelecimento de políticas e programas de prevenção da violência contra as mulheres”
A Classe 1, “Configuração das violências recorrentes”, representa 598 ST (34,9%) do corpus analisado e apresenta termos como “Violência física” (f=150, x²=146.93), “Violência sexual” (f=172, x²=95.4), “Relatar” (f=116, x²=91.72), “Violência” (f=522, x²=76.96) e “Parceiro” (f=118, x²=76.76) Os segmentos de texto presentes nessa classe evidenciam as tipologias de violência mais prevalentes e a dinâmica presente em suas manifestações, conforme evidenciado a seguir:
“Os tipos de violência perpetrados incluíam abuso físico, psicológico e/ou sexual contra mulheres ou seus filhos. Foi observada a existência de violências anteriores, nas famílias de origem das vítimas e dos agressores”; “a violência física, psicológica e econômica foi mais frequentemente referida pelas mulheres que vivem com um parceiro, que são casadas ou divorciadas/separadas. A violência sexual foi associada a pessoas pertencentes a um grupo étnico não indígena, enquanto todos os tipos de violência foram mais comuns entre as pessoas que vivem em meio urbano, exceto a violência física, nas Terras Altas ou na região Amazônica”.

DISCUSSÃO

A revisão de escopo demonstrou que os estudos selecionados apresentam uma predominância de autoras nas pesquisas, indicando o interesse das mulheres em diferentes países e culturas pelo tema violência contra a mulher. Os resultados desta pesquisa também destacam que a investigação sobre esse fenômeno é predominantemente realizada em três áreas de conhecimento: Ciências da Saúde, Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas, com maior ênfase nas Ciências da Saúde. Embora os estudos qualitativos sejam predominantes, também são encontrados estudos quantitativos e mistos. Além disso, há uma tendência em abordar as três principais formas de violência contra a mulher em relacionamentos afetivos: física, sexual e psicológica.
Observa-se também discussões sobre outras manifestações de violência e em diferentes cenários. A importância social dessa questão é evidenciada conceituando a violência contra a mulher não apenas como um problema individual, mas também como um fenômeno de dimensão social e global. Este problema é reconhecido como um dos principais desafios sociais em diversos países, como evidenciado na Turquia16, nos Estados Unidos17 e no Brasil18. O estudo publicado em 1998 analisa a violência contra a mulher a partir da relação com o parceiro íntimo e a perpetração da violência sexual19. Entre 2000 e 2009, diversos estudos abordaram questões como a violência por parceiro íntimo, conjugalidade e violência doméstica20-22.
Contudo, destaca-se o surgimento de novas discussões relacionadas não apenas ao cenário de relacionamentos, mas a outros contextos em que as mulheres são vitimizadas, incluindo o impacto na saúde das vítimas23 e a manifestação da violência contra a mulher em seus locais de trabalho24. Uma revisão de escopo sobre o sexismo no trabalho destacou que, embora o sexismo ambivalente esteja presente e ambiente de marcado pelos estereótipos de gênero nas relações interpessoais e institucionais no ambiente laboral, é possível identificar que as reivindicações feministas e as conquistas de direitos pelas mulheres têm contribuído para o reconhecimento e o combate das crenças naturalizadas sobre os papéis de gênero no campo da produção acadêmica25.
É possível notar uma configuração dos estudos decorrentes de intersecções entre a violência e outras temáticas relevantes para a população em que as investigações foram desenvolvidas. Esse dado pode ser evidenciado através do estudo realizado com mulheres na África do Sul que relacionou a violência de gênero contra as mulheres com as relações intergeracionais e comparou a postura de homens jovens e mais velhos diante da saúde sexual de suas parceiras26. Outra pesquisa demonstrou que as estruturas sociais impõem uma postura de resignação às mulheres diante das violências vivenciadas e a impossibilidade de analisar esse fenômeno sem considerar as limitações presentes nas comunidades das vítimas como a pobreza e a desigualdade27.
Os resultados da atual revisão também indicam um crescimento de publicações entre os anos 2020 e 2021, e a vinculação da violência contra a mulher com temáticas como o contexto cibernético28, conflitos no leste da Ucrânia29, campos de refugiados no Quênia30, no Canadá31 e a Covid-1932. Ao analisar os tipos de violência discutidos pelos estudos, observa-se que a violência física, seguida pela sexual e pela psicológica/emocional emergem como os principais focos de investigação. Essas constatações também podem ser notadas no estudo realizado no Quênia com 283 mulheres profissionais do sexo que evidenciou, nessa população, um alto índice de violência baseada no gênero. Em 86% das respondentes, os tipos de vitimização mais predominantes foram a violência física, sexual e emocional32.
Uma pesquisa desenvolvida com jovens de 15 a 24 anos residentes em países de baixa e média renda que experienciaram situações de violência física e sexual em uma prevalência considerável demonstrou que pesquisadores têm empreendido esforços globais para investigar, prevenir e articular estratégias de intervenção no enfrentamento à violência de gênero contra as mulheres, centrando-se na violência física e sexual. Nessa perspectiva, evidencia-se o surgimento de uma mudança na atitude social referente à aceitação do abuso físico33. A naturalização da violência física tem sido combatida e, à medida que as justificativas para a sua continuidade perdem apoio social, formas sutis de violência contra a mulher, como a psicológica, têm se intensificado34.
O surgimento e a manutenção dessas formas de violência foram discutidos em um estudo realizado com estudantes universitários/as da Espanha. As autoras identificaram que os participantes do estudo tinham facilidade para associar a agressão física ou sexual a formas de violência contra a mulher. No entanto, quando eram apresentados comportamentos que envolviam dominação, humilhação ou controle, como impedir a mulher de falar ou fazer comentários desagradáveis sobre sua aparência, não conseguiam relacionar essas ações a modalidades de abusos contra as mulheres35.
Com efeito, as mulheres vêm enfrentando diversas formas de subordinação e, dentre elas, a manifestação da violência sexual e a culpabilização da vítima também aparecem de forma recorrente atreladas a variáveis como gênero, cor da pele e normatividade36. Essas variáveis interagem entre si, produzindo diferentes experiências para as vítimas. Ao analisar as representações sociais das mulheres, é possível identificar que a percepção da violência sexual contra a mulher está articulada à ideia de que a vítima é corresponsável pela violência sofrida. Essa perspectiva revela a continuidade da influência dos valores patriarcais na estruturação de nossa sociedade37.
Além disso, os resultados indicam a existência de outros tipos de violência, como é o caso da violência econômica, moral, patrimonial e conjugal. Apesar da predominância de alguns tipos de violência, as mulheres são frequentemente expostas a variadas formas de violação e a um contexto de polivitimização, o que acaba dificultando o reconhecimento e a saída desses cenários de abuso16,38. Ademais, os resultados desta revisão apontam algumas estratégias de auxílio às vítimas para a lidarem com os múltiplos cenários de abuso. De 1998 a 2007, a principal estratégia concebida pelos estudos foi a capacitação dos/as profissionais para atendimento às vítimas39,40.
Um estudo realizado com 386 gestantes vítimas de violência por parceiro íntimo, que realizaram pré-natal em Unidades de Medicina da Família na Cidade do México, evidenciou que, apesar do combate à violência ter encontrado respaldo social e governamental, ainda é um “tabu” para muitas mulheres. As autoras destacaram que essa limitação se estende para os/as prestadores/as de saúde, que em muitos casos categorizam esse problema como um assunto íntimo e doloroso. Os resultados da investigação evidenciam que o papel da equipe de saúde é uma ferramenta necessária para auxiliar as mulheres vítimas de violência, uma vez que a equipe pode contribuir com a detecção da violência, realizar a avaliação de risco, compartilhar informações legais sobre os abusos e proporcionar o acompanhamento e o encaminhamento adequados para os serviços de apoio disponíveis41.
O reconhecimento de ações preventivas, como o desenvolvimento de projetos que conscientizam as mulheres sobre seus direitos42, a elaboração de políticas de saúde que trabalhem com a prevenção43, promovendo espaços seguros para debate sobre a violência e o empoderamento foram as estratégias predominantes nos estudos publicados entre 2008 e 201444,45. As pesquisas publicadas entre 2015 e 2019 indicam a importância de desenvolver ações pensadas nas crenças das vítimas e as estratégias de enfrentamento por elas utilizadas nos ambientes abusivos46,47. Nesse âmbito estão presentes pautas como o fortalecimento da educação pública no combate à normalização da violência48 e utilização de tecnologias de informação e comunicação como ferramentas de conscientização dos direitos das vítimas49.
Por fim, entre 2020 e 2023, predominam estratégias direcionadas para combater os estereótipos de gênero16,50, a partir da construção de possibilidades de ressignificação dos papéis sociais e das experiências das mulheres51. Ademais, há um reconhecimento da importância de desenvolvimento de ferramentas e políticas públicas direcionadas ao combate da manifestação e perpetuação desses estereótipos nas redes sociais online26.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados indicaram que ao longo dos anos, a violência contra a mulher baseada no gênero vem sendo amplamente investigada em diferentes contextos sociais e culturais. Essas investigações têm discutido questões necessárias para a compreensão e combate aos abusos Apesar dos avanços evidentes, é relevante observar que ainda há um domínio do direcionamento das discussões voltado para as violências mais predominantes nas relações amorosas, com uma concentração de publicações nas Ciências da Saúde. No entanto, mesmo com essa configuração, os estudos têm apresentado diferentes estratégias de apoio para as vítimas.
A implicação desses resultados na formulação de novas pesquisas reside em reconhecer que a investigação desse fenômeno deve considerar o contexto em que a vítima está inserida e as limitações provenientes desse cenário. Além dos danos mais comuns, as mulheres enfrentam outras formas de opressão que ainda não recebem a devida atenção no campo da produção científica. A promoção do diálogo entre diversas áreas do conhecimento para analisar este fenômeno multifacetado, possivelmente, se coloca como um meio promissor de ampliação e abrangência da investigação sobre violência contra a mulher.
Embora a investigação tenha respondido satisfatoriamente à questão de pesquisa, algumas limitações devem ser indicadas para que estudos futuros avancem na agenda de pesquisa acerca da violência contra a mulher baseada no gênero. A amostra desta revisão foi composta por artigos de acesso aberto, sem considerar outros formatos de publicação, como a literatura cinza, por exemplo. Além disso, foi utilizado como filtro de busca artigos nos idiomas inglês e português, impossibilitando o acesso a artigos completos publicados em outros idiomas. Uma agenda futura de investigação poderia considerar múltiplos formatos de publicização de evidências que seguem desde produtos midiáticos a projetos e demais publicações acadêmico-científicas, uma vez que a violência contra a mulher baseada no gênero é um problema de gênese multifacetada e de dinâmica complexa.

REFERÊNCIAS


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Financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Brasil (CNPq)



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Fernandes, S.C.S, Martins, M.N, Rocha, S.A.F, Estramiana, J.L.A, Bilbao-Nieva, M.I, Vione, K.C, Antônio, M.J. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER BASEADA NO GÊNERO: UMA REVISÃO DE ESCOPO. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/fev). [Citado em 21/02/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/violencia-contra-a-mulher-baseada-no-genero-uma-revisao-de-escopo/19512?id=19512

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