0333/2025 - INTERSECTIONALITY AND WORK: THE EXPERIENCE OF BLACK FEMALE COMMUNITY HEALTH AGENTS IN THE BRAZILIAN UNIFIED HEALTH SYSTEM
INTERSECCIONALIDADE E TRABALHO: A EXPERIÊNCIA DE AGENTES COMUNITÁRIAS DE SAÚDE NEGRAS NO SUS
Author:
• Senhorinha Ribeiro de Oliveira Santos Silva - Silva, SROS - <ribeirosenhorinha@aluno.ufsj.edu.br>ORCID: 0000-0003-2509-5424
Co-author(s):
• Virgínia Junqueira Oliveira - Oliveira, VJ - <virginiaenf@ufsj.edu.br>ORCID: 0000-0003-1151-7673
• Patrícia Pinto Braga - Braga, PP - <patricia_braga@ufsj.edu.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1756-9186
Abstract:
This study aims to analyze how intersectionality influences the daily work of Black Community Health Agents (ACSs) in a municipality in the interior of Minas Gerais. A qualitative approach was adopted, based on the theoretical framework of intersectionality, approved by the Ethics Committee under opinion no. 6.299.586. Twelve women self-identified as Black, working as ACSs, participated in thematic oral history interviews using a semi-structured script. The study was conducted in seven Family Health Teams (ESF), and the interviews were interrupted due to thematic saturation. The transcribed interviews allowed for the construction of narratives, which were analyzed through inductive thematic analysis. The results revealed aspects related to the choice of the ACS role, daily routines, the health practices carried out, the working conditions they are exposed to, and their educational and qualification trajectories. The analysis highlighted the complexity of the ACSs' work, characterized by a constant negotiation of gender, race, class, and other intersecting singularities, reflecting both the challenges and potentials of their ongoing struggle for recognition and valorization in the workplace.Keywords:
Community Health Agents, Intersectionality, Work.Content:
O Programa Saúde da Família estabeleceu as Agentes Comunitárias de Saúde (ACSs) como autoras fundamentais na implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), propiciadoras do cuidado preventivo e do acesso a serviços de saúde (Brasil, 1997). Politicamente, essa função tem se consolidado como um dos pilares da descentralização da saúde, promovendo a participação comunitária e a construção de uma abordagem mais integrada, humanizada e democrática (Santos et al., 2024).
A Lei nº 11.350/2006 regulamenta as atribuições, formação técnica e direitos trabalhistas das ACSs (Brasil, 2006). Contudo, persistem desafios cotidianos, como a precarização das condições de trabalho e as desigualdades estruturais, colocando essas profissionais em um cenário complexo (Milanezi et al., 2020). Majoritariamente exercida por mulheres negras, a função é atravessada por camadas interseccionais de opressão, que combinam o racismo estrutural, a desigualdade de gênero e da exclusão social (Batista et al., 2012).
Esses marcadores não apenas impactam a forma como essas mulheres ingressam e se mantêm na função, como também interferem diretamente nas condições em que exercem seu trabalho, nas relações estabelecidas com a população e na maneira como são reconhecidas — ou não — como profissionais de saúde. Esse contexto revela que a atuação das ACSs negras está situada em uma encruzilhada entre cuidado, resistência e precarização, marcados por sociabilidades que se interssecionalizam. Diante disso, este estudo se propõe a responder: “como a interseccionalidade se manifesta no cotidiano de trabalho das ACSs negras no SUS?”.
A relevância da investigação reside em oferecer subsídios para gestores e formuladores de políticas públicas, promovendo uma gestão de saúde mais inclusiva, que reconheça as especificidades dessas trabalhadoras e o papel transformador que exercem em seus territórios.
2. METODOLOGIA
Esse estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, nos termos de Minayo (1989), aprovada sob o parecer número 6.299.586 do comitê de ética da instituição proponente. Para compreender as vivências interseccionais de mulheres negras ACSs, utilizou-se o referencial conceitual de interseccionalidade, inicialmente construído por Crenshaw (1989), com objetivo de observar as vozes de mulheres negras sob uma nova ótica e apreendendo concepções sociais estruturadas pelo racismo, patriarcado e capitalismo, ampliando memórias coletivas (Duarte, 2020).
Para tanto, o cenário de investigação contemplou sete Estratégias de Saúde da Família (ESF) localizadas em um município do interior de Minas Gerais. As participantes foram doze mulheres negras, autodeclaradas, que atuavam como Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) há, no mínimo, doze meses, critério estabelecido para inclusão no estudo.
As entrevistas, realizadas por meio da metodologia de história oral temática (Meihy, 1996) e guiadas por roteiro semiestruturado, abordaram vivências interseccionais relacionadas ao espaço laboral. Após a transcrição, as entrevistas possibilitaram a construção de narrativas que, uma vez validadas pelas participantes, foram submetidas à análise temática de caráter indutivo (Braun et al., 2006).
As participantes foram identificadas por meio de nomes de mulheres negras notáveis da história e da cultura, em substituição aos seus nomes reais. Essa escolha visa preservar a confidencialidade das entrevistadas, em consonância com os princípios éticos da pesquisa qualitativa, bem como reconhecer e valorizar a trajetória de resistência e protagonismo de mulheres negras.
A atribuição de nomes simbólicos reforça a dimensão política da pesquisa, situando as participantes dentro de uma tradição de luta por direitos, reconhecimento e dignidade, sem comprometer suas identidades individuais.
O conceito de raça foi tratado como construção social histórica, sem base biológica e entendido como ferramenta de dominação que reforça desigualdades estruturais (Munanga, 2004; Mbembe, 2018). A autodeclaração como mulher negra é entendida como exercício de autonomia, essencial para garantir políticas públicas inclusivas, fortalecer a identidade e representatividade da população negra (Nasciutti et al, 2021).
A saturação temática foi alcançada na 12ª narrativa, indicando que os dados obtidos eram suficientes para fundamentar a análise teórica da pesquisa (Minayo, 2001). Este processo permitiu identificar subcategorias (3.1. A interseccionalidade no cenário e nas condições de trabalho; 3.2. Caminhos de Inserção Profissional e Marcadores Sociais; 3.3. Rotinas Assistenciais em Territórios de Vulnerabilidade) que revelam o Cotidiano das ACSs negras no SUS do cenário de investigação, ampliando a compreensão das dinâmicas de trabalho e dos condicionantes interseccionais que atravessam suas práticas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. A interseccionalidade no cenário e nas condições de trabalho
O espaço de trabalho das ACSs é um cenário cotidiano carregado de complexidades, no qual os compartilhamentos entre colegas e o ambiente rotineiro estão imersos em histórias que se misturam com as dificuldades e conquistas na função.
Esse trabalho vai além das funções profissionais e é uma extensão de suas vivências pessoais e coletivas, marcadas historicamente por elementos interseccionais, pelas lutas diárias que, muitas vezes, não são visíveis, mas que marcam seu fazer.
As visitas pelos espaços das Estratégias de Saúde da Família (ESF), evidenciaram realidades que, embora aparentem diversidade à primeira vista, revelam padrões recorrentes: instalações adaptadas, infraestrutura limitada e obstáculos originados das limitações materiais e estruturais que caracterizam esses contextos.
O cenário de atuação das ACSs localiza-se em territórios periféricos e assiste uma população também periférica. Importante lembrar que, o que é percebido como cenário de dificuldades também pode ser entendido como espaço fértil para a construção e reinvenção.
Essas comunidades enfrentam dificuldades econômicas e apresentam uma diversidade em faixas etárias, estados civis e níveis de escolaridade, sendo a raça majoritariamente identificada como negra. A periferia é lugar onde a escassez e a luta pelo básico não impedem o surgimento de práticas inovadoras e de política de resistência, que, muitas vezes, se recria nas fissuras deixadas pela falta de recursos (Carvalho, 2021).
De acordo com os relatos das Agentes Comunitárias de Saúde (ACSs), as faixas etárias de seus usuários variam significativamente. Neusa destaca: "Meus usuários são, em sua maioria, idosos. Em questão de saúde mental, tenho muitos usuários... Mas idosos com maus-tratos, a gente tem muito. Então, o lado social é grande".
Enquanto Dandara afirma: "Não tem tantos [idosos], tem alguns, mas a maioria é jovem. Cresce também no sentido de que o pessoal ainda está no período reprodutivo. Tem muita criança na minha área, adulto na idade fértil". Elizabeth, por sua vez, menciona: "Igual tem gravidez, eu sempre tava pensando em fazer um grupinho também com essas adolescentes, pela faixa etária, que tem um índice baixo de gestantes. Tá ficando cada vez mais comum, já tem gestantes de 14, 17 anos".
A análise nos apresenta, de forma aproximada, que as condições de trabalho das ACSs são marcadas pela precarização, insegurança, sobrecarga emocional e desigualdade estrutural. A partir das narrativas, observou-se que a interseccionalidade permeia essa realidade laboral, impondo às ACSs uma carga de trabalho significativa, resultante tanto das responsabilidades profissionais quanto das demandas sociais vinculadas às questões de raça, gênero e classe.
Esses fatores interseccionados moldam a experiência do trabalho das ACSs de maneira única, impondo desafios que ultrapassam o que está formalmente estipulado pelas normas. As trabalhadoras conciliam obrigações em uma dupla jornada, equilibrando as demandas do trabalho formal com as do ambiente doméstico, o que gera sobrecarga contínua. Essa dinâmica foi evidenciada nos relatos:
Nosso contrato é até janeiro, 31 de janeiro. Se eu não passar no concurso, já era. [...] Vai fazer 2 anos sem férias. [...] Esse negócio de WhatsApp o dia inteiro. É na hora do almoço, é de noite, não para. (Ruth)
Mas assim, o desafio meu nesse momento, é esse concurso. [...] A idade, não corro mais como corria com 20, né. Não vou fazer aquele abdominal perfeito como eu fazia com 20, né. [...] Hoje, um pouco do meu medo é isso. (Elizabeth)
Agora eu vou esperar o concurso, porque senão, se Deus me livre e guarde, eu não passar, aí tem que arrumar outro serviço. [...] Porque querendo ou não é uma estabilidade, né." (Rosa Parks)
Tais narrativas confirmam a dificuldade de delimitação entre as atividades profissionais e pessoais, pois há sempre uma demanda urgente que exige atenção constante. Essa configuração fluidifica o intervalo entre vida laboral e vida pessoal, ocasionando uma intensificação do trabalho real em relação ao trabalho prescrito, o que contribui para a sensação de que o trabalho nunca tem fim (Barbosa et al., 2012). Esse cenário confirma também a análise de Souza (2021) sobre o impacto da dupla jornada na saúde das trabalhadoras.
A precarização do trabalho se evidencia na sobreposição de funções, que exige reavaliação contínua de prioridades e resulta em estresse emocional e físico, acarretando prejuízos à saúde das ACSs. Apesar das dificuldades, as narrativas apontam que, mesmo para aquelas que aceitam o modelo de contrato precário, a opção pelo vínculo com o serviço público é encarada como uma oportunidade de transformação social tanto para si mesmas quanto para as comunidades atendidas.
Essa busca por estabilidade, mesmo que parcial, representa um avanço significativo em relação às condições precárias e informais que historicamente predominam nas ocupações destinadas a mulheres negras. Esse sentimento foi ilustrado pelas participantes:
Ele que me escolheu. [...] Na verdade, Deus já estava me preparando para esse serviço, né. Que hoje em dia eu entendi que, pelas visitas que eu fazia antes, eu tive um pouco de experiência nas visitas que eu faço hoje. [...] Tem que saber o jeito que chega e o jeito que sai." (Carolina Maria)
Os relatos apresentados reforçam que, para essas mulheres, o trabalho como ACS oferece não apenas um salário, mas também um sentido de dignidade e conquista social. A análise ainda permite inferir que a divisão sexual do trabalho, sob uma ótica interseccional, reforça a condição histórica de servidão e dedicação ao cuidado do outro, mantendo mulheres negras em posição de subordinação persistente. Essa lógica naturaliza a ideia de que funções precárias, mal remuneradas e de baixo reconhecimento social lhes são imputadas (Guimarães, 2024).
Nesse processo, a condição de cuidadoras, desprovidas de reconhecimento de suas próprias necessidades e direitos, contribui para sua invisibilização e desumanização, perpetuando a marginalização social. A fusão entre afeto e trabalho, evidenciada nas narrativas, revela ainda uma ambiguidade estrutural: ao mesmo tempo em que fortalece os vínculos comunitários, contribui para a manutenção da precarização.
O povo fala que a internet não tem nada a ver, mas tem sim, porque lidar com o outro é difícil, né. Tem que saber o jeito que chega e o jeito que sai. (Carolina Maria)
A partir dessa observação, é possível inferir que o capitalismo, ao se apropriar dos sentimentos e impor obrigações de cuidado às mulheres, utiliza-os como ferramentas de opressão para manter as estruturas hegemônicas (Leite, 2023). Assim, os afetos se tornam instrumentos que reforçam a precariedade das condições laborais.
Em contrapartida, esse mesmo vínculo afetivo com a população cria uma conexão profunda que auxilia na superação das adversidades diárias. Mesmo diante das dificuldades, a atuação das ACSs ultrapassa os desafios e sacrifícios impostos, fazendo do espaço de trabalho um lugar de resistência e transformação social (Carvalho et al., 2021). As narrativas também expressaram a tensão vivida diante da possibilidade iminente de não aprovação no concurso, algo que se concretizou poucos dias após as entrevistas apresentadas anteriormente.
Esses depoimentos apontam para uma vivência de insegurança crônica e ansiedade constante. A confirmação obtida durante a validação das narrativas mostrou que, das oito ACSs contratadas no momento da entrevista, apenas duas foram aprovadas no concurso, enquanto as demais se viram obrigadas a buscar outros vínculos laborais.
Essa realidade ilustra como a precariedade do vínculo de trabalho gera instabilidade múltipla, impactando profundamente a vida dessas mulheres. No cotidiano da função, a falta de estabilidade compromete a relação de cuidado estabelecida com a população e com a equipe de saúde, prejudicando a continuidade da assistência e ampliando a sensação de desvalorização do trabalho.
A precarização também reverbera nas condições de saúde mental das trabalhadoras, que frequentemente enfrentam o desgaste psicológico de um trabalho desvalorizado. A sobrecarga emocional, somada à pressão pela produtividade em um sistema de saúde sobrecarregado, contribui para um ciclo de exaustão (Barbosa et al., 2012).
Essa precarização, longe de ser uma questão individual ou isolada, está interligada com dinâmicas estruturais que marginalizam mulheres negras, reforçando disparidades econômicas, sociais e de acesso a direitos fundamentais. Nesse contexto, a resistência das ACSs, ao buscar sentido e dignidade no trabalho que realizam, representa um ato cotidiano de enfrentamento às desigualdades. Romper ciclos de exploração faz-se imprescindível para que a transformação social desejada se concretize.
Contudo, apesar das limitações impostas pelo contexto, as ACSs continuam a tecer redes de apoio, reinventando a política pública e criando soluções a partir da escassez.
3.2. Caminhos de Inserção Profissional e Marcadores Sociais
As escolhas das ACSs que participaram deste estudo revelam que, em grande parte, a decisão de ingressar nessa função foi feita de maneira contingente, sem planejamento direto ou conhecimento prévio sobre as responsabilidades do cargo.
Nesse contexto, ser ACS surge como uma oportunidade para mulheres negras escaparem da informalidade, na busca por garantir direitos básicos e alcançar a formalidade por meio do vínculo com o Estado (Milanezi et al., 2020). A procura pela estabilidade, especialmente no serviço público, é o principal motivador e evidencia como o mercado de trabalho continua sendo discriminatório para essa parcela da população.
não foi uma escolha minha. Até porque eu nem sabia o que que era um ACS. Eu acho que eu fui foi escolhida pra ser ACS. Porque meu sonho desde o ensino médio, era fazer um concurso público ne. É, que eu via o pessoal da minha turma falar assim, na classe ne, de escola: concurso público que é bom, que é um serviço estável ne, efetivo e tudo. (Aretha)
na verdade, eu não conhecia. O processo de escolha foi muito aleatório. Foi porque tava tendo concurso público e era o que tinha e eu prestei e passei. Fui convocada. Então só fui conhecer o trabalho depois da convocação. Nem preocupei como o que era. Só queria a estabilidade ne. (Sueli Carneiro)
A atuação das ACSs negras pode nos revelar a tensão entre a precarização estrutural das relações de trabalho no capitalismo e a valorização dos saberes construídos na prática cotidiana, em um contexto no qual a estabilidade parcial oferecida pelo serviço público representa um avanço frente às condições historicamente informais e subalternizadas.
Essas condições de trabalho, muitas vezes subalternas e temporárias, são ampliadas pela precarização imposta por contratos curtos e a constante insegurança conforme identificado no cenário de investigação. Apesar das dificuldades, as ACSs enfrentam essa realidade com um senso de propósito e dedicação, muitas vezes alimentado pela fé e pela afetividade que colocam em sua prática.
Embora as ACSs confirmem a percepção que a qualificação acadêmica é importante, o conhecimento adquirido nas vivências diárias no campo, em contato com a realidade da população, confere um valor que muitas vezes supera o saber técnico.
No início, eles falaram assim, quando vocês começarem a fazer essa busca ativa, esses acompanhamentos das pessoas, você vai conhecer as pessoas. [...] Hoje eu indo na casa das pessoas e vendo o que que eles passam, eu vejo, que não é assim só um comportamento ruim. Tem um fundamento esse comportamento ruim, sabe. E hoje eu sei entender. (Elizabeth)
Aí assim, como eles fica só aqui dentro, não sabe o que que ta acontecendo. “Não, não pode. Não, não, não.” Gente, para com isso. Escuta primeiro o que a pessoa ta falando. Já melhorou demais. Toda população fala: nó, depois que vocês chegaram aqui, o atendimento. [...] Ai depois que a gente entrou, ficou mais, mais humanizado. (Ruth)
Quando relatam a percepção que a presença das ACSs confere um atendimento humanizado na assistência à saúde, se apoiam nessa compreensão, que esse entendimento não se baseia somente no conhecimento adquirido pela teoria oferecida nos treinamentos nas universidades, mas também na experiência acumulada em suas vivências particulares, que inclui sua bagagem prévia no território em questão, especialmente no que se refere a situações marcadas pela escassez.
Essa comunidade, foi uma das comunidades onde eu já cheguei a usar droga aqui. [...] Mas assim, muitas pessoas ‘lembra’ e ‘fala’ assim: “Gente! Como é que pode? Nossa... você consegue. Consigo!” (Elizabeth)
Esse conhecimento adquirido no caminho das escolhas e vivências interseccionais é fortalecedor e confere às ACSs sensibilidade única, permitindo uma conexão singular com a população. Dessa forma, promovem mudanças significativas na vida da comunidade e transformam sua própria trajetória. O aprendizado, fundamentado na vivência de opressões interseccionais, é transmitido de maneira distinta do saber acadêmico hegemônico (Collins, 2019). Assim, se “eles ‘demora’ a responder, ‘nós junta’ entre nós, cada um traz um ‘negocim’, pois ‘a fome não pode esperar’”, como sinalizam Elizabeth e Aretha.
E aí eu vi a diferença que faz, toda a equipe trabalhando junto, inclusive o ACS apoiando a equipe. [...] Então eu falei: “Gente. Como o conhecimento de um agrega com outro, né”. (Aretha)
O percurso na função de ACS é uma jornada construída por diversas experiências, que se iniciam nos trabalhos anteriores ao ingresso no município e se expandem conforme as trajetórias seguidas na função. Embora muitas dessas mulheres já possuam graduação em nível superior, as atividades desempenhadas anteriormente são de nível fundamental.
Eu era recepcionista e secretária também (no hospital). Onde eu criei esse amor enorme, ne, pela área da saúde. Amo de paixão. Lá eu aprendi ne com os médicos e com os colegas de trabalho, respeito ao ser humano, né. Ter essa empatia com as pessoas. (Mercedes)
Eu sempre trabalhei no comércio, sempre fui caixa. [...] eu não sei se vai dar certo, mas, para mim, acho que vale a pena, porque, mesmo sendo contrato, é de segunda a sexta, né? O salário é diferente, é bom.' E foi a melhor coisa que eu fiz. Nesse serviço, a gente aprende tanta coisa, mas tanta coisa. Você entra na casa das pessoas, convive com elas. (Rosa)
Não obstante às precárias condições de trabalho previstas no edital do processo seletivo, com vínculo instável a cada 6 meses, muitas ACSs entendem como melhoria em relação às experiências anteriores. A redução da carga horária e o aumento do salário são ganhos quando comparados às jornadas longas e remuneração inferior de trabalhos anteriores.
As condições de trabalho das ACSs negras evidenciam a presença da interseccionalidade, na medida em que raça, gênero e classe se articulam para estruturar a precarização de suas trajetórias laborais. Embora o vínculo com o serviço público represente uma melhora frente à informalidade histórica, a persistente instabilidade revela que as hierarquias sociais se mantêm, reproduzindo desigualdades em novos moldes. Assim, a percepção de avanço convive com a insegurança, expondo a complexidade das relações de trabalho e a fragilidade dos direitos conquistados por essas mulheres.
Eu já passei por quatro unidades. E quando eu fui efetiva, aqui no bairro que eu residia, quando eu prestei o concurso, não tinha unidade de saúde. Então atendia a região Sudeste. Depois que foi descentralizado, né? A regional me mandou pra Secretaria de Saúde, me mandou pro Gérbera. Depois viram que eu não pertencia ao Gérbera, aí eu fui pro Begônia. Até que essa unidade aqui do Jaboticabal foi inaugurada e eu vim para cá. Então, acho que agora eu permaneço aqui. [...] Eu me adapto bem. Mas eu gosto bastante de trabalhar com uma unidade menor. (Sueli)
A ACS afirma que se adapta melhor a unidades menores, mas não há indicação de que a decisão dessas mudanças considerou essa plasticidade como ponto relevante. A mudança no local de trabalho é fator que modifica o arranjo, o ambiente, a forma de ocupar do trabalho, devido à diferença na divisão de tarefas, o que, gera instabilidades, pois impacta as relações, as condições de trabalho e a qualidade do serviço prestado (Guimarães, 2024). Dessa forma, fica evidente que a estabilidade proporcionada pela efetivação no cargo público não resguarda as trabalhadoras de vivenciar modos de trabalho opressivos ao longo de sua trajetória laboral.
Os caminhos que orientam as escolhas na função de ACS se apoiam na extensão de histórias particulares, que carregam a experiência técnica adquirida no mercado de trabalho formal, bem como suas memórias de luta e a capacidade de transformar a realidade, com um saber interseccional que transcende a formalidade do diploma e se enraíza na prática diária: afeto, escuta em prol do bem-estar coletivo. Esse protagonismo representa resistência e afirmação, na qual se tornam não apenas agentes de mudança, mas também autoras de suas próprias histórias.
A vivência de ser mulher e negra, moldada pela identificação comum, fortalece o fazer coletivo, criando espaços de acolhimento e reafirmação identitária que desafiam estereótipos e limitações sociais (Collins, 2000). Ao se reconhecerem como grupo, mulheres negras compartilham vivências de discriminação racial e de gênero e ainda estratégias de agência, autonomia e enfrentamento dessas dificuldades (Gonzalez, 2020).
O vínculo com o serviço público, embora não se traduza em segurança, é visto como uma chance de garantir benefícios mínimos e estabilidade contratual, aspectos que representam um avanço em relação às condições precárias e informais que predominam nas ocupações de mulheres negras.
O modelo capitalista, que perpetua a instabilidade do vínculo laboral, resulta em condições de vida precárias e na reprodução das desigualdades sociais (Lyrio Ursine et al., 2010). A sociabilidade das mulheres negras é, assim, estratégica e resistente, fortalecida por laços de apoio e transformação, essenciais para compreender dinâmicas sociais e promover políticas públicas que respeitem diversidades (Silva et al., 2024).
3.3. Rotinas Assistenciais em Territórios de Vulnerabilidade
A análise evidenciou que, na rotina da função, as atividades das ACSs são organizadas conforme as necessidades da população, priorizando o atendimento àqueles que requerem maior atenção. As narrativas apontam que a autonomia emerge como aspecto central na configuração da rotina das ACSs, influenciando diretamente a definição das prioridades na assistência.
Geralmente uma vez por semana essas 8h são cumpridas aqui na unidade. E os quatro dias da semana, eles são feitos de acordo com a demanda da unidade ou eu mesma estabeleço a minha rotina, né. Atendendo os pacientes em residência e dando prioridade para os grupos prioritários que são os idosos, diabéticos, crianças e gestantes. (Sueli)
Eu faço visitas para as famílias da minha microárea, né. E aqui no posto também eu sou responsável pela parte administrativa do trabalho. Acompanho os exames dos pacientes e, às vezes, fico um dia da semana na recepção. (Dandara)
Esses relatos revelam que o exercício da autonomia favorece a originalidade e a singularidade das práticas desenvolvidas pelas ACSs, promovendo uma interação mais horizontalizada e flexível nas relações de poder dentro do processo de cuidado. A prática cotidiana reafirma o que Almeida et al. (2001) descreve sobre a importância da autonomia para a superação do modelo hegemônico de saúde, ainda centrado no saber biomédico, fragmentado e desumanizado.
Entretanto, as narrativas também apontam que as estratégias necessárias ao exercício da função muitas vezes não são ensinadas formalmente, mas desenvolvidas na prática diária: "Tem uns que vou lá fora, fico lá fora, sento no passeio pra não ficar entrando quando não tem ninguém. [...] Essas coisas não têm esse treinamento psicológico." (Ruth)
Esse relato evidencia que as ACSs são forçadas a desenvolver habilidades práticas para lidar com situações delicadas, como garantir a segurança própria e dos usuários, algo que os treinamentos formais não abrangem. A ausência de capacitação sistemática representa uma lacuna significativa no preparo profissional das ACSs.
Os dados coletados nos mostraram que, no trabalho de campo, as desigualdades sociais são reconhecidas como fatores centrais das opressões enfrentadas, enquanto o racismo estrutural, muitas vezes, é naturalizado ou invisibilizado: "Quando foi semana passada, apareceu aí na unidade. Tava passando mal. [...] Ela é muito arrogante, assim. [...] 'Não, porque eu quero o médico, eu vou passar pelo médico'." (Ruth)
Esse episódio ilustra como parte da população ainda valoriza o saber médico hegemônico, em detrimento dos outros profissionais de saúde, sobretudo quando esses profissionais são mulheres negras. A busca pela figura médica — associada ao homem branco, de nível superior — em contraste com a recusa da assistência prestada pelas ACSs e pela equipe de enfermagem, escancara a reprodução das hierarquias raciais e de gênero dentro do SUS.
A análise também evidencia que o cotidiano das ACSs é sustentado por uma tecnologia do afeto, fundamental para a construção de vínculos e para a prática do cuidado ampliado (Silva et al., 2024). No entanto, a ausência de capacitação contínua, aliada à sobrecarga emocional, impacta negativamente tanto na qualidade do serviço prestado quanto na saúde mental das trabalhadoras.
Essa realidade é confirmada por estudos que mostram que, mesmo quando há oferta de capacitação, ela ocorre de forma pontual e desvinculada das reais demandas cotidianas (Gleriano et al., 2021). A busca por qualificação formal, como cursos técnicos, graduações e pós-graduações, surge então como estratégia pessoal de resistência frente à precarização das condições de trabalho:
Depois assim que eu comecei a buscar conhecimento e essa pessoa começou a olhar que não era tão abaixo do jeito que ele pensava. Hoje eu já não me sinto mais assim. (Aretha)
Hoje eu faço técnico em análises clínicas, completamente diferente das outras faculdades que comecei. Mas eu fiz mesmo só porque tranquei a faculdade, para não ficar à toa. Pretendo retornar o serviço social para terminar. (Neusa)
Esses depoimentos demonstram que, embora o município não fomente ativamente a formação das ACSs, o desejo de capacitação persiste como projeto pessoal e coletivo de resistência, dignidade e emancipação.
O estudo a partir das narrativas nos evidenciou que a exigência formal de jornada de oito horas diárias não se limita ao horário institucional, uma vez que o fato de residirem no mesmo território em que atuam torna o trabalho uma presença constante em suas vidas.
Vai fazer 2 anos sem férias. [...] Esse negócio de WhatsApp o dia inteiro. É na hora do almoço, é de noite, não para não. (Ruth)
Saí de lá quase meio-dia. [...] Como que eu vejo uma criança e a mãe dela com fome, e eu vou comer? [A comida] Não desce. (Aretha)
A sobrecarga emocional e física é agravada pela diluição das fronteiras entre espaço pessoal e profissional, intensificada pela exigência de disponibilidade contínua através de meios digitais. Esse cenário aprofunda a precarização do trabalho, amplia a sensação de exaustão e compromete a saúde das ACSs, em conformidade com a análise de Barbosa et al. (2012).
A atuação atenta das ACSs negras configura uma verdadeira revolução silenciosa. Elas não se deixam reduzir ao peso dos atravessamentos interseccionais que lhes são impostos, reformulam suas existências e se consolidam como protagonistas da saúde de suas comunidades.
Mesmo diante de histórias marcadas pelo descaso, pela desigualdade e pela dor, elas não apenas cuidam de corpos, mas também resgatam dignidades, ressignificam vidas e transformam realidades. Enquanto o sistema tenta silenciá-las, reafirmam sua condição de mulheres negras com poder de transformação. Cada ato de resistência se torna uma forma de reescrever a própria história, subvertendo as condições que lhes foram impostas e reivindicando, a partir da dor e da luta cotidiana, dignidade, autonomia e reinvenção.
4. CONCLUSÃO
As mulheres negras que atuam como ACS enfrentam desafios que transcendem o ambiente profissional, refletindo a marginalização histórica e a opressão interseccional que permeiam suas trajetórias. A intersecção entre raça, gênero, classe e território torna a função das ACSs um campo de resistência, no qual, apesar da precarização, essas mulheres buscam e encontram reconhecimento e valorização — tanto nas comunidades onde atuam quanto nas equipes de trabalho.
A interseccionalidade, ao mesmo tempo em que agrava a precarização das condições laborais, marcada por sobrecarga emocional e física e excesso de responsabilidades, também reforça o papel estratégico dessas trabalhadoras. Em especial nos territórios vulnerabilizados, elas se tornam pilares de confiança e apoio, ampliando o acesso à saúde pública e fortalecendo a rede de cuidado do SUS. Dessa forma, seu trabalho não apenas melhora a qualidade de vida das comunidades atendidas, mas também contribui para a transformação das condições sociais do país.
No entanto, essa contribuição fundamental continua invisibilizada. É urgente a revisão das políticas públicas, a fim de garantir reconhecimento, valorização e condições dignas de trabalho — sobretudo para as mulheres negras, que, ao exercerem seu protagonismo no cuidado, reafirmam-se como figuras de resistência e de transformação social, desafiando cotidianamente as estruturas que historicamente as marginalizam.
As experiências das ACSs revelam a tensão constante entre o ideal e o possível: um percurso repleto de sentimentos, escolhas e aprendizados. Cada história individual se entrelaça na construção de uma memória coletiva de luta e resistência — verdadeira escrevivência que ecoa entre gerações (Evaristo, 2020).
REFERÊNCIAS
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