0100/2025 - Interculturality, protagonism and diversity: narratives of indigenous mediators of the Introduction to the Indigenous People's Health course
Interculturalidade, protagonismo e diversidade: narrativas de mediadores indígenas do curso Introdução à Saúde dos Povos Indígenas
Author:
• Willian Fernandes Luna - Luna, WF - <willianluna@ufscar.br>ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2314-128X
Co-author(s):
• Cecília Malvezzi - Malvezzi, C - <cecilia.malvezzi@ufscar.br>ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1343-4417
• Denis Delgado da Silva - Silva, DD - <denis.delgado@estudante.ufscar.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2067-8997
• Ana Elisa Rodrigues Alves Ribeiro - Ribeiro, AERA - <ana.elisa.alves@usp.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8057-3049
• Brenno Karllos Alves Feitosa Menezes de Sá - Sá, BKAFM - <brenno@estudante.ufscar.br>
ORCID: https://orcid.org/0009-0002-7505-0195
• Ivanildo da Silva Ferreira - Ferreira, IS - <ivanildoferreiraisf@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7171-7776
• Vanessa Carneiro Borges - Borges, VC - <vanessaborges@estudante.ufscar.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4293-3111
• Ana Paula Alves da Silva - Silva, APA - <anapaulaalvessilva@estudante.ufscar.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0554-1677
Abstract:
Indigenous protagonism has historically promoted the visibility of indigenous peoples in Brazilian public policies, and has been fundamental in ensuring rights and guaranteeing access to services. This article presents qualitative research and thematic content analysis. The documents analyzed were narratives written by indigenous students who acted as mediators in the four editions of the Introduction to the Health of Indigenous Peoples course. The course was offered by São Carlos Federal University, with the participation of indigenous and non-indigenous people, leaders, health workers and studentsdifferent regions of Brazil. Three experience categories were analyzed: indigenous presence and leadership in the course experience; learning in the encounter of diversities with active teaching-learning methodologies; indigenous university students training for work. The mediators' narratives revealed the potential to provide spaces for indigenous protagonism, while the methodology allowed the course to be constructed in a participatory manner, and can be recognized as symbolic strategies for the permanence of indigenous people in higher education institutions.Keywords:
Indigenous Population's Health, Health Education; Public Policy; Indigenous People; Problem-Based Learning.Content:
O protagonismo indígena, por meio de movimentos coletivos, historicamente promoveu a visibilidade das necessidades específicas dos povos indígenas nas políticas públicas brasileiras, especialmente na área da saúde, da educação e do direito. Expondo a violência institucional e a lentidão nas respostas aos desafios enfrentados por essas comunidades, esse protagonismo é fundamental para assegurar direitos e garantir o acesso à serviços (1,2).
A despeito dessa relevância, pode-se citar a primeira Conferência Nacional de Saúde Indígena, ainda em 1986, a presença indígena junto aos movimentos sociais da Constituinte de 1988, na elaboração de uma política de saúde para os Povos Indígenas (2,3), nas demarcações de terras indígenas e, mais recentemente, na criação do Ministério dos Povos Indígenas, símbolos de conquistas protagonizadas pelos povos indígenas.
Outros exemplos, ainda, se apresentam na luta pela formação e contratação de professores indígenas nos territórios (4); o ‘Acampamento Terra Livre’, que anualmente vem denunciando a violação de direitos constitucionais acerca dos territórios; e as ações da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), com destaque na elaboração de um Plano de Enfrentamento e Monitoramento específico aos territórios indígenas durante a pandemia a COVID-19 (1).
Nas últimas décadas também tem se intensificado a reivindicação de uma maior presença de profissionais de saúde que sejam indígenas. Desde a 1a Conferência Nacional de Saúde Indígena, a participação indígena deveria ocorrer em todos os momentos de decisão, formulação e planejamento das ações e serviços de saúde e na sua implantação, execução e avaliação (5).
O papel fundamental da presença de indígenas atuando como profissionais do Subsistema de Saúde Indígena, ou mesmo em outras áreas, como educação, direito e gestão ambiental, é ressaltado por diferentes lideranças e intelectuais do movimento indígena, que discutem as novas formas de luta a partir da inserção nas universidades (10). Diversas iniciativas de ações afirmativas, tanto locais quanto nacionais, surgiram em um contexto de reivindicações, permitindo que mais indígenas tivessem acesso ao ensino superior, incluindo cursos de graduação na área da saúde (11). Um dos exemplos são os cursos de Medicina de universidades federais, em que 43 dos 80 reservam vagas específicas para estudantes indígenas (11).
Para além de ações afirmativas para o acesso e permanência de indígenas nas universidades, é essencial o fomento ao desenvolvimento de competências interculturais na formação para atenção à saúde aos diferentes povos indígenas, em seus diferentes contextos de vida, o que ainda não está presente nas diretrizes curriculares de todos os cursos da saúde (6, 7).
Ademais, mais do que simplesmente “ensinar para” atuar nos contextos indígenas e “ensinar sobre” o reconhecimento e respeito às diferenças culturais, há de se avançar para a interculturalidade crítica (8), que envolve uma abordagem reflexiva e transformadora das relações entre diferentes culturas, questionando as estruturas de poder, as desigualdades e os processos históricos de colonização que moldam essas interações (9).
A interculturalidade crítica, segundo Walsh, é um processo de luta por justiça social, que envolve tanto o reconhecimento das identidades culturais e das histórias marginalizadas, como a busca por um diálogo respeitoso e equitativo entre diferentes culturas (9). Assim, a interculturalidade crítica visa transformar as relações desiguais entre culturas, desafiando as estruturas de poder estabelecidas e as práticas coloniais que ainda persistem nas sociedades contemporâneas (8).
No caso dos diversos povos indígenas nas universidades brasileiras, a equidade de acesso a estes contextos expôs necessidades de mudanças mais profundas nas estruturas universitárias, de sustentação à existência da colonialidade do poder (9; 12).
A colonialidade é um fenômeno que persiste além da formalidade do colonialismo, manifestando-se nas relações de poder, no racismo, nas práticas econômicas e culturais, e na organização do saber (13). Em sua análise, a decolonialidade implica uma ruptura com as formas de saber, de ser e de viver impostas pela modernidade e pelo colonialismo europeu (13).
Em outros países, também tem havido movimentos de reorientação de modelos formadores para a saúde indígena a partir de reivindicações do movimento indígena, como no Canadá. Naquele país, médicos indígenas junto a outros coletivos construíram recomendações para superar a escassez de profissionais nos contextos indígenas, culminando em estratégias e políticas para aumentar a quantidade de estudantes indígenas e a abordagem da temática de seus povos em todas as escolas médicas(14).
A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) possui reserva de vagas para indígenas por ações afirmativas desde 2008. A presença indígena provocou projetos e programas no campo da saúde indígena, dentre eles um curso de extensão de introdução à saúde dos povos indígenas, em parceria com outras instituições e coletivos relacionados à saúde indígena, na perspectiva da interculturalidade crítica e transformação da realidade, sendo o foco de análise deste manuscrito.
O curso Introdução à Saúde dos Povos Indígenas
Com o objetivo principal de promover uma aproximação inicial sobre a saúde indígena no Brasil, o curso busca propiciar uma reflexão sobre a complexidade da saúde das comunidades indígenas. Assim, dialoga-se sobre diferentes culturas, sistema de saúde específico e concepções do processo saúde-doença, aproximando participantes e contextos de saúde indígena no Brasil, em um diálogo entre comunidade acadêmica e sociedade em geral (15).
Lançado em 2021, durante a pandemia de COVID-19, o curso teve quatro edições anuais, todas realizadas de forma totalmente remota, com encontros síncronos e atividades assíncronas, totalizando 60 horas de carga horária (15). O curso é gratuito e, para os estudantes da UFSCar, foi oferecida a possibilidade de cursá-lo como disciplina eletiva, com contagem de créditos para a graduação (15).
A abordagem metodológica e pedagógica adotada foi fundamental na criação de um curso participativo, desenvolvido de forma personalizada para atender às necessidades e interesses de todos os envolvidos e com acessibilidade, mesmo em condições de limitações de acesso à internet e a computador, dando-se prioridade ao uso de ferramentas digitais de uso cotidiano, como em outras iniciativas no período da pandemia de COVID-19 (15,16).
Até o momento foram 257 participantes cursistas. Quanto às ocupações, houve estudantes de vários cursos de graduação, principalmente relacionados à saúde; docentes; profissionais das equipes multidisciplinares de saúde indígena; lideranças e interessados na temática.
O grupo coordenador já possuía experiência prévia com o desenvolvimento das Rodas de Conversa sobre Saúde dos Povos Indígenas, projeto de extensão desenvolvido desde 2016, utilizando no curso o referencial teórico da Educação Popular em Saúde e instrumentos de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, com inspirações na problematização, nos círculos de cultura, na espiral construtivista e na aprendizagem baseada em problemas (15, 17,18).
Os módulos do curso são: Identidade Indígena; Cuidado em Saúde Indígena; Direitos Indígenas e Saúde; Educação e Saúde Indígena. Alternam-se momentos de pequeno e grande grupo, com mediação de universitários indígenas, professores facilitadores e convidados, com construção de tarefas coletivas e individuais.
METODOLOGIA
Realizou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa, utilizando-se como matéria prima documentos que trazem opiniões, valores, representações, relações e ações humanas e sociais, sob a perspectiva de pessoas em intersubjetividade, no movimento de analisar singularidades dos processos e das experiências (19, 20).
Para Larrosa (21), a experiência não é apenas algo que se aprende ou se acumula, mas é uma vivência que implica um processo de transformação pessoal e subjetiva. Ele sugere que, em vez de ser uma experiência objetiva e exterior que se adquire de forma passiva, a experiência deve ser vista como algo que envolve uma interação dinâmica entre o sujeito e o mundo, algo que exige uma atenção plena e uma reflexão sobre o vivido (21).
O presente artigo foi desenvolvido por três professores, que atuaram como facilitadores, e cinco indígenas universitários, que atuaram como mediadores, todos envolvidos na construção e desenvolvimento de diversas etapas do curso. Está inserido em uma pesquisa maior que analisa as diversas experiências desenvolvidas no curso, e neste recorte, houve o objetivo de analisar as experiências de universitários indígenas que atuaram como mediadores nas quatro edições do curso Introdução à Saúde dos Povos Indígenas da UFSCar, a partir de suas narrativas.
Buscou-se compreender fenômenos utilizando técnicas específicas para a apreensão e compreensão dos documentos, adotando processo de seleção, coleta, análise e interpretação dos dados (19). Nesta pesquisa, os documentos analisados foram as narrativas redigidas por indígenas mediadores nas edições de 2021, 2022, 2023 e 2024.
A narrativa, conforme Benjamin (22), é entendida por meio da interação entre experiência, tempo e memória. No ato de contar uma história, o narrador não busca criar um romance ou um relatório, mas sim uma trama formada pela sua própria reminiscência. "O narrador retira o que conta de sua própria experiência ou da experiência de outros", indicando que as narrativas não surgem de um indivíduo isolado, mas, sobretudo, das relações interpessoais (22).
As narrativas foram elaboradas pelos participantes, tanto cursistas como facilitadores e mediadores, como parte de uma atividade do curso. Nos penúltimos encontros de cada oferta, foi destinado um período de quinze minutos para a escrita, a partir do seguinte disparador: "Como tem sido sua experiência no curso Introdução à Saúde dos Povos Indígenas? O que você gostaria de destacar sobre essa experiência até agora?". A recomendação foi que a escrita fosse livre e espontânea.
A construção de dados foi inspirada no processo descrito por Luna e colaboradores(23) e pela análise temática de conteúdo segundo Gomes(20).
Iniciou-se com o levantamento das narrativas redigidas pelos mediadores indígenas nas quatro edições do curso. Na pré-análise, os pesquisadores realizaram imersão junto aos materiais. Seguiu-se com a construção individual de mapas conceituais, destacando três temas principais identificados (22).
Os mapas foram apresentados em reunião dos pesquisadores, sendo definidos dois temas mais significativos expressos nos documentos. Retornou-se, então, às narrativas para localizar os temas e reconhecer como os mediadores abordaram sua experiência com o curso, identificando-se núcleos de sentido que compuseram as categorias de análise(20).
Os resultados foram descritos em três categorias temáticas: presença e protagonismo indígenas na experiência do curso; aprendizagens no encontro de diversidades com metodologias ativas de ensino-aprendizagem; universitários indígenas em formação para o trabalho. Confrontou-se os resultados com outras publicações e pesquisas pertinentes aos temas, a fim de agregar profundidade e ampliar as compreensões.
Os mediadores autorizaram o uso de suas narrativas para esta pesquisa, por meio do termo de consentimento livre e esclarecido. Para início desta investigação, houve aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar, sob CAAE 20177619.9.0000.5504.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao longo das quatro edições, participaram como mediadores, um total de 31 indígenas, estudantes de cursos de graduação, em sua maior parte da UFSCar, mas também da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Foram 17 homens e 14 mulheres. Alguns foram mediadores em duas ou três edições. As figuras 1, 2 e 3 apresentam os perfis de povos, regiões de origem e cursos dos mediadores.
Figura 1: Etnias dos mediadores do Curso, Brasil, 2021 a 2024.
Figura 2: Estados de origem dos mediadores, Brasil, 2021 a 2024.
Figura 3: Cursos de graduação dos mediadores do curso, Brasil, 2021 a 2024.
Quanto às narrativas analisadas, pudemos levantar os materiais de 26 narradores, com documentos de todas as edições. Os trechos citados estão identificados com um “N” e um número, especificando o narrador, e o ano da edição. Os demais mediadores não redigiram narrativas quando atuaram nessa função.
Categoria 1 - Presença e protagonismo indígenas na experiência do curso
A primeira categoria que emergiu das narrativas dos mediadores da pesquisa foi a presença e o protagonismo indígena nos diversos espaços do curso. Nas quatro edições essa característica foi central nas experiências.
Destaca-se que a presença indígena e a potência de suas falas nas diversas atividades foram uma estratégia que ampliou o repertório de aprendizados por aproximar as discussões teóricas realizadas à vivência prática do que se discutia, como pode ser percebido abaixo:
O curso traz a visibilidade dentro da sociedade acadêmica e da sociedade em geral. Espaços como este dentro da sociedade acadêmica tem o intuito de estruturar ainda mais a presença de indígenas nas universidades. Liderança e representatividade na sociedade atual”. N7 (2022)
Houve oportunidade dos mediadores se aproximarem dos processos históricos da militância indígena por meio do contato com lideranças e profissionais de saúde, o que permitiu o reconhecimento e valorização das conquistas alcançadas por meio da luta do movimento indígena, muitas vezes invisibilizadas (24).
Sabemos que isso é fruto de muita luta e temos o privilégio de estar aqui representando o nosso povo, falando da nossa cultura. Essa troca de experiências entre indígenas e não indígenas, busca romper com o que foi ensinado até hoje sobre os povos indígenas. N8 (2022)
Compartilhar e discutir sobre as ciências indígenas e minhas vivências como indígena me dá uma sensação de que estou contribuindo de alguma forma com a luta e o movimento indígena. N21 (2024)
A diversidade de povos indígenas presentes foi valorizada pelos mediadores, por ampliar as compreensões sobre os modos de viver indígenas, com destaque para a compreensão sociocultural da saúde e da doença.
Para Langdon (2005), compreender a construção sociocultural desses contextos é entendê-los em processo, construídos nas interações sociais, de forma dinâmica e diversa, entendendo o sofrimento no sentido de organizar a experiência vivida (25). Portanto, a presença de diversos povos indígenas possibilitou aproximar os diversos significados da saúde e da doença, que emergiram do compartilhamento das vivências do cotidiano indígena dos participantes, como nas narrativas abaixo:
O curso me ensinou muita coisa, apesar de ser indígena, ouvir várias experiências de alguns indígenas de outras regiões e de participantes não indígenas foi importante, assim entendi um pouco a visão que eles têm sobre a saúde indígena. N9 (2022)
Como indígena penso que é de suma importância esse espaço para compartilharmos um pouco da nossa cultura por meio da troca de experiência. N10 (2022)
Gostaria de destacar o quanto é importante essa diversidade de povos, onde podemos conhecer vários parentes, vários povos, costumes e tradições mesmo estando tão distantes, mas próximos ao mesmo tempo. N22 (2024)
A diversidade dos participantes de diferentes regiões do Brasil enriqueceu o curso e os diferentes pontos de vista, ajudando a construir o aprendizado na diversidade.
O aspecto intercultural e decolonial do curso foi trazido como um núcleo de sentido nas narrativas dos mediadores, rompendo com os paradigmas ocidentais sobre o que é ser indígena. Nessa direção, os conceitos de saúde, doença e cuidado ampliaram-se para além dos limites do corpo individual, avançando para o corpo coletivo e o território.
As narrativas a seguir ilustram o impacto da valorização da interculturalidade que o curso proporcionou. Na perspectiva da interculturalidade crítica, a partir do conceito adotado pelo movimento indígena equatoriano, busca-se a ruptura da colonialidade e a transformação social (8):
Cada temática que foi trabalhada nesse curso é de suma importância, nos faz refletir e buscar juntos alternativas para que os saberes tradicionais e o conhecimento científico, caminhem juntos. Sabemos que há muito a se avançar, mas esse curso já é o início de uma mudança. N8 (2022)
As relações entre indígenas e não indígenas, profissionais e estudantes, lideranças ou pajés, benzedeiros (as) está sendo uma revolução intercultural, estreitando laços e gerando humanização a respeito da minoria que vem sofrendo a centenas de anos dentro do Brasil. N15 (2023)
Por definição dos organizadores, a partir da segunda edição, optou-se por convidar apenas palestrantes indígenas, trazendo maior visibilidade às produções desses intelectuais. Essa escolha reforçou o protagonismo indígena na construção de estratégias para as suas necessidades de saúde, também construindo novos conhecimentos a partir do encontro intercultural.
Trazer intelectuais indígenas como palestrantes contribuiu para a quebra de estereótipos e permitiu aos mediadores ampliar seus conhecimentos a respeito das ciências indígenas, bem como se colocassem como atores possíveis na luta pelos direitos indígenas. Ocupar esses espaços com protagonismo trouxe uma experiência rica, provocadora e política ao conquistarem espaços que lhes são frequentemente negados:
É a primeira vez que estou participando de um evento grande como mediadora e está sendo uma experiência incrível, apesar da pouca experiência que tenho com o manejo de pessoas, até que estou conseguindo ajudar os participantes tanto a tirar dúvidas quanto às atividades que são propostas para eles. N1 (2021)
Participar deste curso está sendo uma experiência muito enriquecedora. Esse espaço de fala para nós indígenas é muito importante. N8 (2022)
Espera-se que haja mais espaços como este dentro da sociedade acadêmica no intuito de estruturar ainda mais a presença de indígenas nas universidades e em posições de liderança e representatividade na sociedade atual. N7 (2022)
Sou muito grata (...) por esse movimento que é demarcar a UFSCar com a cultura e a ciência indígena. N21 (2023)
Nas narrativas, percebeu-se que durante o curso discutiu-se sobre racismo, paternalismo e insegurança cultural como barreiras que se inter-relacionam e compõem o mesmo desafio na oferta de atenção à saúde aos povos indígenas. Para que haja resposta adequada à complexidade deste desafio é necessário que trabalhadores da saúde tenham conhecimentos a respeito das cosmologias, valores e atitudes dos que recebem cuidado, sendo umas das possibilidades as discussões em rodas de conversa, com a possibilidade de construir estratégias de forma dialógica(17,26).
A presença e protagonismo indígenas em todas as etapas do curso, desde sua idealização e organização, na seleção dos cursistas, na facilitação e mediação dos grupos, entre palestrantes e na escolha da bibliografia, teve impacto na ampliação dos conhecimentos de todos os participantes, mas especialmente entre os mediadores indígenas. Houve mudanças de papéis de profissionais de saúde, estudantes, professores, lideranças e pesquisadores, a partir da criação de um espaço que valorizava o lugar de fala dos indígenas nas compreensões do que são saúde, doença e cuidado, sendo conduzido por mediadores indígenas.
Categoria 2 - Aprendizagens no encontro de diversidades com metodologias ativas de ensino-aprendizagem
A proposta do curso está baseada na Educação Popular em Saúde, com base em três princípios metodológicos: respeito, autonomia e dialogicidade(15,17,18). Assim, os encontros de pequeno grupo foram baseados no princípio dos círculos de cultura de Paulo Freire, com os seguintes propósitos: promover uma relação horizontal no encontro entre educadores e educandos, em contraposição a uma visão elitista da educação, valorizar a tradição oral e legitimar a diversidade cultural e de saberes(18). Todos os encontros de pequeno grupo foram conduzidos pelos mediadores indígenas.
As experiências de compartilhamentos nos pequenos grupos foram descritas como espaços de construção de novos aprendizados:
No grupo trazem especialmente as situações únicas trazidas pelas profissionais do grupo que já atuam no contexto de saúde indígena, além das situações da bibliografia, e com isso conseguimos entender a complexidade desse campo. N7 (2022)
Deu super certo o curso ter dividido as turmas em pequenos grupos, assim todos conseguem falar e aproveitar para compartilhar suas vivências da vida pessoal. - N9 (2022)
Percebe-se que a proposta metodológica foi valorizada pelos mediadores, sendo um propulsor para o engajamento e desenvolvimento. Os encontros foram reconhecidos como espaços de reflexão, discussão e diálogos, com troca de conhecimentos e vivências pessoais, semelhante à experiência de Luna e colaboradores(17,18). Houve, ainda, construção de afetos, potencializado pela vivência longitudinal em pequeno grupo:
A atividade foi bem interessante, uma vez que a composição dos grupos foi bastante heterogênea. Acredito que ter estudantes indígenas da saúde, profissionais da saúde que atuam em áreas indígenas e lideranças indígenas enriqueceu bastante as dinâmicas. N2 (2021)
Podemos construir aprendizagens que vão nos transformando e criando laços de amizades que posso dizer que vamos levar pra sempre em nossa vida. N11 (2022)
O curso (...) promove através de um método ativo ´de fala e escuta ´ a valorização e o respeito à cultura e tradições dos povos indígenas. N14 (2023)
A proposta metodológica possibilitou a integração de experiências práticas, teóricas, individuais, coletivas, em um processo de fazer uma síntese provisória e avançar para uma nova síntese, mais elaborada, no processo da espiral construtivista(28).
O diálogo estabelecido entre indígenas e não indígenas permitiu minimizar a invisibilidade em um movimento decolonizador de produções coletivas e de valorizar o que já era desenvolvido pelos participantes, semelhante ao relatado no desenvolvimento do já citado curso sobre bem-viver e saúde mental indígena no contexto da COVID-19 (16).
Nessa direção, o uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem proporcionou uma experiência de subversão de hierarquias na relação entre educadores e educandos, entre o conhecimento acadêmico e indígena, em contraposição a uma visão elitista da educação, que não valoriza a tradição oral(17).
O curso ter sido oferecido no formato remoto ampliou a possibilidade de cursistas e mediadores de regiões distantes da instituição de ensino participarem:
O formato remoto com certeza faz toda a diferença ao possibilitar que pessoas das mais diversas partes do Brasil estejam reunidas e realizem uma troca de conhecimentos. N17 (2023)
Assim, por meio do curso, pôde-se experienciar uma universidade democrática, inclusiva que legitima a diversidade cultural e de saberes e busca ter compromisso social.
Categoria 3 - Universitários indígenas em formação para o trabalho
A terceira categoria encontrada nas narrativas aproxima as experiências dos mediadores no curso com a formação para trabalhar nos contextos da saúde indígena. Destaca-se que a PNASPI tem como diretriz a “preparação de recursos humanos para atuação em contexto intercultural” (2).
Atualmente existem poucas experiências em instituições de ensino que aproximem populações tradicionais de estudantes e profissionais de saúde(6,11,17,23) e percebeu-se que muitos dos mediadores revelaram uma ausência desta abordagem nos seus próprios currículos de formação universitária em saúde:
Eu particularmente gostei muito dessa experiência no curso, principalmente, por ter sido uma vivência de certo modo, nova, nesse sentido acadêmico. - N6 (2022)
Os temas abordados, muitas vezes ausentes na grade curricular do curso de Enfermagem da UFSCar, ampliaram minha compreensão sobre questões relevantes e atuais. N23 (2024)
Então participar da organização do curso, como foi o caso dos mediadores, possibilitou adentrar na construção de uma estratégia para superar essa lacuna, com ensino do cuidado em saúde para estes povos a partir de experiências e materiais teóricos que se conectam com suas necessidades de vida:
Essa questão de saúde e educação não se separam, porque elas precisam caminhar juntas (...) E no curso estou tendo oportunidade de adquirir muitos conhecimentos sobre inúmeros assuntos que são relacionados à saúde da população indígena e tenho conhecido durante o curso. N14 (2023)
O curso com certeza é algo que complementa nossa formação por trazer o que é importante para nossos povos. N24 (2024)
Um exemplo da ausência da temática indígena nos cursos da saúde foi apresentado em um estudo sobre a oferta de formação em saúde indígena na região Norte do país. Mesmo possuindo 24 dos 34 Distritos Especiais de Saúde Indígena (DSEIs), das 69 instituições pesquisadas, apenas 14 cursos de enfermagem apresentaram disciplinas sobre o tema (29).
Outro estudo trouxe a formação ampliada durante residência multiprofissional em saúde com o povo Xukuru do Ororubá, ressaltando que a formação em saúde, geralmente, não incorpora em seus currículos a temática dos povos tradicionais; não leva em conta a diversidade de práticas de cuidado em saúde, as questões históricas e estruturais, os enfrentamentos políticos, os modos de sobrevivência e os entendimentos sobre saúde-doença-morte (30).
É preciso um olhar ampliado e adaptado para atuação em territórios indígenas, e este aspecto envolve os próprios trabalhadores de saúde, no respeito às organizações socioculturais e práticas tradicionais de saúde. O contraste entre a importância de uma formação profissional diferenciada para especificidades étnicas e a ausência desta nas matrizes curriculares, retoma discussões teóricas sobre a propagação do padrão eurocêntrico e de subalternidade imposto a essas populações, gerando preconceitos e iniquidades nos diversos âmbitos da sociedade (7).
Essa desvalorização dos conhecimentos tradicionais foi identificada no curso de formação de agentes indígenas de saúde (AIS) na região do Alto Rio Negro, no qual se identificou que os AIS eram descredibilizados pelas EMSI por sua baixa escolaridade, sem considerar que são elos para se conhecer as condições de vida da população (24).
Algumas narrativas trazem essa oportunidade do curso em agregar à formação de futuros profissionais da saúde:
A importância da parceria da comunidade na construção de atividades educativas (...) achei bastante interessante, porque envolve a educação e saúde para a promoção da saúde e prevenção de doenças da população indígena, aprendi muito. N4 (2021)
Tenho aprendido bastante com os demais participantes e suas experiências, uma vez que no curso de saúde que estudo esses temas não são nem de longe lembrados. Me ajuda a me aproximar da construção de um fazer da saúde indígena o mais próximo do ideal possível. N2 (2021)
De tal modo, a formação para a diversidade intercultural ocorreu por meio do compartilhamento entre profissionais, indígenas e não-indígenas, de diversas regiões e territórios, sobre as “saúdes indígenas” reais, gerando um sentimento de pertencimento a uma rede ampla:
O que mais me marcou foi o contato com pessoas das diferentes regiões, de diferentes povos, de diferentes áreas, além da diversidade de estudantes, tanto no sentido de cursos, como de faculdades. Espero ter contribuído da melhor forma, pois aumentei muito minha bagagem de conhecimento. Pois eu sei que ajudará no meu conhecimento acadêmico e como pessoa. N6 (2022)
O meu grupo é composto de profissionais da saúde que atuam na linha de frente em comunidades indígenas, onde alguns são da região norte, outros da região sudeste e outros do nordeste, então os encontros acabam sendo bem produtivos e a troca de experiências ocorre de forma mútua. N24 (2024)
Na categoria relacionada à formação, diversas narrativas evidenciaram que o curso teve impactos no desenvolvimento acadêmico e para atuação futura como profissional, principalmente por aproximar estudantes de graduação a profissionais de saúde que atuam nos contextos indígenas.
Está sendo uma experiência muito boa, proveitosa e de extrema relevância para minha vida acadêmica e possivelmente profissional também. N1 (2021)
Tem uma troca de conhecimento/experiência muito rica, principalmente pra mim como estudante indígena que está prestes a se formar, e escutar de profissionais que trabalham com a população indigena atuam dentro das comunidades só está agregando em minha vida como profissional. N13 (2023)
Para além das implicações de formação profissional, os mediadores destacaram aprendizados pessoais no sentido humano e contribuições mais amplas da vivência, como a seguir:
Cada módulo que o curso vai passando vai nos encaminhando para fundamentos que podem contribuir muito em nossa formação de vida, tanto pessoal como profissional. N11 (2022)
As trocas de conhecimentos tradicionais e científicas são ricas, tanto para o crescimento pessoal como profissionalmente. N15 (2023)
O curso está sendo ótimo, trazendo vários aprendizados, conhecimentos, trocas de experiências entre os profissionais e estudantes, contribuindo através das discussões um enriquecimento pessoal e profissional. N12 (2022)
Pude participar como membro da organização da edição deste ano, como aluno do curso e também como mediador do grupo 3 da Comunicação Social, na construção de uma publicação. Toda essa caminhada certamente me ensinou bastante. N17 (2023)
As experiências narradas colocam os mediadores como sujeitos em sua diversidade social e cultural, o que favorece relacionar conteúdos do curso às boas práticas em saúde junto às realidades indígenas. Também fomenta a autonomia e o protagonismo indígena, enfatizados no campo das políticas públicas brasileiras para a saúde indígena e citados ao longo deste artigo.
Assim, trazem sentidos para uma reorientação da formação e trabalho em saúde, na direção de um agir crítico, integral e humanizado, na perspectiva da Educação Popular em Saúde, considerando a educação como processo indissociável da emancipação e da luta por direitos (33).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ações afirmativas implementadas na UFSCar e a presença indígena no ensino superior, por meio do vestibular indígena, são uma grande possibilidade de discutir de maneira decolonial, com indígenas, saberes e vivências, construindo inovações nesses encontros e espaços.
As experiências dos mediadores durante o Curso de Introdução à Saúde dos Povos Indígenas revelaram a potencialidade de oportunizar espaços de protagonismo indígena, nos quais experimentam papéis de liderança e coordenação e os saberes são compartilhados de maneira horizontal, no diálogo entre indígenas e não indígenas, estudantes, profissionais e lideranças, sobre a saúde e os cuidados para com os povos indígenas.
A perspectiva metodológica permitiu a construção de maneira participativa, moldado artesanalmente com a participação dos estudantes indígenas em todo o processo de acordo com as necessidades e interesses de todas as pessoas envolvidas. Buscou-se caminhos em conjunto para enfrentamento dos desafios e demandas, fortalecimento dos direitos já garantidos e sujeitos envolvidos, para maior equidade e continuidade de conquistas.
A presença de convidados indígenas reforçou o protagonista como semeadores de conhecimentos, e a presença de indígenas, nos grandes e pequenos grupos, foi essencial para as características inovadoras da proposta e de empoderamento.
Buscando desconstruir estereótipos e estigmas sobre os povos indígenas, as narrativas dos mediadores explicitam o quanto compartilhar formas de viver, conviver e cosmologias favorecem uma formação e sensibilização para lidar com as especificidades indígenas nos serviços de saúde. Apresentou-se, ainda, de forma transformadora, quando se contrapôs à ausência de espaços de discussão desta natureza na matriz curricular da grande maioria dos cursos de saúde, onde se constrói conhecimentos e se forma profissionais.
Cabe ser destacado, ainda, que a construção de estratégias por meio da interculturalidade crítica, como a vivenciada nessa experiência, também podem ser reconhecidas como estratégias de permanência simbólica para indígenas nas instituições de ensino superior, já que os aproximam dos contextos de seus povos e de outros modelos e visões de mundo. E, para além, os colocam como agentes protagonistas e transformadores, o que impacta também a própria instituição de ensino, valorizando saberes e práticas indígenas.
O curso ofertou espaços de construção de conhecimentos e de formação profissional em um formato acessível, participativo e de valorização dos diferentes conhecimentos e trajetórias de seus participantes, podendo ser inspiração para outras instituições na construção de espaços de formação em saúde indígena. Iniciativas como essa podem impactar diretamente a construção de políticas públicas e serviços de atenção à saúde diferenciados, que respondam às necessidades dos povos indígenas nos diferentes contextos brasileiros.
Agradecimentos
Agradecemos aos mediadores que construíram o curso conosco e nos permitiram analisar suas experiências nas quatro edições do curso. De forma especial, nosso reconhecimento por toda a presença e protagonismo indígena na construção dessa experiência.
REFERÊNCIAS
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