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0138/2025 - Nutritional profile of Brazilians aged 50 years and over between 2015/2016 and 2019/2021: findings from ELSI-Brazil
Perfil nutricional de brasileiros com 50 anos ou mais entre 2015/2016 e 2019/2021: achados do ELSI-Brasil

Author:

• Nair Tavares Milhem Ygnatios - Ygnatios, NTM - <nairygnatios@yahoo.com.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8862-1930

Co-author(s):

• Bruno de Souza Moreira - Moreira, BS - <brunosouzamoreira@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8840-4496
• Núbia Carelli Pereira de Avelar - Avelar, NCP - <nubia.carelli@ufsc.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4212-4039
• Luciana de Souza Braga - Braga, LS - <lucianaszbraga@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4499-6316
• Juliana Vaz de Melo Mambrini - Mambrini, JVM - <juliana.mambrini@minas.fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0420-3062
• Maria Fernanda Lima-Costa - Lima-Costa, MF - <lima-costa@cpqrr.fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3474-2980
• Juliana Lustosa Torres - Torres, JL - <jlt.fisioufmg@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3687-897X


Abstract:

The objectives were to evaluate the differences in the nutritional profile between 2015/2016 and 2019/2021 and to estimate the number of Brazilians (≥50 years) with nutritional profile inadequacies. This is a cross-sectional study that used data from participants in waves 1 (2015/2016; n=8,724) and 2 (2019/2021; n=7,729) from the Brazilian Longitudinal Study of Aging (ELSI-Brazil). Anthropometric parameters included body mass index and waist circumference (WC) and weekly food consumption of fruits, vegetables, fish, poultry, and red meat in both waves. Seven criteria for nutritional profile inadequacy were analyzed. There was an increase in the prevalence of high WC [70.0% (95%CI 68.5-71.5) and 75.5% (95%CI 72.8-78.0)] and fruit consumption in 3-4 days of the week [16.5% (95%CI 15.4-17.6) and 23.0% (95%CI 20.1-26.1)] between waves 1 and 2, respectively. The prevalence estimates of underweight and overweight (around 2% and 70%, respectively) remained stable during this period. It was estimated that, in 2022, around 29 million Brazilians aged ≥50 years had ≥4 inadequate criteria of the nutritional profile. It is concluded that the nutritional profile of the participants showed slight changes during the period. Public Health actions are necessary to improve this population’s anthropometric parameters and food consumption.

Keywords:

adults; food consumption; fruits; aged.

Content:

Introdução
Os aspectos nutricionais são importantes fatores que podem atenuar as mudanças fisiológicas do envelhecimento e a etiologia de doenças prevalentes com a idade. De 1990 a 2017, mortes globais e anos de vida ajustados por incapacidade (Disability Adjusted Life Years - DALYs) atribuíveis ao índice de massa corporal (IMC) elevado mais do que dobraram. O IMC elevado é uma das principais causas da carga global de doenças, associado a condições como doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e hipertensão arterial 1. A alimentação inadequada foi a principal causa de DALYs no Brasil em 2015 2.
Nas últimas décadas, os hábitos alimentares da população brasileira mudaram intensamente. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) evidenciou diminuição na prevalência do consumo regular de feijão e peixes de 2013 a 2019, enquanto o consumo regular de frutas e o consumo recomendado de carnes vermelhas aumentaram em 8,5% e 18,5%, respectivamente. Já o consumo regular de hortaliças não variou nesse mesmo período 3. Estudos prévios com dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) mostraram que, em 2015/2016, mais da metade (55,6%) dos participantes com 50 anos ou mais não consumia peixe pelo menos um dia da semana 4 e, em 2019/2021, esse percentual foi de 50,8% 5. Já o consumo regular de frutas e hortaliças entre os brasileiros mais velhos (?50 anos) foi observado em 80% dos participantes da 1ª onda (2015/2016) 4 e por aproximadamente 85% dos participantes da 2ª onda (2019/2021) 5.
A alimentação fora do domicílio tem sido identificada como um dos determinantes das mudanças dos hábitos alimentares dos brasileiros, com predomínio de alimentos ultraprocessados 6–8 e associando-se ao aumento de doenças crônicas e obesidade 9. O excesso de peso está crescendo em diversos países 10. No Brasil, sua prevalência aumentou na maioria dos estratos sociodemográficos 11, enquanto a desnutrição diminuiu 12. Essas transformações caracterizam a transição nutricional. Em 2019/2021, a prevalência de excesso de peso foi de 57%, e a circunferência da cintura (CC) elevada alcançou 67% dos brasileiros mais velhos 5. As diferenças observadas nas prevalências desses dois índices antropométricos evidenciam a necessidade de avaliar ambos. O IMC reflete o peso corporal total, enquanto a CC avalia a gordura abdominal, que tende a aumentar com o envelhecimento 13 e é preditora de mortalidade por todas as causas 14. Portanto, avaliar a gordura abdominal parece ser mais relevante do que o IMC na determinação de riscos associados à obesidade em idades mais avançadas 13.
Atrelado a esse contexto, entre 2015 e 2021, mudanças econômicas e políticas impactaram a alimentação no Brasil. A crise econômica aumentou o desemprego e reduziu a renda familiar 15, agravando as desigualdades no acesso a alimentos saudáveis, principalmente nas populações mais vulneráveis 16. Medidas de austeridade fiscais 17 enfraqueceram as políticas de segurança alimentar e nutricional 18.
O conhecimento do perfil nutricional é importante para a proposição e implementação de políticas públicas e estratégias nutricionais, de âmbito local e nacional, mais adequadas às necessidades populacionais atuais. Ademais, o consumo alimentar e os parâmetros antropométricos, como IMC e CC, são fatores modificáveis e podem ser melhorados a longo prazo. Apesar das mudanças no perfil nutricional entre 2015 e 2021 serem evidentes, os dados brasileiros se restringem a adultos com 18 anos ou mais, com estimativas limitadas para adultos mais velhos, principalmente em nível nacional. Portanto, os objetivos deste estudo foram avaliar as diferenças do perfil nutricional, avaliado por meio dos parâmetros antropométricos e do consumo alimentar, da população brasileira com 50 anos ou mais entre 2015/2016 e 2019/2021 e estimar o número de brasileiros com 50 anos ou mais com inadequações do perfil nutricional no ano do último censo demográfico.

Métodos
Delineamento do estudo e população
Trata-se de um estudo transversal que utilizou dados da 1ª (2015/2016) e 2ª (2019/2021) ondas do ELSI-Brasil. O ELSI-Brasil é um estudo de coorte aberta com amostra representativa da população brasileira com 50 anos ou mais. A amostragem do ELSI-Brasil utilizou um desenho complexo, com etapas de seleção, combinando a estratificação de unidades amostrais primárias (municípios), setores censitários e domicílios, abrangendo 70 municípios das cinco grandes regiões geográficas brasileiras. A reposição da amostra foi feita na 2ª onda para continuar garantindo a representatividade nacional da pesquisa. Todos os residentes com 50 anos ou mais nos domicílios selecionados foram elegíveis para participar das entrevistas individuais e medidas físicas 19. A amostra final foi composta por 9.412 participantes na onda 1 e 9.949 participantes na onda 2, dos quais 24% foram derivados da reposição amostral. A reposição da amostra consistiu no recrutamento de moradores do domicílio previamente selecionado que tivessem completado 50 anos de idade entre as ondas, bem como na seleção de novos participantes no setor censitário correspondente. Informações detalhadas sobre o ELSI-Brasil podem ser obtidas em outras publicações 19,20 e na homepage da pesquisa (). Os participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido. O ELSI-Brasil foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz – Minas Gerais (protocolo número 34649814.3.0000.5091).

Perfil nutricional: parâmetros antropométricos e consumo alimentar semanal
Os parâmetros antropométricos incluíram o IMC e a CC. As medidas antropométricas de peso corporal, altura e CC foram aferidas em duplicata de acordo com protocolos descritos em outra publicação 4. Para análise dos dados, utilizou-se a média das duas medidas antropométricas. Participantes acamados e em uso de cadeiras de rodas não tiveram as medidas antropométricas aferidas 5. Para o IMC, adotou-se os pontos de corte da Organização Mundial da Saúde (OMS) 21, para ambos os sexos: IMC < 18,5, 18,5 a 24,9 e ? 25,0 kg/m² foram considerados com “baixo peso”, “eutrofia” e “excesso de peso”, respectivamente. Em relação à CC, valores < 80 cm para mulheres e < 94 cm para homens foram classificados como “CC adequada” e valores ? 80 cm para mulheres e ? 94 cm para homens foram classificados como “CC elevada” 21.
O consumo alimentar semanal foi avaliado por meio de entrevista individual na qual os participantes foram questionados quanto ao consumo de alimentos específicos, conhecidos como marcadores de alimentação saudável e não saudável, por meio da pergunta “Em quantos dias da semana, o(a) Sr(a) costuma comer...?” frutas, hortaliças, peixes, aves (frango/galinha) e carnes vermelhas (boi, porco e cabrito). O consumo alimentar semanal dos alimentos investigados foi categorizado em “0-2 dias”, “3-4 dias” ou “5 dias ou mais”, com exceção do consumo de peixes, que foi categorizado em “nenhum dia”, “1 dia” ou “2 dias ou mais”, seguindo uma recomendação para a frequência de consumo de peixes 22.
Foi criada uma variável denominada número de critérios inadequados do perfil nutricional, a qual corresponde às inadequações nos sete critérios investigados, incluindo os parâmetros antropométricos e de consumo alimentar, a saber: (1) “baixo peso” e “excesso de peso” de acordo com o IMC; (2) CC “elevada”; (3) consumo de frutas em “0-2 dias” e “3-4 dias; (4) consumo de hortaliças em “0-2 dias” e “3-4 dias”; (5) consumo de peixe em “nenhum dia”; (6) consumo de aves em “0-2 dias”; e (7) consumo de carnes vermelhas em “5 dias ou mais”. O número de critérios inadequados foi somado e o total podia variar de 0 a 7. A criação dessa variável foi baseada nas orientações do Guia Alimentar para a População Brasileira 23 e nas diretrizes internacionais para o consumo de peixes, frutas e hortaliças 22.

Variáveis de caracterização da amostra
As características sociodemográficas e de saúde foram utilizadas descritivamente. As primeiras incluíram sexo (“masculino” ou “feminino”), faixa etária (“50-59 anos”, “60-69 anos”, “70-79 anos” ou “80 anos ou mais”), escolaridade em anos completos de estudo (“até 8 anos”, “9-11 anos” ou “12 anos ou mais”) e situação conjugal (“casado/amasiado/união estável” ou “solteiro/viúvo/divorciado”). Como marcadores de saúde, foram utilizadas a multimorbidade (“sim” ou “não”) e a autoavaliação de saúde (“excelente/muito boa/boa” ou “regular/ruim/muito ruim”). A multimorbidade foi avaliada pelo autorrelato de dois ou mais diagnósticos médicos, considerando-se doença cardiovascular (hipertensão arterial, acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio, angina ou insuficiência cardíaca), doença neurológica (doença de Parkinson ou Alzheimer), doença renal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica, asma, diabetes mellitus, artrite ou reumatismo, câncer e depressão 24.

Análises estatísticas
Primeiramente, foi realizada a descrição das prevalências das características sociodemográficas e de saúde e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) para os participantes das ondas 1 e 2 do ELSI-Brasil. Em seguida, foram descritas as prevalências e IC95% dos parâmetros antropométricos e do consumo alimentar semanal em cada uma das duas ondas. Além disso, foram calculadas as variações relativas entre as ondas, subtraindo a prevalência da onda 1 (2015/2016) (P1) da prevalência da onda 2 (2019/2021) (P2), dividindo o resultado pela prevalência da onda 1 (P1) e multiplicando por 100: [(P2-P1/P1) x 100] 3. Considerou-se diferença entre as ondas quando as prevalências encontradas não tiveram sobreposição de seus IC95%.
Foram plotadas em gráfico as prevalências e respectivos IC95% do número de critérios inadequados do perfil nutricional para as ondas 1 e 2. Em seguida, estimou-se o número de brasileiros com 50 anos ou mais que apresentaram quatro ou mais critérios inadequados do perfil nutricional, utilizando, para isso, a distribuição etária da população brasileira, segundo o censo demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 25. Essa escolha levou em consideração a proximidade entre o censo demográfico de 2022 e o período de coleta dos dados da onda 2 do ELSI-Brasil (2019/2021).
Todas as análises foram realizadas no software Stata/SE® (Stata Corp., College Station, Estados Unidos), versão 17.0, considerando-se o desenho do estudo e o peso amostral dos indivíduos por meio do comando survey prefix (svy).

Resultados
Dentre os 9.412 participantes da onda 1 do ELSI-Brasil, 8.724 tinham informações completas quanto ao perfil nutricional e foram incluídos no presente estudo. Em relação aos 9.949 participantes da onda 2, 7.729 foram incluídos.
Comparando as prevalências das características sociodemográficas e de saúde entre os participantes incluídos nas ondas 1 e 2 do ELSI-Brasil, verificou-se que as amostras foram semelhantes em todas as variáveis analisadas (Tabela 1). A maioria dos participantes de ambas as ondas era do sexo feminino (53,4%; IC95% 50,4-56,3 na onda 1 e 55,2%; IC95% 52,5-57,8 na onda 2) e tinha até 8 anos de escolaridade (72,6%; IC95% 70,3-74,9 na onda 1 e 71,5%; IC95% 68,0-74,8 na onda 2). A faixa etária mais frequente em ambas as ondas foi de 50-59 anos (48,8%; IC95% 44,7-53,0 na onda 1 e 48,0%; IC95% 44,0-52,0 na onda 2). A prevalência de multimorbidade foi de 37,2% (IC95% 35,3-39,1) na onda 1 e 33,3% (IC95% 30,1-36,7) na onda 2. Mais da metade dos participantes das ondas 1 e 2 avaliaram à saúde como regular/ruim/muito ruim (56,2%; IC95% 53,6-58,9 e 51,8%; IC95% 48,4-55,2, respectivamente) (Tabela 1).
Analisando a mudança na prevalência dos parâmetros antropométricos e de consumo alimentar semanal entre ondas, observou-se um aumento na CC elevada entre a 1ª (70,0%; IC95% 68,5-71,5) e 2ª ondas (75,5%; IC95% 72,8-78,0), variando em 7,9% no período. O consumo de frutas em 3-4 dias da semana também aumentou de 16,5% (IC95% 15,4-17,6) para 23,0% (IC95% 20,1-26,1) no período, com variação relativa de 39,4%. Em ambas as ondas, a prevalência de baixo peso foi em torno de 2,0%, enquanto aproximadamente 70% dos participantes apresentaram excesso de peso. O consumo de hortaliças (54,6%; IC95% 51,1-58,0 vs 58,3%; IC95% 53,9-62,8), aves (14,0%; IC95% 12,1-16,1 vs 16,6%; IC95% 12,9-21,0) e carnes vermelhas (23,6%; IC95% 21,2-26,2 vs 22,3%; IC95% 18,2-27,0) em 5 dias ou mais da semana não apresentou diferença entre as ondas; padrão também observado para o consumo de peixes em 2 dias ou mais (22,3%; IC95% 18,6-26,7 vs 29,0%; IC95% 22,6-36,2) (Tabela 2).
A Figura 1 apresenta as prevalências e os IC95% do número de critérios inadequados do perfil nutricional para as ondas 1 e 2. Pode-se observar a maior prevalência de 3 e 4 critérios inadequados do perfil nutricional em ambas as ondas da pesquisa, com prevalências em torno de 26%. Em 2019/2021, aproximadamente 51% dos participantes apresentaram inadequação em quatro ou mais critérios do perfil nutricional (dados não mostrados). Aplicando essa prevalência ao número absoluto da população brasileira com 50 anos ou mais em 2022 (56.281.177 pessoas), estimou-se que cerca de 29 milhões de brasileiros com 50 anos ou mais tinham inadequação em quatro ou mais critérios do perfil nutricional.

Discussão
O presente resultado evidencia aumento de 7,9% da prevalência de CC elevada entre as ondas, que não foi acompanhado pelo aumento do excesso de peso no período. Esses achados são consistentes com tendências seculares de mudanças na CC nos Estados Unidos 26 e na Austrália 27. O aumento na CC, independentemente do peso corporal, pode ser atribuído a mudanças na distribuição do tecido adiposo para a região abdominal, ou talvez a um volume corporal relativamente maior para o mesmo peso em função das mudanças na composição corporal, como diminuição da massa muscular e óssea, característica do envelhecimento 27. Os inquéritos populacionais 11,12 avaliam o excesso de peso pelo IMC. Apesar de ser o indicador antropométrico mais utilizado para avaliar a gordura corporal total, por sua simplicidade de obtenção e capacidade de avaliar indivíduos de diferentes faixas etárias, sexos e grupos raciais, ele não diferencia massa gorda de massa magra, sendo um preditor menos robusto da adiposidade em idosos 11. Estudo longitudinal demonstrou que o IMC não foi sensível às mudanças do tecido adiposo visceral, mantendo-se inalterado mediante a adiposidade abdominal ao longo do tempo 28. Por essas razões, a CC, um dos componentes da síndrome metabólica 29, é a medida usada para avaliar a obesidade abdominal 30.
Ainda que não tenha sido observado aumento na prevalência do excesso de peso entre as ondas do estudo, nota-se a elevada prevalência (70% aproximadamente) em adultos mais velhos brasileiros. Os hábitos alimentares inadequados 31, o baixo nível de atividade física 32 e o comportamento sedentário no lazer 33 são apontados como os principais fatores de risco. Dados de um inquérito populacional mostrou aumento na proporção de adultos e idosos (?18 anos) com excesso de peso na maioria dos estratos sociodemográficos de 2006 a 2019 34. Essa mudança vem sendo observada desde 1970 12.
Com o intuito de impedir o crescimento do excesso de peso, o Brasil, no âmbito da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN), assumiu metas para promover e proteger a alimentação adequada e saudável em atuação conjunta dos diferentes níveis do governo, setores e sociedade civil 35. Além disso, uma das metas do Plano Nacional de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis consiste em aumentar o consumo recomendado de frutas e de hortaliças em 30% 36. No presente estudo, o consumo de frutas em 3-4 dias da semana aumentou entre as ondas, com a variação de 39,4%. Contudo, não houve diferença no consumo regular em 5 dias ou mais 37, contrapondo-se aos resultados de publicação anterior, com dados da PNS, que demonstrou aumento significativo de 41,4% para 45,1% entre 2013 e 2019 para esse marcador de alimentação saudável 3. É relevante ressaltar que a amostra da PNS incluiu indivíduos com 18 anos ou mais, diferentemente do presente estudo, que avaliou apenas a população de adultos mais velhos brasileiros. Essa pode ser, portanto, uma possível explicação para os resultados divergentes. Cabe destacar que, ainda assim, é expressiva a inadequação no consumo de frutas, evidenciada neste estudo e no anterior 3, com menos da metade dos participantes relatando consumo regular de frutas.
Quanto ao consumo de hortaliças, não foi observada diferença entre as ondas, corroborando os achados de outro estudo 3. Além disso, as prevalências do consumo regular de hortaliças encontradas no presente estudo (54,6% em 2015/2016 e 58,3% em 2019/2021) também são similares às frequências reportadas na publicação supracitada (54,4% em 2013 e 55,2% em 2019) para indivíduos com 18 anos ou mais 3. O consumo de alimentos in natura é recomendado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira como a base para uma alimentação nutricionalmente adequada, em consonância com um sistema alimentar que seja social e ambientalmente sustentável 23. A OMS destaca o papel desses alimentos na prevenção das doenças crônicas 22. Portanto, esses resultados reforçam a premissa de que as políticas públicas de alimentação e nutrição devem incentivar o consumo de frutas e hortaliças, valorizando a cultura alimentar e os vegetais regionais 38. Ademais, faz-se necessário garantir a oferta e diminuir as disparidades no acesso a esses alimentos, criando alternativas ao alto custo e à insuficiência do comércio local 39.
O consumo de peixes, aves e carnes vermelhas se manteve estável no período analisado. No entanto, foi observado que a alimentação de brasileiros com 50 anos ou mais é caracterizada pelo baixo consumo semanal de peixes. Nos últimos anos, o consumo regular de peixe, definido como o consumo em pelo menos um dia na semana 22, pela população brasileira (? 18 anos) apresentou redução, o que pode estar relacionado ao custo elevado 3 e as características culturais que influenciam o consumo individual, dada a disponibilidade regional do alimento 40. Essa tendência é preocupante, visto que o peixe é um alimento de alto valor nutricional, rico em proteínas e de ácidos graxos poli-insaturados, e, portanto, seu consumo deve ser estimulado em todo o país 41.
O Brasil apresenta uma diversidade ambiental, cultural e socioeconômica 23 que influencia significativamente o perfil nutricional da população. Diferenças regionais nos hábitos alimentares são evidentes, particularmente no consumo de alimentos específicos, como peixes, que são mais frequentes nas regiões Norte e Nordeste, devido à proximidade com áreas pesqueiras e à importância cultural desse alimento na dieta local 40. Por outro lado, observa-se maior consumo de carne bovina nas regiões Centro-Oeste e Norte, reflexo do predomínio da pecuária nessas áreas 42. Além disso, as iniquidades socioeconômicas afetam o acesso a alimentos saudáveis e diversificados 16, sendo mais acentuadas em regiões com maior vulnerabilidade social, como o Norte e o Nordeste, que apresentam índices mais elevados de insegurança alimentar em comparação com outras regiões do país 43. Esse cenário reflete-se no perfil antropométrico da população idosa 44, com maiores prevalências de desnutrição em algumas áreas e, em outras, prevalências crescentes de excesso de peso relacionado ao consumo de ultraprocessados 45. As Unidades da Federação das regiões Sul e Sudeste apresentaram as maiores médias de participação de alimentos ultraprocessados no total de energia consumida, enquanto os estados do Norte e Nordeste apresentaram as menores 46. Assim, compreender essas nuances regionais é essencial para a formulação de políticas públicas eficazes que atendam às demandas específicas de cada região brasileira e promovam a equidade em saúde.
Tem-se observado uma tendência de aumento no consumo de aves nos últimos anos nos Estados Unidos 47, mas esse achado não foi confirmado em nosso estudo. As carnes de aves, especialmente de frango e galinha são muito apreciadas pelos brasileiros e consumidas com frequência pela diversidade de cortes e formas de preparo 23, assim como as carnes de boi, porco e outras carnes vermelhas. O Brasil é um dos maiores produtores de carne bovina do mundo, o que favorece o consumo pela população 42. Embora as carnes vermelhas sejam ricas em proteínas de alto valor biológico e micronutrientes, dentre eles ferro, zinco e vitamina B12 23,48, o Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda limitar a frequência e a quantidade de carnes vermelhas a ser ingerida, por serem fontes de gorduras saturadas 23. Há evidências consistentes que o consumo excessivo de carnes vermelhas aumenta o risco de diferentes tipos de câncer 49, doenças cardiovasculares e mortalidade por todas as causas 50. De acordo com as prevalências observadas neste estudo para as carnes vermelhas, observa-se uma tendência de consumo recomendado desse grupo alimentar pelos brasileiros com 50 anos ou mais, que se manteve estável entre as ondas (0-2 dias da semana: 43,0% na onda 1 e 39,8% na onda 2 vs 5 dias ou mais da semana: 23,6% na onda 1 e 22,3% na onda 2). Resultados da PNS 3 demonstraram redução no consumo de carnes vermelhas no período de 2013 a 2019, sugerindo que a população pode estar mais consciente sobre os problemas de saúde relacionados à ingestão desse alimento ou apresentar limitações financeiras para a sua aquisição. Ademais, a redução no consumo de carnes vermelhas é uma importante estratégia para minimizar o aquecimento global e as mudanças climáticas. A criação de gado contribui para a emissão de gases de efeito estufa, desmatamento e poluição hídrica 48. Nessa perspectiva, cientistas propuseram a “Dieta de Saúde Planetária”, que consiste em uma alimentação baseada em vegetais com uma redução de mais de 50% no consumo de carnes vermelhas e açúcares adicionados, otimizando a saúde humana e do planeta 51.
Nossos achados adicionam informações significativas à literatura existente e fornecem importantes implicações para a Saúde Pública. Considerando que as projeções populacionais estimam crescimento no contingente de adultos mais velhos 52, é necessário desenvolver estratégias para ampliar a qualidade de vida desse grupo populacional e enfrentar os complexos desafios da inadequação do perfil nutricional para a população. A melhoria do perfil nutricional dessa população pode ser alcançada por meio de um conjunto de ações e políticas públicas de alimentação e nutrição, que envolve a interrelação dos diversos setores responsáveis pela promoção da alimentação adequada e saudável, a saber: (1) tornar os alimentos saudáveis mais acessíveis física e financeiramente; (2) melhorar a informação e a regulação do marketing dos alimentos não saudáveis; (3) investir em atividades de educação alimentar e nutricional na atenção primária à saúde para fornecer aconselhamento e intervenções dietéticas baseadas nas recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira.
Este estudo apresenta limitações que devem ser consideradas. Entre elas, destaca-se o número reduzido de grupos alimentares avaliados no ELSI-Brasil, restringindo a análise de outros marcadores importantes dos hábitos alimentares, como o consumo de alimentos ultraprocessados e feijões. No caso dos feijões, os dados foram coletados apenas na 2ª onda do estudo (2019/2021), impossibilitando analisar a evolução desse importante marcador de alimentação saudável, cujo consumo tem apresentado declínio na dieta brasileira 3. Além disso, os resultados sobre o consumo alimentar podem ser influenciados pela capacidade de recordação dos participantes e não necessariamente irão refletir o consumo real 5. Esse viés, potencialmente influenciado por fatores como nível educacional, capacidade cognitiva e variações sazonais 53, pode levar à subestimação ou superestimação do consumo alimentar, afetando a precisão dos resultados. Apesar deste método ser amplamente utilizado em grandes estudos populacionais, o uso de registros alimentares ou métodos complementares de avaliação dietética poderia fornecer informações mais robustas. Outro ponto relevante são as perdas amostrais de 7,3% na onda 1 e de 22,3% na onda 2, que podem ter subestimado ou superestimado as prevalências encontradas. Contudo, esses valores são semelhantes aos observados em outro grande estudo, a PNS 3. Ademais, o uso do IMC como indicador antropométrico na população idosa apresenta limitações (mencionadas anteriormente) e os pontos de corte do IMC adotados no presente estudo, embora mundialmente recomendados pela OMS 21, não levam em consideração as mudanças na composição corporal inerentes ao envelhecimento 54. Assim, sugere-se que estudos futuros com a população exclusivamente idosa utilizam pontos de corte específicos para essa faixa etária e incorporem métodos mais precisos, como a bioimpedância, para uma avaliação mais detalhada da composição corporal. Por fim, a estimativa nacional para o número de critérios inadequados do perfil nutricional foi calculada com base nos dados do censo demográfico realizado em 2022 pelo IBGE. Apesar destes dados não corresponderem à população total brasileira com 50 anos ou mais no período da coleta de dados da 2ª onda da pesquisa, essa base representa a informação mais próxima e fidedigna disponível para o cálculo da estimativa. Embora essas limitações sejam relevantes, elas não comprometem as principais conclusões do estudo, mas apontam caminhos valiosos para aprimorar futuras investigações.
Quanto aos pontos fortes, salienta-se o reconhecido rigor metodológico do ELSI-Brasil e a representatividade de sua amostra. Além disso, as medidas antropométricas foram avaliadas objetivamente. Avaliar o consumo de grupos de alimentos específicos, embora não caracterize a adequação nutricional da dieta, permite conhecer e monitorar os hábitos alimentares de forma mais viável em grandes estudos de coorte. Por fim, a estimativa nacional permite conhecer a realidade da população brasileira quanto ao seu perfil nutricional, fornecendo evidências que consideram a vasta dimensão territorial, diversidade cultural e iniquidades socioeconômicas características do país, subsidiando, assim, o direcionamento das políticas públicas de alimentação e nutrição de forma mais efetiva.

Conclusão
Conclui-se que o perfil nutricional da população brasileira com 50 anos ou mais apresentou mudanças discretas de 2015 a 2019. Nossos resultados revelam o grande desafio para os sistemas sociais e de saúde, particularmente o Sistema Único de Saúde (SUS), visto que a inadequação nutricional está associada a diversas doenças e agravos à saúde, e aponta para a necessidade urgente de ações intra e intersetoriais para o enfrentamento dos desvios nutricionais dos parâmetros antropométricos e do consumo alimentar entre a população de adultos mais velhos brasileiros. Evidenciamos a necessidade de implementar políticas econômicas que favoreçam o acesso a uma alimentação equilibrada e saudável, com destaque para o consumo regular de frutas e hortaliças, sobretudo entre a população idosa. Exemplos de políticas incluem incentivos fiscais para a produção e comercialização de frutas, hortaliças e peixes, o que pode reduzir os custos desses alimentos, tornando-os mais acessíveis, particularmente nas regiões com maior vulnerabilidade socioeconômica. A expansão de programas de subsídios para a agricultura familiar e cooperativas agrícolas, também poderia beneficiar tanto a oferta quanto o consumo de alimentos in natura em áreas urbanas e rurais, promovendo a valorização da produção regional. Além disso, o estímulo à criação de hortas comunitárias pode melhorar o acesso a alimentos saudáveis e promover o engajamento social, especialmente entre os idosos.
Estudos futuros poderiam avaliar o impacto das políticas públicas mencionadas em diferentes contextos regionais, considerando as especificidades ambientais, culturais e socioeconômicas, assim como o acesso aos alimentos no Brasil. Além disso, seria relevante explorar como essas políticas impactam o perfil nutricional de subgrupos populacionais, como idosos de baixa renda ou residentes de áreas rurais.

Referências
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Contribuição dos autores
MFLC concebeu o estudo. NTMY, BSM, NCPA, LSB, JVMM, MFLC e JLT contribuíram para o desenho do estudo, a análise e a interpretação dos dados e a redação do artigo. Todos os autores revisaram e aprovaram a versão final.

Conflito de interesses
Os autores declararam que não existem conflitos de interesses.

Agradecimentos
Os autores agradecem aos participantes e aos profissionais que colaboraram para a realização do ELSI-Brasil.

Financiamento
O ELSI-Brasil foi financiado pelo Ministério da Saúde: DECIT/SCTIE – Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (Processos: 404965/2012-1 e TED 28/2017); COPID/DECIV/SAPS - Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa na Atenção Primária, Departamento dos Ciclos da Vida da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Processos: 20836, 22566, 23700, 25560, 25552 e 27510).



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Cite

Ygnatios, NTM, Moreira, BS, Avelar, NCP, Braga, LS, Mambrini, JVM, Lima-Costa, MF, Torres, JL. Nutritional profile of Brazilians aged 50 years and over between 2015/2016 and 2019/2021: findings from ELSI-Brazil. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/May). [Citado em 05/12/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/en/articles/nutritional-profile-of-brazilians-aged-50-years-and-over-between-20152016-and-20192021-findings-from-elsibrazil/19614?id=19614



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