EN PT

Artigos

0166/2024 - Associação entre saúde cardiovascular e depressão autorreferida: Pesquisa Nacional de Saúde de 2019
Association between cardiovascular health and self-reported depression: 2019 National Health Survey

Autor:

• Maria Luiza Sady Prates - Prates, M. L. S. - <malusady@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6199-7092

Coautor(es):

• Luís Antônio Batista Tonaco - Tonaco, L. A. B. - <luysantonio@yahoo.com.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9660-2900

• Mariana Santos Felisbino-Mendes - Felisbino-Mendes, M.S. - <marianafelisbino@yahoo.com.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5321-5708

• Jorge Gustavo Velásquez Meléndez - Velásquez Meléndez, J. G. - <guveme@ufmg.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8349-5042

• Deborah Carvalho Malta - Malta, D. C. - <dcmalta@uol.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8214-5734

• Alexandra Dias Moreira - Moreira, A.D - <alexandradm84@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4477-5241



Resumo:

Objetivo: analisar a associação entre o escore de saúde cardiovascular ideal e o diagnóstico autorreferido de depressão em adultos brasileiros. Método: estudo transversal, com 57.898 adultos brasileiros da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Desfecho: presença de depressão autorreferida. Exposições: escores comportamental (IMC, tabagismo, dieta, atividade física, ideal se ? 3 fatores ideais), biológico (tabagismo, dislipidemia, hipertensão e diabetes, ideal se ? 3 fatores ideais) e saúde cardiovascular (todos os fatores, ideal se ? 4 fatores ideais), com base no escore proposto pela American Heart Association. Foram categorizados em ruim/intermediário ou ideal. As associações foram testadas por meio de modelos de regressão logística ajustados por características sociodemográficas. Resultados: a prevalência de depressão foi de 11,1%. Todos os escores classificados como ideais foram inversamente associados à depressão após ajustes por variáveis sociodemográficas (Escore comportamental ideal: OR: 0,58 (IC95%: 0,48-0,70), biológico ideal: OR: 0,48 (IC95%: 0,43-0,53) e cardiovascular ideal: OR 0,53 (IC95%: 0,48-0,59). Conclusão: o escore de saúde cardiovascular ideal associou-se inversamente ao diagnóstico autorreferido de depressão entre adultos brasileiros.

Palavras-chave:

Depressão; Doenças Cardiovasculares; Fatores de Risco de Doenças Cardíacas; Inquéritos Epidemiológicos.

Abstract:

Objective: to analyze the association between the ideal cardiovascular health score and the self-reported diagnosis of depression in Brazilian adults. Method: cross-sectional study, with 57,898 Brazilian adultsthe 2019 National Health Survey. Outcome: presence of self-reported depression. Exposures: behavioral scores (BMI, smoking, diet, physical activity, ideal if ≥ 3 ideal factors), biological (smoking, dyslipidemia, hypertension and diabetes, ideal if ≥ 3 ideal factors) and cardiovascular health (all factors, ideal if ≥ 4 ideal factors), based on the score proposed by the American Heart Association. They were categorized as poor/intermediate or ideal. Associations were tested using logistic regression models adjusted for sociodemographic characteristics. Results: the prevalence of depression was 11.1%. All scores classified as ideal were inversely associated with depression after adjustments for sociodemographic variables (Ideal behavioral score: OR: 0.58 (95%CI: 0.48-0.70), ideal biological score: OR: 0.48 (95%CI : 0.43-0.53) and ideal cardiovascular health: OR 0.53 (95% CI: 0.48-0.59). Conclusion: the ideal cardiovascular health score was inversely associated with the self-reported diagnosis of depression among Brazilian adults.

Keywords:

Depression; Cardiovascular diseases; Heart Disease Risk Factors; Epidemiological Surveys

Conteúdo:

INTRODUÇÃO

No Brasil, estima-se que os transtornos depressivos atinjam cerca de 16,3 milhões de pessoas1. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de casos de depressão aumentou 18% entre os anos de 2005 e 20152. Essa condição é considerada um transtorno multifatorial evitável, caracterizado por tristeza ou irritabilidade, desinteresse ou desprazer, dificuldades cognitivas, sentimento de culpa ou baixa autoestima, distúrbios do sono ou apetite e ideias recorrentes de morte3, o que pode ser pontual ou perdurar por dias, meses ou anos2.
A depressão constitui-se um problema de saúde pública devido a sua alta prevalência, repercussões na saúde geral e o seu impacto psicossocial4. Em 2019, os transtornos depressivos levaram a um total global de mais de 125 milhões de anos vividos com incapacidades (YLD), sendo considerada a décima terceira principal causa de anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs)5.
Os gastos globais equivalentes à produtividade perdida decorrente da ansiedade e depressão custam à economia global US $1 trilhão, estimando-se aumento para US $6 trilhões, aproximadamente, em 20306. As pessoas com transtornos mentais apresentam saúde física deficiente, por isso têm um risco maior de desenvolver doenças físicas, como doenças cardiometabólicas, obesidade, diabetes7, cardiopatias e problemas oncológicos8,9. Isso acarreta um elevado ônus social e econômico aos indivíduos, família, governo e sociedade.
Estudos prévios revelaram uma associação bidirecional entre doença cardiovascular (DCV) e a depressão10,11. A depressão é fator de risco para a mortalidade e morbidade cardiovascular, tanto na população saudável quanto naqueles com doenças cardiovasculares já estabelecidas12,13, e a morbidade cardíaca é fator de risco para a depressão14. A correlação entre essas doenças pode ser explicada devido ao aumento dos marcadores inflamatórios14,15, visto que a inflamação é um componente presente tanto na depressão, quanto nas doenças cardiovasculares16. Isso se deve ao estressor mental, característica comum entre DCV e a depressão, que causa alteração no sistema nervoso autônomo e contribui para a inflamação12.
Em 2010, a American Heart Association (AHA) propôs um escore de saúde cardiovascular para a redução da morbidade e da mortalidade por DCV. O escore contempla 7 fatores protetores para a saúde cardiovascular, os comportamentais (não fumar, praticar atividade física, ter Índice de Massa Corporal (IMC) abaixo de 25 kg/m2 e alimentação adequada) e biológicos (não ter hipertensão arterial e ter níveis glicêmicos e de colesterol adequados). A AHA considera a presença desses fatores como uma métrica do status ideal de saúde cardiovascular17.
Alguns estudos demonstram que a atividade física18,19, uma boa nutrição20, pressão arterial controlada21,22, a glicemia controlada23 e o não consumo de nicotina24 reduzem os sintomas de ansiedade e depressão. Por outro lado, a presença de depressão associa-se de forma independente à saúde cardiovascular ruim25,26,27.
Dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) demonstraram que o risco de depressão é triplicado na presença de saúde cardiovascular ruim10, considerando o escore proposto pela AHA17. Contudo, são escassas as publicações que relacionam esse escore com a ocorrência de depressão. Ressalta-se, ainda, que são necessárias publicações sobre essa associação em amostra representativa da população brasileira.
Com base no exposto, objetivou-se avaliar a associação entre o escore de saúde cardiovascular ideal e o diagnóstico autorreferido de depressão em adultos brasileiros, com dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019.

MÉTODOS

Trata-se de estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A PNS é um inquérito nacional de base domiciliar contendo um questionário dividido em três partes: primeiro voltado para as características do domicílio, segundo para todos os moradores do domicílio e terceiro para um morador de cada domicílio selecionado que tenha 15 anos ou mais. Para se calcular o tamanho da amostra da PNS, foram considerados os valores médios, as variâncias e os efeitos do plano amostral, e se supôs uma taxa de não resposta de 20%. Outras informações mais detalhadas sobre a PNS encontram-se descritas em publicação específica28.
Para as análises do presente estudo, foram analisados os dados dos indivíduos de 18 anos ou mais, sendo considerado como desfecho a presença de depressão autorreferida (Não/Sim) e como exposição a saúde cardiovascular ideal. Dos 90.846 moradores selecionados, foram excluídas as participantes grávidas, as que não sabiam que estavam grávidas, indivíduos com faixa etária <18 anos e aqueles que não tinham informações completas sobre todas as variáveis que compõem esse estudo.
A saúde cardiovascular ideal foi analisada conforme proposto pela American Heart Association (AHA)17, a partir de escores autorreferidos, sendo três: 1) escore comportamental (IMC, tabagismo, dieta, atividade física); 2) escore biológico (tabagismo, dislipidemia, hipertensão e diabetes), sendo que, neste estudo, os escores comportamental e biológico foram considerados ideais na presença de 3 ou mais fatores e ruim/intermediário na presença de menos de 3 fatores; e 3) escore de saúde cardiovascular, composto pelos 7 fatores (IMC, tabagismo, dieta, atividade física, dislipidemia, hipertensão e diabetes). Neste estudo, foi considerada saúde cardiovascular ideal a presença de 4 ou mais fatores. Esse ponto de corte foi anteriormente associado à proteção cardiovascular e à redução da incidência de doença coronariana29,30. Ressalta-se que, conforme orientação da AHA, a variável tabagismo foi incluída tanto no escore comportamental, quanto no escore biológico, devido à importância de não fumar ou de cessar esse hábito para a promoção da saúde e prevenção de doenças cardiovasculares17. Dessa forma, as variáveis que compõem os escores foram classificadas como ruim/intermediário ou ideal. O escore de saúde cardiovascular autorreferido foi validado em relação ao aferido para a população brasileira em estudo prévio31.
A presença de depressão foi autorreferida por meio da pergunta: “Algum médico ou profissional de saúde mental (como psiquiatra ou psicólogo) já lhe deu o diagnóstico de depressão?”. A hipertensão, diabetes e o colesterol foram avaliados por meio das perguntas, respectivamente: “Algum médico já lhe deu o diagnóstico de hipertensão arterial (pressão alta)?”; “Algum médico já lhe deu o diagnóstico de diabetes?” e “Algum médico já lhe deu o diagnóstico de colesterol alto?”, sendo “não” a resposta considerada ideal para todas as perguntas.
A dieta foi avaliada a partir de quatro critérios: 5 porções de frutas, verduras e legumes (FLV) 5 vezes na semana; consumo de peixe 2 vezes na semana; não consumir refrigerante e consumir menos de 5g de sal por dia32, sendo ideal a presença dos 4 fatores. Devido a PNS 2019 não estimar a quantidade exata do consumo de sal na população brasileira, foi realizado adaptação da seguinte pergunta: “Considerando a comida preparada na hora e os alimentos industrializados, você acha que o seu consumo de sal é:”, tendo sido considerado o consumo superior a 5g de sal por dia aqueles que responderam “muito alto” e “alto”, e abaixo de 5g os que responderam “adequado”, “baixo” e “muito baixo”.
Na atividade física foram considerados ideais os indivíduos que realizaram pelo menos 150 minutos por semana de AF moderada ou pelo menos 75 minutos semanais de AF vigorosa33. O IMC ideal foi considerado menor ou igual a 25 Kg/m234, a partir de peso e altura autorreferidos, conforme proposto pela AHA17.
A avaliação do tabagismo se deu pelas seguintes perguntas: “Atualmente, o(a) Sr(a) fuma algum produto do tabaco?” “No passado, o(a) Sr(a) fumou algum produto do tabaco?”. Foram considerados na categoria ideal os indivíduos que não fumam atualmente e que relataram nunca terem fumado no passado.
Foram realizadas análises bivariadas da associação entre os escore comportamental, biológico e cardiovascular, bem como os fatores que os compõem, e depressão autorreferida, por meio do teste qui-quadrado, considerando nível de significância de 5%. As associações entre os escores de saúde cardiovascular e a depressão foram testadas com modelos de regressão logística ajustados por sexo, idade, raça/cor, escolaridade e estado civil. Essas variáveis de ajuste foram consideradas por se associarem tanto à exposição (saúde cardiovascular) quanto ao desfecho (depressão), segundo estudos anteriores35,36,37,38,39,40,41,42,43,44,45, e segundo análises do presente estudo. No modelo final, consideram-se associados os escores que tiveram o valor de p<0,05. Todas as análises foram realizadas com o software Stata versão 12.0 e foram levados em conta os pesos amostrais e de pós-estratificação.
O projeto da PNS foi aprovado na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (processo nº 3.529.376, de 23 de agosto de 2019) e todos os entrevistados assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido concordando participar da pesquisa no momento da entrevista.

RESULTADOS

Neste estudo, foram analisados os dados de 57.898 indivíduos, sendo que 52,5% (IC95%: 51,8-53,2) eram do sexo feminino, 59,0% (IC95%: 58,2-59,8) tinham idade entre 18-49 anos, 47,1% (IC95%: 46,3-48) se autodeclaram brancos, 40,2% (IC95%: 39,5-41) relatam que o ensino médio foi o curso mais elevado que frequentou e 48,8% (IC95%: 48,08-49,7) eram casados (dados não mostrados).
Dos adultos brasileiros, apresentaram o escore comportamental ideal 8,70% dos homens e 10% das mulheres. Em relação ao escore biológico, 78,80% homens e 76,70% mulheres foram classificados como ideal. Já para o escore cardiovascular, 65,00% dos homens e 64,00% das mulheres foram classificados como ideal. Esses resultados, bem como a descrição dos componentes dos escores por sexo são descritos na Tabela 1, considerando, ainda, a estratificação por faixa etária.
A prevalência de depressão foi 16,18% (IC95%: 15,42-16,98) em mulheres e 5,49% (IC95%: 5,03-5,99) em homens, 9,80% (IC95%: 9,15-10,41) em indivíduos com idade entre 18 a 49 anos, 13,20% (IC95%: 12,09-14,37) entre 50 a 59 anos e 12,90% (IC95%: 11,98-13,90) com 60 anos ou mais. Essas e demais prevalências de depressão por características sociodemográficas são descritas na Tabela 2.
Observa-se que a prevalência de depressão foi maior nas categorias ruim/intermediário para todos os escores. A prevalência de depressão foi mais elevada em indivíduos com o escore na categoria ruim/intermediário, sendo observado 15,27% (IC95%: 14,43-16,14) no escore de saúde cardiovascular, enquanto 8,77% (IC95%: 8,26-9,31) foram classificados na categoria ideal. No escore comportamental, 11,51% (IC95%: 11,01-12,02) de prevalência de depressão foi observada na categoria ruim/intermediário e 7,2% (IC95%: 6,12-8,46) na categoria ideal. No escore biológico, 17,51% (IC95%: 16,36-18,72) possuem depressão na categoria ruim/intermediário, e 9,27% (IC95%: 8,8-9,76) na categoria ideal (Tabela 2).
Identificou-se que possuir escores de saúde cardiovascular ideais associa-se inversamente ao diagnóstico autorreferido de depressão entre adultos brasileiros nos modelos de regressão logística não ajustados. Além disso, a significância estatística se manteve após ajustes por variáveis sociodemográficas (modelo 1), com os seguintes valores de OR de depressão autorreferida: 0,53 (IC95%: 0,48-0,59) para escore cardiovascular ideal vs. intermediário/ruim, 0,58 (IC95%: 0,48-0,70) para escore comportamental ideal vs. intermediário/ruim e 0,48 (IC95%: 0,43-0,54) para escore biológico ideal vs. intermediário/ruim (Tabela 3).



DISCUSSÃO

O estudo evidenciou que ter saúde cardiovascular ideal se associa inversamente ao diagnóstico autorreferido de depressão, em comparação a ter saúde cardiovascular intermediária/ruim. Essa relação foi significativa tanto para o componente biológico, quanto para o comportamental e de saúde cardiovascular, e se manteve mesmo após ajustes por variáveis sociodemográficas.
Em relação às variáveis que compõem o escore de saúde cardiovascular e a análise da associação com o diagnóstico de depressão, sabe-se que alguns estudos já mostraram os efeitos do exercício físico na prevenção e no tratamento da depressão46,47, assim como os efeitos de uma boa nutrição20, da pressão arterial controlada24,25 e da glicemia controlada26. Os componentes do escore de saúde cardiovascular apresentaram associações diretas e significativas dos comportamentos não saudáveis (tabagismo, inatividade física) com o diagnóstico de depressão48, corroborando com os achados desta pesquisa.
Há evidências de que existe uma associação bidirecional entre DCV e a ocorrência de depressão. A associação desses transtornos surge como resultado de uma série de fatores compartilhados; mecanismos biológicos, comportamentais e fatores de risco10,14. Os indivíduos com DCV têm duas a três vezes mais chances de desenvolverem depressão49, e indivíduos com depressão têm maior probabilidade de desenvolver DCV49,50.
Embora os estudos que abordem os mecanismos que envolvem o escore de saúde cardiovascular e o desenvolvimento da depressão sejam em geral escassos, existem estudos que abordam os mecanismos das variáveis isoladas do escore e a predisposição do desenvolvimento da depressão18,20,21,22,23,24,51. Um estudo evidenciou que a menor ingestão de FLV está relacionado aos sintomas depressivos52, devido a influência de minerais, vitaminas, aminoácidos, fitoquímicos e compostos antioxidantes, que em baixas concentrações interferem nos marcadores inflamatórios, no estresse oxidativo e na rigidez arterial53.
Neste estudo, o consumo da dieta ideal foi baixo em relação a 2 indicadores importantes, FLV e peixe, que demonstraram baixa prevalência (7,23% e 24,44%, respectivamente)(dados não mostrados). Por isso, faz-se necessário políticas públicas que viabilizem um maior acesso à alimentação saudável e, assim, promovam o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) e contribuam para o alcance das metas do desenvolvimento sustentável54.
Destaca-se que o escore de saúde cardiovascular ideal, composto por potenciais fatores de proteção para doenças cardiovasculares, e a associação inversa com depressão, encontrada neste estudo, é consistente com evidências nacionais e internacionais25,30,10. Um estudo prospectivo com 732 funcionárias finlandesas sem depressão inicialmente, avaliou as métricas ideais de saúde cardiovascular por meio de exame físico e laboratoriais, histórico médico e autoavaliação, e evidenciou maior risco de sintomas depressivos naquelas com saúde cardiovascular ruim/intermediária25.
Em Dallas, no Texas, foi realizado um outro estudo epidemiológico prospectivo entre 1987 e 1998 com 5.510 participantes do Aerobics Center Longitudinal Study. Os autores concluíram que os componentes ideais da saúde cardiovascular apresentam uma relação inversa com os sintomas depressivos, tendo sido significativa no caso de comportamentos de saúde cardiovascular, mas não para fatores de saúde cardiovascular, como o colesterol total, pressão arterial e glicemia de jejum30.
Adicionalmente, em concordância com os achados deste estudo, o Elsa-Brasil, investigação multicêntrica do tipo coorte com 15.105 servidores públicos ativos ou aposentados, de 35 a 74 anos, mostrou que a saúde cardiovascular deficiente antecede o desenvolvimento da depressão. Além disso, adultos sem o diagnóstico de depressão foram acompanhados em média por 3 anos e 8 meses, e evidenciou-se que a saúde cardiovascular deficiente triplicou o risco de depressão10.
Ressalta-se que a depressão é uma das condições que mais contribuem para a carga global das doenças relacionadas à saúde mental no mundo55, apesar do seu subdiagnóstico56. Devido à alta prevalência, repercussões na saúde geral e impacto psicossocial, constituem um grave problema de saúde pública57.
Na atualidade, a prevalência dos hábitos de vida não saudáveis e de sintomas depressivos podem estar aumentados em relação ao presente estudo. Além das mudanças nos estilos de vida, quanto ao consumo de tabaco e bebidas alcoólicas, alimentação e atividade física no período de restrição social consequentes à pandemia de COVID-19, estudos apontam o aumento do sentimento de tristeza, ansiedade e nervosismo, além de problemas relacionados ao sono49,58. Somente no primeiro ano de pandemia, a ansiedade e a depressão aumentaram mais de 25%,32.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) atende cerca de 190 milhões de pessoas, sendo que 71% delas têm exclusivamente assistência à saúde pela rede pública59. A Atenção Primária à Saúde (APS), primeiro nível da Rede de Atenção à Saúde e porta de entrada preferencial do cidadão aos serviços de saúde do SUS, é um espaço privilegiado para acolher o indivíduo e trabalhar ações de prevenção e controle dos transtornos mentais, que visem à promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico e tratamento e ações de reabilitação no âmbito individual e coletivo60. Apesar disso, é grande a lacuna entre a necessidade de tratamento de transtornos mentais e a oferta de cuidado56.
A saúde mental não está dissociada da saúde geral, por isso, reconhecer que as demandas de saúde mental estão presentes em diversas queixas relatadas pelos usuários dos serviços de saúde são fundamentais61. Salienta-se que estimular mudanças no estilo de vida e redução dos fatores de risco são intervenções úteis para a prevenção de agravos mentais e esse estímulo deve ser pactuado entre os usuários e os profissionais de saúde18,20,21,23,24, sempre pautado no princípio da equidade e no protagonismo do sujeito envolvido no seu processo de produção de saúde.
Entre as limitações do estudo, por se tratar de uma pesquisa baseada em autorrelato, os resultados estão sujeitos a limitações de memória e subdiagnóstico de hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia, ou seja, uma parte dos entrevistados desconhecem a doença e não referem o diagnóstico62. Da mesma forma, infere-se que a prevalência do diagnóstico de depressão autorreferido pelos participantes pode estar subestimada, devido ser um indicador limitado para estimar a prevalência de depressão na população, que preferencialmente deve ser medida por meio de instrumento diagnóstico padronizado e validado ou avaliação clínica55.
Além disso, na PNS 2019 o consumo do sal não foi aferido por meio da relação sódio/creatinina em amostra de urina casual, mas através do autorrelato do participante, o que pode estar subestimada a sua prevalência. 80,59% relataram consumir pouco sal, entretanto, estudos de dados laboratoriais da PNS 2013 estimaram um consumo médio de 9,34g de sal por dia, no qual 95% da população adulta apresentaram consumo excessivo de sal63.
Neste estudo, na composição do escore de saúde cardiovascular, utilizamos para IMC ideal o ponto de corte de <25kg/m2, conforme recomendado pela AHA17 e utilizado em publicações nacionais e internacionais10,64. Por outro lado, existe a recomendação clínica de se considerar um ponto de corte diferenciado para idosos, considerando eutróficos aqueles com IMC <27 km/m2, pelo fato de a composição corporal do idoso ser diferente dos adultos, associada ao processo de envelhecimento65,66. Em análise de sensibilidade, a fim de testar possíveis impactos de um ponto de corte diferenciado para indivíduos idosos na determinação do escore de saúde cardiovascular e em sua relação com depressão, foi criado um escore de saúde cardiovascular considerando IMC ideal menor que 27kg/m2 para pessoas com 60 anos ou mais e menor que 25kg/m2 para indivíduos com menos de 60 anos. Em seguida, testou-se o modelo de regressão logística entre esse novo escore de saúde cardiovascular e depressão autorreferida, obtendo um OR ajustado por variáveis sociodemográficas de 0,56 (IC95%: 0,51-0,62) (dados não mostrados). Destaca-se que o OR ajustado, considerando o IMC ideal abaixo de 25kg/m2 para toda a população, foi de 0,53 (IC95%: 0,48-0,59), conforme demonstrado neste estudo. Verifica-se, portanto, uma diferença mínima nos OR em termos de magnitude, mantendo o sentido e a significância da associação. Logo, optou-se por manter o ponto de corte 25kg/m2 para a população geral para sustentar a comparabilidade dos achados com a literatura.
O presente estudo avança ao fazer referência a uma amostra representativa da população brasileira na avaliação da associação da saúde cardiovascular com depressão autorreferida. Ressalta-se, ainda, a robustez e o rigor metodológico da PNS, que configura a importância destes achados para enfatizar programas e políticas públicas direcionadas ao cuidado integral aos usuários dos serviços de saúde, o qual deve englobar ações interprofissionais direcionadas aos fatores modificáveis do escore.

CONCLUSÃO

A dimensão do escore de saúde cardiovascular ideal associou-se inversamente com o diagnóstico autorreferido de depressão entre adultos brasileiros. Nesse contexto, considera-se que a utilização deste escore, na prática clínica dos profissionais de saúde, poderá contribuir para auxiliar na conscientização sobre a importância de hábitos de vida saudáveis, que visem promover a saúde e prevenir agravos. Ademais, a implementação da avaliação do escore pode contribuir para a atenção integral à saúde individual e coletiva, por meio de intervenções que promovam a prevenção de agravos, investigação e rastreamento de condições crônicas.

REFERÊNCIAS
1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde 2019: percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal. Rio de Janeiro: IBGE; 2021. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101764.pdf
2. World Health Organization (WHO). Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates. Genebra: WHO, 2017. Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y
3. World Health Organization (WHO). Preventing suicide: a community engagement toolkit. Genebra: WHO, 2018. Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/272860
4. Ferrari AJ, Charlson FJ, Norman RE, Patten SB, Freedman G, Murray CJ, Vos T, Whiteford HA. Burden of depressive disorders by country, sex, age, and year: findings from the global burden of disease study 2010. PLoS Med. 2013 Nov;10(11):e1001547. doi: 10.1371/journal.pmed.1001547.
5. GBD 2019 Mental Disorders Collaborators. Global, regional, and national burden of 12 mental disorders in 204 countries and territories, 1990-2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet Psychiatry. 2022 Feb;9(2):137-50. doi: 10.1016/S2215-0366(21)00395-3.
6. The Lancet Global Health. Mental health matters. Lancet Glob Health. 2020 Nov;8(11):e1352. doi: 10.1016/S2214-109X(20)30432-0.
7. Firth J, Siddiqi N, Koyanagi A, Siskind D, Rosenbaum S, Galletly C, Allan S, Caneo C, Carney R, Carvalho AF, Chatterton ML, Correll CU, Curtis J, Gaughran F, Heald A, Hoare E, Jackson SE, Kisely S, Lovell K, Maj M, McGorry PD, Mihalopoulos C, Myles H, O'Donoghue B, Pillinger T, Sarris J, Schuch FB, Shiers D, Smith L, Solmi M, Suetani S, Taylor J, Teasdale SB, Thornicroft G, Torous J, Usherwood T, Vancampfort D, Veronese N, Ward PB, Yung AR, Killackey E, Stubbs B. The Lancet Psychiatry Commission: a blueprint for protecting physical health in people with mental illness. Lancet Psychiatry. 2019 Aug;6(8):675-712. doi: 10.1016/S2215-0366(19)30132-4.
8. Boing AF, Melo GR, Boing AC, Moretti-Pires RO, Peres KG, Peres MA. Associação entre depressão e doenças crônicas: um estudo populacional. Rev Saude Publica. 2012 Aug;46(4):617-23. doi: 10.1590/s0034-89102012005000044.
9. Lopes CS, Hellwig N, E Silva GA, Menezes PR. Inequities in access to depression treatment: results of the Brazilian National Health Survey - PNS. Int J Equity Health. 2016 Nov;15(1):154. doi: 10.1186/s12939-016-0446-1.
10. Brunoni AR, Szlejf C, Suemoto CK, Santos IS, Goulart AC, Viana MC, Koyanagi A, Barreto SM, Moreno AB, Carvalho AF, Lange S, Griep RH, Lotufo PA, Benseñor IM. Association between ideal cardiovascular health and depression incidence: a longitudinal analysis of ELSA-Brasil. Acta Psychiatr Scand. 2019 Dec;140(6):552-62. doi: 10.1111/acps.13109.
11. Halaris A. Inflammation-Associated Co-morbidity Between Depression and Cardiovascular Disease. Curr Top Behav Neurosci. 2017;31:45-70. doi: 10.1007/7854_2016_28.
12. Barth J, Schumacher M, Herrmann-Lingen C. Depression as a risk factor for mortality in patients with coronary heart disease: a meta-analysis. Psychosom Med. 2004 Nov-Dec;66(6):802-13. doi: 10.1097/01.psy.0000146332.53619.b2.
13. Almas A, Forsell Y, Iqbal R, Janszky I, Moller J. Severity of Depression, Anxious Distress and the Risk of Cardiovascular Disease in a Swedish Population-Based Cohort. PLoS One. 2015 Oct 15;10(10):e0140742. doi: 10.1371/journal.pone.0140742.
14. Mattina GF, Van Lieshout RJ, Steiner M. Inflammation, depression and cardiovascular disease in women: the role of the immune system across critical reproductive events. Ther Adv Cardiovasc Dis. 2019 Jan-Dec;13:1753944719851950. doi: 10.1177/1753944719851950.
15. Slavich GM, Sacher J. Stress, sex hormones, inflammation, and major depressive disorder: Extending Social Signal Transduction Theory of Depression to account for sex differences in mood disorders. Psychopharmacology (Berl). 2019 Oct;236(10):3063-3079. doi: 10.1007/s00213-019-05326-9.
16. Cox DR, Ashby S, DeConde AS, Mace JC, Orlandi RR, Smith TL, Alt JA. Dyad of pain and depression in chronic rhinosinusitis. Int Forum Allergy Rhinol. 2016 Mar;6(3):308-14. doi: 10.1002/alr.21664.
17. Lloyd-Jones DM, Hong Y, Labarthe D, Mozaffarian D, Appel LJ, Van Horn L, Greenlund K, Daniels S, Nichol G, Tomaselli GF, Arnett DK, Fonarow GC, Ho PM, Lauer MS, Masoudi FA, Robertson RM, Roger V, Schwamm LH, Sorlie P, Yancy CW, Rosamond WD; American Heart Association Strategic Planning Task Force and Statistics Committee. Defining and setting national goals for cardiovascular health promotion and disease reduction: the American Heart Association's strategic Impact Goal through 2020 and beyond. Circulation. 2010 Feb 2;121(4):586-613. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.109.192703.
18. Kandola A, Ashdown-Franks G, Hendrikse J, Sabiston CM, Stubbs B. Physical activity and depression: Towards understanding the antidepressant mechanisms of physical activity. Neurosci Biobehav Rev. 2019 Dec;107:525-539. doi: 10.1016/j.neubiorev.2019.09.040.
19. Freitas AR, Carneseca EC, Paiva CE, Paiva BS. Impact of a physical activity program on the anxiety, depression, occupational stress and burnout syndrome of nursing professionals. Rev Lat Am Enfermagem. 2014 Mar-Apr;22(2):332-6. doi: 10.1590/0104-1169.3307.2420.
20. Lanuza F, Petermann-Rocha F, Celis-Morales C, Concha-Cisternas Y, Nazar G, Troncoso-Pantoja C, Lassere-Laso N, Martínez-Sanguinetti MA, Parra-Soto S, Zamora-Ros R, Andrés-Lacueva C, Meroño T. A healthy eating score is inversely associated with depression in older adults: results from the Chilean National Health Survey 2016-2017. Public Health Nutr. 2021 Dec 13;25(10):1-12. doi: 10.1017/S1368980021004869.
21. László A, Tabák Á, K?rösi B, Eörsi D, Torzsa P, Cseprekál O, Tislér A, Reusz G, Nemcsik-Bencze Z, Gonda X, Rihmer Z, Nemcsik J. Association of affective temperaments with blood pressure and arterial stiffness in hypertensive patients: a cross-sectional study. BMC Cardiovasc Disord. 2016 Aug 8;16(1):158. doi: 10.1186/s12872-016-0337-9.
22. Mushtaq M, Najam N. Depression, anxiety, stress and demographic determinants of hypertension disease. Pak J Med Sci. 2014 Nov-Dec;30(6):1293-8. doi: 10.12669/pjms.306.5433.
23. B?descu SV, T?taru C, Kobylinska L, Georgescu EL, Zahiu DM, Z?grean AM, Z?grean L. The association between Diabetes mellitus and Depression. J Med Life. 2016 Apr-Jun;9(2):120-5.
24. Amorim TA, Lucchese R, Silva Neta EMD, Santos JSD, Vera I, Paula NI, Simões ND, Monteiro LHB. Determinants of mental health and abuse of psychoactive substances associated with tobacco use. A case-control study. Cien Saude Colet. 2019 Oct 28;24(11):4141-4152. doi: 10.1590/1413-812320182411.02752018.
25. Veromaa V, Kautiainen H, Saxen U, Malmberg-Ceder K, Bergman E, Korhonen PE. Ideal cardiovascular health and psychosocial risk factors among Finnish female municipal workers. Scand J Public Health. 2017 Feb;45(1):50-6. doi: 10.1177/1403494816677661.
26. Zeng Q, Dong SY, Song ZY, Zheng YS, Wu HY, Mao LN. Ideal cardiovascular health in Chinese urban population. Int J Cardiol. 2013 Sep 1;167(5):2311-7. doi: 10.1016/j.ijcard.2012.06.022.
27. Bousquet-Santos K, Chen R, Kubzansky LD. A sad heart: Depression and favorable cardiovascular health in Brazil. Prev Med. 2021 Jan;142:106378. doi: 10.1016/j.ypmed.2020.106378.
28. Stopa SR, Szwarcwald CL, Oliveira MM, Gouvea ECDP, Vieira MLFP, Freitas MPS, Sardinha LMV, Macário EM. National Health Survey 2019: history, methods and perspectives. Epidemiol Serv Saude. 2020 Oct 5;29(5):e2020315. doi: 10.1590/S1679-49742020000500004.
29. Zhou L, Zhao L, Wu Y, Wu Y, Gao X, Li Y, Mai J, Nie Z, Ou Y, Guo M, Liu X. Ideal cardiovascular health metrics and its association with 20-year cardiovascular morbidity and mortality in a Chinese population. J Epidemiol Community Health. 2018 Aug;72(8):752-758. doi: 10.1136/jech-2017-210396.
30. España-Romero V, Artero EG, Lee DC, Sui X, Baruth M, Ruiz JR, Pate RR, Blair SN. A prospective study of ideal cardiovascular health and depressive symptoms. Psychosomatics. 2013 Nov-Dec;54(6):525-35. doi: 10.1016/j.psym.2013.06.016.
31. Moreira AD, Gomes CS, Machado ÍE, Malta DC, Felisbino-Mendes MS. Cardiovascular health and validation of the self-reported score in Brazil: analysis of the National Health Survey. Cien Saude Colet. 2020 Nov;25(11):4259-68. doi: 10.1590/1413-812320202511.31442020.
32. World Health Organization (WHO). NCD global monitoring framework. Genebra: WHO; 2013. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/ncd-surveillance-global-monitoring-framework
33. World Health Organization (WHO). WHO guidelines on physical activity and sedentary behaviour. Genebra: WHO; 2020. Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/336656/9789240015128-eng.pdf
34. World Health Organization (WHO). Obesidade: prevenindo e gerenciando a epidemia global. Genebra: WHO; 2004. Available from: https://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-9447
35. Kuehner C. Why is depression more common among women than among men? Lancet Psychiatry. 2017 Feb;4(2):146-58. doi: 10.1016/S2215-0366(16)30263-2.
36. Orellana JDY, Ribeiro MRC, Barbieri MA, Saraiva MDC, Cardoso VC, Bettiol H, Silva AAMD, Barros FC, Gonçalves H, Wehrmeister FC, Menezes AMB, Del-Ben CM, Horta BL. Mental disorders in adolescents, youth, and adults in the RPS Birth Cohort Consortium (Ribeirão Preto, Pelotas and São Luís), Brazil. Cad Saude Publica. 2020 Jan 31;36(2):e00154319. doi: 10.1590/0102-311X00154319.
37. Smolen JR, Araújo EM. Race/skin color and mental health disorders in Brazil: a systematic review of the literature. Cien Saude Colet. 2017 Dec;22(12):4021-30. doi: 10.1590/1413-812320172212.19782016.
38. Barnes DM, Bates LM. Do racial patterns in psychological distress shed light on the Black-White depression paradox? A systematic review. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 2017 Aug;52(8):913-28. doi: 10.1007/s00127-017-1394-9.
39. Lund C, Brooke-Sumner C, Baingana F, Baron EC, Breuer E, Chandra P, Haushofer J, Herrman H, Jordans M, Kieling C, Medina-Mora ME, Morgan E, Omigbodun O, Tol W, Patel V, Saxena S. Social determinants of mental disorders and the Sustainable Development Goals: a systematic review of reviews. Lancet Psychiatry. 2018 Apr;5(4):357-69. doi: 10.1016/S2215-0366(18)30060-9.
40. Lopes CS, Hellwig N, E Silva GA, Menezes PR. Inequities in access to depression treatment: results of the Brazilian National Health Survey - PNS. Int J Equity Health. 2016 Nov 17;15(1):154. doi: 10.1186/s12939-016-0446-1.
41. Haroz EE, Ritchey M, Bass JK, Kohrt BA, Augustinavicius J, Michalopoulos L, Burkey MD, Bolton P. How is depression experienced around the world? A systematic review of qualitative literature. Soc Sci Med. 2017 Jun;183:151-62. doi: 10.1016/j.socscimed.2016.12.030.
42. Tee ML, Tee CA, Anlacan JP, Aligam KJG, Reyes PWC, Kuruchittham V, Ho RC. Psychological impact of COVID-19 pandemic in the Philippines. J Affect Disord. 2020 Dec 1;277:379-91. doi: 10.1016/j.jad.2020.08.043.
43. Lansner MW, Jakobsen KK, Jensen JS, Sandsten KE, Grønhøj C, von Buchwald C. Development of depression in patients with oral cavity cancer: a systematic review. Acta Otolaryngol. 2020 Oct;140(10):876-81. doi: 10.1080/00016489.2020.1778785.
44. Gomes CS, Gonçalves RPF, Silva AGD, Sá ACMGN, Alves FTA, Ribeiro ALP, Malta DC. Factors associated with cardiovascular disease in the Brazilian adult population: National Health Survey, 2019. Rev Bras Epidemiol. 2021 Dec 10;24(suppl 2):e210013. doi: 10.1590/1980-549720210013.supl.2.
45. Motta ACSV, Bousquet-Santos K, Motoki IHL, Andrade JML. Prevalence of ideal cardiovascular health in the Brazilian adult population - National Health Survey 2019. Epidemiol Serv Saude. 2023 Apr 3;32(1):e2022669. doi: 10.1590/S2237-96222023000300006.
46. Zhao JL, Jiang WT, Wang X, Cai ZD, Liu ZH, Liu GR. Exercise, brain plasticity, and depression. CNS Neurosci Ther. 2020 Sep;26(9):885-95. doi: 10.1111/cns.13385.
47. Bueno-Antequera J, Munguía-Izquierdo D. Exercise and Depressive Disorder. Adv Exp Med Biol. 2020;1228:271-87. doi: 10.1007/978-981-15-1792-1_18.
48. Barros MBA, Lima MG, Azevedo RCS, Medina LBP, Lopes CS, Menezes PR, Malta DC. Depression and health behaviors in Brazilian adults - PNS 2013. Rev Saude Publica. 2017 Jun 1;51(suppl 1):8s. doi: 10.1590/S1518-8787.2017051000084.
49. Vaccarino V, Badimon L, Bremner JD, Cenko E, Cubedo J, Dorobantu M, Duncker DJ, Koller A, Manfrini O, Milicic D, Padro T, Pries AR, Quyyumi AA, Tousoulis D, Trifunovic D, Vasiljevic Z, de Wit C, Bugiardini R; ESC Scientific Document Group Reviewers. Depression and coronary heart disease: 2018 position paper of the ESC working group on coronary pathophysiology and microcirculation. Eur Heart J. 2020 May 1;41(17):1687-96. doi: 10.1093/eurheartj/ehy913.
50. Lichtman JH, Froelicher ES, Blumenthal JA, Carney RM, Doering LV, Frasure-Smith N, Freedland KE, Jaffe AS, Leifheit-Limson EC, Sheps DS, Vaccarino V, Wulsin L; American Heart Association Statistics Committee of the Council on Epidemiology and Prevention and the Council on Cardiovascular and Stroke Nursing. Depression as a risk factor for poor prognosis among patients with acute coronary syndrome: systematic review and recommendations: a scientific statement from the American Heart Association. Circulation. 2014 Mar 25;129(12):1350-69. doi: 10.1161/CIR.0000000000000019.
51. Barros MBA, Lima MG, Malta DC, Szwarcwald CL, Azevedo RCS, Romero D, Souza Júnior PRB, Azevedo LO, Machado ÍE, Damacena GN, Gomes CS, Werneck AO, Silva DRPD, Pina MF, Gracie R. Report on sadness/depression, nervousness/anxiety and sleep problems in the Brazilian adult population during the COVID-19 pandemic. Epidemiol Serv Saude. 2020;29(4):e2020427. doi: 10.1590/s1679-49742020000400018.
52. Saghafian F, Malmir H, Saneei P, Milajerdi A, Larijani B, Esmaillzadeh A. Fruit and vegetable consumption and risk of depression: accumulative evidence from an updated systematic review and meta-analysis of epidemiological studies. Br J Nutr. 2018 May;119(10):1087-1101. doi: 10.1017/S0007114518000697.
53. Liu X, Yan Y, Li F, Zhang D. Fruit and vegetable consumption and the risk of depression: A meta-analysis. Nutrition. 2016 Mar;32(3):296-302. doi: 10.1016/j.nut.2015.09.009.
54. International Food Policy Research Institute (IFPRI). Global nutrition report 2014: actions and accountability to accelerate the world's progress on nutrition. Washington: IFPRI; 2014. Available from: http://www.ifpri.org/sites/default/files/publications/gnr14.pdf
55. Brito VCA, Bello-Corassa R, Stopa SR, Sardinha LMV, Dahl CM, Viana MC. Prevalence of self-reported depression in Brazil: National Health Survey 2019 and 2013. Epidemiol Serv Saude. 2022 Jul 8;31(spe1):e2021384. doi: 10.1590/SS2237-9622202200006.especial.
56. Salgado MA, Fortes SLCL. Indicadores de saúde mental na atenção primária à saúde: avaliando a qualidade do acesso através da capacidade de detecção de casos. Cad Saude Publica. 2021 Oct 15;37(9):e00178520. doi: 10.1590/0102-311X00178520.
57. Gonçalves AMC, Teixeira MTB, Gama JRA, Lopes CS, Silva GA, Gamarra, CJ, Duque KCD, Machado MLSM. Prevalência de depressão e fatores associados em mulheres atendidas pela Estratégia de Saúde da Família. J Bras Psiquiatr. 2018; 67(2):101-9. doi: 10.1590/0047-2085000000192.
58. Malta DC, Gomes CS, Szwarcwald CL, Barros MBA, Silva AG, Prates EJS, Machado IE, Souza Júnior PRB, Romero DE, Lima MG, Damacena GN, Azevedo LO, Pina MF, Werneck AO, Silva DRP. Distanciamento social, sentimento de tristeza e estilos de vida da população brasileira durante a pandemia de Covid-19. Saúde em Debate. 2020; 44(4):177-90. doi: 10.1590/0103-11042020E411.
59. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa nacional de saúde: 2019: informações sobre domicílios, acesso e utilização dos serviços de saúde: Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Rio de Janeiro: IBGE; 2020. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101748.pdf
60. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: MS; 2012. Available from: http://189.28.18.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf
61. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde mental, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: MS; 2013. Available from: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf
62. Gonçalves VSS, Andrade KRC, Carvalho KMB, Silva MT, Pereira MG, Galvao TF. Accuracy of self-reported hypertension: a systematic review and meta-analysis. J Hypertens. 2018 May;36(5):970-8. doi: 10.1097/HJH.0000000000001648.
63. Mill JG, Malta DC, Machado ÍE, Pate A, Pereira CA, Jaime PC, Szwarcwald CL, Rosenfeld LG. Estimation of salt intake in the Brazilian population: results from the 2013 National Health Survey. Rev Bras Epidemiol. 2019 Oct 7;22Suppl 02(Suppl 02):E190009.SUPL.2. doi: 10.1590/1980-549720190009.supl.2.
64. Gomes CS, Gonçalves RPF, Silva AGD, Sá ACMGN, Alves FTA, Ribeiro ALP, Malta DC. Factors associated with cardiovascular disease in the Brazilian adult population: National Health Survey, 2019. Rev Bras Epidemiol. 2021 Dec 10;24(suppl 2):e210013. doi: 10.1590/1980-549720210013.supl.2.
65. Araujo TA, Oliveira IM, Silva TGVD, Roediger MA, Duarte YAO. Health conditions and weight change among the older adults over ten years of the SABE Survey. Epidemiol Serv Saude. 2020 Sep 25;29(4):e2020102. doi: 10.1590/S1679-49742020000400012.
66. Silveira EA, Kac G, Barbosa LS. Prevalência e fatores associados à obesidade em idosos residentes em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil: classificação da obesidade segundo dois pontos de corte do índice de massa corporal. Cad Saude Publica. 2009 Jul;25(7):1569-77. doi: 10.1590/s0102-311x2009000700015.





Outros idiomas:







Como

Citar

Prates, M. L. S., Tonaco, L. A. B., Felisbino-Mendes, M.S., Velásquez Meléndez, J. G., Malta, D. C., Moreira, A.D. Associação entre saúde cardiovascular e depressão autorreferida: Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/Abr). [Citado em 06/10/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/associacao-entre-saude-cardiovascular-e-depressao-autorreferida-pesquisa-nacional-de-saude-de-2019/19214?id=19214&id=19214

Últimos

Artigos



Realização



Patrocínio