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0029/2025 - Meanings of Intergenerational Relationships of Adolescents in Living with
Sentidos das relações intergeracionais de adolescentes no convívio com a pessoa idosa

Author:

• Ana Ofélia Portela Lima - Lima, A.O.P - <anaofelia.pl@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6447-7121

Co-author(s):

• Raimunda Magalhães da Silva - Silva, R.M - <rmsilva@unifor.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4849-1502
• Jonas Loiola Gonçalves - Gonçalves, J.L - <jonasloiola10@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1015-9173
• Matheus Moura Teixeira Cunha - Cunha, M.M.T - <matheustrabalho85@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0002-4433-4400
• Maria Regina Teixeira Ferreira Capelo - Capelo, M.R.T.F - <m.regina.capelo@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0423-8676
• Cristina Rosa Soares Lavareda Baixinho - Baixinho, C.R.S.L - <crbaixinho@esel.pt>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7417-1732
• Maria Vieira de Lima Saintrain - Saintrain, M.V.L - <mvlsaintrain@yahoo.com.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1514-3218


Abstract:

The aim of this study was to understand the meanings of intergenerational relationships between adolescents and their interactions with elderly people. This was a qualitative study conducted in six elementary schools in the municipal network of Fortaleza, Ceará, Brazil. Twenty-seven adolescents enrolled in grades 5 to 9 participated. Data collection took placeMay to September 2022, using a semi-structured interview. The data were organized using Content Analysis and examined based on Symbolic Interactionism. The emerging meanings emphasize respect, care, treating well, offering love, affection, and generosity. The sense of reciprocity in the treatment between the elderly person and the adolescent was also mentioned. It is evident that adolescents are aware of the need to act in favor of the elderly, encouraging and guiding them to choose a healthy diet, to stay well hydrated, to practice physical activity, and to live in peace. The study provides an understanding of intergenerational relationships, offering support for reflection on the phenomenon, leading to the promotion, appreciation and increase of intergenerational relationships in contemporary times.

Keywords:

Elderly. Aging. Relationship between generations. Adolescent.

Content:

Introdução
O envelhecimento populacional é um fenômeno global, que vem ocorrendo em praticamente todos os países do mundo e, por consequência, estes estão experienciando o crescimento exponencial de pessoas idosas com os desafios dos sistemas de saúde, educação, justiça e outros. Essa mudança na estrutura etária da população produz um aumento relativo das pessoas acima de determinada idade, tornando-se num dos desafios globais para quem envelhece, convive, cuida e propõe proposta para a melhoria da qualidade de vida1.
Diante desses entrelaçamentos e desafios, um fato que merece atenção, é a participação da convivência entre pessoas idosas e outras com diferentes idades nos diferentes países europeus2–4, asiáticos2,5-6 e americanos2,7–9, principalmente porque perante essas realidades a lacuna ainda é evidente e necessita ser investigada cada vez mais. Pois, diante dessas lacunas, é imperativo apontar para a necessidade de planejamento de políticas e práticas de saúde e sociais consolidadas conducentes ao favorecimento e à integração entre as diferentes idades, gênero, raça e condições sociais10–12.
Principalmente porque a intergeracionalidade emana-se como um conceito que propõe essa integração, visto que essa é definida pelo contexto dos vínculos que se estabelecem entre duas ou mais pessoas com idades distintas, possibilitando o cruzamento de experiências, e por consequência contribuindo para a diversidade humana. Assim, a percepção sobre a necessidade de interação, a troca de suas singularidades no modo de ser, sentir, pensar e querer de cada um, beneficia as diferentes gerações13.
Essas relações são entendidas como vínculos que se estabelecem entre pessoas em estádios variados de desenvolvimento, permitindo o compartilhamento de experiências e contribuindo para a unidade dentro da multiplicidade12,13. Nesse contexto, enquanto diminui o número de pessoas aptas e disponíveis para serem cuidadoras, aumentam as famílias intergeracionais, o que, de um lado, significa a possibilidade de enriquecimento de convívio familiar, mas, de outra vertente, é um aumento exponencial para pessoas específicas serem as únicas para cuidar, em especial as mulheres, que cuidam e gerenciam o lar. Particularmente, neste novo convívio, a pessoa idosa pode achar-se relegada das conversas, dos planos e programas familiares, como também sem espaço físico e sociocultural adequado para atender às suas necessidades1,5,8,9.
Nesse sentido, a relação intergeracional desponta como um ponto importante, pois, se por um lado, traz consigo conflitos, de outra maneira é capaz de ser considerada uma ajuda mútua7,9,11–13. Um fator determinante nessas relações é a constituição de relações harmônicas, de trocas construtivas com os mais jovens, pois a qualidade dos vínculos afetivos, relacionais e comunicacionais entre as gerações é basilar para o desenvolvimento, bem-estar e qualidade de vida das crianças, adolescentes e pessoa idosas, e contribui para a promoção de novas relações e maneiras de solidariedade intergeracional na família e na sociedade13.
Face ao exposto, vale perceber quais são as perceções de adolescentes quanto à sua interação com as pessoas idosas no contexto domiciliar. Para tanto, questiona-se: como acontecem as relações intergeracionais de adolescentes de dez a 19 anos, que estudam na rede municipal, de uma capital do Nordeste brasileiro com as pessoas idosas?
Nesse sentido objetivou-se compreender os sentidos das relações intergeracionais de adolescentes no convívio com a pessoa idosa, em uma capital da região Nordeste do Brasil.
Métodos
Trata-se de um estudo qualitativo guiado pela teórica do Interacionismo Simbólico (IS). A pesquisa qualitativa aqui trabalhada perpassa pela busca compreensiva das subjetividades humanas de adolescentes, tendo como base a construção dos significados, interpretações e ações que estes constroem diante do conviver com as pessoas idosas14,15.
Nesses percursos, busca-se uma imersão com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes diante desse convívio com as pessoas idosas. Esse conjunto de fenômeno humano é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano distingue-se, não só, por agir, mas, também, por pensar sobre o que faz e por interpretar as suas ações dentro e com amparo na realidade vivida e partilhada com os seus semelhantes, concretamente, com as pessoas idosas14,15.
De tal modo, o IS adotado como marco teórico, é uma abordagem que facilita a compreensão de como as pessoas interpretam as ações e as interações sociais, e como essas interpretações guiam o comportamento individual em contextos específicos, com enfase nesse momento para a relação intergeracional entre pessoas idosas e adolescentes. Blumer14, apontam que essa abordagem permite a análise da socialização e da ressocialização, facilitando o estudo das mudanças de opinião, comportamentos, expectativas, exigências, ações e reações entre as pessoas em uma determinada realidade.
Em continuidade, a pesquisa foi conduzida em seis escolas de Ensino Fundamental das Secretarias Regionais do Município de Fortaleza – Ceará – Brasil. O município de Fortaleza atende no Ensino Fundamental cerca de 109.612 mil alunos, na faixa etária de dez a 19 anos, distribuídos em 295 unidades escolares. Por se tratar de um município com extensa área territorial, o seu projeto organizacional encontra-se subdividido em distritos de educação (I, II, III, IV, V VI), que funcionam como unidades de gerenciamento, com subchefes responsáveis pelas unidades escolares e que são subordinadas à Secretaria Municipal de Educação (SME) de Fortaleza16.
Em consonância, recrutou-se participantes de cada distrito de educação, e estes foram selecionadas por intermédio de sorteio aleatório entre as seis escolas elegidas pelos pesquisadores. Participaram 27 adolescentes com idades compreendidas entre os dez a 19 anos, sendo que 16 estavam na faixa etária de dez a 14 anos e 11 de 15 a 19 anos. Em relação ao sexo, 15 eram do sexo masculino e 12 do feminino.
A seleção para a inclusão de participantes seguiu o critério de saturação teórica, técnica em que a coleta de dados é interrompida ao se perceber que novas informações se tornam redundantes, garantindo variação suficiente para a reconstituição do propósito material e a análise da constituição do todo15.
Os critérios de elegibilidade adotados foram: estudantes na faixa etária de dez a 19 anos, idade correspondente à fase da adolescência segundo a OMS, regularmente matriculado, que denote frequência escolar mínima de 75% no período da coleta dos dados, com participação integral na atividade proposta e que responda ao questionário. A exclusão ocorreu dos adolescentes que expressaram alguma limitação cognitiva (deficit de aprendizagem), deficiência visual e/ou auditiva ou que exigissem a necessidade de apoio pedagógico especial para a realização das tarefas escolares.
Em seguimento, a produção dos dados ocorreu no período de maio a setembro de 2022 no presente campo. Inicialmente realizou-se o contato prévio com a Secretaria Municipal de Educação (SME) de Fortaleza para solicitar a autorização. Posteriormente, realizou-se a visita às escolas, estabeleceu-se contato com a direção e com os professores, explicou-se os objetivos da pesquisa, obteve-se a autorização formal, selecionou-se os adolescentes elegíveis para participarem no estudo, acordou-se os dias e os horários e requereu-se a disponibilização de um espaço para a recolha de dados.
A pesquisa ocorreu num primeiro momento a partir de um convite dirigido aos adolescentes para que se deslocassem a um espaço previamente reservado, de acordo com a direção da escola, com o intuito de esclarecer os objetivos da investigação. Por conseguinte a produção do material ocorreu com a validação da entrevista semiestruturada, essas que foram áudio-gravadas, e uma equipe de pesquisadores, devidamente treinados, desenvolveram um teste-piloto com dez adolescentes para verificação e adequação das entrevistas, uniformização didática e método de aplicação, evitando possíveis vieses nos resultados. Destaca-se que as questões norteadoras foram realizadas com os pressupostos do IS14, visando promover a contextualização das relações intergeracionais na perspectiva teórico-metodológica que embasa a discussão.
Após esse momento, o material foi transcrito integralmente e organizado com suporte da análise de conteúdo, seguindo a agregação dos discursos convergentes e utilizando o tema como unidade de registro. A análise de conteúdo, conforme proposta por Bardin17, envolve um conjunto de técnicas das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/receção das mensagens.
O processo de análise de dados seguiu três etapas principais: (1) pré-análise, que incluiu a organização do material, leitura flutuante e escolha dos documentos a serem analisados; (2) exploração do material, codificação, classificação e categorização dos dados; e (3) tratamentos dos resultados, inferência e interpretação à luz do inferencial teórico do IS e dos objetivos do estudo17.
Estudo submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (COÉTICA) da Universidade de Fortaleza, por meio da Plataforma Brasil e aprovado sob número do Parecer: 4.706.156. Os participantes foram devidamente esclarecidos sobre os objetivos do estudo e convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), assinados pelos responsáveis legais e pela assinatura do Termo de Assentimento (TA) sem nenhuma recusa de participação antes, durante ou após as entrevistas. No intuito de garantir o anonimato e o sigilo de identidade dos entrevistados, a identificação aconteceu de modo a substituir o nome destes pela letra E (entrevistado), seguido do numeral crescente conforme a realização das entrevistas (E1, E2, E3...).
Resultados e discussão
Caracterização sociodemográfica

Participaram do estudo 27 adolescentes, com idades variando de 10 a 19 anos. Dentro desta faixa etária 16 adolescentes estavam entre 10 a 14 anos, enquanto 11 estavam entre 15 a 19 anos. Em termos de gênero, a amostra foi composta por 15 adolescentes do sexo masculino e 12 do sexo feminino.
Acerca da convivência com a pessoa idosa, a maioria dos adolescentes relatou interagir principalmente com seus avós, enquanto alguns mencionam relações com vizinhos idosos. A frequência da convivência variava: alguns adolescentes passavam várias horas diárias com as pessoas idosas, enquanto outros tinham relações menos frequentes, como semanalmente ou mensalemente.
O agir no dia a dia de atividades do adolescente com a pessoa idosa
No discurso dos entrevistados percebe-se a realização conjunta de atividades triviais, do cotidiano, associadas ao lazer, como ida ao shopping, passear e ler livros, como está expresso nas falas:
Às vezes eu saía com ela (avó) pra algum canto, pro shopping. (E15)
Sim, muitas… Ah, tipo, em relação em sair, passear com o meu avô, até porquê minha família tá bem distante dele, por causa dele beber, das drogas, aí o pessoal acaba se afastando, aí a rejeição. (E20)
Às vezes! A gente lê um livro, a gente pratica várias coisas. (E26)
Hum- rum! Minha vizinha, eu ajudo ela atravessar a rua, vou com ela na bodega. (E18)
A convivência intergeracional contribui para constituir uma sociedade na qual as distintas gerações têm a oportunidade de colaborar para uma cultura solidária, inclusiva e de cidadania. Nos diversos espaços, tempos e contextos sociais e culturais, são estabelecidos laços intergeracionais, bem como tecidos vínculos e relações13.
A relação e a troca entre diferentes gerações sucedem por meio de atividades que realizem juntos e, nisto, estão inclusas as atividades da vida diária, educação, trabalho, brincar, lazer e participação social. Os adolescentes, muitas vezes, proporcionam às pessoas idosas não apenas companhia e prazer, mas, também, o conhecimento de que não estão sozinhos18.
O resultado de uma revisão sistemática sobre o tema observa que os programas intergeracionais não-familiares envolvendo adolescentes e adultos mais velhos proporcionaram benefícios para ambos. Os benefícios para os adultos mais velhos incluem a melhoria do bem-estar, do envolvimento cognitivo e social. Os benefícios para os adolescentes passam pela formação da identidade e o desenvolvimento de competências. Os resultados partilhados por ambas as gerações são a melhoria das atitudes e dos estereótipos, a redução do fosso geracional e a solidariedade19.
A intergeracionalidade almeja interações planejadas de pessoas em distintas fases da vida e a promoção da comunicação entre os elementos. Suscita a ideia de entre gerações e da relação entre elas. Destas relações resultam múltiplos benefícios, designadamente, na comunicação, nas partilhas, nos sentimentos, na troca de ideias e numa melhor compreensão e, consequentemente, no favorecimento de fatores de promoção, inclusão e solidariedade12,13,19.
Por sua vez, a saúde prejudicada, a limitação física e o fato de as pessoas idosas morarem distante dos familiares mais jovens foram citados como fatores que dificultam a ligação no dia a dia, como evidenciam os relatos:
Não, não. Meu avô, ele só vive deitado na rede. Ele é dormente de um lado. (E17)
Minha vó não anda, ela é cega dos dois olhos. (E23)
Não! Porque eu não vivo muito com meus avós. Eles moram bem longe, tipo lá no Maranhão. (E12)
A população idosa, convivendo com a cronicidade das doenças que os assolam, impostas pela longevidade, vai percebendo os seus hábitos diários a mudarem e a encararem transformações limitadoras nas suas rotinas e na vida social. Na velhice, a ocorrência de enfermidades passa a ditar todas as regras que a pessoa idosa deve seguir, muitas vezes, chegando a afetar o contato com os familiares20. Nesta etapa, o estado de saúde dos avós modera o choque do contato com o adolescente, uma vez que o declínio da saúde é um dos estereótipos negativos mais difundidos da velhice21.
A distância geográfica é mais uma condição dificultadora das relações diárias entre avós e netos. Avós que moram em cidades longínquas, geralmente, recebem as visitas dos netos nas férias, contudo, essas visitas tendem a durar mais tempo, o que torna este período qualitativamente importante22. Devido à distância, por vezes, avós e netos mantêm contato reduzido e essa circunstância prejudica a relação, a transmissão de conhecimentos, os valores e a harmonia da convivência familiar.
A interação entre adolescentes e pessoas idosas ocorre, também, quando estes frequentam o mesmo ambiente e se cruzam em determinados momentos, como se pode observar na fala subsequente.
Atividade assim não, no máximo eu vou para academia e tem pessoa idosa lá também. É pessoa idosa jovem, tem pessoa idosas lá na academia, eles vão, tem até um casal de pessoa idosa lá malhando. Muito fofinho! (E5)
Neste âmbito, aponta-se que os principais motivos relacionados à adesão são a socialização, possibilidades de cultivar amizades e expectativa na participação das atividades propostas. Experiências internacionais com programas intergeracionais concluem que o envolvimento dos com as pessoas idosa contribui para a melhoraria da conexão social, com os autores a advogar que a conexão social e as redes sociais são protectoras para a imunidade, redução das taxas de depressão e um risco reduzido de fragilidade23–27.
O comportamento adequado do adolescente para a boa relação com a pessoa idosa
Os significados concernentes à relação do adolescente para com a pessoa idosa aludem ao respeito, cuidado, tratar bem, ofertar amor, carinho e generosidade, conforme evidenciam os discursos:
Falar direito com ele (pessoa idosa), respeitar. (E1)
Com respeito, carinho, cuidado né? É... muito amor e tal. (E16)
É... tratar bem, né? Porque não vejo motivo de maltratar a pessoa idosa. Quando minha vó era viva, tratava ela bem, brincava com ela, era feliz no dia a dia. (E6)
Com respeito e cuidado, porque eles também já foram adolescentes e eles são maiores de idade, e nós temos que respeitar eles. (E7)
Acho que bem, porque qualquer adolescente vai envelhecer e vai querer que alguém cuide dele. Aí acho que o adolescente deve tratar o pessoa idosa de uma maneira especial e generosa. (E10)
Tratar bem… até porque, quando vira pessoa idosa, é como se fosse uma criança, a gente deve ter todos os cuidados, alimentação e tudo. (E20)
O cuidado reflete confiança e empatia, aumentando os laços afetivos, promovendo muito mais do que simples tarefas de auxílio à pessoa, estabelecendo um vínculo envolto de sentimentos, como empatia, proteção, atenção, presteza e compreensão. Cria-se, com efeito, uma percepção de respeito, amor, carinho, paciência e troca de experiência para quem convive com a pessoa idosa13,19 e mantém um relacionamento com a dignidade que qualquer ser humano merece. O sentido da reciprocidade no tratamento entre a pessoa idosa e o adolescente também foi mencionado em alguns relatos.
Ah, primeiramente com respeito, porque os pessoa idosas, como eles são mais frágeis, têm que ser tratado com respeito, e ter mais cuidado com eles. Mas também, já tiveram um pouco da vida deles, e como eles já vão ter um pouco de experiência, também deve ter respeito ao adolescente e o adolescente ter ao mesmo tempo respeito por ele. (E13)
Hum... depende do pessoa idosa. Se for uma pessoa boa, que deve ser tratada com respeito e carinho, mas se não for recíproco não deve se esforçar pra tu dar o respeito que ela merece. (E8)
Como eles (os pessoa idosas) merecem, como eles tratavam os outros. (E25)
Entender a pessoa também, porque que o pessoa idosa já passou pela fase que a gente está passando agora, né? E com respeito também, o respeito tem que vir dos dois lados. (E14)
A reciprocidade está relacionada à maneira como os participantes interagem, como um influencia para o desenvolvimento do outro, pois quando um membro de uma díade passa um processo de desenvolvimento, o outro também passará28. É possível também ser compreendida como um sentimento ou um impulso de preocupação com o outro, que tende a se traduzir em obrigações. Assim, realiza-se por meio de dar, receber, retribuir, entre pessoas ou grupos, mas também se manifesta, indiretamente, por via da circulação de bens materiais e simbólicos entre as gerações13,22.
Vale ressaltar a necessidade de compreendermos que há reciprocidade nos benefícios trazidos pelas gerações, pois, os mais velhos têm muito a ensinar às novas gerações, e os jovens também ensinam13,22,29. No entanto, os testemunhos dos participantes, não reportam qualquer alusão a momentos agradáveis, de partilha de saberes, de aprendizagem e de valorização dos mais velhos.
O agir do adolescente na perspetiva da pessoa idosa saudável
No concernente à forma como a pessoa idosa deve agir para ser saudável, nota-se que os adolescentes expressam significações que envolvem atitudes e comportamentos respeitantes à alimentação, às rotinas e à atividade física.
Ter uma alimentação regular, direita, ter os horários certos. (E4)
Na minha opinião, eles devem comer fruta e menos comida gordurosa. (E13)
Praticar alguma atividade pra manter mais saudável e também não comer porcaria. (E19)
Atividade física principalmente! Porque já tem o físico limitado, aí não limite mais. E uma boa alimentação também, porque quando o nível de açúcar sobe muito e o colesterol aumenta com facilidade e o metabolismo dele é muito desacelerado. (E5)
É se alimentar bem, fazer exercício, escutar música. (E14)
Na pessoa idosa, a alimentação saudável atua como fator fundamental de promoção da saúde, esse hábito desempenhando importante papel na prevenção e no bem-estar. Portanto, a distribuição adequada das refeições em horários definidos ajuda a fornecer os nutrientes essenciais e a energia necessária30.
Além disso, a prática de atividade física regular oferece respostas favoráveis que contribuem para o envelhecimento saudável. O treinamento de força promove maior autonomia para a pessoa idosa, melhora a condição de saúde, a manutenção da capacidade funcional e, consequentemente, a qualidade de vida31.
Observa-se noutros relatos que fatores emocionais como o stresse, a raiva e a perturbação e também o fumo interferem na qualidade de vida dos indivíduos:
Não ficar com raiva, porque se não, fica sem comer. Ela (avó) fala, não quero comer não, começa a gritar dizendo que não quer. Comer verdura. (E2)
É não se perturbar. Se alimentar e nós cuidar bem também pra ser um pessoa idosa cuidado. (E23)
Não deixar ela (avó) zangada. (E2)
Comer bem, né? Parar de fumar, porque lá eles fumam. E se alimentar bem. (E6)
O estresse está diretamente relacionado com desequilíbrios fisiológicos, com níveis altos de cortisol, triglicerídeos, interleucina-6, adrenalina, entre outros, que auxiliam a sobrevivência humana aos estressores, gerando comportamento de fuga e luta, porém, em excesso e prolongados no tempo, são suscetíveis de ocasionar doenças32.
O tabagismo também interfere na fisiologia do envelhecimento biológico, bem como o comportamento desta dependência nas pessoas já envelhecidas. É considerado uma doença decorrente da dependência da nicotina e é, ainda, fator de risco para outras enfermidades incapacitantes e fatais33.
No entendimento dos adolescentes, é necessário cuidar da saúde, ter e cumprir orientação médica, realizar exames e tomar medicação, como demonstrado nos discursos:
Cuidar da saúde, indo ao médico, tomando os remédios necessários pra eles. (E7)
Tomar remédios apropriados para eles, tipo remédios pra pressão. (E13)
Consumir alimentos, praticar exercícios, mas tudo que o médico ordena. (E27)
É se cuidar. Procurar se cuidar e fazer exame para poder não pegar doença. (E22)
Como ele (pessoa idosa) é mais frágil, primeiro ele deve procurar ajuda médica e por causa que ele pode ter problemas de saúde corporais e mentais também. (E8)
O envelhecimento traz consigo novas realidades que alteram as suas rotinas e novas necessidades de adaptação contínua. Nesse processo, aumentam as fragilidades e as vulnerabilidades físicas e mentais, favorecendo o surgimento de doenças. Consequentemente, as diversas patologias geriátricas trazem insegurança e afetam, principalmente a dependência da pessoa idosa29.
Por sua vez, advoga-se que os medicamentos são necessários para a prevenção, diagnóstico, tratamento de doenças e controle de sinais ou sintomas. Embora sejam administrados em vários espaços, como no domicílio, hospitais, ambulatórios, clínicas e na farmácia, essa prática deve ocorrer sob a orientação de um profissional especializado34.
A ajuda do adolescente para a pessoa idosa ser saudável
Os depoimentos evidenciaram que os adolescentes estão prontificados a agir, incentivando e orientando a população idosa a terem uma alimentação saudável, boa hidratação, praticarem atividade física e viverem em paz.
Eu e minha mãe, a gente faz a comida, tenta evitar dá muita comida como carne de porco, por que é muito reimosa. E tentar passar mais sustâncias, como legumes. (E20)
Pesquisar alguma coisa na internet o que é bom para poder falar, olha vó, por exemplo, isso aqui é bom pra sua saúde, vamos sair fazer uma caminhadazinha. Quando eu ia pro interior eu caminhava com minha bisavó. (E15)
Levar ela (avó) pra passear, incentivar ela, fazer ela sorrir. (E27)
Destaca-se a importância da transmissão de conhecimentos e hábitos saudáveis entre os adolescentes e as pessoas idosas, concernentes ao estilo de vida. Os hábitos são passíveis de ser influenciados e modificados no ambiente em que a pessoa idosa está inserta35–37.
A prática regular de atividade física na população idosa deve ser incentivada, pois permite a diminuição, o retardo ou a reversão da perda da capacidade funcional, a recuperação da força física, proporciona a autonomia no desenvolvimento das atividades da vida diária e melhora a qualidade de vida37–39. Os cuidados médicos, como consulta periódica e a toma dos medicamentos prescritos, foram evidenciados como:
Ajudar ele a ir pro médico, levar pra passear, andar com ele pelo parque. (E7)
Aconselhar a ir a um médico, ou então se ela tiver algum problema de saúde ou procurar ajudar, um medicamento. (E8)
Importa mencionar o fato de que existem adolescentes com dificuldades em lidar com as pessoas idosas, por não saberem a forma de o ajudar a tornar-se mais saudável, como explicita o relato abaixo:
Eu particularmente não vejo que posso ajudar a pessoa idosa a ser saudável. Se uma pessoa idosa me pedir ajuda, eu ajudo ela. Eu aconselho, mas eu não me vejo fazendo o básico, como dicas de alimentação e de esporte físico. (E5)
A escola tem um papel fundamental no desenvolvimento da sociedade, onde estão incluídas a aprendizagem e a solidariedade intergeracional. O testemunho acima mencionado ilustra a necessidade de investimentos para que a implementação de uma aprendizagem intergeracional seja alcançanda com mais qualidade, acessibilidade e efetividade13,19,21.
Na contemporaneidade, a educação é estendida a todas as gerações e, ao lango da vida, percebe-se a importância dela no envelhecimento ativo, na educação e na solidariedade. Debruçar-se empenhadamente sobre esses aspetos, poderá concorrer para a génese de transformações positivas na vida de qualquer pessoa40.
Considerações finais
Destacamos que as contribuições teóricas da pesquisa qualitativa possibilitaram a imersão no universo de adolescentes do Ensino Fundamental das escolas municipais de Fortaleza, Ceará, Brasil. O estudo espelhou as representações dos participantes sobre as suas experiências intergeracionais vividas juntos dos avós ou de outras pessoas idosas com quem têm oportunidade de conviver, propiciando uma compreensão da relação intergeracional dos adolescentes com a população idosa.
Na aceção dos participantes, o conviver com a pessoa idosa é considerado uma boa experiência e as pessoas com quem conviviam eram, na sua maioria, os avós. Com eles partilham lazer, cuidados, carinho e respeito. Também enfatizam que os mais velhos são capazes de contribuir para a sociedade e a importância da reciprocidade nos actos intergeracionais. Complementa-se que os adolescentes compreendem o contexto da pessoa idosa, o desempenho do papel de aconselhar porque outrora foram adolescentes e acumulam experiências.
Revela-se que grande parte dos entrevistados acredita que as pessoas idosas têm múltiplos problemas e acreditam que a sociedade cuida e respeita-os. Consideram, ainda, de suma importância, possuir conhecimentos sobre o processo de envelhecimento e respetivas formas de prevenção. Numa sociedade cada vez mais envelhecida é sugestivo que seja incentivada a interação, a vinculação entre avós e netos, entre diferentes gerações, para que a conexão, a interajuda, o acolhimento, os ensinamentos e a aprendizagem ocorram mesclados na reciprocidade, se desenvolvam e confluam em benefício de todos os envolvidos.
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Lima, A.O.P, Silva, R.M, Gonçalves, J.L, Cunha, M.M.T, Capelo, M.R.T.F, Baixinho, C.R.S.L, Saintrain, M.V.L. Meanings of Intergenerational Relationships of Adolescents in Living with. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/Feb). [Citado em 10/04/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/en/articles/meanings-of-intergenerational-relationships-of-adolescents-in-living-with/19505?id=19505



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