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0306/2024 - Coproduzindo autonomia dos adolescentes no cuidado em saúde mental a partir da Oficina Photovoice
Co-producing adolescent autonomy in mental health care through the Photovoice Workshop

Autor:

• Fabiane Machado Pavani - Pavani, F.M - <fabiane.pavani@ufrgs.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3858-8036

Coautor(es):

• Agnes Olschowsky - Olschowsky, A. - <agnes@enf.ufrgs.br>
ORCID: http://orcid.org/0000-0003-1386-8477

• Christine Wetzel - Wetzel, C. - <chriswetzel1961@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9125-0421

• Kethruyn Guedes Ferreira - Ferreira, K.G - <kethruyn_ferreira@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0003-5349-6978



Resumo:

Objetivo: analisar o método photovoice como ferramenta de cuidado em saúde mental de adolescentes na perspectiva da coprodução de autonomia, em um Centro de Atenção Psicossocial infantojuvenil (CAPSi). Método: pesquisa fundamentada no paradigma construtivista, com abordagem qualitativa e participativa, mediante o percurso teórico-metodológico do photovoice. Na coleta e dados foram utilizadas notas de campo e Círculos de Cultura. Participaram quatro adolescentes usuários do CAPSi. A análise ocorreu simultaneamente à coleta, pelo Método comparativo Constante. Resultados: a oficina possibilitou uma coleção de fotografias e suas narrativas representaram criações, experiências, encontros, reflexões e movimentos sobre o que os adolescentes têm a dizer acerca da coprodução de autonomia em suas vidas e seu cuidado em saúde mental. Envolveu um trabalho artesanal com os adolescentes, que puderam comunicar o que não era possível expressar em palavras. Conclusões: o photovoice além de ser um método de pesquisa, com os adolescentes e não sobre eles, também demonstrou ser uma ferramenta possível no cuidado em saúde mental, pois criou espaço para que os adolescentes expressassem suas necessidades, desejos e escolhas de ser e fazer, o que se pode compreender também como coprodução de autonomia no cuidado em saúde mental.

Palavras-chave:

adolescentes, saúde mental, autonomia pessoal.

Abstract:

Objetivo: analisar o método photovoice como ferramenta de cuidado em saúde mental de adolescentes na perspectiva da coprodução de autonomia, em um Centro de Atenção Psicossocial infantojuvenil (CAPSi). Método: pesquisa fundamentada no paradigma construtivista, com abordagem qualitativa e participativa, mediante o percurso teórico-metodológico do photovoice. Na coleta e dados foram utilizadas notas de campo e Círculos de Cultura. Participaram quatro adolescentes usuários do CAPSi. A análise ocorreu simultaneamente à coleta, pelo Método comparativo Constante. Resultados: a oficina possibilitou uma coleção de fotografias e suas narrativas representaram criações, experiências, encontros, reflexões e movimentos sobre o que os adolescentes têm a dizer acerca da coprodução de autonomia em suas vidas e seu cuidado em saúde mental. Envolveu um trabalho artesanal com os adolescentes, que puderam comunicar o que não era possível expressar em palavras. Conclusões: o photovoice além de ser um método de pesquisa, com os adolescentes e não sobre eles, também demonstrou ser uma ferramenta possível no cuidado em saúde mental, pois criou espaço para que os adolescentes expressassem suas necessidades, desejos e escolhas de ser e fazer, o que se pode compreender também como coprodução de autonomia no cuidado em saúde mental.

Keywords:

adolescentes, saúde mental, autonomia pessoal.

Conteúdo:

INTRODUÇÃO
A construção e implementação da Atenção Psicossocial, como modelo de cuidado em saúde mental, se concentra em cuidar de modo sensível e crítico, resgatando a dignidade e a cidadania das pessoas em sofrimento mental e/ou transtorno mental, com vistas a garantir o respeito aos direitos humanos e seu protagonismo. Ao assumir isso, compreende-se a necessidade de assegurar esse olhar às crianças e aos adolescentes, no campo da saúde mental, bem como o exercício da cidadania e da inclusão social como sujeitos de direito1-2.
Entre os parâmetros que levam a esse modelo de cuidado, destaca-se o trabalho de como favorecer a autonomia dos adolescentes em seu cuidado, pois a busca da apropriação de si e de seus desejos e expectativas são movimentos esperados nessas fases, assim como dialogam com o cuidado e uma melhor qualidade de vida. Enfatizar a autonomia no cuidado em saúde mental pode ser propulsor de diferentes formas de ser e de estar no mundo. A partir disso, entende-se que essa é uma das características decisivas na transformação da ideia da loucura e da pessoa em sofrimento mental na sociedade2-3.
Um cuidado que favorece a produção de autonomia opõe-se à lógica do cuidado tutelar, justificado pela atribuição da incapacidade de a pessoa desempenhar ações e funções, ou seja, de viver plenamente4. Essa suposta incapacidade é atribuída com a rotulação do diagnóstico de transtorno mental, historicamente limitante, pois prevalecem os sinais e sintomas da doença, ao passo em que há um “apagamento” da pessoa, da sua subjetividade e da sua singularidade5-6.
A autonomia pode ser compreendida como uma habilidade que se constrói e se expressa no campo individual e coletivo, que convoca a relação com o outro, bem como a relação consigo. Presume-se que não é possível “dar” autonomia às pessoas, pois ela se constrói a partir de uma concepção individual e coletiva simultaneamente. Portanto, a autonomia resulta do processo relacional, marcado por inúmeras variáveis contextuais, entre elas, as familiares e as do ambiente social de cada pessoa, o que corrobora a ideia de que a autonomia ocorre em coprodução7.
No trabalho com adolescentes, em setores da saúde, educação, moradia, trabalho, cultura entre outros, a coprodução e o exercício da autonomia é um direito constituído. Entretanto, perpassa a uma construção desafiadora de como produzir e favorecer o exercício da autonomia dos adolescentes nesses cenários, em especial no campo da atenção psicossocial infantojuvenil2,8.
Observa-se experiências pontuais de investimento em práticas de cuidado em saúde mental que incluem os adolescentes como atores de seu próprio cuidado. Estudos apontam a necessidade de compreender as percepções dos próprios jovens sobre suas trajetórias de vida, modos de subjetivação, de maneira que se expressem e que sejam escutados ao falarem sobre si e sobre as expectativas relacionadas ao tratamento9.
Para tanto, é necessário incluí-los no cuidado de si, a partir da concepção de que eles são capazes de falar, opinar, contribuir com as decisões, além de entender, interpretar e desenvolver habilidades e competências com vistas à coprodução e ao exercício da autonomia no cuidado em saúde mental.
Consiste em tratar os adolescentes como cidadãos, na construção de espaços de pertencimento e de escuta de suas vozes, em que não prevaleça o dizer do adulto. Essa forma de olhar pode ser uma ferramenta essencial para a coprodução e exercício da autonomia dos adolescentes no cuidado em saúde mental4,9.
Frente a isso, este artigo tem como objetivo analisar o método photovoice como ferramenta de cuidado em saúde mental de adolescentes na perspectiva da coprodução de autonomia, em um Centro de Atenção Psicossocial infantojuvenil (CAPSi).
Esta pesquisa se justifica pela premência de fortalecer o cuidado em saúde mental de adolescentes, considerando seus olhares, suas vozes, suas subjetividades e seus contextos. Pode ainda corroborar na construção de uma consistência teórica necessária à ampliação da discussão sobre autonomia e no compartilhamento de caminhos sensíveis tanto para a pesquisa com adolescentes, quanto para as práticas de cuidado na saúde mental infantojuvenil.

Métodos

Trata-se de uma pesquisa que se fundamenta no paradigma construtivista, com abordagem qualitativa e participativa, mediante o percurso teórico-metodológico do método photovoice.
O photovoice é um percurso de pesquisa qualitativa participativa desenvolvido por Caroline Wang e colegas em 1990. Produz uma interface existente entre imagens e palavras, usando a ação de fotografar e discutir sobre as imagens, como movimento de reflexão sobre questões, preocupações e problemas vivenciados por uma comunidade ou grupo de pessoas10.
O método se fundamenta em três pilares: a teoria feminista, a fotografia documental e a educação para a consciência crítica de Paulo Freire. Destaca-se essa última, pela contribuição imprescindível à construção de reflexão críticas coletiva sobre a realidade e as “situações problemas” vivenciadas, ou seja, consiste no movimento de (se) questionar sobre o problema, que, de fato, é o que cada um vivencia, e agir sobre ele, que corresponde a realidade a ser transformada pelas próprias pessoas11.
Com isso, a pesquisa é participativa, pois os participantes são convidados a identificar e selecionar aspectos relacionados aos seus contextos e suas experiências para serem representados como “dados” mediante a ação de fotografá-los. A partir disso, promove-se a construção de espaços para a 'voz' dos participantes, das suas prioridades e conhecimentos, construindo caminhos potentes para o empoderamento de grupos populacionais, inclusive aqueles, historicamente, marginalizados socialmente10,12-13.
O trabalho de campo ocorreu entre julho e setembro de 2022, em um CAPSi, localizado no município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Há 12 anos, o serviço realiza o cuidado de crianças e adolescentes das regiões norte e nordeste da cidade, mediante atendimentos individuais e coletivos.
A população do estudo foi constituída pelos adolescentes em acompanhamento no CAPSi. Foram incluídos na pesquisa adolescentes, entre 12 e 19 anos, independentemente do sexo, do gênero e do tempo de acompanhamento no serviço, e que participavam da oficina de fotografia construída no processo da pesquisa. Não participaram aqueles que tiveram alguma dificuldade de verbalizar seus pensamentos e sentimentos. Após aplicados esses critérios, quatro adolescentes participaram da pesquisa.
Para a coleta de informações foram utilizadas notas de campo e a realização de 14 Círculos de Cultura. As notas de campo foram compostas pelas anotações do trabalho de campo pela pesquisadora principal e artefatos produzidos no seu decorrer, como escritas dos adolescentes e imagens do percurso. Já os Círculos de Cultura compreenderam a realização de rodas de conversa com os adolescentes, semanalmente, em que suas imagens (fotos) eram selecionadas e compartilhadas. Cada adolescente apresentava suas percepções, os motivos da captura, e forneciam significados adicionais em torno dessas imagens através de metáforas, narrativas e simbolismo.
A produção das informações foi realizada durante 14 semanas, de acordo com as etapas do método photovoice10 adaptadas para esse estudo: aproximação com o campo; identificação dos participantes; introdução ao photovoice e condução de discussões sobre equipamentos e exercícios de captura; apresentação do objeto de estudo; captura das imagens, identificação e discussão das percepções; a coleção de imagens sobre autonomia e estratégias de compartilhamento.
A ‘aproximação com campo’ caracterizou-se pelos encontros com a coordenação e equipe do CAPSi, para apresentar a pesquisa e avaliar sua realização. Nessa etapa, a equipe sugeriu a construção de uma oficina com os adolescentes, com intuito de explicar, estabelecer o vínculo e confiança com a pesquisadora e experienciar a ação de fotografar sem ainda iniciar a pesquisa.
A construção da oficina de fotografia (Oficina Photovoice) foi essencial para a etapa de ‘identificação dos participantes’, na qual o objetivo foi identificar junto a equipe, os usuários indicados para compor a oficina. A partir disso, todos os adolescentes que participavam da oficina de fotografia foram convidados para uma apresentação sobre a pesquisa, e ao final da explanação, ocorreu o convite para participarem. Entre os oito adolescentes participantes da oficina, quatro aceitaram compor a amostra desta pesquisa.
As etapas ‘introdução ao photovoice e condução de discussões sobre equipamentos e exercícios de captura’, ‘apresentação do objeto de estudo’, ‘captura das imagens, identificação e discussão das percepções’ e ‘a coleção de imagens sobre autonomia e estratégias de compartilhamento’ compreenderam a realização de encontros, semanalmente, e foram conduzidos utilizando os círculos de cultura, semanalmente.
Os cinco primeiros encontros da oficina foram dedicados a apresentar e discutir o método photovoice e seus conceitos teóricos e técnicos. Durante os círculos de cultura, os participantes foram orientados sobre como manusear as câmeras para capturar as imagens que quisessem e sobre como usá-las para se expressarem, incluindo a discussão a respeito das questões éticas, a responsabilidade e a autoridade que são atribuídas aos participantes no papel de fotógrafos. Foram construídos, em conjunto, os acordos e as regras de convivência, assim como o planejamento dos dias de captura das imagens, dos debates coletivos e o local e a hora dos encontros.
Do sexto encontro até o décimo, foram discutidas as imagens capturadas, as percepções, as condições e os aspectos que contribuíram e que se relacionaram com a autonomia do adolescente. Para isso, nos círculos de cultura foram utilizadas perguntas norteadoras, como: “O que você gostaria de falar sobre essa imagem? Por que escolheu essa imagem? Quem estava presente quando tirou a fotografia? No que você pensou enquanto tirava essa fotografia?”. Ao longo de cada semana, os adolescentes levavam emprestada as câmeras para casa e fotografavam. No encontro posterior, as fotos realizadas eram selecionadas, compartilhadas e discutidas, na oficina, a fim de que seu autor apresentasse sua percepção e os motivos para a captura daquela imagem.
Por último, a etapa ‘a coleção de imagens sobre autonomia e estratégias de compartilhamento’ compreendeu quatro encontros finais. Houve discussões sobre o interesse e as estratégias para compartilhar as imagens, que resultaram em momentos de planejamento e realização de uma exposição fotográfica. Ao todo, foram produzidas 221 fotografias, dessas uma seleção com 40 fizeram parte da exposição, que ocorreu em dezembro de 2022 nas dependências do CAPSi. Posteriormente, a exposição também foi realizada no evento da Luta Antimanicomial do município, em maio de 2023.
Os dados foram analisados simultaneamente à coleta, por meio do Método Comparativo Constante14. As temáticas que emergiram no processo foram agrupadas em três categorias: as adolescências e suas trajetórias; o cotidiano das relações dos adolescentes e a coprodução de autonomia; o photovoice e a coprodução de autonomia.
Neste artigo, são utilizados os resultados que constituíram a categoria: photovoice e a coprodução de autonomia. Esta categoria foi composta por temas relacionados às estratégias de engajamento dos adolescentes na pesquisa científica, o photovoice como promoção de espaços para a voz do adolescente e a oficina de photovoice no CAPSi como ferramenta no cuidado em saúde mental.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição proponente (CAEE: 59064222.6.0000.5347) e coparticipante (CAEE:59064222.6.3001.5530). Os adolescentes participantes assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido, assim como seus pais e/ou responsáveis o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A confidencialidade dos adolescentes foi garantida pela substituição dos nomes pela letra ‘A’, de adolescente, seguida por uma ordem numérica.
Em relação às fotografias utilizadas, foi esclarecido nos termos citados, que essas eram propriedade dos participantes, que concederam os direitos de autor para uso exclusivo desta pesquisa. Assim, a autoria e a posse das imagens capturadas foram garantidas aos seus fotógrafos e cada participante recebeu as suas fotografias impressas. O conjunto do material empírico foi armazenado digitalmente e será preservado durante cinco anos, sob responsabilidade da pesquisadora, em pen drive. Após esse período, será apagado.

Resultados

Os primeiros encontros da oficina dedicaram-se à familiarização com método photovoice, o que possibilitou a aproximação dos adolescentes com o universo da imagem e da fotografia, considerando suas experiências prévias.

Antes eu estudava na escola X e a gente fazia não sei o que é, mas mexia com câmera, mas era raramente, uma vez na semana. Era muito pouco. Foi ali que eu entrei em contato com câmeras digitais (A1).

É bem pequenininha essa daqui, né? Quem vê, não parece máquina! A minha dinda tem uma dessas máquinas, porque ela é fotógrafa também(A2).

Nessa aproximação, utilizou-se uma dinâmica com fotos de revistas, em que o grupo foi conversando e construindo comparações entre os tamanhos das imagens, as cores, os conteúdos, o tipo de iluminação e, inclusive, se havia a autoria do fotógrafo. Foram, em seguida, abordados os elementos principais que compõem a fotografia, como luz, ângulos, enquadramento, lente, foco e posicionamento do fotógrafo.
Além disso, foram apresentados aspectos históricos sobre fotografia, por exemplo, quando se iniciou o processo de captura de imagens, traçando um paralelo com a pintura. Discutiram-se formas para capturar as imagens, a fim de apresentar a evolução dos equipamentos utilizados, foram expostas imagens de câmeras fotográficas antigas e, até as digitais atuais.
Nesse momento, observou-se o movimento dos adolescentes reconhecerem os motivos que os levaram a participar da oficina photovoice, em meio a outras atividades coletivas que o CAPSi oferecia.

Contaram que seus técnicos de referência apresentaram a oficina como uma alternativa, em que poderiam estar participando, caso houvesse interesse e disponibilidade. Mostraram-se bastante interessadas com a proposta de fotografar, em apreender um pouco sobre o universo da fotografia, alguns disseram ser uma oportunidade de desenvolver habilidades iniciais que podem ajudar, no futuro, no mercado de trabalho, já que têm o desejo de serem fotógrafos (Notas de Campo, 11/07/2022).

Diante disso, foi proposto que cada adolescente escolhesse uma câmera para si, era preciso identificá-la e utilizá-la enquanto participassem da oficina. Tal estratégia os incentivou e conduziu, pela primeira vez nesse espaço, a exercer sua autonomia, ao optarem por uma máquina específica, seja porque gostaram mais de um modelo, seja por terem chamado mais a atenção. Essa simples ação de escolher também demonstrou auxiliar na construção de vínculo entre os adolescentes e a oficina.
Por sua vez, o empréstimo das câmeras, semanalmente, promoveu espaços para o exercício da autonomia, na perspectiva de construir negociações, de como se colocar, se expressar, o que foi caracterizando o espaço da oficina como seguro para falar sobre si, visto que os adolescentes puderam comunicar seus medos, anseios, vontade e desejo. Isso os auxiliou a se manterem engajados no grupo, que configurou também uma condução compartilhada da oficina.

Eu queria ver com vocês para tirar foto em outros lugares [...] ir ao Gasômetro, tirar algumas fotos. No sábado, também sair de novo para tirar outras fotos (A2). Vocês querem manter essas máquinas que vocês escolheram ou querem escolher outras? (pesquisadora) Tem essas duas, vermelha e azul? Bah, que chique mesmo essa oficina, hein!(A1).

Observa-se que os momentos de negociação possibilitaram aos adolescentes registrarem imagens em outros locais da cidade. Alguns desses espaços, por exemplo, eram lugares que não transitavam frequentemente, e/ou tinham vontade de conhecer (Figura 1 e 2).

Fig. 1
Fig.2

Uma das preocupações, ao longo do percurso, foi de os adolescentes quererem utilizar recursos próprios para fazerem os registros, como celulares. O uso desses aparelhos para fotografar, no entanto, não foi uma questão durante a oficina, pois mesmo os celulares estando à disposição, eles preferiram utilizar as câmeras. Os adolescentes puderam, inclusive, comparar o funcionamento de ambos os tipos de aparelhos, após manusearem as diferentes câmeras fotográficas que estavam disponíveis concluíram:

Meu telefone é ruim, é tão ruim que não dá para tirar fotos (A2).
Eu quero trabalhar com isso. Meu telefone é muito ruim para tirar (A1). O meu também! (A2).

Conversar sobre os tipos de câmeras, seu manuseio e as técnicas foi um aspecto potencializador da aprendizagem e do aperfeiçoamento, pois resgatou o que os adolescentes já sabiam, conectando e dando sentido às novas informações.

Deve estar com uma pilha aqui dentro, que eu não sei abrir isso aqui, mas sei que deu um flash ali! Tirei uma foto dela ali. Tirei, e foi o flash. Né? (A1).
O flash, ele é muito legal, mas ele pode até estragar a foto que a gente queria fazer...Deixar o olho bem vermelho. Ó, sem o flash! (A2).
Ai, ficou bem bonita essa foto! Olha, essa aqui! Ficou bem, bem bonita. Né? E eu nem fiz zoom! Gostei mais dessa aqui, das cores (A3).

O exercício frequente dos adolescentes foi o de identificar suas habilidades, acertar, errar e sempre tentar de novo, isto é, de testar-se. A percepção das dificuldades, comuns e individuais, apontou a necessidade de trabalhar com o grupo quais eram as suas preocupações e como comunicar angústias e medos. Essa foi uma forma de ajudá-los mediante o diálogo sobre o desconhecido e sobre o que esses aspectos representam nas suas realidades, conforme pode-se observar nas Figuras 3 e 4 e suas respectivas narrativas.

Fig.3
Fig.4

Essa aqui foi a primeira foto que eu tirei sozinha. Estava indo para casa. Eu estava muito nervosa quando eu saí daqui. Eu não sei, e tenho medo das pessoas não gostarem de mim. Eu fico tremendo, fico nervosa [...] e eu estava curiosa para saber como tirar a foto. Eu não sabia tirar o flash, mas aí eu aprendi sozinha (A4).

A oficina photovoice não teve a finalidade de formar fotógrafos, mas, sim, de se tornar um espaço de diálogo mediado por diversas formas de expressão. A oportunidade dos adolescentes vivenciarem diferentes experiências e, a partir das fotos, refletirem e construírem outras perspectivas sobre seu cotidiano e cuidado em saúde mental.
Considerando isso, observou-se que os adolescentes conseguiram, a cada encontro, interagir mais, inclusive questionando: “E aí, quais são as novidades de vocês hoje?” (A2), de uma semana para a outra. Da mesma forma, passaram a informar se haviam conseguido ou não fotografar. Isso permitiu que se refletisse sobre a ação de fotografar como ação de escolher e decidir sobre o que olhar e capturar:

Eu escolhi essa aqui por causa do céu. Eu adoro o céu assim, meio o pôr do sol, assim eu tenho bastante fotos do pôr do sol no meu telefone (A1).
Agora eu olhando, eu escolho essa outra porque ela é interessante. Ela é onde minha tia mora, tem um sítio lá, ela mora em um apartamento, depois, se você caminhar um pouco, tem um sítio. Aí nesse sítio, eu falei: "Dá pra tirar foto!”. Daí eu aproveitei e tirei foto do sítio(A2).

A ação de fotografar algo e de ser o autor mediou o movimento dos adolescentes em projetar ideias e identificar gostos e desejos. Isso fez surgir a sensação de serem valorizados como alguém único, diferente do outro. As imagens capturadas foram mobilizadoras da expressão dos pensamentos e sentimentos:

Fig.5

Que lindas! Ai, ai. Fases da vida, né? Ainda bem que tudo passa. Essa sou eu. Essas são pensamentos, essas são decisões e palavras (A4).

Nesse sentido, as diferentes perspectivas atribuídas às fotos realizadas e as conversas sobre elas, a cada círculo de cultura, corroboraram em um movimento de nomear emoções, construir sentidos e significados, como o exemplo de poder fazer escolhas, ter responsabilidades e refletir sobre elas, o que pode favorecer a ampliação da coprodução de autonomia dos adolescentes.

A gente já está no pertinho do final. Eu queria perguntar para vocês como vocês se sentiram nessa atividade? (pesquisadora) Bem! (A1). Eu gostei(A2). Uma palavra que define é: expressão(A3).
Teve algo que vocês mais gostaram? (pesquisadora) Levar a câmera e poder tirar foto com ela! Porque eu gosto de tirar foto, né, eu tiro foto de tudo! (A1) É, eu também, porque as pessoas ficaram bem curiosas assim, quando eu tirei as pessoas: “Bah, tu é boa”. Falaram que era bom eu começar a tirar as fotos (A2).

Da mesma forma, a ação de compartilhar as imagens capturadas foi uma proposta para que o grupo misturasse vidas, diferenças e histórias, que resultou em um momento singular e rico, no sentido de auxiliar os adolescentes a encontrarem outras formas de pensar e enfrentar suas dificuldades e, assim, poder traduzi-las nas repercussões de suas ações e escolhas cotidianas.

Era para ter, na verdade, 63 fotos, mas eu revi e tirei algumas, porque não achei que estavam boas: algumas foi meu irmão que pegou a máquina e tirou e outras que eu nem lembro(A4).
Ah, eu pensei que era umas pedras. Essa aqui é a pedra no chão, mas parece uma baleia, um golfinho... Dá a impressão mesmo, junto com aquele céu. Então são várias dessas coisas, que eu acho que a gente vai tentando olhar para onde conseguir os melhores resultados (A1).
Embora seja uma fotografia, ela não parece. Ela parece uma outra coisa. Eu achei que era uma pintura! (A2).

Na última etapa da pesquisa, o objetivo foi reunir e visualizar a coleção de imagens impressa, o que configurou uma imagem concreta/real das produções de todo o percurso. Com isso, o grupo de adolescentes foi instigado a pensar e planejar sobre o que gostariam de fazer com a produção na oficina. Entre as ideias surgiu a de compartilhar as imagens com pessoas que não estavam participando da oficina. Assim, a possibilidade de construir uma exposição fotográfica foi disparada pela sequência de imagens (Figura 6) evidenciada na sua respectiva discussão.

Fig. 6

O que vocês acham de fazer uma exposição? (profissional). Com todos esses “olhinhos”? (A4). (risos) E o nome vai ser Visões (A3). Boa (A4). Perspectivas (A3). Ou, literalmente, pontos de vista (profissional). É, olhos (A3). Temos várias ideias, vamos ir pensando e construindo juntos (pesquisadora).

Ademais, todos adolescentes concordaram com a proposta de divulgação coletiva e sugeriram, também, uma produção individual como a construção de um scrapbook, cartão de aniversário com as fotos de familiares e, por fim, sugeriram uma visita à Bienal do Mercosul.
Ressalta-se que após cada encontro, a pesquisadora e os profissionais que compartilharam a condução da oficina discutiam e registravam informações sobre a interação dos adolescentes, entre os pares e com os técnicos. Na maioria dos casos, havia consenso de que a participação dos adolescentes na oficina estava auxiliando no movimento de falar sobre si, produzindo exemplos de exercício de autonomia em casa, na escola e na rua, ao tratarem do que gostavam ou não.
Na medida em que as oficinas aconteciam, outros profissionais da equipe passaram a procurar a pesquisadora para dar retorno sobre as repercussões de participar da oficina no cuidado individual dos adolescentes e no atendimento aos familiares deles. Dessa forma, a equipe do CAPSi também foi conhecendo as experiências que ocorriam naquele espaço, a partir dos relatos dos adolescentes, principalmente nos atendimentos individuais com os psiquiatrias, as psicólogas entre outras modalidades de cuidado. Isso fez com que a equipe pudesse identificar a oficina como importante para determinados casos/situações. Ao término da pesquisa, a equipe manifestou interesse pela continuidade da oficina de fotografia a partir do método photovoice como atividade fixa do CAPSi.

Discussão

Recorrer ao método photovoice para condução da oficina de fotografia no CAPSi possibilitou a construção de uma coleção de fotografias e suas narrativas representaram criações, experiências, encontros, reflexões e movimentos sobre o que os adolescentes têm a dizer sobre si, seus desejos e expectativas, suas relações, e consequente coprodução de autonomia bem como seu cuidado em saúde mental. Esse processo exigiu novos conhecimentos e ações proativas, capazes de gerar uma consciência coletiva e um compromisso e fortalecimento com a coprodução de autonomia.
Essa percepção advém das transformações do campo da atenção psicossocial, tanto na perspectiva ético-política quanto teórico-técnica, orientando-se pelo princípio da proteção, tendo como premissa a criança e o adolescente como sujeitos de direitos amparado na proposta do cuidado em liberdade13.
A opção pelo método photovoice decorreu da ideia de participação e inclusão dos adolescentes, tendo como preocupação, o seu envolvimento no processo de investigação, conferindo e favorecendo a eles, também pensar e agir na elaboração e condução do processo de pesquisa.
No campo das pesquisas, o uso da fotografia tem se tornado popular, principalmente na área da saúde, em virtude de sua eficácia como forma de estudar as nuances mais sutis da vida humana e de analisar os processos sociais ao longo do tempo. Também contribui para esse cenário, o advento das tecnologias, bem como a facilidade de acesso a elas, instigando os pesquisadores sociais a trilharem novos caminhos, a se adaptarem a uma realidade mais interativa, moderna e relacional14,16.
O universo da imagem e fotografia remete ao ato de fotografar e ao uso da produção fotográfica como ferramenta para a promoção de reflexão, de projeção da voz e de ideias e de ver(-se) como sujeito/cidadão. Dessa forma, a apropriação, da tecnologia e da técnica, auxilia na identificação de subjetividades, de modo que as fotos potencializam o estudo de aspectos da vida que não são passíveis de observação somente a partir das palavras17.
As imagens e os equipamentos utilizados para capturá-las não são apenas uma parte da vida cotidiana, são a vida cotidiana. Considerando isso, a opção de trabalhar com as câmeras digitais, registrando as imagens escolhidas pelos adolescentes, que tinham o poder de decidir o que mostrar e as motivações para registro, incutiu no seu cotidiano, também, a coprodução de autonomia.
Outros estudos ressaltaram algumas dificuldades durante o processo da pesquisa utilizando imagem, entre essas está o acesso a câmeras fotográficas, o que, por vezes, torna-se um dos fatores limitantes na utilização do método photovoice em pesquisas18-19.
Apesar disso, pondera-se que esse é um problema com resolução, no caso desta pesquisa, foi construída a alternativa de realização de rodízio das câmeras para uso, empréstimos e doações. Tendo isso em vista, procurou-se adquirir, para este estudo, um número de equipamentos superior ao de participantes, o que de fato aconteceu: ao todo, seis câmeras digitais foram disponibilizadas para a etapa da coleta das informações. Ressalta-se que cinco delas foram doadas, ficando em posse da equipe do CAPSi mesmo após finalização da pesquisa, como uma forma de incentivo e auxílio para a manutenção e a sustentabilidade da oficina no serviço.
O empréstimo da câmera aos adolescentes foi outro aspecto que auxiliou na coprodução de autonomia. Como a proposta de ação era fotografar, prioritariamente, o que ocorre fora do espaço do CAPSi sem a presença da pesquisadora ou dos profissionais que lá trabalham, assegurando a sua decisão e escolha do que fotografar, a partir dos seus desejos e interesses.
A construção do conhecimento para a produção de autonomia, que implica o exercício da curiosidade, a capacidade crítica de “tomar distância" do que se tem para observar, delimitar, é diretamente proporcional à capacidade de gerar comparações e perguntas. Nesse sentido, a pergunta leva à reflexão crítica sobre a própria curiosidade e o que se pretende com isso é transpor o lugar de passividade frente ao novo que consiste em apenas esperar por algo ou alguém. Como se pode inferir, é necessário a promoção da curiosidade espontânea11.
Uma vez escolhidas as câmeras, os adolescentes se dispersaram, primeiramente pela estrutura do CAPSi, para realizarem os registros, testarem os elementos da fotografia, realizarem a ação de fotografar e serem fotografados. Nem sempre é fácil entrar em contato com algo novo, como câmeras, luminosidade, ângulos, edição, cenários. O certo e o errado, o bom e o ruim são experiências que os adolescentes vivenciaram no registro das imagens, sentimentos do cotidiano que testam o nosso agir e as nossas decisões. Na pesquisa, nas oficinas e nos círculos, esses sentimentos foram encorajados como uma oportunidade de reflexão na busca da autonomia.
Isso porque, considerando a utilização dos Círculos de Cultura, a rigor, não se ensina nada, aprende-se tudo em reciprocidade de consciência. Há, na coordenação, a função de compartilhar informações solicitadas pelos participantes e, principalmente, de propiciar condições favoráveis à dinâmica do grupo11.
Essa é uma condição que possibilitou aos adolescentes no decorrer do desenvolvimento das oficinas photovoice, ao mesmo tempo que contemplavam as cenas capturadas nas fotografias, compartilhar reflexões, experiências do seu cotidiano e ressignificá-las no diálogo com os demais.
Ou seja, (re)existenciar criticamente o seu mundo para, na oportunidade devida, saber e poder dizer suas palavras. Procurando o momento de redescobrir-se através da retomada reflexiva do próprio processo em que vai se autoconhecendo, entendendo a sua realidade, suas experiências e, reconfigurando suas expectativas e contextos de vida11.
É preciso que fique claro que não se pretende propor nenhuma dicotomia que resulte na divisão entre reflexão e ação, visto que ambas se dão simultaneamente. Isso constitui como meio facilitador para a emancipação, que pode ser considerada uma perspectiva de fortalecimento do poder pessoal e coletivo de pessoas e grupos submetidos a longos processos de opressão, discriminação e/ou dor11.
Na experiência relatada, esse processo emancipatório foi compartilhado por todos os integrantes da oficina photovoice, na direção de que a metodologia possibilitou momentos deslocar-se de lugares e papeis por vezes cristalizados nas instituições. Quando um adolescente assumia o protagonismo nas decisões de como deveria ser encaminhado ou conduzido a oficina, isso desacomodava um status quo estabelecido em instuições que operam em uma perspectiva de separação entre quem cuida e quem é cuidado. O apredendizado, para além de produzir fotos, era produzir relações mais democráticas, o que favorecia a coprodução de autonomia.
Por sua vez, considerar a realidade a ser transformada, como a utilização do método photovoice almeja, e as dificuldades é um processo fundamental para uma tomada de consciência crítica que desencadeia ações e posturas de protagonismo dos adolescentes sobre suas realidades12,17.
Assim, as falas, por ora individuais, em um grupo de discussão, como os Círculos de Cultura realizados, transformam-se em uma construção coletiva que parte do indivíduo e a ele retorna potencializada pela voz do grupo. O compartilhar das imagens escolhidas pelo adolescente, de maneira coletiva, tornou-se um convite para debater sobre diferentes pontos de vista, o que demonstrava a existência de tempo e espaço para reflexão e, também, mudanças na percepção sobre si e sobre o mundo.
A partir disso, a imagem visual mostra-se como ferramenta potencial para o empoderamento de grupos populacionais marginalizados socialmente, viabilizando a criação e a representação da diversidade das vivências enquanto grupo e/ou comunidade. Por sua vez, as discussões sobre as imagens promovem uma releitura da realidade, da qual pode resultar um maior engajamento dos participantes em práticas políticas com vistas à transformação da realidade16.
O método photovoice reificou a dinamicidade na construção desta pesquisa, configurando-a em sincronia com os movimentos dos adolescentes em um processo de avaliação contínua, repercutindo, também, no cotidiano deles, no serviço e na equipe do CAPSi. Envolveu um trabalho artesanal que promoveu a interação entre os adolescentes, o movimento de testar-se e comunicar o que ainda não se conseguia expressar em palavras. Isso reafirma o processo de pesquisar como uma ferramenta capaz de apoiar e orientar a prática de coprodução de autonomia no cuidado em saúde mental dos adolescentes.

Considerações finais

A construção do cuidado em saúde mental de adolescentes que favoreça a coprodução de autonomia é desafiadora, pois envolve a manutenção da responsabilidade ética-legal, tendo em vista que ainda são menores de 18 anos, mas também postura que se considere os adolescentes sujeitos do seu próprio cuidado. Isso incita a pensar sobre esse lugar – talvez raro –, em que os adolescentes podem exercitar o direito de sustentar suas próprias vontades e desejos e, assim, exercitar sua autonomia, entendendo que ela ocorre em relação de si com outro(s).
A partir disso, considera-se que esta pesquisa indicou o método photovoice como ferramenta de cuidado em saúde mental na perspectiva de favorecer a coprodução de autonomia dos adolescentes no CAPSi, mediante a construção e realização de uma oficina de fotografia (Oficina Photovoice).
Os processos construídos, a partir do método photovoice resultaram em uma construção conjunta que considerou, a um só tempo, as percepções e realidades dos serviços, profissionais e, igualmente, as dos adolescentes envolvidos no processo; da mesma forma, compreendeu um caminho flexível e adaptável, em que o próprio objeto de estudo foi se modificando ao longo da investigação científica e a coprodução de autonomia foi sendo visualizada.
Portanto, é possível sustentar que o método photovoice é um percurso de pesquisa com os adolescentes e não sobre eles, mas também uma ferramenta potente no cuidado em saúde mental voltado aos adolescentes, uma vez que, conjuntamente, criou espaço para que eles expressassem suas necessidades, desejos e escolhas de ser e fazer, o que se pode compreender também como coprodução de autonomia no cuidado em saúde mental.
Considera-se pertinente reconhecer como limitações do estudo as dificuldades de conduzir um espaço de construção e exercício de autonomia dos adolescentes e isentá-los do compromisso de corresponderem a qualquer expectativa da pesquisadora e dos profissionais; outrossim, ensinar sobre o manuseio das câmeras e sobre a captura de imagens sem anular o protagonismo dos participantes. Trata-se do tensionamento existente entre o lugar da pesquisadora/dos profissionais e o modo de realizar intervenções e pesquisas em uma perspectiva participativa, frente à tarefa de cuidar, ensinar, conduzir, proteger e garantir a autonomia dos adolescentes.

REFERÊNCIAS
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Pavani, F.M, Olschowsky, A., Wetzel, C., Ferreira, K.G. Coproduzindo autonomia dos adolescentes no cuidado em saúde mental a partir da Oficina Photovoice. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/ago). [Citado em 22/12/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/coproduzindo-autonomia-dos-adolescentes-no-cuidado-em-saude-mental-a-partir-da-oficina-photovoice/19354?id=19354

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