0008/2024 - Condições de vida, qualidade da alimentação e fatores associados em mulheres e crianças de comunidades quilombolas em Goiás, Brasil Living conditions, diet quality and associated factors in women and childrenquilombola communities in Goiás, Brazil
O estudo objetivou descrever condições de saúde e vida e analisar fatores associados à qualidade da dieta de mulheres e crianças menores de 5 anos em 9 comunidades quilombolas rurais, certificadas e não tituladas do estado de Goiás. Estudo de delineamento transversal, no qual foram construídos indicadores de consumo de alimentos ultraprocessados, diversidade e qualidade da dieta. Foi avaliada a associação de fatores socioeconômicos com os indicadores de diversidade e qualidade da dieta, usando teste de qui-quadrado de Pearson, teste exato de Fischer e análise de regressão logística. Participaram do estudo 203 mulheres e 73 crianças de 0 a 59 meses. Nas mulheres, maior diversidade da dieta associou-se à maior renda, não participação em programa de transferência de renda e maior escolaridade; nas crianças, à menor quantidade de moradores no domicílio, classificação socioeconômica B/C e dieta diversa materna. A baixa qualidade da dieta em crianças associou-se à menor diversidade da dieta materna; em mulheres, a variável renda esteve associada à menor qualidade da dieta na análise de qui-quadrado, mas a análise múltipla mostrou um resultado oposto para esta variável. Há urgência em implementar ações efetivas para garantia do direito à saúde e alimentação adequada e saudável para essa população.
Palavras-chave:
saúde, nutrição, grupos com ancestrais do continente africano
Abstract:
The study aimed to describe health and living conditions and analyze factors associated with the quality of the diet of women and children under 5 years of age in 9 rural quilombola communities, certified and without land title in the state of Goiás. Cross-sectional study, in which were constructed the indicators of consumption of ultra-processed foods, diet diversity and diet quality. The association of socioeconomic factors with indicators of dietary diversity and quality was assessed using Pearson\'s chi-square test, Fischer\'s exact test and logistic regression analysis. 203 women and 73 children aged 0 to 59 months participated in the study. In women, greater dietary diversity associated with higher income, non-participation in an income transfer program and higher education; in children, fewer people living in the household, B/C socioeconomic classification and different maternal diet. Low diet quality in children associated with less diversity in the maternal diet; in women, the income variable was associated with lower diet quality in the chi-square analysis, but the multiple analysis showed an opposite result for this variable. There is an urgency to implement effective actions to guarantee the right to health and adequate and healthy food for this population.
Keywords:
health, nutrition, groups with ancestorsthe African continent
Conteúdo:
Introdução
As comunidades remanescentes de quilombos, cuja origem histórica remete aos espaços de resistência à escravidão, contribuíram essencialmente para a formação da história e identidade brasileiras. Ao longo da história, o termo “quilombo” foi ganhando outros contornos, mas continua sendo uma referência a um movimento de resistência à opressão histórica, com ancestralidade negra e relação diferenciada com o território, mantendo um conjunto de manifestações e práticas tradicionais transmitidas por gerações (1,2).
Apesar do reconhecimento legal (3) e da instituição de políticas públicas que tentam “compensar” séculos de exclusão e invisibilidade, ainda não há efetivação dos direitos básicos dessa população. A baixa escolaridade, precária assistência à saúde, insegurança alimentar (InSAN) e más condições de moradia e saneamento estão entre os principais problemas e violações a que essas comunidades estão submetidas (4–8).
Mesmo com a expansão de estudos sobre saúde e nutrição da população quilombola, persistem lacunas sobre demografia, saúde, e alimentação e nutrição, especialmente quando se trata do público materno-infantil, um grupo reconhecidamente mais vulnerável à violação de direitos humanos (9). Destacam-se na literatura duas pesquisas em âmbito populacional, a Chamada Nutricional Quilombola (2006), e o Censo dos territórios quilombolas titulados (2011) que forneceram dados sobre condições de saúde, acesso a políticas públicas, disponibilidade de alimentos, estado nutricional e segurança alimentar (7,10).
A tendência de aumento do excesso de peso entre crianças e adultos nas comunidades quilombolas (11,12) e as práticas de alimentação infantil e a baixa qualidade da alimentação disponível para esta população são aspectos preocupantes de um cenário que reflete o processo de transição alimentar e nutricional observado no Brasil, e a insegurança alimentar e nutricional nessas comunidades (7,12).
Diante deste panorama, o estudo teve como objetivo descrever condições de saúde e vida e analisar os fatores associados à qualidade da alimentação de mulheres e crianças menores de 5 anos em comunidades quilombolas em Goiás.
Métodos
Desenho e população do estudo
Estudo de delineamento transversal, sendo um recorte da pesquisa Promoção da Saúde e Qualidade de Vida das Comunidades Quilombolas de Diferentes Regiões Brasileiras: um Estudo Multicêntrico.
As comunidades quilombolas incluídas neste estudo foram selecionadas por meio de sorteio, a partir dos registros de comunidades certificadas em Goiás pela FCP (ano de referência: 2016). Foram consideradas elegíveis comunidades certificadas, rurais e não tituladas.
Todos os domicílios das comunidades eram elegíveis para participar da pesquisa matriz. No presente estudo foi feito um recorte para aqueles com mulheres e/ou crianças menores de 5 anos. Após duas tentativas sem sucesso de encontrar os moradores, o domicílio era excluído da pesquisa. Eram elegíveis todas as mulheres de 19 a 59 anos e todas as crianças menores de 60 meses, estratificadas em duas faixas etárias: 0 a 23 meses e 24 a 59 meses. Quando havia no domicílio mais de uma criança na mesma faixa etária, apenas uma foi sorteada para participar. A amostra final foi de 203 mulheres e 73 crianças.
Coleta de dados
A coleta de dados ocorreu entre julho de 2017 e julho de 2018 por meio de visitas domiciliares, com aplicação de questionários semiestruturados e aferição de medidas antropométricas, realizadas por estudantes de graduação e pós-graduação na área da saúde previamente treinados. As questões sobre características socioeconômicas do domicílio e da família foram preferencialmente respondidas por uma moradora do sexo feminino com mais de 18 anos. As questões sobre crianças menores de 5 anos foram respondidas pela mãe ou responsável.
Variáveis
Caracterização socioeconômica, de infraestrutura e de segurança alimentar
Foram avaliadas variáveis relacionadas a serviços públicos e infraestrutura (fonte de água; destinação do lixo); participação em programas de transferência de renda; renda familiar mensal; sexo, escolaridade e condição de trabalho do chefe da família. A classificação socioeconômica dos domicílios foi feita com base em adaptação do Critério de classificação socioeconômica Brasil 2019 (13).
A situação de segurança alimentar do domicílio foi avaliada utilizando-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, um instrumento de medida de percepção e experiência com a fome composto por 14 questões. A classificação final baseia-se no somatório de respostas afirmativas às questões. Os pontos de corte, considerando a presença ou ausência de moradores menores de 18 anos no domicílio, são, respectivamente: Segurança Alimentar (0 pontos), ou Insegurança Alimentar Leve (1-3; 1-5), Moderada (4-5; 6-9) ou Grave (6-8; 10-14) (14).
Saúde, estado nutricional e qualidade da dieta
Crianças
Foram coletadas informações sobre vacinação com consulta direta à Caderneta da Criança, solicitada pelo entrevistador à família; e suplementação de vitamina A e de ferro (crianças de 6 a 24 meses), a partir de relato da mãe.
Para avaliação do estado nutricional foram aferidos peso e estatura, usando balança digital marca Seca com capacidade de 200 kg, graduação de 100g, estadiômetro portátil marca Seca, para medições de até 205 cm e um estadiômetro infantil marca Seca para as crianças menores de 2 anos. Foram calculados os indicadores estatura para idade e Índice de Massa Corporal por idade, classificados de acordo com os pontos de corte preconizados pela OMS (15).
Os dados de consumo alimentar foram coletados por meio de um Recordatório Alimentar 24 horas (R24h) e, para as crianças menores de 24 meses, foi aplicado também um formulário contendo questões relativas ao aleitamento materno (AM) e ao consumo alimentar no dia anterior, baseado no formulário de marcadores de consumo alimentar preconizado pelo Ministério da Saúde (16).
O AM foi avaliado com base nos indicadores propostos pela OMS (17): aleitamento materno exclusivo em menores de 6 meses (AME); aleitamento materno continuado aos 12 meses; aleitamento materno entre menores de 24 meses.
A avaliação da dieta foi realizada para crianças de 6 a 59 meses e englobou três indicadores:
(a) diversidade da dieta (DD) (18, 19): considerou-se dieta diversa quando foram consumidos no dia anterior alimentos pelo menos 5 dos 6 grupos alimentares (cereais/raízes/tubérculos, feijões, legumes e verduras, frutas, carnes e ovos, leite e queijos) definidos em acordo com as recomendações dietéticas para a população brasileira (20) e para crianças brasileiras menores de 2 anos (21), independentemente da quantidade ingerida;
Para as crianças de 6 a 23 meses, foram utilizados os mesmos grupos alimentares das crianças maiores de 23 meses. Mas, neste primeiro grupo etário, o consumo no grupo dos leites e queijos foi pontuado se houve ingestão tanto de leite materno, quando a criança era amamentada, quanto para outros leites, para crianças que não estavam sendo amamentadas. Ressalta-se que a recomendação é manter a amamentação pelo menos até os dois anos de idade, e nesse caso não seria necessário oferecer outro tipo de leite, além do materno (21). Contudo, considerando que mais da metade das crianças nessa faixa etária não recebia mais leite materno à época da pesquisa, e que dividir o grupo de crianças menores de 2 anos em amamentadas e não amamentadas poderia reduzir ainda mais a robustez da análise, optou-se por realizar a construção do indicador da forma descrita.
(b) consumo de AUP no dia anterior: considerou a ingestão de um ou mais alimentos deste grupo no dia anterior, de acordo com a Classificação NOVA, como proposto pelo Guia Alimentar para a População Brasileira (20).
(c) qualidade global da dieta: agregação dos dois indicadores anteriores, considerou-se como dieta de baixa qualidade quando não foi alcançada a diversidade mínima da dieta e ocorreu, concomitantemente, o consumo de pelo menos um AUP no dia anterior. Este indicador foi inspirado na proposta de Contreras et al., 2015 (22), que avaliou a exposição à dupla carga de alimentação subótima (pelo menos uma prática de alimentação complementar inadequada + consumo de um AUP) entre crianças entre 6 e 35 meses. No presente estudo, considerou-se como prática alimentar inadequada apenas o não alcance da diversidade mínima da dieta.
Adicionalmente, calculou-se também a proporção de cada um dos grupos de alimentos por grau de processamento em relação ao total de alimentos registrados nos R24h. Os alimentos foram listados e classificados em um dos grupos: Grupo 1: alimentos in natura e minimamente processados + ingredientes culinários; Grupo 2: alimentos processados; Grupo 3: AUP. Posteriormente foi calculada a proporção dos 3 grupos, considerando o quantitativo de alimentos em cada um dos grupos, em relação ao número total de alimentos registrados. A lista dos alimentos com a classificação por grau de processamento está disponível no Material Suplementar 1.
Mulheres
As medidas antropométricas utilizadas para avaliação do estado nutricional foram peso, estatura e circunferência da cintura, coletadas usando os mesmos equipamentos utilizados para a avaliação de crianças, com exceção do estadiômetro infantil. A classificação do estado nutricional foi feita pelo Índice de Massa Corporal (IMC) e pela circunferência da cintura, seguindo os pontos de corte preconizados pela Organização Mundial da Saúde. Para a circunferência da cintura, utilizou-se o ponto de corte de 80 cm (OMS) (23).
A avaliação da dieta englobou os mesmos três indicadores usados para crianças: (a) diversidade da dieta; (b) consumo de AUP no dia anterior; e (c) qualidade global da dieta. Também foi calculada a participação proporcional dos grupos de alimentos por grau de processamento no total de alimentos consumidos.
Análise estatística
Foram apresentadas as frequências e proporção das variáveis sociodemográficas, de saúde e nutrição. Para o número de grupos alimentares consumidos foram apresentadas as médias e desvios-padrão por grupos etários.
Para avaliar os fatores associados aos indicadores diversidade e qualidade da dieta, usou-se teste Exato de Fisher ou de qui-quadrado de Pearson. As variáveis independentes incluídas na análise de mulheres foram idade, escolaridade e situação conjugal da mulher; renda mensal familiar; classificação socioeconômica, número de moradores e sexo do chefe do domicílio; situação de segurança alimentar domiciliar; e participação em programa de transferência de renda. Para crianças, incluiu-se além das variáveis já citadas, a diversidade e qualidade da dieta materna e o sexo da criança. Nesta análise foram incluídos apenas os casos com todos os dados completos. Considerou-se estatisticamente significativa a análise com valor de p < 0,05.
Adicionalmente, procedeu-se a análise de regressão logística com estimativa da Razão de produtos cruzados (Odds ratio) e seu intervalo de confiança de 95%, tendo como desfechos a dieta diversa e a baixa qualidade da dieta de crianças de 6 a 59 meses e de mulheres. Foram realizadas as análises brutas e as variáveis que tiveram p<0,20 foram incluídas na regressão múltipla, que em seguida passou pelo método backward até que apenas variáveis com p-valor de aproximadamente 0,2 permaneceram no modelo final. As análises foram conduzidas no Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 21.
O poder da amostra no grupo de crianças foi calculado considerando os resultados das análises de regressão múltipla para a associação entre a dieta diversa dessas e de suas mães (bicaudal, Odds Ratio de 0,4, proporção de 42,6% de dieta diversa, amostra de 47, alfa de 0,05, R² de 0,5% e distribuição binomial) e retornou o valor de 20%. De forma semelhante, foi feito para as mulheres usando a associação entre dieta diversa e estimativa de renda familiar mensal em salários-mínimos (bicaudal, Odds Ratio de 4,9, proporção de 25,8% de dieta diversa, amostra de 186, alfa de 0,05, R² de 25,4% e distribuição binomial) que resultou em um poder de teste de 99%. Esses cálculos foram conduzidos de forma post hoc para regressão logística no G*Power 3.1.9.7.
Aspectos éticos
A pesquisa foi iniciada após anuência dos representantes das comunidades e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos participantes. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas com o número 4735646415.4.0000.5013.
Resultados
Foram avaliadas 203 mulheres adultas e 73 crianças menores de 60 meses (8 crianças < 6 meses; 24 crianças de 6 a 23 meses; 41 crianças de 24 a 59 meses) vivendo em nove comunidades quilombolas em Goiás. Entre as mulheres, 65 eram mães biológicas ou responsáveis das crianças incluídas no estudo.
Caracterização socioeconômica, de infraestrutura e de segurança alimentar
Com exceção de uma, as demais comunidades visitadas localizam-se a mais de 5 km da sede do município, onde acessavam a maior parte dos serviços públicos. Três comunidades possuíam escola pública dentro do território e uma possuía Unidade Básica de Saúde. Em relação às condições domiciliares, 47% das mulheres (n=95) e 38,3% das crianças (n=28) viviam em domicílios cuja renda mensal estimada era de até 1 salário-mínimo (R$ 937,00 à época da coleta) e cerca de 80% estavam nos estratos socioeconômicos D e E. A maioria dos domicílios era chefiada por homens e, 60,6% das famílias das mulheres e 76,7% das famílias das crianças participavam de programas de transferência de renda. Com relação à situação de SAN, 27,2% das mulheres e 26% das crianças viviam em domicílios com InSAN moderada ou grave. Entre as mulheres, 52,2% tinham menos de 8 anos de estudo e mais de 80% declararam ter emprego informal ou não estar trabalhando (Tabela 1).
Tabela 1. Caracterização socioeconômica e de acesso a serviços públicos de mulheres e crianças menores de 5 anos em domicílios de 9 comunidades quilombolas de Goiás (2018).
Saúde, estado nutricional e qualidade da dieta
Crianças
O registro de vacinação estava adequado ao calendário vacinal preconizado pelo Ministério da Saúde para 86,3% das crianças. A suplementação com vitamina A foi ofertada a 55,4% (n=36) das crianças entre 6 e 59 meses. Apenas 17,4% (n=4) das mães de crianças entre 6 e 23 meses relataram que receberam o suplemento de sulfato ferroso nos últimos 3 meses. Das crianças investigadas, 5,8% (n=4) apresentaram déficit estatural, e 20,2% excesso de peso (sobrepeso e obesidade) (Tabela 2).
Entre as 8 crianças menores de 6 meses avaliadas, nenhuma estava em AME. O AM continuado foi prevalente entre 77,7% (n=7) das crianças menores de 12 meses e o AM em menores de 24 meses foi de 46,9% (n=15) (Tabela 2).
O escore médio de DD para crianças de 6 a 23 meses (n=23) foi 3,83 (DP=1,26) (não apresentados em tabela) e 73,9% não atingiram a diversidade mínima da dieta. Entre as maiores de 24 meses (n=34), o escore médio de DD foi 4,32 (DP=1,27), e 88,2% delas não tiveram uma dieta diversa no dia anterior. Quase metade das crianças avaliadas (47,4%) apresentavam dieta de baixa qualidade (Tabela 2). Por outro lado, apenas 10,5% das crianças atingiram a diversidade mínima e não consumiram nenhum AUP no dia anterior.
Das 57 crianças entre 6 e 59 meses com dados de consumo alimentar, 75,4% consumiram pelo menos um AUP, e mais da metade (52,6%) consumiu 2 ou mais AUP no dia anterior. Os AUP mais consumidos foram biscoitos salgados e doces e sucos artificiais em pó. No grupo de crianças menores de 24 meses, entre os 51 alimentos registrados a partir do R24h, 37,3% (n=19) eram ultraprocessados. Para as crianças maiores, dos 89 alimentos citados, 30,3% (n=27) eram ultraprocessados.
A análise de fatores relacionados à diversidade e à qualidade da dieta foi realizada para 47 crianças entre 6 e 59 meses com dados completos para as variáveis independentes avaliadas. A maior DD associou-se à menor quantidade de moradores no domicílio (p=0,039), à classificação socioeconômica B/C (p=0,026) e à dieta diversa materna (p<0,001). Para as crianças, a única variável que apresentou associação significativa com a baixa qualidade da dieta foi a menor DD materna (p=0,046) (Tabela 3).
As análises brutas e múltiplas para crianças são apresentadas na Tabela 4. No modelo múltiplo, verificou-se uma maior chance de dieta diversa nas crianças cujas mães também tinham dieta diversa. Observou-se também menor chance de baixa qualidade da dieta quando as mães apresentavam dieta diversa (única variável que permaneceu no modelo múltiplo com p<0,20) (Tabela 4).
Mulheres
A média de idade das mulheres foi de 39 anos (DP=11,71). No que diz respeito ao estado nutricional, a avaliação pelo IMC mostrou que 61,2% (n=123) apresentavam excesso de peso (sobrepeso e obesidade) e 2,5% (n=5) estavam com baixo peso; 61,6% (n=119) estavam com medida da circunferência da cintura elevada, indicativo de risco aumentado de doenças cardiovasculares.
Na avaliação do consumo alimentar (n=191), o escore de DD foi 3,81 (DP=1,02), sendo que 26% delas apresentaram uma dieta diversa. Para o subgrupo de mulheres mães de crianças menores de 5 anos (n=63), o escore médio da DD foi 3,75 (DP=1,07), e 30% tiveram uma dieta considerada diversa (Tabela 2).
A prevalência de consumo de pelo menos um AUP no dia anterior foi de 57,9% entre todas as mulheres, sendo os mais consumidos os biscoitos salgados e doces e sucos artificiais em pó. Do total de 137 tipos de alimentos consumidos pelas mulheres no dia anterior, 34 (24,8%) eram ultraprocessados.
A análise de fatores relacionados à diversidade e à qualidade da dieta incluiu 186 mulheres com dados completos para as variáveis independentes avaliadas. Uma adequada DD esteve relacionada com maior renda (p<0,001), não participação em programa de transferência de renda (p=0,038) e à maior escolaridade (p<0,001). Em relação à baixa qualidade da dieta, somente foi verificada uma relação significativa com menor renda (p<0,001).
Tabela 2. Variáveis de saúde de saúde, estado nutricional e práticas alimentares de crianças de 0 a 59 meses e mulheres em 9 comunidades quilombolas de Goiás (2018).
Tabela 3. Associação de fatores sociodemográficos, maternos e da criança à diversidade e à qualidade da dieta de crianças de 6 a 59 meses e mulheres em 9 comunidades quilombolas de Goiás (2018).
No modelo múltiplo para dieta diversa em mulheres, verificou-se uma menor chance desse desfecho nas que viviam em domicílios com 5 ou mais moradores e maior chance de dieta diversa naquelas com estimativa de renda familiar com mais de 1 salário-mínimo mensal e naquelas com 8 anos de estudo ou mais. Já no modelo de baixa qualidade da dieta em mulheres, verificou-se que houve menor chance desse desfecho que residiam em domicílios com 5 ou mais moradores e maior chance para aquelas com estimativa de renda familiar mensal de mais de 1 salário-mínimo (Tabela 5).
Tabela 4. Associação de fatores sociodemográficos, maternos e da criança à diversidade e à qualidade da dieta de crianças de 6 a 59 meses em 9 comunidades quilombolas de Goiás (2018).
Tabela 5. Associação de fatores sociodemográficos, maternos e da criança à diversidade e à qualidade da dieta de mulheres em 9 comunidades quilombolas de Goiás (2018).
Discussão
As mulheres e crianças das comunidades quilombolas avaliadas no estudo vivenciam uma situação de vulnerabilidade econômica e exclusão social, apresentam dieta de baixa qualidade e alta prevalência de excesso de peso, reforçando achados existentes para a população quilombola de Goiás e de outras regiões do país e apontam para uma invisibilidade desses grupos pelos agentes públicos (4,5,10,11). As mulheres e crianças pequenas são mais suscetíveis às consequências negativas das desigualdades socioeconômicas e em saúde, o que se agrava quando se trata de população negra (24) em especial, comunidades afrorrurais (9). A localização das comunidades na região rural pode configurar-se como dificultador para o acesso a serviços públicos, como escolas e unidades de saúde. Isso implica repensar a organização desses serviços, considerando não apenas a distância dos centros urbanos, mas as características das comunidades, os recursos humanos e tecnológicos necessários para garantir atenção equitativa em saúde e outras áreas (9,25).
As iniquidades constatadas neste estudo são experienciadas também em comunidades tituladas (7). O processo de titulação da terra não garante, por si só, a melhoria das condições de vida nas comunidades quando não há, de fato, uma agenda política comprometida com a realização dos direitos dessa população. Dados da pesquisa realizada nessas comunidades mostraram que metade das famílias estavam em InSAN grave (6), situação pior em relação às comunidades avaliadas neste estudo, onde menos de 10% dos domicílios encontravam-se em tal situação. Ainda assim, mais de 60% dos domicílios das comunidades quilombolas de Goiás visitadas apresentaram algum grau de InSAN.
Silva et al. (2017) avaliaram comunidades rurais quilombolas e não quilombolas no Nordeste brasileiro e identificaram que, apesar da prevalência de insegurança ser alta em todas as comunidades estudadas, era maior e mais grave nas quilombolas (8). Em um estudo de base populacional com domicílios com crianças brasileiras menores de 5 anos, observou-se níveis de InSAN na região Centro-Oeste quase 3 vezes menor do que no nosso estudo, reforçando a maior frequência das inequidades nas comunidades quilombolas (26) e que pode ter piorado durante a pandemia de COVID-19 (27).
No âmbito das práticas alimentares infantis, a manutenção do AME por 6 meses parece ser um dos maiores desafios, com oferta precoce de chás, outros leites e alimentos, práticas permeadas por questões culturais e conhecimentos tradicionais (28,29). No contexto de InSAN em que vivem as comunidades quilombolas, o AM, que tem grande importância para a nutrição e saúde da criança, com repercussões ao longo da vida (30), pode ter uma relevância ainda maior, sendo uma estratégia segura e de baixo custo para alimentação infantil (31,32). Por isso, é essencial que ações de promoção, proteção e apoio ao AM considerem as especificidades sociais e culturais dessas famílias.
A análise do consumo alimentar das mulheres e crianças quilombolas mostrou um padrão alimentar monótono, com diversidade e variedade alimentar restritas e alto consumo de AUP, dados que acompanham a tendência observada para a população brasileira e mundial (33). Em estudo com crianças brasileiras entre 6 e 36 meses, apenas 20% apresentaram uma dieta diversa (34), e outro estudo de base populacional evidenciou que pelo menos 50% das crianças brasileiras e da região Centro-Oeste apresentaram dieta diversa, sendo mais prevalente nas crianças com idade entre 6 e 23 meses (35). Fatores que denotam inequidades, como viver em domicílio com InSAN, baixa escolaridade materna, domicílio na zona rural e falta de contato da mãe com o serviço de saúde agravam a situação e apontam uma associação com uma DD ainda menor (22,35,37-40).
A DD está associada com crescimento linear em crianças e com a adequação de macro e micronutrientes em crianças e adultos, sendo um bom proxy da qualidade da dieta e tendo relação com desfechos positivos em saúde (19,40,41). Nosso estudo apontou que a possibilidade de a criança ter uma dieta diversa e dieta de melhor qualidade é maior quando a mãe também tem uma dieta diversa. Entretanto, pela característica do estudo, não é possível afirmar se esta é uma influência do comportamento alimentar materno ou dos cuidadores sobre a criança ou resultado do maior acesso da família como um todo a alimentos variados.
Se entre as crianças não pôde ser observada uma influência direta dos fatores socioeconômicos na diversidade da dieta, entre as mulheres quilombolas, a escolaridade e a renda tiveram impacto substancial neste indicador. Entretanto, de forma oposta, a maior renda foi um fator de risco para a baixa qualidade da dieta nas análises múltiplas. Esse resultado pode sugerir, como já encontrado em outros estudos, que em alguns grupos com maior renda há maior consumo de AUP, elemento que compõe a análise da qualidade da dieta no presente estudo e pode estar causando esse efeito. Contudo, é necessário aprofundar a compreensão em relação ao papel da renda e do consumo de AUP nos diferentes grupos sociais. Mas, cabe ressaltar que já há um conjunto importante de evidências sobre as iniquidades sociais em alimentação e nutrição, mostrando que grupos populacionais com menor posição socioeconômica, incluindo baixa renda e escolaridade, de cor/raça preta e que vivem em áreas rurais, tem mais dificuldade de atingir uma dieta adequada e saudável (43,44).
Mais de 75% das crianças e cerca de 30% das mulheres do estudo consumiram pelo menos um AUP no dia anterior. Resultados semelhantes foram encontrados em estudo que avaliou o consumo alimentar de crianças entre 12 e 60 meses em comunidades quilombolas de Alagoas, Brasil (42) e também em um inquérito nacional com crianças brasileiras menores de 5 anos (35), porém nesse último estudo, as crianças maiores de 2 anos ingeriram mais AUP que as mais jovens. Em pesquisa sobre consumo de AUP e síndrome metabólica em mulheres quilombolas de Alagoas, esta prática alimentar foi frequente e o alto consumo desses alimentos esteve associado com maior prevalência de hipertensão, enquanto que menor escore de consumo de AUP foi protetor contra diabetes e baixo HDL (45).
A situação da disponibilidade de alimentos em territórios quilombolas titulados, na qual bolachas, biscoitos, refrigerantes e sucos artificiais eram mais comuns nos domicílios que verduras e hortaliças (7), dialoga com os resultados encontrados. Já há evidências robustas de que o consumo elevado de AUP está associado a desfechos negativos em saúde, especialmente o desenvolvimento de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis em crianças e adultos (46).
Foram constatadas altas prevalências de excesso de peso em crianças e mulheres, sendo que nas crianças, a prevalência foi maior que nos inquéritos nacionais (47,48). Apesar deste cenário, sabe-se que há ainda a população quilombola ainda está mais suscetível à desnutrição e carências nutricionais (9,49,50). Compreender e atuar frente a má nutrição em suas diferentes formas, que estão interrelacionadas e são frequentemente coexistentes, envolve considerar que suas raízes incluem, além de elementos biológicos e nutricionais, um componente socioeconômico e político, profundamente relacionado com a qualidade da alimentação à qual a população tem acesso (51).
Além de ações mais amplas, como os programas de transferência de renda e políticas de segurança alimentar e nutricional, têm sido implementadas iniciativas mais específicas destinadas à população quilombola, como o Programa Brasil Quilombola (52). Contudo, o programa funcionou mais como um dispositivo de inclusão simbólica das comunidades quilombolas na agenda pública brasileira, do que propriamente como um concretizador de ações efetivas de mudança na realidade (53).
O tamanho da amostra, a heterogeneidade no número de famílias por comunidade e a escassez de registros demográficos oficiais mais completos dificultaram análises mais robustas e estratificadas por comunidade, sendo limitações importantes do estudo. Estima-se que o total de domicílios incluídos na pesquisa em Goiás (sem considerar o recorte de domicílios com mulheres e crianças) representou 60 a 70% do total de domicílios existentes nestas comunidades à época do estudo, de acordo com informações fornecidas pelas lideranças quilombolas. Mesmo com alguns resultados semelhantes aos encontrados para as mulheres, a maioria das análises para o grupo de crianças não apresentou significância estatística, o que possivelmente se deu em razão do baixo tamanho amostral para essa faixa etária.
Apesar das limitações, o estudo inova em fazer uma avaliação de múltiplos aspectos em comunidades quilombolas em Goiás, abrangendo diferentes regiões do Estado, e com enfoque em práticas alimentares. Apesar de os resultados não poderem ser extrapolados para outras populações, o cenário encontrado possivelmente se assemelha ao de outras comunidades quilombolas rurais no estado e em outras regiões do país, contribuindo para a compreensão sobre as condições de vida dessa população. O panorama traçado por este estudo evidencia a urgência de ações efetivas e adaptadas culturalmente para a melhoria de acesso à alimentação adequada e saúde para essa população.
Referências
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Living conditions, diet quality and associated factors in women and childrenquilombola communities in Goiás, Brazil
Resumo (abstract):
The study aimed to describe health and living conditions and analyze factors associated with the quality of the diet of women and children under 5 years of age in 9 rural quilombola communities, certified and without land title in the state of Goiás. Cross-sectional study, in which were constructed the indicators of consumption of ultra-processed foods, diet diversity and diet quality. The association of socioeconomic factors with indicators of dietary diversity and quality was assessed using Pearson\'s chi-square test, Fischer\'s exact test and logistic regression analysis. 203 women and 73 children aged 0 to 59 months participated in the study. In women, greater dietary diversity associated with higher income, non-participation in an income transfer program and higher education; in children, fewer people living in the household, B/C socioeconomic classification and different maternal diet. Low diet quality in children associated with less diversity in the maternal diet; in women, the income variable was associated with lower diet quality in the chi-square analysis, but the multiple analysis showed an opposite result for this variable. There is an urgency to implement effective actions to guarantee the right to health and adequate and healthy food for this population.
Palavras-chave (keywords):
health, nutrition, groups with ancestorsthe African continent
Condições de vida, qualidade da alimentação e fatores associados em mulheres e crianças de comunidades quilombolas em Goiás, Brasil
Living conditions, diet quality and associated factors in women and children from quilombola communities in Goiás, Brazil
Authors:
Priscila Olin Silva. Núcleo de Estudos Epidemiológicos em Saúde e Nutrição. Departamento de Nutrição. Faculdade de Ciências da Saúde. Universidade de Brasília. Brasília, DF, Brasil. priscilaolin@gmail.com. 0000-0001-8916-5650
Raquel Machado Schincaglia. Núcleo de Estudos Epidemiológicos em Saúde e Nutrição. Departamento de Nutrição. Faculdade de Ciências da Saúde. Universidade de Brasília. Brasília, DF, Brasil. raquelms@outlook.com. 0000-0002-8450-6775
Leonor Maria Pacheco Santos. Programa de Pós-graduação em Nutrição Humana. Faculdade de Ciências da Saúde. Universidade de Brasília. Brasília, DF, Brasil. leopac.unb@gmail.com. 0000-0002-6739-6260
Muriel Bauermann Gubert. Núcleo de Estudos Epidemiológicos em Saúde e Nutrição. Departamento de Nutrição. Faculdade de Ciências da Saúde. Universidade de Brasília. Brasília, DF, Brasil. murielgubert@gmail.com. 0000-0002-0103-4187
Resumo
O estudo objetivou descrever condições de saúde e vida e analisar fatores associados à qualidade da dieta de mulheres e crianças menores de 5 anos em 9 comunidades quilombolas rurais, certificadas e não tituladas do estado de Goiás. Estudo de delineamento transversal, no qual foram construídos indicadores de consumo de alimentos ultraprocessados, diversidade e qualidade da dieta. Foi avaliada a associação de fatores socioeconômicos com os indicadores de diversidade e qualidade da dieta, usando teste de qui-quadrado de Pearson, teste exato de Fischer e análise de regressão logística. Participaram do estudo 203 mulheres e 73 crianças de 0 a 59 meses. Nas mulheres, maior diversidade da dieta associou-se à maior renda, não participação em programa de transferência de renda e maior escolaridade; nas crianças, à menor quantidade de moradores no domicílio, classificação socioeconômica B/C e dieta diversa materna. A baixa qualidade da dieta em crianças associou-se à menor diversidade da dieta materna; em mulheres, a variável renda esteve associada à menor qualidade da dieta na análise de qui-quadrado, mas a análise múltipla mostrou um resultado oposto para esta variável. Há urgência em implementar ações efetivas para garantia do direito à saúde e alimentação adequada e saudável para essa população.
Palavras-chave: saúde, nutrição, grupos com ancestrais do continente africano
Abstract
The study aimed to describe health and living conditions and analyze factors associated with the quality of the diet of women and children under 5 years of age in 9 rural quilombola communities, certified and without land title in the state of Goiás. Cross-sectional study, in which were constructed the indicators of consumption of ultra-processed foods, diet diversity and diet quality. The association of socioeconomic factors with indicators of dietary diversity and quality was assessed using Pearson\'s chi-square test, Fischer\'s exact test and logistic regression analysis. 203 women and 73 children aged 0 to 59 months participated in the study. In women, greater dietary diversity associated with higher income, non-participation in an income transfer program and higher education; in children, fewer people living in the household, B/C socioeconomic classification and diverse maternal diet. Low diet quality in children associated with less diversity in the maternal diet; in women, the income variable was associated with lower diet quality in the chi-square analysis, but the multiple analysis showed an opposite result for this variable. There is an urgency to implement effective actions to guarantee the right to health and adequate and healthy food for this population.
Keywords: health, nutrition, groups with ancestors from the African continent
Introduction
The quilombo\'s remaining communities, whose historical origin refers to spaces of resistance to slavery, contributed essentially to the formation of Brazilian history and identity. Throughout history, the term “quilombo” has gained other contours, but it remains a reference to a movement of resistance to historical oppression, with black ancestry and a differentiated relationship with the territory, maintaining a set of traditional manifestations and practices transmitted for generations (1,2).
Despite the legal recognition (3) and the institution of public policies that try to “compensate” for centuries of exclusion and invisibility, there is still no realization of the basic rights of this population. Low education, precarious health care, food insecurity (InSAN) and poor housing and sanitation conditions are among the main problems and violations to which these communities are subjected (4–8).
Even with the expansion of studies on health and nutrition of the quilombola population, gaps persist on demography, health, and food and nutrition, especially when it comes to the maternal-child audience, a group admittedly more vulnerable to human rights violations (9). Two population-based surveys stand out in the literature, the Quilombola Nutritional Call (2006), and the Census of titled quilombola territories (2011), which provided data on health conditions, access to public policies, food availability, nutritional status and food security (7,10).
The trend of increasing overweight among children and adults in quilombola communities (11,12) and infant feeding practices and the low quality of food available to this population are worrying aspects of a scenario that reflects the process of food and nutritional transition observed in Brazil, and food and nutritional insecurity in these communities (7,12).
Given this panorama, the study aimed to describe health and life conditions and analyze the factors associated with the quality of food of women and children under 5 years old in quilombola communities in Goiás.
Methods
Study design and population
Cross-sectional study, being an excerpt from the research Health Promotion and Quality of Life in Quilombola Communities from Different Brazilian Regions: a Multicenter Study.
The quilombola communities included in this study were selected by lottery, from the records of communities certified in Goiás by the Palmares Cultural Foundation (reference year: 2016). Certified, rural and non-titled communities were considered eligible.
All households in the communities were eligible to participate in the matrix survey. In the present study, a cutout was made for those with women and/or children under 5 years of age. After two unsuccessful attempts to find the residents, the household was excluded from the survey. All women aged 19 to 59 years and all children under 60 months were eligible, stratified into two age groups: 0 to 23 months and 24 to 59 months. When there was more than one child in the same age group in the household, only one was drawn to participate. The final sample consisted of 203 women and 73 children.
Data collection
Data collection took place between July 2017 and July 2018 through home visits, with the application of semi-structured questionnaires and anthropometric measurements, carried out by previously trained undergraduate and graduate students of the health area. Questions about socioeconomic characteristics of the household and family were preferably answered by a female resident over 18 years of age. Questions about children under 5 years of age were answered by the mother or guardian.
Variables
Socioeconomic, infrastructure and food and nutrition security characterization
Variables related to public services and infrastructure (water source; waste disposal); participation in income transfer programs; monthly family income; gender, education and working conditions of the head of the family were evaluated. The socioeconomic classification of households was based on an adaptation of the Brazil 2019 socioeconomic classification criterion (13).
The food and nutrition security situation of the household was assessed using the Brazilian Food Insecurity Scale, an instrument to measure perception and experience with hunger composed of 14 questions. The final classification is based on the sum of affirmative answers to the questions. The cutoff points, considering the presence or absence of residents under 18 years of age in the household, are, respectively: Food and nutrition Security (0 points), or Food Insecurity level Mild (1-3; 1-5), Moderate (4-5; 6-9) or Severe (6-8; 10-14) (14).
Health, nutritional status and diet quality
Children
Information on vaccination was collected with direct consultation of the Child Handbook, requested by the interviewer from the family; and vitamin A and iron supplementation (children aged 6 to 24 months), based on the mother\'s report.
To assess nutritional status, weight and height were measured using a digital scale of the brand Seca with a capacity of 200 kg, graduation of 100g, portable stadiometer of the brand Seca, for measurements up to 205 cm, and a child stadiometer of the brand Seca for children under 2 years. The indicators height for age and Body Mass Index for age were calculated and classified according to the cutoff points recommended by the WHO (15).
Food consumption data were collected through a 24-hour Food Recall (R24hr) and, for children under 24 months, a form was also applied containing questions related to breastfeeding (BF) and food consumption the previous day, based on the food consumption markers recommended by the Ministry of Health (16).
BF was evaluated based on the indicators proposed by the WHO (17): exclusive breastfeeding (EBF) in children under 6 months; continued breastfeeding at 12 months; breastfeeding among children under 24 months.
Diet assessment was performed for children aged 6 to 59 months and included three indicators:
(a) dietary diversity (DD) (18, 19): a diverse diet was considered if, in the previous day, at least 5 of the 6 food groups (cereals/roots/tubers, beans, legumes and vegetables, fruits, meat and eggs, milk and cheeses) were consumed, defined in accordance with the dietary recommendations for the Brazilian population (20) and for Brazilian children under 2 years of age (21), regardless of the amount ingested.
For children aged 6 to 23 months, the same food groups as for children older than 23 months were used. But, in this first age group, consumption in the milk and cheese group was scored if there was ingestion of breast milk, when the child was breastfed, or other milk, for children who were not being breastfed. It is noteworthy that the recommendation is to maintain breastfeeding until at least two years of age, and in this case, it would not be necessary to offer another type of milk, other than maternal (21). However, considering that more than half of the children in this age group no longer received breast milk at the time of the research, and that dividing the group of children under 2 years of age into breastfed and non-breastfed children could further reduce the robustness of the analysis, it was decided to construct the indicator as described.
(b) consumption of Ultra-processed Foods (UPF) on the previous day: considered the intake of one or more foods from this group on the previous day, according to the NOVA Classification, as proposed by the Food Guide for the Brazilian Population (20).
(c) overall diet quality: aggregation of the two previous indicators, it was considered as a low-quality diet when the minimum diet diversity was not reached and the consumption of at least one UPF on the previous day occurred concomitantly. This indicator was inspired by the proposal of Contreras et al., 2015 (22), who evaluated exposure to double suboptimal feeding load (at least one practice of inadequate complementary feeding + consumption of an UPF) among children between 6 and 35 months. In the present study, only the failure to achieve the minimum diversity of the diet was considered as an inadequate dietary practice.
In addition, the proportion of each of the food groups by degree of processing was also calculated in relation to the total food recorded in the R24h. Foods were listed and classified in one of the groups: Group 1: fresh and minimally processed foods + culinary ingredients; Group 2: processed foods; Group 3: UPF. Subsequently, the proportion of the 3 groups was calculated, considering the quantity of food in each of the groups, in relation to the total number of foods recorded. The list of foods with the classification by degree of processing is available in Supplementary Material 1.
Women
The anthropometric measurements used to assess nutritional status were weight, height and waist circumference, collected using the same equipment used to assess children, except for the infant stadiometer. Nutritional status was classified by Body Mass Index (BMI) and waist circumference, following the cutoff points recommended by the World Health Organization. For waist circumference, the cutoff point of 80 cm was used (WHO) (23).
Diet assessment encompassed the same three indicators used for children: (a) diet diversity; (b) UPF consumption the day before; and (c) overall diet quality. The proportional participation of food groups by degree of processing in the total food consumed was also calculated.
Statistical analysis
The frequencies and proportion of sociodemographic, health and nutrition variables were presented. For the number of food groups consumed, the means and standard deviations by age groups were presented.
Fisher\'s exact test or Pearson\'s chi-square test were used to evaluate the factors associated with the indicators diet diversity and quality. The independent variables included in the analysis of women were age, education and marital status of the woman; monthly family income; socioeconomic classification, number of residents and sex of the head of household; household food and nutrition security situation; and participation in an income transfer program. For children, the diversity and quality of the maternal diet and the sex of the child were included in addition to the variables already mentioned. Only cases with all complete data were included in this analysis. The analysis with a p-value < 0.05 was considered statistically significant.
In addition, a logistic regression analysis was carried out with the estimation of the cross-product ratio (Odds ratio) and a 95% confidence interval, having as outcomes the diverse diet and the low quality of the diet of children aged 6 to 59 months and women. The crude analyzes were performed and the variables that had p<0.20 were included in the multiple regression, which then went through the backward method until only variables with a p-value of approximately 0.2 remained in the final model. The analyses were conducted in the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) version 21.
The power of the sample in the group of children was calculated considering the results of the multiple regression analyses for the association between the diverse diet of these and their mothers (two-tailed, Odds Ratio of 0.4, proportion of 42.6% of diverse diet, sample of 47, alpha of 0.05, R² of 0.5% and binomial distribution) and returned the value of 20%. Similarly, this was done for women using the association between diverse diet and estimate of monthly family income in minimum wages (two-tailed, Odds Ratio of 4.9, proportion of 25.8% diverse diet, sample of 186, alpha of 0.05, R² of 25.4% and binomial distribution) which resulted in a test power of 99%. These calculations were conducted on a post hoc basis for logistic regression in G*Power 3.1.9.7.
Ethical aspects
The research was initiated after the consent of the representatives of the communities and the signing of the Informed Consent Form by the participants. The research was approved by the Research Ethics Committee of the Federal University of Alagoas under number 4735646415.4.0000.5013.
Results
We evaluated 203 adult women and 73 children under 60 months of age (8 children < 6 months; 24 children aged 6 to 23 months; 41 children aged 24 to 59 months) living in nine quilombola communities in Goiás. Among the women, 65 were biological mothers or guardians of the children included in the study.
Socioeconomic, infrastructure and food and nutrition security characterization
Except for one, the other communities visited are located more than 5 km from the municipality\'s center, where they accessed most of the public services. Three communities had a public school within the territory, and one had a Primary Health Unit. Regarding household conditions, 47% of women (n=95) and 38.3% of children (n=28) lived in households whose estimated monthly income was up to 1 minimum wage (R$937.00 at the time of collection) and about 80% were in socioeconomic strata D and E. Most households were headed by men and 60.6% of women\'s families and 76.7% of children\'s families participated in income transfer programs. Regarding the situation of food and nutrition security, 27.2% of women and 26% of children lived in households with moderate or severe insecurity. Among women, 52.2% had less than 8 years of education and more than 80% reported having an informal job or not being working (Table 1).
Table 1. Socioeconomic characterization and access to public services of women and children under 5 years old in households of 9 quilombola communities in Goiás (2018).
Health, nutritional status and diet quality
Children
The vaccination record was adequate to the vaccination schedule recommended by the Ministry of Health for 86.3% of the children. Vitamin A supplementation was offered to 55.4% (n=36) of the children between 6 and 59 months. Only 17.4% (n=4) of mothers of children between 6 and 23 months reported that they received the ferrous sulfate supplement in the last 3 months. Of the children investigated, 5.8% (n=4) had stunting, and 20.2% were overweight or obese (Table 2).
Among the 8 children under 6 months assessed, none were on EBF. Continued BF was prevalent among 77.7% (n=7) of children younger than 12 months and BF in children younger than 24 months was 46.9% (n=15) (Table 2).
The mean DD score for children aged 6 to 23 months (n=23) was 3.83 (SD=1.26) (not shown in table) and 73.9% did not reach the minimum dietary diversity. Among those older than 24 months (n=34), the mean DD score was 4.32 (SD=1.27), and 88.2% of them did not have a diverse diet the previous day. Almost half of the children evaluated (47.4%) had a low-quality diet (Table 2). On the other hand, only 10.5% of the children reached the minimum diversity and did not consume any UPF the previous day.
Of the 57 children aged 6-59 months with food consumption data, 75.4% consumed at least one UPF, and more than half (52.6%) consumed 2 or more UPF the previous day. The most consumed UPFs were salted and sweet biscuits and powdered artificial juices. In the group of children under 24 months, among the 51 foods recorded from the R24h, 37.3% (n=19) were ultra-processed. For older children, of the 89 foods mentioned, 30.3% (n=27) were ultra-processed.
The analysis of factors related to diversity and diet quality was performed for 47 children between 6 and 59 months with complete data for the independent variables evaluated. The higher DD was associated with the lower number of residents in the household (p=0.039), the socioeconomic classification B/C (p=0.026) and the diverse maternal diet (p<0.001). For children, the only variable that showed a significant association with poor diet quality was lower maternal DD (p=0.046) (Table 3).
Crude and multiple analyses for children are presented in Table 4. In the multiple model, there was a greater chance of a diverse diet in children whose mothers also had a diverse diet. A lower chance of poor diet quality was also observed when the mothers had a diverse diet (the only variable that remained in the multiple model with p<0.20) (Table 4).
Women
The mean age of the women was 39 years (SD=11.71). Regarding nutritional status, the BMI assessment showed that 61.2% (n=123) were overweight or obese, and 2.5% (n=5) were underweight; 61.6% (n=119) had high waist circumference, indicating an increased risk of cardiovascular disease.
In the evaluation of food consumption (n=191), the DD score was 3.81 (SD=1.02), and 26% of them had a diverse diet. For the subgroup of women mothers of children under 5 years of age (n=63), the mean DD score was 3.75 (SD=1.07), and 30% had a diet considered diverse (Table 2).
The prevalence of consumption of at least one UPF the previous day was 57.9% among all women, with the most consumed being salty and sweet biscuits and powdered artificial juices. Of the 137 types of food consumed by women the previous day, 34 (24.8%) were ultra-processed.
The analysis of factors related to dietary diversity and quality included 186 women with complete data for the independent variables evaluated. An adequate DD was related to higher income (p<0.001), non-participation in an income transfer program (p=0.038) and higher education (p<0.001). Regarding the low quality of the diet, only one significant relationship was found, with lower income (p<0.001).
Table 2. Health variables, nutritional status and dietary practices of children from 0 to 59 months and women in 9 quilombola communities in Goiás (2018).
Table 3. Association of sociodemographic factors, maternal and child, with the diversity and quality of the diet of children aged 6 to 59 months and women in 9 quilombola communities in Goiás (2018).
In the multiple model for diverse diet in women, there was a lower chance of this outcome in those who lived in households with 5 or more residents and a higher chance of diverse diet in those with estimated family income with more than 1 monthly minimum wage and in those with 8 years of study or more. In the model of low diet quality in women, it was found that there was a lower chance of this outcome if they lived in households with 5 or more residents and a higher chance for those with an estimated monthly family income of more than 1 minimum wage (Table 5).
Table 4. Association of sociodemographic, maternal and child factors with the diversity and quality of the diet of children aged 6 to 59 in 9 quilombola communities in Goiás (2018).
Table 5. Association of sociodemographic, maternal and child factors with the diversity and quality of the diet of women in 9 quilombola communities in Goiás (2018).
Discussion
The women and children of the quilombola communities evaluated in the study experience a situation of economic vulnerability and social exclusion, have a low-quality diet and a high prevalence of overweight, reinforcing existing findings for the quilombola population of Goiás and other regions of the country and pointing to an invisibility of these groups by public agents (4,5,10,11). Women and young children are more susceptible to the negative consequences of socioeconomic and health inequalities, which is aggravated when it comes to the black population (24), especially Afro-rural communities (9). The location of communities in the rural region can be a hindrance to access to public services, such as schools and health facilities. This implies rethinking the organization of these services, considering not only the distance from urban centers, but the characteristics of communities, the human and technological resources necessary to ensure equitable care in health and other areas (9,25).
The inequities found in this study are also experienced in titled communities (7). The process of land titling does not, by itself, guarantee the improvement of living conditions in communities when there is, in fact, no political agenda committed to the fulfillment of the rights of this population. Data from the research carried out in those communities showed that half of the families were in severe food and nutrition insecurity (6), a worse situation in relation to the communities evaluated in this study, where less than 10% of the households were in such a situation. Even so, more than 60% of the households of the quilombola communities of Goiás visited had some degree of food and nutrition insecurity.
Silva et al. (2017) evaluated rural quilombola and non-Quilombola communities in Northeast Brazil and identified that, although the prevalence of insecurity was high in all communities studied, it was higher and more severe among quilombolas (8). In a population-based study with households with Brazilian children under 5 years of age, levels of foode and nutrition insecurity observed in the Central-West region were almost 3 times lower than in our study, reinforcing the higher frequency of inequalities in quilombola communities (26), which may have worsened during the COVID-19 pandemic (27).
In the context of infant feeding practices, the maintenance of EBF for 6 months seems to be one of the greatest challenges, with early supply of teas, other milks and foods, practices permeated by cultural issues and traditional knowledge (28,29). In the context of food and nutrition insecurity in which quilombola communities live, BF, which has great importance for child nutrition and health, with lifelong repercussions (30), can have an even greater relevance, being a safe and low-cost strategy for infant feeding (31,32). Therefore, it is essential that actions to promote, protect and support BF, consider the social and cultural specificities of these families.
The analysis of the food consumption of quilombola women and children showed a monotonous eating pattern, with restricted food diversity and variety and high consumption of UPF, data that follow the trend observed for the Brazilian and world population (33). In a study with Brazilian children between 6 and 36 months, only 20% had a diverse diet (34), and another population-based study showed that at least 50% of Brazilian and Central-West children had a diverse diet, being more prevalent in children aged between 6 and 23 months (35). Factors that denote inequities, such as living at home with food and nutrition insecurity, low maternal education, domicile in the rural area and lack of contact between the mother and the health service aggravate the situation and point to an association with an even lower DD (22,35,37-40).
DD is associated with linear growth in children and with the adequacy of macro and micronutrients in children and adults, being a good proxy for diet quality and being related to positive health outcomes (19,40,41). Our study pointed out that the possibility of the child having a diverse diet and a better quality diet is greater when the mother also has a diverse diet. However, due to the characteristic of the study, it is not possible to state whether this is an influence of maternal or caregiver eating behavior on the child or a result of the greater access of the family to varied foods.
If among children a direct influence of socioeconomic factors on dietary diversity could not be observed, among quilombola women, education and income had a substantial impact on this indicator. However, conversely, higher income was a risk factor for poor diet quality in the multiple analyses. This result may suggest, as already found in other studies, that in some groups with higher income there is a higher consumption of UPF, an element that makes up the analysis of diet quality in the present study and may be causing this effect. However, it is necessary to deepen the understanding of the role of income and UPF consumption in different social groups. However, it should be noted that there is already an important set of evidence on social inequalities in food and nutrition, showing that population groups with lower socioeconomic status, including low income and education, of black color/race and living in rural areas, have more difficulty in achieving an adequate and healthy diet (43,44).
More than 75% of the children and about 30% of the women in the study had consumed at least one UPF the previous day. Similar results were found in a study that evaluated the food consumption of children between 12 and 60 months in quilombola communities in Alagoas, Brazil (42) and also in a national survey with Brazilian children under 5 years of age (35), but in this last study, children older than 2 years of age ingested more UPF than younger children. In a research on UPF consumption and metabolic syndrome in quilombola women from Alagoas, this dietary practice was frequent and the high consumption of these foods was associated with a higher prevalence of hypertension, while a lower UPF consumption score was protective against diabetes and low HDL (45).
The situation of food availability in titled quilombola territories, in which cookies, biscuits, soft drinks and artificial juices were more common in households than vegetables (7), dialogues with the results found. There is already robust evidence that high consumption of UPF is associated with negative health outcomes, especially the development of obesity and chronic non-communicable diseases in children and adults (46).
High prevalences of overweight were found in children and women, and in children, the prevalence was higher than in national surveys (47,48). Despite this scenario, it is known that the quilombola population is still more susceptible to malnutrition and nutritional deficiencies (9,49,50). Understanding and acting on malnutrition in its different forms, which are interrelated and often coexist, involves considering that its roots include, in addition to biological and nutritional elements, a socioeconomic and political component, deeply related to the quality of food to which the population has access (51).
In addition to broader actions, such as income transfer programs and food and nutritional security policies, more specific initiatives have been implemented for the quilombola population, such as the Brazil Quilombola Program (52). However, the program functioned more as a device for the symbolic inclusion of quilombola communities in the Brazilian public agenda, than as a realizer of effective actions for change in reality (53).
The sample size, the heterogeneity in the number of families per community and the scarcity of more complete official demographic records made more robust and stratified analyses per community difficult, being important limitations of the study. It is estimated that the total number of households included in the survey in Goiás (without considering the number of households with women and children) represented 60 to 70% of the total number of households in these communities at the time of the study, according to information provided by quilombola leaders. Even with some results similar to those found for women, most of the analyzes for the group of children did not present statistical significance, which was possibly due to the low sample size for this age group.
Despite the limitations, the study innovates in making an evaluation of multiple aspects in quilombola communities in Goiás, covering different regions of the state, and focusing on food practices. Although the results cannot be extrapolated to other populations, the scenario found possibly resembles that of other rural quilombola communities in the state and in other regions of the country, contributing to the understanding of the living conditions of this population. The panorama outlined by this study highlights the urgency of effective and culturally adapted actions to improve access to adequate food and health for this population.
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Como
Citar
Silva, P. O, Schincaglia, R. M., Santos, L. M. P, Gubert, M. B.. Condições de vida, qualidade da alimentação e fatores associados em mulheres e crianças de comunidades quilombolas em Goiás, Brasil. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/jan). [Citado em 22/12/2024].
Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/condicoes-de-vida-qualidade-da-alimentacao-e-fatores-associados-em-mulheres-e-criancas-de-comunidades-quilombolas-em-goias-brasil/19056?id=19056&id=19056