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0308/2025 - Participatory mapping of health and environmental damages in territories threatened by agribusiness in the Cerrado
Mapeamento participativo de danos à saúde e ao ambiente nos territórios ameaçados pelo agronegócio no Cerrado

Author:

• Luiza Carla de Melo - Melo, LC - <luiza.carlamelo@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5602-0831

Co-author(s):

• Fernanda Savicki de Almeida - Almeida, F.S - <fersavicki@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4784-6540
• Romário Correia dos Santos - Santos, R.C. - <romario.correia@outlook.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4973-123X
• Rafaella Miranda Machado - Machado, RM - <rafaella.mmachado@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0365-9834
• Helena Rodrigues Lopes - Lopes, HR - <helenaeco.agro@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3195-0063
• Idê Gomes Dantas Gurgel - Gurgel, IGD - <ide.gomesl@fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2958-683X
• Aline do Monte Gurgel - Gurgel, AM - <aline.gurgel@fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5981-3597


Abstract:

The Cerrado (savanna) has been marked by damage caused by agribusiness, a land concentration model, which occupies large areas and uses large amounts of pesticides. With the aim of analyzing socio-environmental vulnerabilities and health damage caused by the use of pesticides, an action research was carried out in six Brazilian states, based on participatory mapping. The participants were ribeirinhos, brejeiros, assentados, quilombolas, camponeses and geraizeiros peoples from six states in the Cerrado biome. The set of qualitative materials was analyzed using the Collective Subject Discourse technique, where the discourses highlighted the risks of biodiversity loss and the establishment of a scenario of food and nutritional insecurity, in addition to acute and chronic poisoning due to exposure to pesticides. On the other hand, agroecological practices emerge as elements that protect the environment and health, in defense of the territory and ways of life. It is clear that the damage resulting from agribusiness is experienced disproportionately, determined by structural inequalities. In these, those responsible for the damage to health and the environment concentrate the wealth generated from the environmental and social collapse that deeply affects the Cerrado.

Keywords:

agrochemicals; agribusiness; environmental exposure; health vulnerability; agroecology.

Content:

INTRODUÇÃO
O Cerrado é o mais antigo e o segundo maior bioma do Brasil, onde se encontra 5% da biodiversidade planetária e grande parte das águas que formam as três das maiores bacias hidrográficas brasileiras e sul-americanas 1. Esse território é habitado por povos do campo, comunidades geraizeiras, fundo e fecho de pasto, indígenas, quebradeiras de coco-babaçu, apanhadoras de flores sempre-vivas, retireiros do Araguaia, quilombolas, raizeiras e pescadores, congregando uma imensa diversidade de saberes e de fazeres 2.
Apesar de sua importância ambiental e cultural, esse bioma vem sendo tratado como uma “zona de sacrifício” pelo modelo desenvolvimentista brasileiro pautado na expansão do agronegócio 2.. Este é central na definição do tipo de crescimento econômico no território, caracterizando-se pela concentração de terras, produção de commodities, utilização massiva de agrotóxicos, além de recorrer à violência e gerar conflitos e injustiças socioambientais 3.
Para assegurar a concentração de riquezas, os povos tradicionais são cotidianamente impactados e furtados do seu próprio território, caracterizando um Ecocídio em curso4, expressão que caracteriza a destruição em larga escala, irreversível e intencional do ambiente e de quem ali habita 5. A agricultura químico-dependente do agronegócio elevou o Brasil à atual posição de maior consumidor mundial de agrotóxicos, com cerca de 20% do total global comercializado 6. A desregulamentação ambiental observada se intensificou na conjuntura do Governo Bolsonaro, onde no período de 2019 a 2020 foram aprovados 997 novos agentes químicos, o que superou o quantitativo dos liberados nos anos de 2010 a 20157. Esse "colonialismo químico" agrava os problemas socioambientais, além de transformar essas substâncias em 'armas' diante dos conflitos fundiários 8.
Os agrotóxicos causam desequilíbrios sistêmicos no ambiente, como morte ou enfraquecimento de espécies vegetais e animais; contaminação da água, solo, ar, alimentos; ameaça a segurança e soberania alimentar; produzem intoxicações agudas e crônicas, com desfechos negativos na gestação e nascimento dos seres humanos 9,10,11 .
Esse modelo de desenvolvimento articulado pelo agronegócio pode, potencialmente, agravar as iniquidades em saúde no Brasil, particularmente relacionadas à soberania e segurança alimentar e nutricional. Sua lógica extrativista e de exportação é voltada para o mercado internacional, e representa ameaça à segurança alimentar 7. A produção de commodities impacta na disponibilidade de recursos naturais, o que pode agravar o cenário de fome para populações específicas e suas formas tradicionais de produção 12.
Frente às ameaças representadas por esse modelo, a agroecologia se coloca como uma alternativa, especialmente para as populações tradicionais, afirmando-se simbólica e materialmente não apenas como um ato de produzir, mas de se constituir no mundo, com cultura e cuidado, consigo, com os outros e com a natureza 13. A agroecologia se vulnerabiliza por conflitos e injustiças engendrados por um modelo produtivo que subjuga, deslegitima, silencia, violenta e mata outras formas de compreender o mundo 14.
Os efeitos simbólicos, culturais, ambientais e na saúde em territórios do agronegócio se expressam nos corpos das coletividades humanas, na forma como adoecem e morrem 14,15. Isso aponta para a necessidade de pesquisas que possam subsidiar a reorganização de serviços de saúde nesses territórios, a partir da coordenação do cuidado e vigilância em saúde, de forma capilarizada, culturalmente sensível e socialmente justa 16.
Considerando a centralidade de estudos que evidenciem tais relações, esse artigo objetiva analisar as vulnerabilidades socioambientais e os respectivos danos à saúde e ao ambiente decorrentes do uso de agrotóxicos no Cerrado. Isso contribui de forma relevante para construção de saberes no campo da Saúde Coletiva, uma vez que trata de uma abordagem inédita que articula e aprofunda um tema comum com dados de seis estados e possibilita visibilidade às populações que habitam um dos maiores biomas do país.
METODOLOGIA
Realizou-se uma pesquisa-ação, caracterizada enquanto uma prática que transforma a ação científica em um processo educativo, de maneira que todos os sujeitos participem diretamente do processo 17. Assim, realizou-se um mapeamento participativo, enquanto ferramenta de reconhecimento e representação do território para conhecer a realidade 18, envolvendo representantes de diferentes povos e residentes em territórios do Cerrado afetados pelo agronegócio, em seis estados brasileiros.
A seleção dos territórios se deu por meio da indicação de movimentos e entidades vinculados à proteção e à defesa dos direitos humanos na região do Cerrado, sobretudo associados à Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, a partir da identificação de conflitos envolvendo o agronegócio e comunidades potencialmente afetadas pelo uso de agrotóxicos. Assim, constituiu-se um campo envolvendo seis territórios adscritos à região do Cerrado (Figura 01): i-Comunidade Barra da Lagoa - Santa Filomena/ PI; ii- Assentamento de Reforma Agrária Roseli Nunes - Mirassol D’Oeste/MT; iii- Acampamento Leonir Orback - Santa Helena /GO; iv- Território Quilombola Cocalinho – Parnarama/MA; v- Assentamento Eldorado - Sidrolândia/MS; vi- Comunidades Tradicionais Geraizeiras - Formosa do Rio Preto/BA. Como critérios de inclusão dos participantes, considerou-se ser morador das comunidades selecionadas e maior de 18 anos, bem como a disponibilidade e interesse de participar da pesquisa.
O trabalho de campo ocorreu entre fevereiro de 2022 a fevereiro de 2023, utilizando os princípios epistemológicos de uma práxis de investigação que tem como pressupostos a combinação entre aprofundamento científico e dimensões pedagógicas da produção do conhecimento, no que se conhece como pesquisa-ação 17. As técnicas qualitativas operacionalizadas se associaram à realização de seis (6) oficinas de mapeamento participativo dos territórios, com envolvimento de 20 pessoas participantes em cada mapeamento, totalizando 120 pessoas. Buscou-se contemplar diversidade de gênero e de faixas etárias, com livre participação. Também foram realizadas, em alguns territórios, caminhadas transversais guiadas por participantes do mapeamento, a fim de conhecer melhor os elementos mapeados e realizar registro fotográfico. O mapeamento participativo se constituiu como estratégia de reflexão sobre o passado, presente e futuro das comunidades enquanto projeto de sociedade, apontando retrocessos, rupturas ou avanços em seus modos de vida e de reprodução social 18.
As oficinas aconteceram em local e data previamente acordadas entre os participantes, e os encontros tiveram duração média de um turno, sendo gravadas e posteriormente transcritas manualmente, além de fotografadas. Os encontros foram conduzidos a partir de duas questões orientadoras, que suscitaram a discussão no grupo: i- “Quais os danos provocados pelo agronegócio para a saúde?”, ii- “Quais os danos provocados pelo agronegócio para o ambiente?”. As perguntas foram formuladas com base no referencial da pesquisa e foram apresentadas como mediadoras do mapeamento participativo. A partir das discussões foi realizado um aprofundamento com base em cada realidade, com destaque para as repercussões no modo de vida dos povos. Quando necessário, foi utilizado mapa geográfico para localização dos territórios.

Figura 01: Mapeamentos Participativos desenvolvidos nos territórios do Cerrado (A- Goiás, B- Piauí, C- Bahia, D- Maranhão, E- Mato Grosso do Sul e F- Mato Grosso)

Fig. 1

Reconhecendo os processos da implicação dos pesquisadores com o trabalho de campo, foi utilizado diário de campo como fonte de informação para compor a análise 19.
O conjunto dos materiais produzidos foi analisado por meio do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) 20 adotando-se como referência a descrição proposta por Brito, Lauer-Leite e Novais 21, de modo a identificar as ideias centrais e a emergência dos discursos coletivos como representatividade social dos sujeitos de todos os territórios, os DSCs 20. A análise e descrição dos elementos gráficos gerados nas ilustrações presentes nos mapas foram agrupados na discussão dos DSC. Para facilitar a compreensão, os DCSs foram numerados nos quadros, de modo a organizar a apresentação dos dados e permitir sua referência ao longo do texto.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e está registrado na Plataforma Brasil. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, bem como de autorização e cessão de direitos de imagem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Danos ao ambiente: o veneno é a certeza na água, na planta e nos bichos

Os danos ambientais decorrentes das práticas do agronegócio nos territórios do Cerrado destacados nos discursos possibilitaram a identificação de ideias centrais que refletem sentidos associados à contaminação da água, do roçado e dos animais, bem como a perda da biodiversidade pelo uso intensivo dos agrotóxicos, uso da terra para monoculturas ou as queimadas (Quadro 1).
Quadro 01 - Discurso do Sujeito Coletivo relacionado aos danos ambientais

Quadro 1

Os discursos do quadro 01 articulam vulnerabilidades ambientais que condicionam um cenário de injustiças das populações dos territórios pesquisados, com capacidade de alterar seus modos de vida, sejam eles associados aos aspectos econômicos, alimentares, sociais, culturais e simbólicos 22.
Os DSC 1 e 2 (ambiente) evidenciam uma percepção das comunidades sobre a contaminação das águas que são utilizadas para consumo humano. Outros estudos confirmam essa realidade no Cerrado 23,24, inclusive nos territórios mapeados nesta pesquisa. Os resultados de pesquisa realizada no Cerrado 25 demonstram a presença de agentes químicos em águas superficiais e subterrâneas, incluindo água de poços, nascentes e rios. Ao total, foram encontrados agrotóxicos em todos os territórios investigados, com identificação de 13 ingredientes ativos (IAs), detectados isoladamente ou em misturas, muitos deles associados a desfechos graves e potencialmente irreversíveis, como o câncer.
O sistema de produção agroecológico das comunidades e povos tradicionais do Cerrado são impactados negativamente pelo uso dos agrotóxicos nas áreas de fronteiras com o agronegócio, como demonstrado pelos DSC 3, 4 e 5 (ambiente). Os resultados são a perda da qualidade da produção agrícola, além das características naturais do solo, plantas, e alimentos, gerando duas consequências: i- perda da produtividade, e ii- perda da qualidade nutricional do alimento. É estabelecido um quadro de insegurança alimentar gerado pela perda do domínio ambiental dos territórios tradicionais, que são atingidos por reflexos diretos ou indiretos do uso dos agrotóxicos, como pela deriva dos agrotóxicos pelo ar, água, solo, e pela invasão de suas terras por pragas adjacentes 26,27.
Como agravante deste cenário de insegurança alimentar, os discursos DSC 6, 7, 8 e 9 (ambiente) convergem para compreensões sobre a diminuição da biodiversidade do ecossistema do Cerrado, além da contaminação dos animais criados pelas comunidades.
Estudos apontam a redução de até 35% da biodiversidade ambiental do Cerrado 28 e , no mínimo, 41 espécies de mamíferos estão ameaçadas de extinção 29,30 como reflexo do modelo de produção do agronegócio operacionalizado sobretudo pelo uso intensivo de agrotóxicos, variedades transgênicas e monocultivos 31. Esse processo de modernização agrícola apresenta como elemento central o uso intensivo dos bens naturais, que segundo estudos apresentam variação regional com maiores degradações em parte do sul de Goiás e sudeste do Mato Grosso 32. Além da homogeneização ambiental, por impossibilitar a diversidade genética e inter-espécies da fauna e flora 33, o modelo agrícola hegemônico é tido como um dos principais indicadores do desaparecimento de abelhas 34.
Em diálogo com os resultados, destaca-se ainda que o contexto de insegurança alimentar está associado às perdas dos arranjos agrícolas tradicionais, em uma conjuntura de aumento da área plantada e maior concentração de terras em grupos agropecuários 35. Pesquisas apontam que o Brasil tem vivido recordes na produção de grãos, associado ao aumento da área cultivada, o uso de agrotóxicos e da expansão das monoculturas para novas áreas 36. Enquanto isso, os territórios sofrem diversos impactos na produção dos seus alimentos, como evidenciado no DSC 5 (ambiente) sobre a diminuição dos roçados produtivos. Destaca-se ainda, que no contexto rural, na pandemia da Covid-19, cerca de 60% dos domicílios apresentavam insegurança alimentar, sendo a fome uma realidade para 18,6% destes 37. O que coloca em risco a produção e acesso à “comida de verdade” pelos povos cerradeiros, assim como a sua diversidade cultural e formas de praticar a agricultura 38.
No DSC 10 (ambiente) emergiu a expressão de temporalidade “depois que eles chegaram”, para sinalizar o princípio de impactos ambientais produzidos pelo agronegócio no ambiente, com capacidade de alterar seus modos de vida, organização social e extermínio da biodiversidade 39. Esses discursos podem ser observados também por outras linguagens, como nas representações gráficas produzidas no mapeamento participativo relacionados aos danos ao ambiente, expressos na Figura 02 - A e B, com destaque para a fotografia B, que traz símbolos que representam os danos do agronegócio ao meio ambiente, como a contaminação das águas, ameaça a fauna e flora, a presença de pragas nos roçados, desmatamento e queimadas, inclusive também há referência a pulverização aérea, as “chuvas” de agrotóxicos 40.
A devastação ambiental produzida pelo agronegócio no Cerrado vem sendo discutida e configurada como um ecocídio em curso 4,5, no qual o ambiente, a saúde e os modos de vida são constantemente ameaçados, com danos, inclusive, permanentes, o que se relaciona com os resultados da pesquisa. Esse contexto é viabilizado por uma conjuntura política conservadora e ultraliberal, operacionalizado pela cooptação política do legislativo brasileiro, por meio da bancada ruralista 41.
Preservar o Cerrado, além de ser um componente chave para garantia da existência também de outros biomas, é uma oportunidade de aprender com os povos que ali habitam caminhos para experienciar a inseparabilidade entre saúde do ambiente e das pessoas, permitindo a manutenção da vida no seu contexto mais ampliado, e em escala global 42.

Figura 02: Danos ao ambiente (A e B) e a saúde (C e D) representados nos mapeamentos participativos

Fig. 2

Danos à saúde: o veneno entra no mantimento e entra no bicho, imagine na gente

A sistematização do DSC apresentada no quadro 02 tomou como elementos do discurso uma alteração evidente do padrão epidemiológico e sanitário dos territórios do Cerrado brasileiro, ocasionados pelo agronegócio e as exposições constantes aos agrotóxicos.

Quadro 2

O DSC do quadro 02 aponta um contexto de adoecimento pelo uso intensivo de agrotóxicos. Relatos de intoxicações agudas, com aparecimento de dores de cabeça, diarreia, tonturas e problemas dermatológicos, e crônicos como o desenvolvimento de cânceres têm sido frequentes em regiões de monocultura 43-45. Soma-se ainda a perda material e imaterial, sofrimento mental e diversas outras formas de ameaças à saúde, como expressam as representações aos danos à saúde contidas na Figura 02 - C e D, com destaque para o alerta quanto à letalidade do agronegócio, expressa em palavras “agro é morte”, na fotografia D. Destaca-se ainda nas imagens a descrição dos sintomas associados aos agrotóxicos e a frase “tristeza por ver sonhos destruídos”. Importante frisar também que grupos específicos podem ser mais vulneráveis, sobretudo, gestantes, crianças e idosos, como apontado na literatura 9.
Os resultados da pesquisa dialogam com os múltiplos desafios que se conformam para a rede de atenção à saúde na determinação epidemiológica e sanitária dos territórios do Cerrado. O primeiro, os problemas estruturais que Atenção Primária à Saúde no contexto das populações do campo, floresta e águas tem enfrentado, seja por barreiras geográficas, financeiras, culturais, organizacionais ou de informação, já extensamente relatados na literatura 46,47; o segundo, a pouca formação dos profissionais da saúde para trabalharem com as populações expostas aos agrotóxicos, implicando em prejuízos no cuidado e na prevenção de doenças e outros desfechos em saúde, e em uma reduzida capacidade de promoção da saúde 9; e terceiro, na dificuldade na identificação e notificação de casos, e precariedade no desenvolvimento de ações de vigilância nos casos de exposição a contaminantes ambientais 48.
No Estado ultraliberal de demarcada retração de direitos sociais, o modelo de desenvolvimento econômico implica em problemáticas que recaem particularmente sobre populações vulnerabilizadas, reforçando as assimetrias de poder existentes e as hierarquizações raciais e sociais que perduram no Brasil. As lutas por justiça ambiental no país têm sido motivadas por inúmeras violações que se iniciam das transformações danosas nos territórios até os corpos e modos de vida das populações tradicionais 7,49. Como apontam Santos et al. (2016) 50 e Mbembe (2018) 51 existe um perfil de raça, cor, classe, gênero e epistemologias, que determina quem deve viver ou morrer.
Esse processo coexiste com a luta ancestral por terra e território das comunidades tradicionais de geraizeiras, fundo e fecho de pasto, indígenas, quebradeiras de coco-babaçu, apanhadoras de flores sempre-vivas, retireiros do Araguaia, quilombolas, raizeiras, pescadoras e pescadores artesanais e outras comunidades e povos tradicionais, bem como, os diferentes povos indígenas do Cerrado. A unidade e a articulação entre povos e territórios, movimentos sociais e entidades de pesquisa se tornam imprescindíveis para a organização política em defesa do Cerrado vivo, pela proteção do seu ambiente, das suas vidas e a garantia dos seus direitos sociais e da saúde, compreendida em um conceito ampliado, onde “saúde é a capacidade de lutar contra tudo aquilo que nos oprime” 52, que dialoga com a concepção de saúde intimamente ligada ao modo de vida, território e ambiente, destacado pelas populações participantes.

Elementos protetores da saúde e do ambiente: agroecologia e organização política como práticas de luta

Para além dos danos e ameaças discutidas anteriormente, emergiram elementos comunitários, territoriais e simbólicos que promovem proteção à saúde e ao ambiente dos sujeitos da pesquisa, por permitirem a manutenção de saberes e práticas, com defesa da vida e das coletividades, compreendido como “processos protetivos”, em contraponto aos “processos destrutivos” proposto por Jaime Breilh53. No entanto, ressalta-se que o aprofundamento da análise com foco na epidemiologia crítica 54 não foi objetivo da pesquisa. O quadro 03 sintetiza o DSC em torno de ideias centrais que apontam a agroecologia e a organização política como elementos importantes de proteção.

Quadro 03 - Discurso do Sujeito Coletivo relacionado aos elementos protetores da saúde e do ambiente.

Quadro 3

Os povos do Cerrado incidem sobre o espaço vivido e territorializado a partir de uma relação diversa com o ambiente e em formas específicas de proteger a natureza e a saúde 55 . A exemplo, citam-se as práticas milenares das chamadas farmácias vivas (hortelã, boldo, babosa, capim cidreira); ou pela produção de alimentos sem veneno, assim como todos saberes e fazeres agroecológicos, como observado nos DSC 1 a 3 (proteção).
O mapeamento participativo possibilitou observar como a agroecologia se constitui como um arranjo de resistência para esses territórios, envolvendo um conjunto de princípios e práticas que orientam formas de habitar, conviver, produzir, comercializar e consumir 56. Assim, importa neste processo tudo o que vive na terra, nos territórios e que ganha sentido a partir das muitas formas de se relacionar socialmente, de fazer agricultura e cultivar alimentos - os animais, as plantas, as pessoas e a água que faz seu curso 39.
A organização política também surge como ferramenta de proteção dos territórios - DSC 4 e 5 (proteção). O desejo e o direito de permanecer naquela terra e no seu território é colocado tanto como motivação para a organização, quanto como necessidade e a única alternativa para sobreviver frente às tentativas do agronegócio de constranger, silenciar e extinguir os modos de vida e existência dos povos do Cerrado.
Os discursos 4 e 5 (proteção) abordam uma vigilância permanente em torno da organização e mobilização social. Políticas de Estado foram implementadas no Brasil como resultado das lutas coletivas na disputa pela garantia do reconhecimento e sobrevivência dos povos e comunidades tradicionais do campo, florestas e águas. Nesse sentido, os povos e comunidades tradicionais, ao encararem os diversos conflitos que colocam em risco a sua própria existência, contribuem para a construção de perspectiva de futuro, apontando caminhos para reconstruir mundos, num processo de mobilização que deve estar vinculado não só às lutas locais, mas também à esfera global 57.
A alteração de forças políticas no Governo Federal representada pelo impeachment de Dilma Rousseff e posterior eleição de um governo conservador de ultradireita (2016-2022) foi pautada em uma profunda diluição das políticas públicas sociais e das esferas de participação social 58,59. Destaca-se o aprofundamento da necropolítica, que se materializou em fortes investidas do agronegócio no Cerrado e na Amazônia, tendo apoio do Estado na flexibilização de leis ambientais, facilitando o desmatamento e a intensificação do uso de agrotóxicos, bem como promovendo a expansão da fronteira agrícola 59, particularmente na região do MATOPIBA, (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Territórios de vida de comunidades cerradeiras que se tornaram alvos de agentes financeiros e da especulação de terras 60. Assim como o que representa a tentativa de criação da nova fronteira de desenvolvimento no país, a AMACRO (acrônimo de Amazonas, Acre e Rondônia), com vistas ao espólio desses territórios 61.
Apesar de diversos retrocessos, a luta contra os impactos dos agrotóxicos, contra o modo de produção do grande agro-hidro-mineronegócio e em defesa da vida é protagonizada historicamente pelos povos e pelos territórios; assim como por diversos atores coletivos - movimentos sociais, esferas de controle social, pesquisadores e organizações não governamentais em defesa do Cerrado 25. Nesse sentido, todos os discursos do quadro 03 convergem para a proteção da saúde e do ambiente, associada à emancipação dos sujeitos que só poderá ser produzida a partir de uma disruptura do pensamento dominante que potencializa a individualidade em detrimento da coletividade; e que projeta a desumanização e destruição daqueles que contrapõem o agronegócio 59.
Segundo Krenak (2022, p.64) 62 “se a gente conseguir fazer com que continue existindo florestas no mundo, vão existir comunidades dentro delas”. Para que os rios, matas e diferentes biomas permaneçam existindo, é preciso de povos vivos, que possam cotidianamente experienciar seus direitos e territórios. É na continuidade entre Cerrado e povos do Cerrado que reside a construção de futuros possíveis, imersos, ao mesmo tempo, em conhecimentos ancestrais tecidos ao longo de gerações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mapeamento participativo do Cerrado evidenciou, múltiplos e intensos danos territoriais, injustiças socioambientais e danos à saúde decorrentes do uso de agrotóxicos no Cerrado. No ambiente, o DSC aponta a contaminação e a poluição da água, dos alimentos e dos animais, a redução da biodiversidade e diminuição da soberania e segurança alimentar como elementos centrais, associados ao uso de agrotóxicos pelo agronegócio. Na saúde, o DSC destaca o adoecimento, o sofrimento mental, perdas simbólicas, assim como outras ameaças à qualidade de vida, decorrentes do uso intensivo de agrotóxicos.
Nos discursos também emergiram elementos protetores do ambiente e da saúde, como as práticas agroecológicas, farmácias vivas e produção de alimentos sem veneno, a partir de um conjunto de saberes e fazeres em torno do senso de coletividade, ecologia e justiça social. Apontou-se também a necessidade de organização política para emancipação dos povos e defesa de seus territórios e de seus modos de vida.

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Melo, LC, Almeida, F.S, Santos, R.C., Machado, RM, Lopes, HR, Gurgel, IGD, Gurgel, AM. Participatory mapping of health and environmental damages in territories threatened by agribusiness in the Cerrado. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/Aug). [Citado em 05/12/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/en/articles/participatory-mapping-of-health-and-environmental-damages-in-territories-threatened-by-agribusiness-in-the-cerrado/19784?id=19784



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