Abstract(resumo):
Este trabalho objetiva analisar o proceso de medicalização nas sociedades atuais, partindo da descrição da maneira como a medicina foi se apropriando gradativamente de diversos aspectos da vida cotidiana, que antigamente faziam parte do ciclo de vida das pessoas. No nível teórico, baseamo-nos em autores como Descola e Latour, que problematizam a dicotomia entre Natureza e Cultura, e propõem a necessidade de se pensar a partir de uma episteme superior. Metodologicamente, essa proposta teórica habilita uma análise da medicalização que possa iluminar aquilo que fica oculto no discurso e nas práticas biomédicas: os processos sócio-culturais, políticos e econômicos que fazem parte de desses “objetos” da medicina. Desta perspectiva, a apresentação dos mesmos enquanto “fatos científicos” objetivamente isoláveis e manipuláveis por parte da ciência médica entra em crise. Assim, a nossa análise, ao partir do conceito de “quase-objetos” ou “híbridos”, problematiza tal objetivação, ao passo que fornece ferramentas críticas a fim de refletirmos sobre a medicalização da vida nas sociedades atuais.
Keywords(palavra-chave):
MedicalizaçãoProcesso Saúde-DoençaAntropologia Médica
Access Issue in Scielo