0337/2025 - Risk factors for Post-COVID Syndrome in patients hospitalized for severe acute respiratory syndrome: systematic review and meta-analysis
Fatores de risco para a Síndrome pós-COVID-19 em hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave: revisão Sistemática e metanálise
Author:
• Alexandre Medeiros de Figueiredo - Figueiredo, AM - <potiguar77@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1433-088X
Co-author(s):
• Sofia Ramos Soares - Soares, SR - <sofiaramossoares8@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9845-964X
• Rafaela Santos Nogueira de Souza - Souza, RSN - <rafaela.nogueira@academico.ufpb.br>
ORCID: https://orcid.org/0009-0003-0805-955X
• Loreena Uchôa Lira Barros - Barros, LUL - <loreena.uchoa@academico.ufpb.br>
ORCID: https://orcid.org/0009-0000-9272-4126
• Felipe Miranda Camboim - Camboim, FM - <felipemirandacamboim@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0009-1569-7617
Abstract:
Introduction: This study aims to identify the risk factors associated with the development of post-COVID-19 syndrome in patients discharged from hospitalizations due to severe acute respiratory syndrome. Methodology: A systematic review of observational studies published between 2020 and 2023 was carried out in six databases. The relative risk values of each factor investigated were evaluated in the meta-analysis using the random-effects model. Results: 1,010 publications were identified, with 45 studies included in the qualitative analysis and seven studies in the meta-analysis. These studies evaluated the association between post-COVID-19 syndrome and factors such as the severity and number of symptoms of the disease in the acute phase, sex, and previous comorbidities. The results showed that female gender (RR 1.52; 95% CI 1.26-1.85), the presence of hypertension (RR 1.25; 95% CI 1.06-1.49) and a longer hospital stay (RR 1.01; 95% CI 1.01-1.03) were associated with the development of the syndrome. Conclusion: Female patients discharged from hospital due to COVID-19, with longer hospital stays and hypertension should be monitored to identify the development of post-COVID-19 syndrome, enabling timely interventions.Keywords:
Post-Acute COVID-19 Syndrome; risk factors; hospitalization; inpatients; severe acute respiratory syndromeContent:
Risk factors for Post-COVID Syndrome in patients hospitalized for severe acute respiratory syndrome: systematic review and meta-analysis
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Fatores de risco para a Síndrome pós-COVID-19 em hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave: revisão Sistemática e metanálise
Abstract(resumo):
Introdução: Este estudo tem como objetivo identificar os fatores de risco associados ao desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19 em egressos de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave. Metodologia: Foi realizada revisão sistemática de estudos observacionais publicados entre 2020 e 2023 em seis bases de dados. Os valores dos riscos relativos de cada fator investigado foram avaliados na metanálise através do modelo de efeitos aleatórios. Resultados: 1.010 publicações foram identificadas, sendo 45 estudos incluídos na análise qualitativa e sete estudos na metanálise. Estes estudos avaliaram a associação entre a síndrome pós-COVID-19 e fatores como a gravidade e o número de sintomas da doença na fase aguda, o sexo e comorbidades prévias. Os resultados apontaram que o sexo feminino (RR 1,52; IC 95% 1,26-1,85), a presença de hipertensão (RR 1,25; IC 95% 1,06-1,49) e um maior tempo de internação (RR 1,01; IC 95% 1.01-1,03) estavam associados ao desenvolvimento da síndrome. Conclusão: Egressos de internação por COVID-19 do sexo feminino, com maior tempo de internação e hipertensão deverão ser monitorados para identificar o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19, possibilitando intervenções em tempo oportuno.Keywords(palavra-chave):
Síndrome de COVID-19 Pós-Aguda; fatores de risco; hospitalização; pacientes internados; Síndrome Respiratória Aguda Grave.Content(conteúdo):
INTRODUÇÃOA infecção por COVID-19 foi inicialmente considerada uma patologia aguda1. Entretanto, em meados de 2020, já havia relatos da persistência de sintomas em alguns indivíduos, o que culminou na criação de uma nova categoria no código internacional de doenças para denominar a síndrome pós-COVID-19 em setembro de 20202.
A síndrome pós-COVID-19 é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o desenvolvimento de novos sintomas por mais de doze semanas após a infecção inicial por SARS-CoV-2, sem outra explicação2. Em 2021, a OMS estimou uma prevalência da síndrome pós-COVID-19 em 10% a 20%3. Entretanto, numa revisão sistemática de 57 estudos envolvendo 250.000 pacientes, mais da metade experienciou sequelas pós-agudas seis meses após a recuperação4. Os sintomas mais relatados foram: febre, fadiga, dispneia, cefaleia, tosse, confusão mental, ansiedade, depressão, perda do olfato e paladar, dores articulares e artralgias4. Outro estudo que avaliou 1007 participantes encontrou resultados semelhantes5.
Uma meta-análise incluindo 20 estudos e 13.340 pacientes relatou que ter um quadro clínico grave durante a internação aumentava o risco de síndrome pós-COVID-196. Entretanto, ainda há lacunas para a investigação dos fatores de risco para a síndrome pós-COVID-19 em pacientes hospitalizados. Arnold et al.7 relatam que 74% dos pacientes do seu estudo apresentaram pelo menos um sintoma após três meses de alta, apesar de prevalências menores já terem sido descritas7-9. Os fatores de risco comumente reportados foram o sexo feminino, idade avançada e algumas comorbidades médicas10.
Evidências sugerem que indivíduos com esta síndrome têm maior mortalidade e utilização do sistema de saúde no ano seguinte à infecção aguda por COVID-19 em comparação com indivíduos não infectados11. Este estudo tem como objetivo identificar os fatores de risco associados ao desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19 em egressos de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
METODOLOGIA
Esta revisão seguiu o protocolo PRISMA e foi registrada no "Registro prospectivo internacional de revisões sistemáticas" (PROSPERO) sob o registro CRD4202341351512. A pergunta de pesquisa foi elaborada no formato PECO (população, exposição, comparação e desfecho), tendo a seguinte formulação final: “Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19 em pacientes egressos de internações hospitalares por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS)?”.
A equipe de revisores participou de treinamento sobre o protocolo de revisão e sobre o processo de seleção de artigos, extração e síntese dos dados, bem como sobre o uso da ferramenta de análise de qualidade dos artigos.
Os critérios estabelecidos para inclusão na revisão sistemática foram estudos observacionais longitudinais como coortes e estudos de caso-controle com pacientes hospitalizados devido à COVID-19 e acompanhados por pelo menos 3 meses. Foram analisados artigos publicados entre 1º de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2023. Estudos do tipo ensaio clínico, editoriais, revisões sistemáticas, inquéritos e comentários foram excluídos.
Foram incluídos estudos que avaliaram fatores de exposição tais como: sexo, idade, gravidade da doença na fase aguda, estado nutricional, exposição a medicamentos, comorbidades, tabagismo, alcoolismo, obesidade, sedentarismo, presença de alterações inflamatórias e características genéticas. A população não exposta aos fatores analisados foi considerada como grupo controle.
A estratégia de busca combinou termos e palavras-chave MeSH (Medical Subject Headings): "Post-Acute COVID-19 Syndrome"[MeSH] OR Long-covid OR “Long covid” OR “Post covid syndrome” OR “Postcovid syndrome” OR “Long Covid-19” OR “Post-covid conditions” OR “Covid Long”) AND ("Risk Factors"[MeSH] OR Risk Factors OR Predictor*) AND (Hospitalization OR Inpatients OR "Hospitalization"[MeSH] OR Hospitalized OR "Inpatients"[MeSH]).
Foram realizadas buscas nas bases de dados Embase, PubMed, Cochrane Database of Systematic Reviews, LILACS, SciELO e Web of Science em maio de 2023. Não houve restrições relativas a idiomas ou país de publicação. Não foram realizadas buscas adicionais nas referências dos estudos incluídos na revisão ou na literatura cinzenta.
Os artigos encontrados foram importados o gerenciador de referências Rayyan QCRI13. Essas referências foram distribuídas para dois revisores SRS e RSNS que realizaram avaliações independentes dos títulos e resumos. As discrepâncias entre as avaliações foram resolvidas pelo revisor AMF. Os artigos selecionados nesta fase foram analisados na íntegra por duas duplas de revisores compostas por SRS e RSNS e LULB e FMC.
SRS e RSNS sistematizaram informações sobre: elementos de identificação do artigo, ano de publicação, revista de publicação, desenho do estudo, métodos estatísticos utilizados, fatores de risco identificados, número de participantes, duração da observação e acompanhamento, caracterização dos desfechos, principais resultados, e fontes de financiamento do estudo. Foi realizada uma síntese narrativa a partir destas informações.
Os revisores analisaram o risco de viés utilizando as ferramentas “Study Quality Assessment” da National Heart, Lung and Blood Institute14 desenvolvidas para a avaliação de estudos de coorte e caso-controle. Os estudos foram classificados com boa, regular ou má qualidade. As avaliações foram realizadas de forma independente por duas duplas de revisores e as divergências foram resolvidas por meio de discussões para chegar a um consenso.
Os resultados das análises da associação entre os fatores avaliados e o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19 foram apresentados com os valores de Odds Ratio (OR) ou Risco Relativo (RR) e seus respectivos intervalos de confiança 95% (IC 95%).
Para a realização da metanálise foram selecionados estudos com desfechos, tempo de acompanhamento, tipo de estudo e populações semelhantes, buscando assim garantir homogeneidade nos estudos a serem analisados. Foram selecionados estudos de coorte, na população adulta, com tempo de acompanhamento dos participantes variando entre três e sete meses de duração, com qualidade boa ou regular e que consideraram como desfecho a síndrome pós-COVID-19, excluindo-se estudos que consideraram apenas sintomas específicos da síndrome.
Apesar das similaridades metodológicas, os estudos apresentaram variações nos fatores investigados. Desta forma, a síntese quantitativa considerou a análise de cada fator estudado de forma individualizada, incluindo apenas os estudos selecionados para a metanálise que avaliaram o fator em destaque. Foram realizadas análises apenas quando o fator estudado foi avaliado em pelo menos 04 dos artigos selecionados para a metanálise.
A meta-análise foi conduzida nos softwares R 4.0.3 (2020-10-10) e na versão RStudio 2024.12.1+563, utilizando os pacotes metadat e metafor15. A heterogeneidade foi quantificada pelo índice de heterogeneidade (I²), interpretado conforme os critérios definidos por Higgins et al16. O índice de heterogeneidade descreve a porcentagem da variação total entre os estudos que se deve à heterogeneidade e não ao acaso. O I² é calculado a partir de resultados através da fórmula: I² = 100% × (Q - df) / Q, onde Q é a estatística de heterogeneidade de Cochran e df os graus de liberdade. O valor de I² igual a 0% indica ausência de heterogeneidade e valores maiores mostram heterogeneidade crescente15. Os autores utilizaram em todas as análises a metodologia dos efeitos aleatórios com estimador Restricted Maximum Likelihood (REML). O metafor calcula o p-valor testando H0: efeito combinado = 0, usando um teste z baseado na estimativa do efeito e seu erro padrão. O p valor é calculado da seguinte forma: pj=2×P(?Z?>?zj?)?2×(1??(?zj?)) onde ?\Phi? é a Cumulative Distribution Function (CDF) da normal padrão15. Os resultados foram apresentados por meio de gráficos de forest plot, gerados pelo pacote metafor.
RESULTADOS
Um total de 1.010 publicações foram identificadas nas bases de dados; 232 eram duplicadas (Figura 1). A triagem do título e do resumo das 778 publicações restantes resultou na inclusão de 109 citações para leitura de artigos completos, com a exclusão de artigos não relevantes para a revisão, conforme motivos descritos na figura 1. Após revisar os artigos completos, foram excluídos 64 artigos (Figura 1). Os 45 artigos incluídos somavam 121.330 participantes no total. Após análise, foram selecionados sete artigos para a metanálise (Figura 1). Foram avaliados como fatores associados ao desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19: o sexo feminino, o tempo de internação, a internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e a presença de hipertensão ou diabetes como comorbidade prévia a infecção por Sars-Cov-2.
O índice de heterogeneidade (I²) foi de 67,85% na análise referente dos estudos que consideraram o sexo feminino (p = 0,0031), 30,60% na avaliação da internação em UTI como preditor da síndrome (p = 0,269) e 28,96% na análise referente a hipertensão (p = 0,167), figura 2. O índice I² foi de 0,00% na avaliação do tempo de internação (p = 0,751) e para a análise da diabetes como fator predisponente (p = 0,901), figura 2. Os resultados da metanálise apontam o sexo feminino (RR 1,52; IC 95% 1,26-1,85), a presença de hipertensão (RR 1,25; IC 95% 1,06-1,49) e o maior tempo de internação na fase aguda (RR 1,01; IC 95% 1.01-1,03) como fatores de risco, figura 2.
Características dos estudos
As características das publicações selecionadas estão descritas na Tabela 1. Os estudos de coorte representaram 93,33% das publicações. Os estudos da revisão foram realizados em vinte e um países diferentes, sendo 22,22% desenvolvidos na Espanha.
A maior parte dos estudos (51,11%) apresentou uma média de tempo de seguimento entre 3 e 6 meses (Tabela 1). Conforme observado na tabela 1, três estudos analisaram os fatores de risco apenas na população infanto-juvenil abaixo de 18 anos32,53,54. A maior amostra disponível contou com 89.843 participantes em uma coorte de egressos de internação por casos confirmados de COVID-19 nos Estados Unidos33.
Os sintomas persistentes mais comuns foram: fadiga, tosse, dispneia, anosmia, dor musculoesquelética, ageusia, diarreia, ansiedade, depressão, palpitações, artralgia e dor no peito (Figura 3). Mais da metade dos estudos (57,77%) apresentou análise de qualidade regular. Os achados dos artigos estão sintetizados na Tabela 1 do Material Suplementar.
Síndrome pós-COVID-19 e sexo
O sexo feminino foi um fator de risco para o desenvolvimento de ansiedade17,47, depressão17, fadiga38 e distúrbios do sono como sintomas da síndrome pós-COVID-1947. Estudo de Fenández-de-las-Peñas C. et al. de 2022 associou o sexo feminino à presença de três ou mais sintomas da síndrome pós-COVID-1951.
Em um estudo de coorte realizado no Brasil, ser do sexo feminino aumentou a chance de síndrome pós-COVID-19 aos três e seis meses de acompanhamento60. Houve maior prevalência de problemas cutâneos, dor, sintomas neuropsiquiátricos e fadiga aos seis meses na população feminina60.
Síndrome pós-COVID-19 e sintomas na fase aguda
Problemas respiratórios no início da doença ou durante a internação foram preditores para a síndrome pós-COVID-19 em dois estudos iranianos18,19. A presença de vômitos, dor na garganta, diarreia, dispneia e cefaleia foram associados a um número maior de sintomas de longo prazo após a COVID-1951. O desenvolvimento de sintomas como fadiga, cefaleia, ageusia e falta de ar na admissão foram considerados preditores independentes para o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-1937.
A mialgia e cefaleia na fase aguda foram descritas como fatores de risco para a dor musculoesquelética associada à síndrome pós-COVID-19 21,58. O maior número de sintomas na doença aguda foi um fator de risco relatado em sete artigos22,23,26,28,49,51,53.
Síndrome pós-COVID-19 e gravidade do quadro agudo
A gravidade da COVID-19 na fase aguda esteve associada ao desenvolvimento da síndrome pós-COVID-1917,25,39,46,53,54,56. Huang C. et al. afirmam que a forma grave da Covid-19 é um fator de risco para ansiedade, depressão, fadiga e fraqueza17. Os pacientes com COVID-19 moderada a grave apresentaram um risco 5,84 vezes maior de déficit cognitivo pós-covid em comparação aos pacientes com doença respiratória leve39. Sun LL et al. apontam que pacientes graves apresentam risco maior de aperto no peito, dor no peito e fotofobia46.
Um menor tempo de internação é um fator protetivo para o desenvolvimento de sintomas da síndrome pós-COVID-19 19,21,25,26,28,35,48,51,55,58,59. Estudos também sugerem uma relação entre maior duração da hospitalização e o desenvolvimento de dor musculoesquelética21,58 e dispneia pós-Covid-1926. Dois estudos de coorte descreveram maior chance de fadiga e dispneia persistente em pessoas que apresentaram formas mais graves de COVID-1926,58. O tempo de permanência no hospital foi preditor para o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19 e para sequelas cardiopulmonares como dispneia e fadiga59. Por fim, apenas dois estudos não encontraram significância estatística em relação aos dias de hospitalização e sintomas da síndrome pós-COVID-1924,30.
Nove artigos analisaram a relação entre admissão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e síndrome pós-COVID-1919,22,24,25,30,33,35,55,59. Desses, quatro estudos não demonstraram diferença estatística no risco de desenvolver a síndrome entre os grupos internados e não internados na UTI19,24,25,30. Nos outros estudos, foi identificado que a internação em UTI seria um fator de risco para síndrome pós-COVID-19, com OR variando de 1,68 a 5,6322,33,35,55,59. Ghosh P et al, Frontera J.A. et al. e Niebauer J.H. et al. identificaram que a ventilação mecânica durante internação foi preditor da síndrome pós-COVID-19, com razão de chances, respectivamente de OR 2,29, OR 6,37 e OR 5,6333,34,59.
Síndrome pós-COVID-19, comorbidades e idade
Sete estudos demonstraram que o número de comorbidades foi preditor para a Síndrome Pós-Covid26,28,33,45,51,54,56. Houve associação entre um maior número de comorbidades e o desenvolvimento de fadiga e dispneia26,44. Estudo de Ghosh P. et al. identificou que a presença de ao menos uma comorbidade estava associada a síndrome pós-COVID-1933.
Em relação a diabetes, três dos cinco estudos avaliados não encontraram associação entre esta patologia e a síndrome pós-COVID-1920,24,27. Um estudo em adultos apontou que a diabetes foi fator de risco para o desenvolvimento de fadiga e ansiedade como sintoma pós-COVID-1945. Estudo em crianças demonstrou que diabetes foi fator de risco para síndrome pós-COVID-1953.
Dois artigos apontaram uma associação entre a hipertensão arterial sistêmica e o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-1941,49. Doenças cardiovasculares foram fatores de risco abordados por quatro artigos,27,38,45,53 e apenas no estudo de Schouborg L.B. et al. encontrou-se relação da hipertensão com a perda do status funcional dos pacientes cardiopatas38.
A ausência de doença pulmonar foi um fator protetivo para a perda do status funcional pós-covid38. Estudo de Gaspar P. et al. que avaliou a presença de sintomas pós-COVID-19 durante três, seis e nove meses, só identificou associação de doença pulmonar com síndrome pós-COVID-19 no grupo com maior tempo de seguimento (OR 3,27)8. Seery V. et al. encontrou que doenças respiratórias são fatores de risco para a síndrome pós-COVID-19, resultado semelhante aos descritos por Pazukhina E. et al. em relação às doenças respiratórias alérgicas41,53. Dois estudos apontaram a relação entre DPOC e o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-1923,33.
Nenhum artigo apontou o tabagismo como fator de risco para o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-1917,30. A existência de doença renal foi associada à síndrome pós-COVID-1933,45,53. Apenas no estudo de Pazukhina E. et al. doenças neurológicas foram associadas à síndrome, em crianças, aos seis e doze meses de segmento41.
O excesso de peso pode contribuir para o desenvolvimento de fadiga ou dispneia de esforço59. O índice de Massa Corpórea (IMC) entre 35-40 kg/m2 ou maior que 40 kg/m2 foi associado à síndrome pós-COVID-1936. Dias M.B. et al. afirmam que um maior IMC é preditor da síndrome pós-COVID-19 em pacientes maiores que 50 anos55.
A idade foi descrita como fator de risco para a síndrome pós-COVID-19 em egressos de internações em cinco artigos23,44,53,55,56. Num estudo de caso-controle de Azizi et al., a idade foi associada a piores índices de ansiedade e depressão nos três meses subsequentes a internação44, e na coorte de Osmanov et al. houve diferença no desenvolvimento da síndrome entre grupos de crianças mais velhas quando comparadas a crianças com menos de 2 anos32. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos nas outras publicações11,22,24,25,27,30,31.
Síndrome pós-COVID-19 e marcadores imunológicos e genéticos
Marcadores inflamatórios, imunológicos e genéticos foram correlacionados em alguns artigos com a síndrome pós-COVID-1922,27,31. O aumento proporcional de IgG anti-SARS-CoV-2 06 meses após a infecção foi um fator de risco para o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-1922. García-Abellán J. et al. identificou um pico mais baixo no IgG anti-SARS-CoV-2 como fator protetivo31. Kurki et al., identificou que a a presença do alelo APOE4 é um fator de risco para a fadiga mental27.
Síndrome pós-COVID-19 e fatores sociais e econômicos.
Pessoas da raça negra, com menos de 12 anos de escolaridade34,40 e presença de fatores estressores se constituíram preditores independentes de desfechos neurocognitivos relacionados à síndrome pós-COVID-1934.
DISCUSSÃO
Os estudos apontam que o sexo feminino, características clínicas na fase aguda da doença, o tempo de internação e algumas comorbidades médicas foram associadas ao desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19.
Estudos afirmam que homens e mulheres possuem a mesma probabilidade de serem infectados pelo SARS-CoV-2, e que homens têm um maior risco de morte durante a fase aguda da doença10,61. Boa parte dos estudos da revisão sistemática (48,88%) demonstrou que ser mulher predispõe o desenvolvimento de algum sintoma específico ou da síndrome Pós-Covid-1950,56. Tais achados também foram encontrados em outras revisões sistemáticas, que incluíram pacientes não-hospitalizados7,11,62.
Sugere-se que hormônios podem desempenhar um papel na continuação do estado hiper inflamatório da fase aguda da COVID-19 mesmo após a recuperação e que há maior produção de anticorpos IgG na COVID-19 aguda em mulheres, o que poderia desencadear a síndrome pós-COVID-1963. O aumento proporcional de IgG anti-SARS CoV-2 foi um fator de risco independente para o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-1922. Outro estudo apontou que o pico mais baixo no IgG anti-SARS CoV-2 foi um fator protetivo31. Ademais, as diferenças biológicas entre homens e mulheres na expressão dos receptores da enzima conversora de angiotensina-2 (ECA-2) e da protease serina transmembranar-2 (TMPRSS2), bem como a menor produção de interleucina-6 (IL-6) pró-inflamatória após a infecção viral em mulheres, podem explicar o maior desenvolvimento de sintomas pós-COVID-1950.
Estudos especulam que a COVID-19 grave causa uma resposta imune e uma liberação de citocinas mais intensa e importante, causando danos aos órgãos vitais e não vitais. Além disso, o quadro agudo grave é tratado de forma mais agressiva e está mais associado a danos iatrogênicos (intubação, infecções nosocomiais, efeitos colaterais de fármacos etc.) com sequelas duradouras19. O tratamento com glicocorticoides durante a hospitalização foi significativamente associado a um risco aumentado de fadiga e à ansiedade no estudo de Sun LL et al46.
O papel da idade no desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19 é ainda controverso10. A maior parte dos estudos que avaliaram a idade avançada como fator de risco para a síndrome pós-COVID-19 não demonstraram associação9,22-25,27,30,31,32,43,45,53,54,56.
Um maior número de comorbidades atuou como elemento preditor do desenvolvimento de síndrome pós-COVID-1926,28,33,44,51,54,56. Entretanto, apenas parte dos estudos evidenciou associação de patologias específicas com o desenvolvimento de síndrome pós-COVID-1923,33,38,41,45,49,53. O fato do número de comorbidades apresentar uma associação mais consistente com a síndrome pós-COVID-19 em comparação às comorbidades específicas indica uma relação mais complexa entre a síndrome e as condições prévias dos pacientes, o que exige mais estudos.
O risco de desenvolver síndrome pós-COVID-19 também foi associado a marcadores inflamatórios22,31 e elementos genéticos27. A associação entre maiores níveis de marcadores inflamatórios e o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19 sugerem que uma resposta imune exacerbada pode estar relacionada a tal enfermidade.
Fatores socioeconômicos e demográficos também constituíram preditores da síndrome, apontando a necessidade de avaliar melhor a associação de determinantes sociais com a síndrome pós-COVID-19.
Este estudo tem limitações, sendo a primeira delas a possibilidade de não seleção de todos os estudos sobre síndrome pós-COVID-19 em virtude da não realização de buscas na literatura cinza ou busca nas referências dos artigos incluídos. Mais da metade dos estudos incluídos na metanálise apresentam qualidade regular. Há concentração de estudos em alguns países e muitos dos estudos foram escritos pelos mesmos grupos de autores. Esta falta de diversidade entre as populações estudadas pode limitar as análises dos fatores associados à síndrome pós-COVID-19 em populações a nível global, reduzindo a validade externa dos resultados aqui encontrados. Mesmo considerando o uso de um conceito de síndrome pós-COVID-19 semelhante, é possível que a lista de sintomas utilizados para caracterizar a síndrome sejam distintas, inclusive em vários dos estudos avaliados na análise qualitativa analisavam o papel de características dos participantes e o desenvolvimento de sintomas ou conjuntos de sintomas específicos. Outra limitação relevante refere-se à possibilidade de viés de classificação em virtude da ampla gama de sintomas inespecíficos que caracterizam a síndrome, mas que podem estar associados a outras patologias. Destaca-se ainda como limitação, a dificuldade de avaliar na metanálise fatores como o número e tipo de sintomas como fatores preditivos da síndrome em virtude das diferenças de aferição destas variáveis entre os estudos.
Na análise qualitativa, identificou-se a existência estudos individuais que apontam fatores associado ao desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19, tais como o sexo feminino, características clínicas durante a internação (número de sintomas, tempo de internação, gravidade da doença) e comorbidades prévias. Além disso, os artigos não abordam de forma conclusiva que a idade, fatores socioeconômicos e demográficos e algumas comorbidades específicas tais como obesidade e tabagismo e influenciam significativamente o risco de desenvolver a síndrome pós-COVID-19 em egressos de internações.
Os fatores de risco identificados nesta revisão foram o sexo feminino, a hipertensão e o tempo de internação e podem ser utilizados como parâmetros para identificar pacientes com maior chance de desenvolver a Síndrome Pós-Covid-19. Assim, pode-se estabelecer uma estratégia de acompanhamento singularizada, possibilitando a melhoria do cuidado durante a fase de convalescência, especialmente, em pessoas com estas características. Ademais, a partir dos dados aqui descritos, fica evidente a necessidade de elaborar a reestruturação da rede de cuidados em virtude das novas necessidades em saúde definidas pelo cenário pós pandemia. Por fim, sugere-se realizar estudos de coorte para analisar fatores de riscos para o desenvolvimento da síndrome pós-COVID-19 numa gama maior de países, incluindo o próprio Brasil. Considerando a alta prevalência da síndrome pós-COVID-19, torna-se imperativo ampliar o número de estudos sobre intervenções capazes de reduzir o impacto dos sintomas observados na vida das pessoas.
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