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0348/2025 - Atenção às mulheres cisgênero lésbicas nos serviços de pré-natal e maternidade: uma revisão de escopo
Cisgender lesbian women attention in prenatal and maternity services: a scoping review

Autor:

• Jessica De Lucca Da Silva - Silva, JL - <jessicalucca27@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8822-5639

Coautor(es):

• Fernando Meirinho Domene - Domene, FM - <fernando.domene@alumni.usp.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2806-7875

• Tereza Setsuko Toma - Toma, TS - <ttoma.ats@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9531-9951

• Adriano da Silva - Silva, A - <adrianoclaves.fiocruz@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1105-9046

• Romeu Gomes - Gomes, R - <romeugo@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3100-8091



Resumo:

Objetivo: Mapear a produção científica global sobre maternidade de mulheres cisgênero (cis) lésbicas no campo da saúde coletiva ou pública. Métodos: Revisão de escopo, com buscas em 8 bases de dados, realizadas em 2022 e 2024. A seleção foi realizada duplamente e de modo cego. Os dados extraídos foram analisados e agrupados em temas. Resultados: Foram incluídos 34 artigos, que envolveram mulheres cis lésbicas e profissionais de serviços de pré-natal e maternidade. Os achados são apresentados em oito categorias - Contexto heteronormativo dos serviços de saúde; Atitude e reflexões dos profissionais de saúde; Atenção em serviços de pré-natal; Atenção em serviços de maternidade; Co-mães; Estratégias de gerenciamento de situações em ambientes de saúde; Revelação ou não da condição de casal de mulheres cis lésbicas; Possibilidades para melhorar a atenção nos serviços de saúde. Conclusão: As mulheres cis lésbicas enfrentam várias dificuldades devido ao contexto heteronormativo que prevalece nos serviços de saúde. Constata-se a urgência de tornar os ambientes dos serviços de saúde mais inclusivos. Além disso, a capacitação profissional necessita incluir conteúdos sobre diversidade sexual e de gênero e habilidades de aconselhamento.

Palavras-chave:

Minorias Sexuais e de Gênero; Homoafetividade; Família; Serviços de Saúde Materno-Infantil; Revisão

Abstract:

Objective: To map the global scientific production on cisgender (cis) lesbian women motherhood in the field of collective or public health. Methods: A scoping review, with searches in 8 databases, performed in 2022 and 2024. The selection was carried out double and blind. The extracted data were analyzed and grouped into themes. Results: 34 articles were included, involving cis lesbian women and professionals of prenatal and maternity services. The findings are presented in eight categories - Heteronormative context of health services; Attitude and reflections of health professionals; Attention in prenatal services; Care in maternity services; Co-mothers; Strategies for managing situations in health environments; Disclosure or not of the condition of cis lesbian women; Possibilities to improve care in health services. Conclusion: Cis lesbian women face several difficulties due to the heteronormative context that prevails in health services. There is an urgent need to make the health services environments more inclusive. In addition, professional training needs to include content on sexual and gender diversity and counselling skills.

Keywords:

Sexual and Gender Minorities; Homosexuality; Family; Maternal-Child Health Services; Review

Conteúdo:

INTRODUÇÃO
Na contemporaneidade observa-se um crescimento de arranjos familiares que não se fundam no modelo tradicional de família biológica, de configuração heterossexual. Dentre esses arranjos, encontra-se a homoparentalidade, cujo termo é originalmente francês, criado em 1997. Caracteriza-se homoparentalidade quando pelo menos um adulto – que se identifica como homossexual – esteja criando um ou mais filhos1. O termo abrange também situações em que os filhos de casais homossexuais são oriundos de uma ligação heterossexual anterior, de adoção legal ou informal, ou por meio de uso das novas tecnologias reprodutivas e coparentalidade em que os cuidados com a criança são promovidos de forma conjunta e igualitária pelos parceiros2.
No Brasil, o processo de construção de um modelo mais flexível de família teve início nas décadas de 1960 e 703. Porém, no imaginário coletivo ainda está instalada como norma a família tradicional, o que dificulta a aceitação de novos modelos familiares4.
Apesar das dificuldades, o número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo vem aumentando nos últimos anos no país. Em 2023, foram registrados 13.613 casamentos homoafetivos, dos quais 56,8% entre mulheres5. Observa-se também um expressivo aumento no número de adoções por casais homoafetivos, com 50.838 crianças registradas entre 2021 e 20236.
Essa nova configuração de família impõe desafios aos trabalhadores da saúde, de modo que uma política pública é necessária para orientar a atenção à saúde dessa população, com base na equidade e no respeito às suas necessidades.
A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais foi instituída em 2011, por meio da Portaria nº 2.836, com o objetivo de “Promover a saúde integral de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, eliminando a discriminação e o preconceito institucional, bem como contribuindo para a redução das desigualdades e a consolidação do SUS como sistema universal, integral e equitativo”7.
Especificamente com relação às lésbicas, a literatura indica que os serviços de saúde são orientados pela cisheteronormatividade, gerando exclusão e violências. As constituições familiares dessas mulheres são ignoradas por parentes, profissionais de saúde e poli?ticas públicas. Um dos aspectos que chama a atenção e? a invisibilidade da ma?e na?o biológica, também denominadas de co-mãe. Por exemplo, nos instrumentos para acompanhamento sistema?tico da gestante e da crianc?a, como a “Caderneta da Gestante”, “Caderneta de Sau?de da Crianc?a” e “Carta?o Nacional do SUS”, apenas mulheres heterossexuais sa?o reconhecidas como ma?es legi?timas8.
Este artigo apresenta os resultados de uma revisão da literatura científica global com foco na atenção à maternidade de mulheres cisgênero (cis) lésbicas no campo da saúde coletiva ou pública.
METODOLOGIA
Os resultados apresentados neste artigo fazem parte de um trabalho mais abrangente que analisou a homoparentalidade como questão da saúde coletiva9,10.
Esta revisão de escopo foi orientada pelas diretrizes metodológicas do Joanna Briggs Institute11. O relato apresentado baseou-se na ferramenta PRISMA Extension for Scoping Reviews12.
Um protocolo foi registrado na Open Science Framework (OSF)13, incluindo a seguinte pergunta de pesquisa - “Quais são os aspectos abordados na produção científica global a respeito da maternidade de famílias homoparentais no campo da saúde coletiva ou pública?”.
Critérios de inclusão e exclusão
Foram incluídos estudos (sem limite do período de publicação) primários e secundários, documentos, relatórios, dissertações ou teses, disponíveis em inglês, português ou espanhol, que abordaram questões relacionadas à maternidade de mulheres cis lésbicas, no contexto da saúde coletiva ou pública. Foram excluídos estudos que não atenderam esses critérios.
Fontes de dados e estratégias de busca
As buscas foram realizadas em PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde, SciELO, Scopus, Web of Science, Dimensions e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, entre julho e setembro de 2022. As buscas foram atualizadas em novembro de 2024. As estratégias de buscas estruturadas são apresentadas no Suplemento 1 e 214.
Seleção dos estudos
Após a exclusão de duplicatas, dois revisores realizaram, de modo independente, a triagem pela leitura de títulos e resumos, utilizando o software on-line Rayyan QCRI 15. As divergências foram resolvidas por consenso ou por um terceiro revisor. A seleção de dissertações e teses foi realizada manualmente. Os estudos elegíveis foram lidos na íntegra por dois revisores, de modo complementar, e validados por um terceiro revisor. As listas de referências dos estudos incluídos foram verificadas apenas na seleção realizada em 2022.
Extração dos dados
Uma planilha para extração foi elaborada no software Excel, contendo: Autor/ano de publicação, Objetivo, Delineamento do estudo, População, Número/idade dos participantes, Sexo/gênero, Raça/cor, Características da família, País do estudo, Local de realização, Foco da abordagem e tema central, Desfechos ou categorias temáticas, Resultados, Limitações, Lacunas, Conclusão, Financiamento, Conflito de interesse; e Instituição de filiação do(a) autor(a). As primeiras extrações foram realizadas de modo independente por três revisores até se chegar à homogeneidade do processo. Consecutivamente, os dados foram extraídos por dois revisores de modo complementar e validados por um terceiro revisor.
Análise dos dados
Os dados extraídos foram analisados com base numa abordagem que os agrupou em temas16. Os resultados são apresentados em texto narrativo, e por meio de quadros. A avaliação da qualidade metodológica não foi realizada, visto que ela não fez parte dos critérios de inclusão11.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As buscas realizadas em 2022 e 2024 recuperaram 2.265 registros. De 63 relatos elegíveis lidos na íntegra, 3418-51 foram incluídos (Figura 1). Os 29 artigos excluídos e os motivos da exclusão são apresentados no Suplemento 314.

Fig.1

Características gerais dos estudos
Oito revisões incluídas abordam as vivências da maternidade de mulheres cis lésbicas, sendo que duas analisaram também a visão de profissionais de saúde (Quadro 1).

Quadro 1

Dos 26 estudos primários, 23 são de abordagem qualitativa (n=23), dois estudos mistos e um quantitativo transversal. Dois estudos analisaram vivências de gays e bissexuais em conjunto com casais de mulheres cis lésbicas e quatro estudos envolveram também profissionais de saúde (Quadro 2).

Quadro 2

Evidências sobre a atenção a casais de mulheres cis lésbicas
Observa-se que os achados das revisões incluídas19,30,31,35,37,38,45,49 são similares aos desta revisão de escopo.
Os aspectos abordados nos estudos referem-se a cuidados no pré-natal, parto e pós-parto. A seguir as evidências são apresentadas e discutidas conforme as categorias temáticas em que foram agrupadas: Contexto heteronormativo dos serviços de saúde; Atitude e reflexões dos profissionais de saúde; Atenção em serviços de pré-natal; Atenção em serviços de maternidade; Co-mães cis lésbicas; Estratégias de gerenciamento de situações em ambientes de saúde; Revelação ou não da condição de casal de mulheres cis lésbicas; Possibilidades para melhorar a atenção nos serviços de saúde (Detalhes no Suplemento 414).
Contexto heteronormativo dos serviços de saúde
A análise revelou que o contexto heteronormativo prevalece nos serviços de saúde e, de certa forma, contribui para a inadequação da abordagem profissional a esses casais. Por exemplo, as famílias homoafetivas não se veem representadas nos formulários de coleta de dados18,22,34,39,41,43,48,51. Estes, em geral, contêm questões sobre o pai, colaborando para a perpetuação de uma visão limitada dos profissionais de saúde sobre o que é uma família.
Os relatos dão conta de que os pressupostos heteronormativos dos serviços de saúde geram situações de desrespeito à condição de casais homoafetivos, que se sentem constrangidos, invisíveis, com medo de homofobia, ou têm os cuidados de saúde negados18,20,29,40,51. Relatos indicam também que níveis elevados de informação heteronormativa foram associados a níveis mais altos de estresse parental26. A ausência de terminologia inclusiva na documentação legal ou nos registros pode, até mesmo, impedir o benefício de serviços médicos39.
Os estudos com profissionais de saúde confirmam que suposições heterossexuais estavam presentes em formulários médicos, contendo espaços apenas para “pai”27,30. Em um grupo focal, os participantes relataram que isso causou incerteza ou irritação e sentiram que precisavam informar as mães e se desculpar27. Em outros discursos dos profissionais de saúde houve um predomínio do conceito de família heteronormativa29, de modo que os casais de mulheres cis lésbicas eram alvo de fofocas ou comentários ofensivos pelas costas47. Os profissionais descreveram desafios com a comunicação em perguntas sobre o parceiro e refletiram que às vezes há um pai, e ele também precisa ser reconhecido. Os profissionais pensam que o termo "parceiro" é neutro em termos de gênero e inclusivo, mas, ao mesmo tempo, não confirma o papel de pais, pois não indica o relacionamento com a criança27.
Por outro lado, havia um reconhecimento de que as co-mães tinham uma melhor compreensão emocional do momento vivenciado47. E as descreveram como bem-informadas27, além de expressarem convicção de que havia diferenças nas habilidades parentais de homens gays e mulheres lésbicas. Um estudo relatou que todos os profissionais entrevistados reconheceram as mulheres, sejam elas heterossexuais ou lésbicas, como tendo competência “genética” em termos de gravidez, parto e criação de filhos44.
Atitude e reflexões dos profissionais de saúde
Quanto aos profissionais de saúde, as atitudes variaram desde a falta de conhecimento sobre como lidar com casais de mulheres cisgênero lésbicas até a manifestação francamente homofóbica. Nesse sentido, além de realizar mudanças nos ambientes dos serviços é imprescindível a educação dos profissionais de saúde.
Embora tenha havido uma melhora na atitude dos profissionais, pode ser difícil identificar a homofobia, que muitas vezes se manifesta de forma sutil31,35,37,45.
O despreparo dos profissionais de saúde no encontro com essas mulheres pode se manifestar de diversas maneiras.
Os relatos mostram as seguintes situações: demonstrar constrangimento frente ao casal 41,46; não saber lidar com o casal de forma adequada36; mostrar dificuldade em encontrar as palavras certas22; usar exclusivamente ou de forma recorrente a palavra pai22,28; mostrar curiosidade excessiva sobre os casais25,30,46; ignorar ou não oferecer o mesmo apoio para a co-mãe18,25,39. Foram relatadas também atitudes francamente homofóbicas/discriminatórias com o casal 19,40 como, por exemplo, realizar o exame físico de modo rude e desrespeitoso46. Casos mais graves também foram relatados sobre dificuldades no acesso a exames ou tratamentos necessários, sob a justificativa de não haver penetração peniana nas práticas sexuais, ocorrendo a negação de cuidados específicos desde antes mesmo da gestação19 e ignorar o sofrimento do casal no caso de óbito fetal20.
As evidências indicam que persiste entre os profissionais de saúde a noção de família tradicional, com ênfase na importância de ter um pai e uma mãe18,40.
Os próprios profissionais relataram que se observa um predomínio de atitudes homofóbicas por parte deles, manifestadas por meio de perguntas que mostravam curiosidade excessiva30. Habituados a trabalhar em ambientes heteronormativos, profissionais relataram sentir insegurança sobre como reagir nessa situação29 e que as experiências de contato profissional direto eram mínimas44. Também expressaram preocupações pessoais e resistência em relação à parentalidade familiar do mesmo sexo, no entanto, isso foi combinado com um desejo profissional de se envolver 44. Algumas poucas exceções foram relatadas, por exemplo, deixar o casal de mulheres cis lésbicas tomar a iniciativa e escolher com qual profissional queria se relacionar e o quanto queria compartilhar47.
Alguns profissionais destacaram a necessidade de acolhimento dessas famílias por um serviço de aconselhamento familiar, reconhecendo que a atual apresentação do serviço não é acolhedora44. A maioria dos profissionais participantes de um grupo focal expressou interesse em questões LGBTQ e descreveu a busca de conhecimento no próprio campo e a falta de informações sobre o assunto na educação em enfermagem e obstetrícia. Citaram que adquiriram conhecimento no campo por terem amigos homossexuais, acompanhando o debate no rádio e na televisão; uma participante disse ter um relacionamento lésbico e orientar seus colegas quando se trata de casais do mesmo sexo. Os profissionais refletiram sobre a dificuldade de ter conhecimento sobre “tudo” e descreveram leis complicadas e regras e rotinas diferentes dependendo das regiões27.
Atenção em serviços de pré-natal
Na atenção pré-natal o problema se manifesta por meio dos grupos educativos que embora possam ser úteis para algumas mulheres cis lésbicas, em geral não atendem a suas necessidades como casal31,49.
Apesar do contexto heteronormativo dos serviços de saúde, parte das mulheres cis lésbicas considerou a educação dos pais útil e adequada às suas necessidades. Outras, no entanto, declararam que as aulas eram de orientação heterossexual e que se sentiam excluídas ou negligenciadas25,46,50. Em um estudo, cerca de 40% das mulheres cis lésbicas consideraram que os profissionais de cuidados pré-natais tinham conhecimento suficiente para atender e dar suporte a famílias com duas mães26.
As co-mães disseram ter interesses diferentes em comparação aos pais nas aulas de educação pré-natal e mesmo quando o grupo era misto a atitude heteronormativa foi predominante28. Em serviços de pré-natal as mulheres se referiram a sentimentos e tensões sutis em torno de seu lesbianismo e que comentários negativos eram ouvidos durante as consultas41.
Atenção em serviços de maternidade
Um estudo relata que a entrada de corpos lésbicos nos espaços de parto rompeu com os hábitos heteronormativos de atenção e que a evidência de opressão, muitas vezes, aparece como a carga explicativa especial que é dada a casais de mulheres cis lésbicas29.
Em comparação com suas experiências de educação pré-natal, as mulheres cis lésbicas relataram níveis muito mais altos de satisfação com os cuidados durante o parto50. Uma pequena parte delas recebeu informações de profissionais de saúde sobre lactação induzida e algumas co-mães realizaram esse processo33. Outro estudo relatou que 65,8% consideraram que os profissionais das enfermarias de parto, trabalho de parto e maternidade tinham conhecimento suficiente para atender e dar suporte a famílias com duas mães. Para os cuidados de saúde infantil, 47,3% das mães concordaram com a mesma afirmação, e para os cuidados pré-natais o número correspondente foi de 40,7%. Menos da metade relatou estar satisfeita com o suporte emocional profissional33.
Um estudo realizado com profissionais (parteiras e enfermeiras de saúde infantil de cuidados de saúde pré-natal e infantil) citou grupos parentais para casais de mães mulheres cis lésbicas como espaços importantes para conhecer outros casais em situação similar e reduzir sentimentos de solidão27.
Co-mães cis lésbicas
Um aspecto abordado em vários estudos refere-se à invisibilidade da co-mãe. O contexto heteronormativo faz com que apenas o pai seja reconhecido.
De modo geral, o ambiente de saúde não se mostrou pronto para recebê-las mesmo quando elas buscaram por provedores que pareciam mais apropriados51. A ênfase recorrente em como as parceiras eram tratadas sugere o quão importante é para as mães mulheres cis lésbicas serem vistas como uma família50.
Chamam a atenção os relatos negativos sobre as atitudes dos profissionais de saúde com as co-mães, tais como não oferecer apoio emocional em circunstâncias em que pais heterossexuais receberiam24, menos apoio parental e reconhecimento em cuidados pré-natais e de saúde infantil26, sentimento de desconfiança, questionamentos desagradáveis, falta de cooperação de parteiras28,43, falta de compreensão sobre questões de mulheres cis lésbicas41,42, preconceito explícito contra a maternidade dupla42 e referência ao doador de esperma como o pai do bebê51.
Dificuldades no acesso aos serviços de saúde foram referidas durante as consultas pré-natais, em que eram frequentemente confundidas com parentes em vez da co-mãe. Isso continuou durante o parto42, ao não ser permitida sua presença como acompanhante19. E algumas foram, até mesmo, impedidas de estar com o bebê na unidade de terapia intensiva32,42. Há um apagamento da co-mãe desde a gestação e principalmente após o nascimento, de modo que elas são marginalizadas, inclusive de decisões legais em relação às/aos filhas/os19.
Os profissionais de saúde reconhecem que perguntavam sobre o pai, referindo-se à co-mãe como irmã ou amiga, não permitindo sua presença na sala de recuperação30. As parteiras indicaram que faltava destreza em lidar com a co-mãe29.
Por outro lado, dois estudos mostram que os profissionais mencionam experiências diferentes. Várias parteiras relataram de forma positiva a experiência com as co-mães durante o trabalho de parto e a importância de seu papel, mas outras demonstraram falta de conhecimento47. Parteiras citaram que encontraram co-mães igualmente comprometidas com um plano de parentalidade compartilhada. Algumas conheceram co-mães que tentaram iniciar a amamentação para compartilhar a responsabilidade e obter a mesma proximidade com o bebê. Também contaram que encontraram famílias com mais recursos financeiros, em que ambas as mães ficaram em casa com a criança por vários meses. Independentemente de a co-mãe ter ou não uma licença maternidade mais longa, essas profissionais relataram que o compromisso era igual entre elas27.
Os profissionais de saúde descreveram que nem é preciso dizer que eles devem incluir e apoiar ambas as mães em famílias de duas mães. Os profissionais disseram que as mulheres grávidas poderiam ficar estressadas ao receber a maior parte da atenção, pois queriam ser tratadas como mães iguais, descreveram que é sua responsabilidade construir um relacionamento carinhoso com ambos os pais, mas que o foco está na mulher grávida. Também relataram que as mães experimentam estresse devido à falta de clareza sobre o papel parental da co-mãe. Os participantes refletiram que ambas as mães devem se sentir seguras sobre o parto e a paternidade27.
Estratégias de gerenciamento de situações em ambientes de saúde
A homofobia e o preconceito comumente não são explícitos, manifestando-se por mecanismos sutis e difíceis de entender e gerenciar30.
As estratégias utilizadas pelos casais de mulheres cis lésbicas para lidar com os estigmas relacionados aos cuidados foram avaliar o nível de homofobia, por meio de telefonema, antes de decidir pelo atendimento de um determinado provedor30, seguir recomendações de amigos ou de sites e revistas de organizações homossexuais46, procurar profissionais conhecidos por serem sensíveis e amigáveis40,46, escolher uma clínica com competência especial para mulheres cis lésbicas43.
Do ponto de vista das parteiras, os relatos mostram que tiveram que lidar com situações desafiadoras em grupos com casais de mulheres cis lésbicas e heterossexuais, além de sentirem insegurança sobre sua conduta em situações como o trabalho de parto. Relatos indicam que com o tempo, as profissionais tornaram-se mais confiantes e seguras nos encontros com os casais de mulheres cis lésbicas. As parteiras percebiam que algumas mães revelavam sua identidade sexual, mas havia hesitação em outras. Apesar de precisarem trabalhar o excesso de perguntas, as parteiras indicaram que se adequam a cada situação47 e descreveram as mulheres cis lésbicas como bem instruídas e informadas. Profissionais (parteiras e enfermeiras) também relataram que as mães estavam com medo ou haviam sido maltratadas em outros lugares e procuraram uma clínica mais amigável para LGBTQ; descreveram a tentativa de criar um ambiente inclusivo para que se sentissem seguras27:
Para criar esse ambiente seguro, eles examinaram a sala de espera para garantir que as revistas e fotos incluíssem uma variedade de constelações familiares. Alguns dos profissionais destacaram a importância de atributos como bandeiras de arco-íris e sinalização sobre podcasts de gravidez lésbica como uma maneira de mostrar que sua clínica ou prática era amigável para LGBTQ. Eles relataram ter trabalhado duro para fazer com que as mulheres cis lésbicas se sentissem seguras e protegidas em seu contato com os cuidados de saúde, para que possam se sentir bem cuidadas durante toda a gravidez. Uma frase comum usada pelos profissionais era que eles se esforçavam para ter a mente aberta. Além disso, descreveram [...] usar os termos pai e parceiro para serem inclusivos. Vários profissionais disseram que fizeram perguntas abertas, por exemplo: “Como é a sua família?”27.
Alguns grupos focais afirmaram apoiar todas as mães igualmente e fornecer apoio com base em suas necessidades, equiparando as co-mães a pais em relacionamentos heterossexuais. Eles disseram que os grupos parentais são os mesmos, independentemente da constelação familiar e que há uma limitação organizacional em como esses grupos podem ser organizados. Em comunidades menores, não foi considerado possível ter grupos parentais adaptados27.
Estratégias de suporte personalizado para casais de mulheres cis lésbicas podem ser importantes, os profissionais relataram que tentam garantir que todos tenham a mesma quantidade de tempo de conversação para incluir a co-mãe porque sabem que são um grupo que pode se sentir muito excluído. Alguns grupos focais disseram que realizaram reuniões de amamentação para essas famílias e informaram à mãe sobre como amamentar seu bebê. No entanto, alguns dos participantes não sabiam que mães não gestantes podiam amamentar27.
Revelação ou não da condição de casal de mulheres cis lésbicas
Os estudos apontam que há casais que preferem não revelar sua condição para evitar constrangimentos e maus tratos nos serviços de saúde. E há outros que acreditam que a revelação pode contribuir para a mudança desse cenário.
Os motivos para o silêncio deliberado sobre a sexualidade foram explicados pela crença de que isso não era relevante para o profissional da saúde39,46, para proteger os filhos e a si mesmas de atitudes negativas34,39, o contexto social potencialmente homofóbico39, o medo de uma reação preconceituosa que afetasse o atendimento ou que a confidencialidade não fosse respeitada50. Algumas famílias adotaram uma estratégia passiva, deixando o controle da revelação ao profissional39.
A não revelação mostrou ter consequências negativas, tais como a parceira ser excluída ou marginalizada, dificultar as interações com os profissionais em algumas questões de saúde, ou impedir a capacidade dos profissionais de saúde prestarem cuidados adequados50.
A decisão de revelar a sexualidade esteve relacionada com a preocupação de não comprometer a interação com o médico40, de permitir o reconhecimento de que a pessoa homossexual pode ter diferentes necessidades de saúde24. As estratégias de revelação nem sempre foram uniformes, alguns casais relataram diferentes estratégias para manter o controle da situação46.
Algumas famílias apresentaram crenças firmes na necessidade de divulgar seus relacionamentos e estrutura familiar39; a maioria delas acreditava que são as próprias mulheres cis lésbicas que têm a responsabilidade de explicar seu status e dar o primeiro passo34. A autoconfiança pessoal desempenhou um papel importante22. Várias mulheres cis lésbicas comentaram que ficaram felizes em assumir um papel educador, pois os profissionais precisavam de informações50. As estratégias de revelação nem sempre foram uniformes, alguns casais relataram a necessidade de abertura, mas fizeram uso de diferentes estratégias para manter o controle da situação46.
Possibilidades para melhorar a atenção nos serviços de saúde
Os estudos apontam algumas ações que poderiam ser adotadas para melhorar a atenção a casais de mulheres cis lésbicas.
? Legislação: dispor de legislação sobre igualdade e diversidade36;
? Ambiente dos serviços de saúde: tornar os ambientes acolhedores para todas as pessoas; ampliar o conceito de família22;
? Formulários: elaborar formulários aplicáveis a diferentes estruturas familiares; mostrar sensibilidade e abertura em relação a diferentes orientações sexuais29,34,43;
? Profissionais de saúde: prover educação aos profissionais em questões de homoparentalidade43; utilizar uma linguagem de saúde que seja inclusiva para todos os tipos de famílias30, aprender ferramentas de comunicação que ajudem a abrir o diálogo e evitar as rotinas destinadas a casais heterossexuais38,47.
? Serviços de pré-natal: fornecer grupos especiais de educação parental para mulheres cis lésbicas no pré-natal43; proporcionar oportunidade de socialização com outros casais do mesmo sexo25;
? Serviços de maternidade: prover cuidados de maternidade iguais aos esperados por casais heterossexuais, incluindo necessidades específicas de casais homoparentais30,34,45,49,51; fornecer opção de escolha de uma parteira lésbica48; tornar a co-mãe visível e perguntar como ela gostaria de ser reconhecida21; permitir que as co-mães compartilhem a experiência de contato pele a pele com o bebê33;
? Amamentação: fornecer informação e apoio sobre lactação induzida33; avaliar as condições físicas, psicológicas, econômicas, emocionais; acolher as mulheres cis lésbicas para evitar um desmame precoce; mostrar abertura para novas práticas no aleitamento materno; promover reestruturação ética nos serviços de saúde, junto aos trabalhadores, para alcançar a universalidade e equidade do SUS; apresentar comportamento apropriado na realização de exames, consultas; respeitar, tirar dúvidas e solucionar demandas, independente de orientação sexual ou gênero de casais que buscam os cuidados com a gestação e amamentação23.
? Continuidade do cuidado: prover continuidade para que as mulheres cis lésbicas não precisem se revelar para diferentes profissionais a cada atendimento50.
Limitações desta revisão
Os estudos foram identificados numa revisão de escopo mais ampla realizada pela mesma equipe de pesquisadores9. Portanto, embora as buscas tenham sido abrangentes, as estratégias não foram desenhadas especificamente para a população de mulheres cis lésbicas. Como consequência, alguns estudos podem não ter sido recuperados. Observa-se, porém, que os resultados apresentados nos estudos são redundantes e aparentemente isso não afetou negativamente a abrangência de fatores que permitem uma compreensão sobre as necessidades de casais de mulheres cis lésbicas durante o período da maternidade.
CONCLUSÃO
Esta revisão de escopo traz achados importantes sobre as dificuldades enfrentadas por mulheres cis lésbicas em serviços de pré-natal e de maternidade. Embora se reconheça que avanços foram alcançados, os cuidados de saúde ainda são orientados por um conceito tradicional de família, mesmo em locais mais desenvolvidos.
Os profissionais de saúde manifestaram claramente suas dificuldades em lidar com casais de mulheres cis lésbicas, o que resulta em constrangimentos de ambas as partes e, até mesmo, na criação de barreiras de acesso aos cuidados e direitos fundamentais das usuárias.
Embora esses profissionais necessitem de educação específica sobre diversidade sexual e de gênero, constata-se a urgência em modificar os ambientes dos serviços de saúde, de maneira a serem inclusivos. A substituição dos formulários de atendimento é necessária, uma vez que eles contribuem para que os profissionais mantenham um ambiente de exclusão.
Adicionalmente, os achados mostram a importância de uma capacitação profissional que contemple habilidades de aconselhamento. Tais habilidades são essenciais, na medida em que se valem de perguntas abertas que permitem uma comunicação mais fluida com as pessoas que estão sendo questionadas. O aconselhamento pressupõe a acolhida e o não julgamento das mulheres atendidas, e poderia propiciar uma tomada de decisão compartilhada entre usuárias e profissionais sobre práticas apropriadas a casais de mulheres cis lésbicas durante a atenção no pré-natal, parto e pós-parto imediato.
Por fim, vale ressaltar que foram identificados poucos estudos que abordaram o contexto brasileiro.
REFERÊNCIAS
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Silva, JL, Domene, FM, Toma, TS, Silva, A, Gomes, R. Atenção às mulheres cisgênero lésbicas nos serviços de pré-natal e maternidade: uma revisão de escopo. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/out). [Citado em 05/12/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/atencao-as-mulheres-cisgenero-lesbicas-nos-servicos-de-prenatal-e-maternidade-uma-revisao-de-escopo/19824

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