0291/2025 - Prevalence of antigens and antibodies against SARS-CoV-2 in people deprived of liberty
Prevalência de antígenos e anticorpos contra SARS-CoV-2 em pessoas privadas de liberdade
Author:
• Liana Osório Fernandes - Fernandes, LO - <lianaosorio25@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5214-4733
Co-author(s):
• José Claudio Garcia Lira Neto - Neto, JCGL - <jclira@live.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2777-1406
• Marcela Helena Gambim Fonseca - Fonseca, MHG - <marcela.gambim@fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3710-4060
• Jardeliny Corrêa da Penha - Penha, JC - <jardelinypenha@yahoo.com.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5956-9072
• Alberto Pereira Madeiro - Madeiro, AP - <madeiro@uol.com.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5258-5982
• Malvina Thais Pacheco Rodrigues - Rodrigues, MTP - <malvina@ufpi.edu.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5501-0669
• Ariel de Sousa Melo - Melo, AS - <ariel.melo26@gmail>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5846-3719
• Márcio Dênis Medeiros Mascarenhas - Mascarenhas, MDM - <mdm.mascarenhas@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5064-2763
Abstract:
Aiming to estimate the prevalence of anti-SARS-CoV-2 antigens and antibodies among incarcerated individuals, an institution-based serological survey was conducted in seven prison units across four municipalities in the state of Piauí, Brazil, from April to October 2022. A probabilistic cluster sampling method was adopted. Interviews, rapid tests, and serological assays were performed to detect anti-SARS-CoV-2 antigens and antibodies. Prevalence rates, statistical associations using the chi-square test, and prevalence ratios through Poisson regression were calculated. Among the 848 participants, antigen prevalence was 1.1%. The prevalence of anti-SARS-CoV-2 antibodies ranged from 6.5% (IgM-S) to 98.9% (IgG-S). No significant differences were observed in antigen prevalence. The prevalence of IgG-N and IgG-S antibodies was higher among inmates in Teresina (PR=1.41; 95% CI: 1.08–1.46; PR=1.03; 95% CI: 1.01–1.05). Receiving at least two doses of a COVID-19 vaccine increased antibody seropositivity (IgM-S PR=2.08; 95% CI: 1.01–4.29; IgG-N PR=1.26; 95% CI: 1.08–1.46; IgG-S PR=1.02; 95% CI: 1.01–1.04). These findings reinforce the positive impact of vaccination and other control measures implemented in the incarcerated population during the COVID-19 pandemic.Keywords:
COVID-19. SARS-CoV-2. Prisoners. Epidemiological Surveys. Prevalence.Content:
Prevalence of antigens and antibodies against SARS-CoV-2 in people deprived of liberty
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Prevalência de antígenos e anticorpos contra SARS-CoV-2 em pessoas privadas de liberdade
Abstract(resumo):
Com o objetivo de estimar a prevalência de antígenos e anticorpos anti-SARS-CoV-2 em pessoas privadas de liberdade, realizou-se inquérito sorológico de base institucional em sete unidades prisionais de quatro municípios do estado do Piauí, em abril-outubro/2022. Adotou-se amostragem probabilística por conglomerado. Realizaram-se entrevistas, testes rápidos e exames sorológicos para detecção de antígenos e anticorpos anti-SARS-CoV-2. Calcularam-se prevalências, associações estatísticas por teste qui-quadrado e razões de prevalência por meio de regressão de Poisson. Dentre os 848 participantes, a prevalência de antígenos foi de 1,1%. A prevalência de anticorpos anti-SARS-CoV-2 variou de 6,5% (IgM-S) a 98,9% (IgG-S). Não foram identificadas diferenças da prevalência de antígenos. A prevalência de anticorpos IgG-N e IgG-S foi maior entre os detentos de Teresina (RP=1,41; IC95%: 1,08-1,46; RP=1,03; IC95%: 1,01-1,05). Ter recebido ao menos duas doses de vacina contra COVID-19 aumentou a soropositividade de anticorpos (IgM-S RP=2,08; IC95%: 1,01-4,29; IgG-N RP=1,26: IC95%: 1,08-1,46; IgG-S RP=1,02; IC95%: 1,01-1,04). Esses dados reforçam o impacto positivo da vacinação e outras medidas de controle adotadas na população encarcerada durante a pandemia de COVID-19.Keywords(palavra-chave):
COVID-19. SARS-CoV-2. Prisioneiros. Inquéritos Epidemiológicos. Prevalência.Content(conteúdo):
IntroduçãoA pandemia causada pela rápida disseminação do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave do Coronavírus 2 (SARS-CoV-2) impôs à população mudanças drásticas no cotidiano, como a restrição do contato social, a necessidade de isolamento, e a adoção de novas práticas diárias, como o uso de máscaras faciais, álcool em gel e a higienização constante das mãos¹.
Os desafios de controle se tornaram mais agravantes em relação às pessoas privadas de liberdade (PPL), considerando as condições e vulnerabilidades específicas observada nas unidades prisionais (UP), que se tornaram um dos principais focos de preocupação durante a pandemia da COVID-19. Estima-se que a taxa de transmissão do vírus SARS-CoV-2 nesse ambiente pode ser significativamente maior do que na população geral. Enquanto uma pessoa infectada fora das prisões transmite o vírus para uma ou duas pessoas, um detento pode potencialmente infectar até 10 pessoas, incluindo outros detentos, agentes penitenciários, prestadores de serviço e visitantes, representando um risco considerável, não só para a propagação dentro das UP, mas também para a comunidade externa²-3.
Para ilustrar como o ambiente das UP é propício à disseminação do SARS-CoV-2, no Brasil, em junho de 2020, foram registrados 4.256 casos de COVID-19 entre as PPL e servidores, com 58 óbitos. Isso representou um aumento de 24,1% em relação aos meses anteriores, em um intervalo de apenas 30 dias4.
Nesse contexto, medidas foram implementadas para conter a disseminação e circulação do SARS-CoV-2 nas UP. A maioria dos países adotou a suspensão de atividades em grupo, visitas e transferências, além de reduzir o número de detentos, limitar novas admissões, adotar medidas alternativas para o cumprimento da pena e realizar testagens em massa de forma oportuna5.
Nos Estados Unidos, a testagem em massa em instituições carcerárias mostrou que a prevalência de SARS-CoV-2 alcançou níveis de positividade de 86,8%. Essa estratégia permitiu a identificação de novos casos, ajudando a prevenir a disseminação do vírus e fornecendo uma avaliação mais precisa da prevalência da COVID-19. Como resultado, os dados de casos confirmados aumentaram de 642 para 8.239, representando um crescimento de 1,5 a 157 vezes em cada instalação6.
A detecção precoce de casos e o monitoramento da soroprevalência são fundamentais para implementar medidas de controle eficazes, protegendo tanto a população carcerária quanto a comunidade. Considerando esse contexto, esse estudo tem o objetivo de estimar a prevalência de antígenos e anticorpos anti-SARS-CoV-2 em pessoas privadas de liberdade no estado do Piauí.
Os resultados da pesquisa poderão melhorar a assistência à saúde no Piauí, informar estratégias de prevenção, aprimorar políticas de saúde, reduzir a transmissão do vírus, fortalecer a infraestrutura das equipes de saúde nas prisões e preparar as autoridades para futuras pandemias, promovendo a equidade e o fortalecimento do direito à saúde das PPL.
Material e métodos
Estudo transversal analítico, do tipo inquérito sorológico de base institucional, baseado no protocolo da OMS7 para investigar a soroprevalência do SARS-CoV-2 e mapear a exposição ao vírus em PPL.
O estado do Piauí conta com 14 UP, as quais abrigam cerca de 4.297 PPL. Foram incluídas no estudo sete UP, escolhidas pela Secretaria de Justiça do Piauí (SEJUS-PI), por representarem cerca de 80% da população carcerária do estado, localizadas estrategicamente em quatro municípios de diferentes regiões: uma UP em Parnaíba, ao Norte; quatro UP na área metropolitana, incluíndo as cidades de Teresina (três UP) e Altos (uma UP), situadas na região Central; e duas UP na cidade de Picos, no Sul. Entre as instituições selecionadas, três possuem Equipes de Atenção Primária Prisional (EAPP), estabelecidas de acordo com os critérios da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das PPL no Sistema Prisional (PNAISP).
A população do estudo foi constituída pelas PPL de ambos os sexos, presentes nas sete UP no dia da coleta de dados, entre os meses de abril a outubro de 2022.
O tamanho da amostra foi calculado na plataforma OpenEpi®, versão 3.01 (SULLIVAN et al., 2022), por meio da equação: n = [EDFF * Np(1-p)] / [(d2 / Z2 1-?/2 * (N-1) + p * (1-p)], sendo N = tamanho da população privada de liberdade das UP selecionadas (N=3.498); p = prevalência esperada de 50%; EDFF = efeito de desenho por conglomerado igual a 2,0; d = erro tolerável de 5%; e Z = escore padrão de distribuição normal de 1,96 (delimita 95% do nível de confiança). O número mínimo de pessoas privadas de liberdade foi de 693, acrescido de 20% para compensar eventuais recusas e ausências devido às constantes transferências que ocorrem na dinâmica das UP. Assim, o tamanho final da amostra foi de 832 pessoas privadas de liberdade.
Adotou-se amostragem probabilística por conglomerado com estágio de seleção único, sendo a cela considerada a unidade primária de amostragem (UPA). Nas UP com mais de 30 internos, foram sorteadas celas por meio de amostragem com probabilidade proporcional ao tamanho (PPT).
Para determinar o número de celas a serem sorteadas, calculou-se a média de internos por cela, considerando a razão entre o número total de internos e o número de celas. Dividindo-se o tamanho da amostra de cada UP com mais de 30 internos (n=808) pela média de internos por cela, determinou-se o número de celas em que deveriam ser realizadas as entrevistas (n=113). Nas duas UP com menos de 30 internos, não houve sorteio de celas, sendo incluídas na pesquisa todos os internos presentes no dia da entrevista em duas instituições femininas situadas em Parnaíba e Picos.
As entrevistas foram realizadas mediante aplicação de formulário eletrônico com perguntas padronizadas e estruturadas, com variáveis adaptadas de instrumentos utilizados em outros inquéritos realizados no Brasil sobre COVID-19 1-2-8-9-10.
O dispositivo utilizado para a coleta de dados foi um tablet que operava com o aplicativo EpiCollect, uma plataforma desenvolvida para a coleta, armazenamento e disseminação de dados11. Enquanto dentro das UP, os tablets funcionavam em modo offline. Ao término do dia de coleta, os dispositivos eram conectados à Internet fora das unidades para transferir os dados das entrevistas realizadas naquela data.
As variáveis dependentes foram referentes ao resultado positivo de exames para detecção de antígeno e anticorpos anti-SARS-CoV-2:
a) teste rápido de antígeno (não, sim);
b) sorologia para imunoglobulina G anti-nucleocapsídeo – IgG-N (não, sim);
c) sorologia para imunoglobulina G anti-spike – IgG-S (não, sim);
d) sorologia para imunoglobulina M anti-spike – IgM-S (não; sim).
As variáveis independentes foram:
a) Localização do presídio (Altos, Parnaíba, Picos, Teresina);
b) Sexo (feminino, masculino);
c) Faixa etária (18-24, 25-34, 35-73 anos);
d) Cor da pele (branca, negra [preta+parda], outras [amarela+indígena]);
e) Escolaridade (até fundamental completo, ensino médio ou mais);
f) Água e sabão na cela (não, sim);
g) Comorbidades referidas (nenhuma, uma ou mais);
h) Sintomas relacionados à COVID-19 (nenhum, um ou mais);
i) Diagnóstico prévio de COVID-19 autorrelatado (não, sim);
j) Vacina contra COVID-19 (?2 doses) (não, sim).
Antes do início da coleta de dados, solicitou-se a cada UP uma lista nominal atualizada das PPL, organizada por pavilhão e cela. Essa lista foi utilizada para sortear as celas e localizar os participantes que fariam parte da amostra do estudo, por meio da geração de código para cada participante e previsão do quantitativo de material utilizado diariamente.
Foram coletadas amostras de secreção nasofaríngea via swab (cotonete) nasal para teste rápido de antígeno para SARS-CoV-2, utilizando-se o kit do Teste Rápido COVID Ag, do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), destinado à detecção qualitativa de antígenos virais do SARS-CoV-2 em pacientes com suspeita de COVID-19 ou que tiveram contato com pessoas infectadas (https://www.ibmp.org.br/).
Também foram coletadas amostras de 5mL de sangue venoso por um dos profissionais de enfermagem integrantes da equipe de coleta em consonância com as normas de biossegurança. Ao final do turno de coleta, as amostras de sangue eram acondicionadas em caixas térmicas e transferidas ao laboratório, onde permaneciam em temperatura ambiente por, no máximo, 4 horas antes de serem centrifugadas a 500g por 10 minutos para remoção do soro. As amostras de soro foram aliquotadas e congeladas a -20ºC no Laboratório de Parasitologia e Entomologia Sanitária (LAPES/UFPI). A seguir, as amostras foram transferidas para o Laboratório de Sorologia da Unidade de Diagnósticos da Fiocruz-Ceará (UNADIG/FIOCRUZ-CE), onde foram realizados todos os exames de sorologia.
As amostras de soro foram utilizadas para detectar a presença de anticorpos IgM para a proteína spike (S) e IgG para a proteína S e nucleocapsídeo (N) do SARS-CoV-2, por meio de sorologia a partir do método de imunoensaio por quimioluminescência (CLIA). A presença dos anticorpos foi verificada usando o equipamento Abbott Architect i2000SR (Abbott®) (https://www.abbott.com).
Para compensar as diferenças entre as probabilidades de sorteio da amostra, foram introduzidos pesos de delineamento na etapa de análise de dados, expressos pelo inverso das frações de amostragem (F=1/f). O peso de delineamento pode ser compreendido como o número de internos das UP representados para cada interno entrevistado.
Os dados foram analisados no programa Stata, versão 16.1, utilizando-se o módulo survey e respeitando-se o plano amostral complexo e a ponderação da amostra. Foram calculadas prevalências, razões de prevalência (RP) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) para diferentes desfechos segundo variáveis independentes, por meio da regressão de Poisson com variância robusta. Para verificar a associação entre as variáveis independentes e os desfechos de interesse, utilizou-se o teste do qui-quadrado de Pearson, ao nível de significância de 5%.
O projeto foi autorizado pela SEJUS-PI e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, conforme parecer nº. 4.578.002, de 08.03.2021. Foram respeitadas as diretrizes éticas para pesquisas envolvendo seres humanos, conforme resolução 466/2012. Todos os participantes foram informados sobre os objetivos do estudo, riscos e vantagens. As PPL que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados
Foram avaliadas 848 pessoas privadas de liberdade. A maioria dos entrevistados era do sexo masculino (95,5%), com 25 a 34 anos de idade (40,0%), cor de pele negra (84,6%), escolaridade até ensino fundamental completo (70,9%) e acesso a água e sabão na cela (98,0%). Cerca de um terço da amostra referiu algum tipo de comorbidade ou condição crônica (33,7%). A referência a sintomas relacionadas à COVID-19 foi registrada por 71,5% dos detentos. Um a cada cinco detentos referiu diagnóstico prévio de COVID-19 (22,2%) e 67,0% referiram ter recebido duas ou mais doses de vacina contra COVID-19. Todos os detentos realizaram teste rápido de antígeno, sendo verificada infecção atual para apenas 1,1% deles, sem diferença estatística segundo as variáveis exploradas nesta análise (Tabela 1).
Tabela 1 - Prevalência de antígeno de SARS-CoV-2 em pessoas privadas de liberdade segundo variáveis sociodemográficas e clínicas. Piauí, 2022.
A prevalência de anticorpos IgG-N anti-SARS-CoV-2 nas PPL foi de 55,4%. Houve associação estatisticamente significativa em relação às seguintes variáveis: UP de Teresina (64,7%; RP=1,41; IC95%: 1,19-1,65; p<0,001) e ter recebido duas ou mais doses da vacina contra a COVID-19 (59,3%; RP=1,26; IC95%=1,08-1,49; p<0,05) (Tabela 2).
Tabela 2 - Prevalência de anticorpos IgG N contra SARS-CoV-2 em pessoas privadas de liberdade segundo variáveis sociodemográficas e clínicas. Piauí, 2022.
A prevalência de anticorpos IgG-S anti-SARS-CoV-2 nas PPL foi de 98,9%, sendo significativamente superior entre detentos das UP localizadas em Teresina (100%; RP=1,03; IC95%: 1,01-1,05; p=0,005), com diagnóstico prévio de COVID-19 (100%; RP=1,01; IC95%: 1,01-1,02; p=0,002) e entre os que relataram terem recebido duas doses ou mais da vacina contra a COVID-19 (99,6%; RP=1,02; IC95%:1,01-1,04; p=0,027). A prevalência de anticorpos IgG-S anti-SARS-CoV-2 foi significativamente inferior em detentos do sexo masculino (98,8%; RP=0,99; IC95%: 0,98-0,99; p<0,002) e entre os que dispunham de água e sabão em suas celas (98,9%; RP=0,99; IC95%: 0,98-0,99; p=0,002) (Tabela 3).
Tabela 3 - Prevalência de anticorpos IgG-S anti-SARS-CoV-2 em pessoas privadas de liberdade segundo variáveis sociodemográficas e clínicas. Piauí, 2022.
A prevalência de anticorpos IgM-S anti-SARS-CoV-2 foi de 6,5%, sendo significativamente menor entre os detentos que dispunham de água e sabão em suas celas (6,1%; RP=0,23; IC95%: 0,08-0,71; p=0,011) e duas vezes maior entre os que relataram ter recebido duas ou mais doses da vacina contra COVID-19 (7,8%; RP=2,08; IC95%: 1,01-4,29; p=0,049) (Tabela 4).
Tabela 4 - Prevalência de anticorpos IgM-S anti-SARS-CoV-2 em pessoas privadas de liberdade segundo variáveis sociodemográficas e clínicas. Piauí, 2022.
A Tabela 5 apresenta as vacinas administradas na população do estudo. As vacinas Janssen, AstraZeneca e Pfizer atuam diretamente na proteína spike (S), enquanto a CoronaVac tem como alvo a proteína do nucleocapsídeo (N).
Tabela 5. Vacinas disponibilizadas nas Unidades Prisionais no estado do Piauí, 2021-2023.
Discussão
Esse inquérito sorológico investigou a prevalência de antígenos e anticorpos anti-SARS-CoV-2 em pessoas privadas de liberdade no Piauí. Por meio da realização dos testes rápidos de antígeno (Ag-TDRs) obteve-se positividade de 1,1% de antígenos contra SARS-CoV-2, enquanto os exames sorológicos demostraram positividade de 55,4% para IgG-N, 98,9% para IgG-S e 6,5% para IgM-S, evidenciando baixa prevalência da infecção ativa pelo SARS-CoV-2 e considerável imunidade induzida pelos imunobiológicos ou por infecções anteriores. Os resultados forneceram um panorama sobre o comportamento do vírus dentro do ambiente prisional.
A pesquisa utilizou uma das estratégias indicadas ao combate da COVID-19 dentro das UP, a testagem em massa nas PPL. Foram realizados dois tipos de exames: o teste de detecção rápida de antígeno (Ag-TDRs) e testes sorológicos que analisaram as proteínas S e N, escolhidos para análise por sua capacidade sorodiagnóstica e pela aptidão de levantar estatísticas a respostas imunológicas à vacina da COVID-19.
Os resultados revelaram alta prevalência de anticorpos IgG-S, sugerindo imunidade adquirida por vacinação ou infecções prévias. Em contraste, a baixa detecção de antígenos (1,1%) indica baixa circulação ativa do vírus entre os participantes. Testes rápidos de antígeno demonstraram limitações em populações assintomáticas, sendo mais eficazes em indivíduos sintomáticos. Além disso, oferecem resultados em minutos, ajudando a interromper precocemente a cadeia de transmissão em pacientes com SARS-CoV-2 12.
Estudos realizados pela Universidade de Wisconsin utilizando testes rápidos de antígeno para COVID-19 em indivíduos assintomáticos evidenciaram sensibilidade de apenas 40% no grupo estudado, demonstrando uma ineficácia na detecção precisa do vírus, resultando em alta taxa de falsos negativos. Além disso, 67% dos resultados positivos em assintomáticos eram falsos, comprometendo a confiabilidade do diagnóstico e subestimando a real prevalência da doença13.
O exame Ag-TDR é realizado em kits práticos utilizando um swab que identifica partículas virais na amostra coletada. O resultado é disponibilizado em média de 15 a 60 minutos, não possuindo precisão tão fidedigna por não terem sensibilidade e especificidade de 100%. Assim, um único teste negativo não deve ser utilizado como critério para exclusão do diagnóstico da COVID-19 e sempre deve ser associado a outros exames mais específicos quando se tem sintomatologia suspeita 14-15.
Os Ag-TDRs são mais eficazes quando utilizados na fase aguda da doença, pois, nesse estágio, os pacientes apresentam maior replicação viral e sintomas. Embora não sejam indicados para uso em indivíduos assintomáticos, podem ser aplicados em contatos de casos positivos, especialmente em populações que vivem em aglomerações, como as PPL. O período ideal para sua realização é entre 5 e 7 dias após o início dos primeiros sintomas15.
Os Ag-TDRs utilizam o método de imunodetecção de fluxo lateral, capaz de identificar nas secreções das vias respiratórias as proteínas do SARS-CoV-2 principalmente a nucleocapsídeo viral. Sua sensibilidade é de 94% e sua especificidade chega a 97% 16.
Em Utrecht, na Holanda, e em Aruba, nos centros comunitários de testes para COVID-19, foi avaliado o desempenho dos testes rápidos de antígenos em 1.369 indivíduos. Desses, 101 apresentaram resultado positivo no teste rápido de antígeno, com uma alta carga viral. Observou-se a presença de resultados falso-negativos em indivíduos com baixa carga viral, reforçando a eficácia e confiabilidade desses testes quando realizados em pessoas com alta carga viral, quando os sintomas estão presentes17.
Nesta pesquisa com PPL do Piauí, a detecção de anticorpos por exames sorológicos revelou valores de 55,4% para IgG-N, 98,9% para IgG-S e 6,5% para IgM-S. Como as proteínas S e N foram utilizadas na produção de algumas vacinas administradas na população do estudo, presume-se que a positividade represente resposta imunológica induzida pela vacina. Por outro lado, a positividade de anticorpos contra a proteína N sugere resposta imunológica à infecção pregressa por SARS-CoV-2, ou seja, COVID-19 prévia.
A análise de anticorpos é uma estratégia eficaz para compreender e combater uma doença, pois permite identificar pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2. Embora os resultados levem mais tempo para serem disponibilizados, esse método detecta a presença da IgM, que é produzida nos estágios iniciais da infecção, sendo um marcador amplamente utilizado para identificar infecções precoces ou agudas. A IgG, por sua vez, indica infecção passada, com ou sem sintomas, além de permitir a identificação de respostas imunológicas de médio e longo prazo, sejam elas naturais ou induzidas por vacinas18-19.
As imunoglobulinas IgG e IgM são detectadas nos exames sorológicos em momentos diferentes: a IgM geralmente aparece cerca de 10 dias após o início dos sintomas, enquanto a IgG costuma ser identificada após 15 dias. A IgG permanece no organismo por um período mais prolongado em comparação à IgM, refletindo a resposta imunológica do corpo ao agente infeccioso 20.
A resposta imunológica à COVID-19 resulta na produção de anticorpos que previnem uma reinfecção pelo SARS-CoV-2 em um curto intervalo de tempo após a doença. O vírus possui duas proteínas estruturais (spike-S e nucleocapsídeo-N) que atuam diretamente na resposta imunológica. Os anticorpos específicos se ligam à proteína S, ao domínio de ligação ao receptor (RBD) ou S1, bloqueando a interação do vírus com o receptor de enzima conversora de angiotensina (ACE2) da célula hospedeira, impedindo a sua entrada na célula. Além disso, os anticorpos contra a proteína N interferem na replicação do vírus, dificultando a formação de novas partículas virais dentro da célula 21.
Os testes para detectar os anticorpos IgG-S e N são usados para verificar se uma pessoa foi exposta ao vírus ou desenvolveu uma resposta imunológica após a vacinação. Esses anticorpos geralmente surgem semanas após a infecção ou imunização e podem permanecer no organismo por meses ou até anos22-23.
A proteína N contém focos antigênicos responsáveis por estimular a produção e multiplicação de anticorpos como parte da resposta imunológica natural após a infecção. Por outro lado, a glicoproteína S é responsável por se ligar à membrana celular, facilitando a entrada do vírus na célula hospedeira e iniciando o processo infeccioso 24.
Devido a esse papel fundamental no contato do vírus com a célula hospedeira essas proteínas tornaram-se alvos na produção de várias vacinas, principalmente a proteína S. As vacinas da Pfizer-BioNTech têm como principal alvo a proteína S, utilizando RNA mensageiro para codificar a proteína S, AstraZeneca e Janssen se baseiam em vetores virais não replicantes que também utilizam a proteína S. A CoronaVac, por ser uma vacina de vírus inativado, oferece uma resposta imune mais ampla, envolvendo tanto a proteína S quanto a N 25.
A maioria das vacinas aplicadas nas UP do estudo induziu a produção de anticorpos neutralizantes voltados para a proteína S, prevenindo a infecção ao bloquear a entrada do vírus nas células, justificando uma maior proporção da presença de anticorpos IgG-S em relação aos anticorpos IgG-N.
Os testes sorológicos para COVID-19 analisam essas proteínas virais e detectam a presença de anticorpos no sangue, plasma ou soro, o que pode indicar infecções passadas ou atuais, bem como a eficácia da resposta imunológica à vacinação. A sensibilidade dos testes pode variar conforme a evolução da doença, sendo menor nas fases iniciais, já que sua eficácia depende da quantidade de anticorpos produzidos, a qual varia conforme a manifestação dos sintomas26.
A proteína S pode indicar tanto uma resposta à vacinação quanto uma resposta imunológica que persiste por períodos prolongados nos indivíduos após a infecção por COVID-19. Há registros que revelam alta prevalência de células B de memória específicas para o domínio RBD da proteína Spike, com 92,9% dos casos apresentando imunidade no intervalo de 2 a 3 meses e 80,6% entre 4 e 5 meses27.
Este achado foi encontrado em outro estudo que revelou a circulação em um intervalo de tempo maior do IgG-S no organismo do que a proteína IgG-N, o que pode ser justificado por uma resposta vacinal, tendo em vista a utilização da proteína S para produção de imunizantes, outra possibilidade levantada seria uma reinfecção, assim como também a sua capacidade de se manter mais tempo dentro do corpo após a infecção28.
Em outra pesquisa, justificou-se a utilização da proteína S na produção de vacinas contra a COVID-19 devido ao seu desempenho singular na ligação viral permitindo a entrada do vírus na célula hospedeira pelo seu domínio RDB. Como resultado, produz-se anticorpos neutralizantes que agem bloqueando a interação com o receptor induzindo uma resposta imune contra a COVID-1929.
A monitoração da proteína N serve como ferramenta para acompanhar o vírus em pacientes assintomáticos, e isso foi revelado em um estudo realizado com doadores de sangue saudáveis em Milão, analisando a soroprevalência de SARS-CoV-2, resultando em significativa detecção de anticorpos IgG-N nesse público que não apresentava sintomas para COVID-19 no ato da coleta30.
Porém, em uma análise longitudinal de sorologia da infecção por SARS-CoV-2 após a convalescença, demonstrou-se que, independentemente da gravidade da doença, os indivíduos desenvolveram uma resposta imunológica longa para a COVID-19 e mantiveram estabilidade de até 8 meses na quantidade de anticorpos IgG-N e S 31-32.
Ademais, destaca-se que existem fatores de risco que podem aumentar a vulnerabilidade à COVID-19. Variáveis como idade, sexo, cor da pele, escolaridade e presença de comorbidades, exploradas na presente pesquisa, podem influenciar tanto na suscetibilidade à infecção quanto na gravidade da doença 33.
A respeito disso, investigação realizada em São Paulo, com casos graves de pacientes hospitalizados e óbitos relacionados à COVID-19, revelou que a maioria dos pacientes internados era do sexo masculino e apresentaram maior risco de agravamento e mortalidade por COVID-19, devido ao maior número de comorbidades e adesão a comportamentos de risco como o consumo de álcool e cigarro, exposição ocupacional e diferenças imunológicas 34. E outro estudo, também realizado na cidade de São Paulo, que analisou casos de COVID-19 que evoluíram para óbito, identificou que a maioria dos casos positivos envolvia pessoas do sexo masculino, negras e pardas, com baixa escolaridade, menor renda, vivendo em condições de aglomeração domiciliar e em áreas de vulnerabilidade 35.
Por outro lado, há que se ressaltar que a população do presente estudo tinha acesso aos recursos ideais de higiene e proteção, entretanto, a falta de orientação adequada sobre como usá-los adequadamente pode ter resultado em um uso inadequado desses recursos. Isso pode, paradoxalmente, aumentar o risco de contaminação e espalhar ainda mais o vírus, em vez de reduzir a sua propagação37.
Em suma, encontrar-se encarcerado compromete a saúde dos indivíduos, aumentando a suscetibilidade a infecções e intensificando a severidade de doenças como a COVID-19, especialmente em condições de saúde e ambiente precárias. As prisões apresentam um risco constante de contágio pelo coronavírus, em parte devido à transmissão por portadores assintomáticos e por essa população apresentar doenças infectocontagiosas e outras condições crônicas, além dos fatores ambientais que favorecem a maior circulação do vírus.
A análise das respostas imunológicas por meio dos anticorpos IgG-N, S e IgM-S, naturais ou induzidas pelos imunobiológicos, permitiu um maior entendimento do comportamento do vírus no ambiente prisional, frente às estratégias de contenção adotadas. A investigação também contribuiu para avaliar a eficácia das vacinas aplicadas nesta população, fornecendo insights sobre a situação das PPL e a efetividade das medidas implementadas no combate à pandemia de COVID-19. Este estudo oferece uma visão detalhada sobre as condições de vida dos indivíduos nas UP.
Entretanto, o estudo apresenta algumas limitações: a rotatividade das PPL nas celas em algumas UP, o que demandou novos sorteios e conferência das celas antes de iniciar a coleta; a indisponibilidade de um espaço reservado para responder às perguntas do questionário, o que pode ter gerado influência ou constrangimento pela presença dos demais detentos da mesma cela e dos policiais penais; e o curto espaço de tempo diário para a realização das coletas, que precisou ser ajustado à rotina das UP para garantir segurança e não interferir nas atividades regulares.
Para mitigar o impacto da rotatividade, sugerimos análises que considerem separadamente os dados de grupos fixos e dinâmicos. Além disso, acordos interinstitucionais para garantir a continuidade da coleta de dados com participantes transferidos entre unidades. Em relação à falta de privacidade, recomendam-se entrevistas individuais em espaços reservados dentro das limitações do ambiente prisional ou o uso de questionários autoaplicados em dispositivos eletrônicos para aumentar a confidencialidade das respostas. Apesar dessas limitações, todas as etapas e objetivos do estudo foram alcançados.
Conclusão
Esta pesquisa ofereceu uma compreensão sobre a prevalência de antígenos e anticorpos contra SARS-CoV-2 entre as PPL no Piauí. O estudo demonstrou baixa prevalência de infecções ativas pelo SARS-CoV-2 (1,1%) e alta prevalência de anticorpos IgG-S (98,9%) entre as PPL, atribuída à imunização e exposições prévias. Esses achados reforçam a eficácia das medidas de vacinação e controle implementadas. Além disso, somente 6,5% dos participantes apresentaram anticorpos IgM-S, o que pode refletir infecções recentes.
Esses dados associados as variáveis exploradas sugerem que as medidas de vacinação foram eficazes em conter a disseminação ativa do vírus e promover uma resposta imune protetora na população carcerária.
As evidências apresentadas neste estudo oferecem uma base sólida para avaliar as políticas públicas implementadas durante o período pandêmico nas UP. Por fim, este estudo contribui para o registro histórico da disseminação da COVID-19, fornecendo dados importantes que poderão ser utilizados em ações a serem conduzidas pelos órgãos da Justiça e de Saúde responsáveis pela assistência as PPL e ainda em pesquisas futuras realizadas com essa população.
Agradecimentos
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) e, em particular, ao curso de mestrado do Programa de Pós-graduação em Saúde e Comunidade (PPGSC), Fundação de Amparo à Pesquisa do Piauí (FAPEPI) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). À Secretaria de Justiça do Estado do Piauí (SEJUS) e à Secretaria de Saúde do Estado do Piauí (SESAPI). Aos detentos que concordaram em participar do estudo. À Dra Veruska Cavalcanti Barros (Laboratório de Parasitologia e Entomologia Sanitária-LAPES/UFPI). Ao Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados (CIATEN).
Financiamento
Essa pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Piauí (FAPEPI), por meio do PPSUS, e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
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