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0317/2025 - SARCOPENIA, OBESITY, AND LIMITATIONS IN DAILY ACTIVITIES IN OLDER ADULTS FROM ELSI-BRAZIL: RECOMMENDATIONS FROM THE SARCOPENIA DEFINITION AND OUTCOMES CONSORTIUM
SARCOPENIA, OBESIDADE E LIMITAÇÕES NAS ATIVIDADES DIÁRIAS EM PESSOAS IDOSAS DO ELSI-BRASIL: RECOMENDAÇÕES DO SARCOPENIA

Author:

• Ana Lúcia Danielewicz - Danielewicz, AL - <ana.lucia.d@ufsc.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1563-0470

Co-author(s):

• Bruno Prates Freitas - Freitas, BP - <bruno.pratesfreitas@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6093-5129
• Bruno de Souza Moreira - Moreira, BS - <brunosouzamoreira@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8840-4496
• Elaine Cristina Lopes - Lopes, EC - <elalopesc@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7909-7209
• Rafaela Aguiar Rosa - Rosa, RA - <rafaelaaguiarrosa14@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3774-2564
• Maria Fernanda Lima-Costa - Lima-Costa, MF - <lima-costa@cpqrr.fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3474-2980
• Núbia Carelli Pereira de Avelar - Avelar, NCP - <nubia.carelli@ufsc.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4212-4039


Abstract:

This study aimed to investigate the associations between isolated sarcopenia and its combination with general and abdominal obesity, stratified by sex, with limitations in basic (BADL) and instrumental (IADL) activities of daily living among Brazilian older adults. A cross-sectional study was conducted with 6,874 older adults (≥60 years) from the second wave of the Brazilian Longitudinal Study of Aging (2019-2021). Sarcopenia was defined according to the criteria of the Sarcopenia Definition and Outcomes Consortium, which involves the concomitant presence of low gait speed and low handgrip strength, analyzed both in isolation and combined with general and abdominal obesity. The outcomes were self-reported difficulties in performing at least one BADL and one IADL. There were higher odds of limitations BADL only among women with sarcopenia and general obesity (OR: 3.37; 95% CI: 1.47–7.71) and sarcopenia and abdominal obesity (OR: 2.59; 95% CI: 1.16–5.76). For IADL, higher odds were observed in women with sarcopenia and general obesity (OR: 2.52; 95% CI: 1.64–3.87) and sarcopenia and abdominal obesity (OR: 2.46; 95% CI: 1.59–3.79); in men with sarcopenia without general obesity (OR: 2.49; 95% CI: 1.67–3.73) and without abdominal obesity (OR: 2.50; 95% CI: 1.48–4.22), and in those with sarcopenia and abdominal obesity (OR: 2.52; 95% CI: 1.30–4.90). Isolated obesity was not associated with the outcomes in either sex.

Keywords:

Sarcopenia; obesity; aging; daily activities.

Content:

INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a sarcopenia vem sendo frequentemente definida pelos critérios propostos pelo European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP2), os quais consideram a presença de baixa força muscular avaliada por testes físicos, em combinação com a diminuição da massa muscular aferida por exames clínicos, e, ainda, com a possibilidade de classificação do grau de severidade por meio de testes de desempenho físico1.
Recentemente, a Global Leadership Initiative on Sarcopenia (GLIS)2 publicou um novo consenso que reforça a importância de considerar simultaneamente a diminuição da massa e da força muscular como componentes essenciais para o diagnóstico da sarcopenia. O documento destaca, no entanto, que o comprometimento do desempenho físico deve ser interpretado como um desfecho associado, e não como um critério diagnóstico. Apesar dos avanços na busca por uma definição global de sarcopenia, o consenso GLIS ainda não apresenta recomendações quanto à padronização dos instrumentos de medida, nem quanto aos pontos de corte para categorização das variáveis, permanecendo, assim, como uma definição em construção.
Entre as demais definições existentes para a sarcopenia, destaca-se a proposta pelo Sarcopenia Definition and Outcomes Consortium (SDOC)3 que oferece uma abordagem mais viável para aplicação em estudos epidemiológicos com grandes amostras populacionais. De acordo com o SDOC, a sarcopenia é definida pela presença concomitante de baixos valores nos testes de força de preensão manual (FPM) e de velocidade da marcha (VM), sem exigir a aferição clínica da massa muscular. Essa proposta fundamenta-se em evidências que demonstram que a fraqueza muscular e a lentidão na marcha são preditores mais robustos de desfechos adversos em saúde, tais como quedas e fraturas de quadril 3. Além disso, um estudo recente evidenciou que a proposta do SDOC foi considerada válida e capaz de diferenciar componentes essenciais da qualidade muscular em pessoas idosas com e sem sarcopenia4.
Em relação às prevalências da sarcopenia, observam-se variações significativas nos estudos conforme as definições adotadas. Em revisão sistemática5 a prevalência mundial de sarcopenia em pessoas idosas (?60 anos) foi de 10% quando utilizados os critérios de baixa força e massa muscular, e de 27%, quando somente a baixa massa muscular foi considerada. Em outro estudo de revisão sistemática que comparou as prevalências de sarcopenia utilizando os critérios do EWGSOP1 e EWGSOP2, foram observadas variações de 6,2 a 35,3% com uso do EWGSOP1 e de 3,2 a 26,3% com o EWGSOP2. Esses resultados sugerem que o EWGSOP2 pode ser menos eficaz para predizer desfechos desfavoráveis quando comparado ao EWGSOP16. No Brasil, uma metanálise que avaliou 31 estudos originais, produzidos entre 2007 e 2015 com amostra de 9.416 participantes idosos, estimou-se que prevalência de sarcopenia foi de 17% considerando a baixa massa muscular isolada e de 16% para a baixa massa muscular combinada com a diminuição da força muscular7.
Dentre diversos fatores de risco para a sarcopenia estão a idade avançada, a inatividade física, além de diversas doenças crônicas, incluindo a obesidade8. Sabe-se que a obesidade é um problema de saúde pública e sua prevalência tem aumentado gradualmente na última década 9. No Brasil, a prevalência de obesidade nas pessoas idosas passou de 20,2% em 201310 para 22,4% em 202311. Assim como a sarcopenia, a obesidade é um fator de risco importante para diversos desfechos negativos em saúde, com destaque para a limitação funcional nas atividades de vida diária12-14. Em uma metanálise realizada por Meneguci et al. (2019)15, foi constatado que a prevalência de limitação nas atividades básicas (ABVD) e instrumentais (AIVD) da vida diária entre as pessoas idosas no Brasil foi de 19% e 43%, respectivamente.
O acúmulo de tecido adiposo, associado a fatores de risco comportamentais e biológicos do envelhecimento, tais como estresse oxidativo e inflamação crônica, contribui simultaneamente para a perda muscular e aumento da gordura corporal 16. Assim, a combinação de sarcopenia e obesidade tende a causar redução significativa no desempenho funcional da pessoa idosa, acarretando limitações nas ABVD e AIVD17, e, consequentemente, em um maior risco de outros desfechos adversos à saúde como quedas, hospitalizações e mortalidade precoce18.
Até o presente momento, alguns estudos brasileiros que utilizaram os critérios do EWSGSOP2 para a triagem e diagnóstico de sarcopenia encontraram associações significativas com a limitação funcional em pessoas idosas, mas esses estudos não consideraram a presença concomitante de sarcopenia com a obesidade19-21. Nesse cenário, diante da carência de estudos epidemiológicos nacionais baseados no consenso proposto pelo SDOC e que avaliem a presença simultânea de sarcopenia e obesidade como potenciais fatores associados à limitação funcional, o presente estudo teve como objetivo investigar a associação da sarcopenia, isolada e combinada com obesidade geral e abdominal, com a presença de limitação nas ABVD e AIVD, estratificada por sexo, em pessoas idosas brasileiras.

MÉTODOS
Delineamento do estudo, plano amostral e aspectos éticos
Tratou-se de um estudo transversal, no qual foram analisados dados dos participantes da segunda onda do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) realizada entre 2019 e 2021. O ELSI-Brasil é um estudo de abrangência nacional e domiciliar, cuja amostragem foi delineada para representar a população brasileira não institucionalizada com idade igual ou superior a 50 anos.
O plano de amostragem do ELSI-Brasil seguiu um desenho em múltiplas etapas, incluindo a estratificação de unidades primárias de amostragem (municípios), setores censitários e domicílios. Para cada onda da pesquisa, foi planejada a participação de 10.000 indivíduos, sendo que 9.949 participaram na segunda onda, abrangendo 70 municípios das cinco macrorregiões geográficas do país. Esse tamanho amostral permite estimar prevalências de 1% (erro = 0,25%) ou 5% (erro = 0,55%) com 95% de confiança e um efeito de desenho de 1,5. Entretanto, para o presente estudo, foram elegíveis somente os participantes com 60 anos ou mais de idade, totalizando 6.929 pessoas idosas. Maiores detalhes sobre a amostra e metodologia do ELSI-Brasil podem ser consultados em publicações prévias22,23.
O ELSI-Brasil foi aprovado pelo Comitê de Ética da Fundação Oswaldo Cruz - Minas Gerais e apresenta o processo cadastrado na Plataforma Brasil (CAAE: 34649814.3.0000.5091). Todos os participantes assinaram termos de consentimento informado separados para a entrevista individual e medidas físicas.


Variáveis de exposição
A presença de sarcopenia foi definida conforme os critérios e pontos de corte propostos pelo SDOC, considerando valores de VM ?0,8 m/s para ambos os sexos, juntamente com valores de FPM <35,5 kg para homens e <20,0 kg para mulheres2. O teste de VM24 foi realizado com o indivíduo usando o calçado habitual e, se necessário, utilizando dispositivo de auxílio, como bengala ou andador. O teste consistiu na mensuração do tempo gasto pelo indivíduo para percorrer uma distância previamente delimitada de 3 metros em um passo usual. O teste foi repetido duas vezes, com um minuto de descanso entre as tentativas. Para as análises, considerou-se o valor da média de ambas as medidas. Para aferição da FPM, o participante foi posicionado sentado, com os pés no chão e o braço ao lado do corpo, flexionado a 90 graus. A alça móvel do dinamômetro (marca Saehan®) foi ajustada à mão dominante e o participante foi orientado a apertá-la com força máxima por dois segundos, sendo o teste repetido três vezes, com descanso de um minuto entre as medições. O maior valor obtido das três aferições foi utilizado nas análises.
A obesidade geral foi definida como índice de massa corporal (IMC) ?30,0 kg/m2 para ambos os sexos, calculado pela fórmula: massa corporal em quilogramas (kg) dividida pela altura em metros ao quadrado (m2)25. A medida da altura foi realizada com um estadiômetro portátil (marca Nutri-Vida®). O indivíduo foi orientado a permanecer em pé, sem sapatos e roupas pesadas, com a cabeça alinhada no plano de Frankfurt para que o cursor do estadiômetro pudesse ser deslizado contra a cabeça para aferição da medida. Por sua vez, a massa corporal foi aferida com uma balança portátil (marca Seca®), posicionada em uma superfície firme. O participante foi orientado a subir na balança vestindo roupas leves e sem calçados, com os pés bem distribuídos, braços ao lado do corpo e olhar na linha horizontal para que se fizesse o registro do valor.
A obesidade abdominal foi caracterizada por valores de circunferência da cintura ?102 cm para homens e ?88 cm para mulheres26. A circunferência da cintura foi medida utilizando uma fita métrica inextensível (marca Seca®). Para a medição, o participante deveria estar com a área da cintura desprovida de roupas ou cintos, permitindo a visualização da região abdominal. Além disso, era necessário que estivesse em pé, descalço, com os pés afastados, abdômen relaxado e respiração normal. A medição foi realizada no ponto médio entre a 10ª costela e a crista ilíaca. A circunferência da cintura foi medida duas vezes, e a média das duas medições foi utilizada para a análise dos dados.
Para as análises, foram consideradas duas exposições com base na combinação das variáveis: (1) sarcopenia somada a obesidade geral e (2) sarcopenia somada a obesidade abdominal. Cada uma dessas exposições foi categorizada da seguinte forma: a) sem sarcopenia e obesidade; b) somente sarcopenia; c) somente obesidade; d) com sarcopenia e obesidade.

Variáveis de desfecho
A presença de limitação nas atividades de vida diária foi analisada em dois domínios, com base no autorrelato de dificuldade para a realização de pelo menos uma ABVD e uma AIVD. No domínio das ABVD, foram consideradas as seguintes atividades: vestir-se, tomar banho, comer a partir de um prato colocado à frente, deitar e/ou levantar da cama e usar o banheiro. No domínio das AIVD, as atividades examinadas foram: realizar higiene pessoal, preparar refeição quente, utilizar algum meio de transporte, fazer compras, utilizar o telefone, administrar os próprios medicamentos, caminhar em torno da casa ou no jardim, administrar o próprio dinheiro e realizar as tarefas domésticas leves e pesadas.



Variáveis de ajuste
A seleção das variáveis de ajuste foi baseada na literatura relevante sobre o tema e incluiu características sociodemográficas, comportamentais e referentes à condição de saúde geral. Em nível sociodemográfico, considerou-se: faixa etária (60-69, 70-79 ou ?80 anos)27, situação conjugal (com companheiro ou sem companheiro)28 e anos de estudo (0, 1-4, 5-8 ou ?9 anos de escolaridade)28. No nível comportamental, analisou-se o nível de atividade física aferido pela versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), considerando-se suficientemente ativos aqueles com tempo de atividade moderada e caminhada ?150 minutos/semana ou ? 75 minutos de atividade vigorosa29. Por fim, em relação à condição de saúde geral, considerou-se a multimorbidade (ausente ou presente), com base no autorrelato da presença de duas ou mais doenças crônicas diagnosticadas por um médico: câncer, acidente vascular encefálico, hipercolesterolemia, diabetes mellitus, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, angina, infarto do miocárdio, insuficiência renal crônica, hipertensão arterial, problema de coluna, osteoporose, artrite/reumatismo e depressão30.

Análise dos dados
Foram realizadas análises descritivas para todas as variáveis do estudo, incluindo cálculos de prevalência (%) e intervalo de confiança de 95% (IC95%). Para verificar as diferenças nas prevalências de limitação nas ABVD e AIVD conforme as variáveis sociodemográficas, comportamentais e de saúde entre homens e mulheres, utilizou-se o teste qui-quadrado de Pearson com correção de Rao-Scott para amostras complexas. Para testar as associações entre exposições e desfechos, estratificadas por sexo, foi utilizada regressão logística, que gerou estimativas de odds ratio (OR) brutas e ajustadas com seus respectivos IC95%. O desenho complexo do estudo e os pesos amostrais foram incorporados às análises utilizando o comando svy. A análise dos dados foi realizada usando o programa estatístico Stata, versão 14.0 (Stata Corp, College Station, Texas, EUA), adotando um nível de significância de 5%.

RESULTADOS
Foram incluídos nas análises 6.874 participantes que responderam às questões de interesse. A maior proporção da amostra analisada era do sexo feminino (55,4%), na faixa etária entre 60 e 69 anos (55,2%), morava com companheiro (56,7%), tinha de 1 a 4 anos de escolaridade (43,9%), era insuficientemente ativa (82,0%) e apresentava multimorbidade (59,3%) (Tabela 1).
As prevalências de limitação nas ABVD foram de 12,7% (IC95%: 10,5; 15,4) na amostra total, sendo de 8,0% (IC95%: 6,3; 10,2) nas mulheres e 4,7% (IC95%: 3,9; 5,6) nos homens. Já para as AIVD, as prevalências de limitação foram de 40,0% (IC95%: 35,2; 45,0) na amostra total, sendo 26,1% (IC95%: 22,4; 30,2) nas mulheres e 13,9% (IC95%: 12,2; 15,6) nos homens (dados não apresentados na Tabela).
As mulheres apresentaram maiores prevalências de limitações nas ABVD em relação aos homens nas categorias 80 anos ou mais, sem companheiro, 1 a 4 anos de estudo, e em ambas categorias do nível de atividade física (suficientemente e insuficientemente ativo). Já as prevalências de limitação nas AIVD foram significativamente maiores para as mulheres em comparação aos homens em todas as categorias das variáveis sociodemográficas, comportamentais e de saúde analisadas (Tabela 1).

Tab. 1

As Figuras 1 e 2 apresentam as prevalências de limitação nas ABVD e AIVD, respectivamente, conforme as variáveis de exposição para cada sexo. Para as ABVD, observa-se que as mulheres apresentam maiores prevalências em comparação aos homens para sarcopenia sem obesidade geral (10,2% versus 6,7%), sarcopenia com obesidade geral (17,8% versus 6,3%) e sarcopenia com obesidade abdominal (13,7% versus 7,2%) (Figura 1). Com relação às AIVD, observa-se maiores prevalências de limitação para as mulheres em todas as subcategorias das exposições analisadas. Os valores mais elevados foram observados nas mulheres que tinham sarcopenia com obesidade geral (56,7% versus 27,6%) e sarcopenia com obesidade abdominal (55,3% versus 31,0%) (Figura 2).

Figuras 1 e 2

A análise ajustada revelou que, entre os homens, associações significativas foram observadas somente para o desfecho de limitação nas AIVD, sendo que aqueles com sarcopenia sem obesidade geral (OR: 2,49; IC95%: 1,67; 3,73) e aqueles com sarcopenia e obesidade geral (OR: 2,23; IC95%: 1,01; 4,91) tiveram maiores chances de limitação em comparação aos homens sem sarcopenia e sem obesidade geral. Da mesma forma, aqueles com sarcopenia sem obesidade abdominal (OR: 2,50; IC95%: 1,48; 4,22) e aqueles com sarcopenia e obesidade abdominal (OR: 2,52; IC95%: 1,30; 4,90) apresentaram maiores chances de limitação na AIVD em comparação aos que não tinham sarcopenia e obesidade abdominal (Tabela 2).

Tabela 2

Entre as mulheres, as chances de limitação nas ABVD foram significativamente maiores naquelas com sarcopenia e obesidade geral (OR: 3,37; IC95%: 1,47; 7,71) e naquelas com sarcopenia e obesidade abdominal (OR: 2,59; IC95% 1,16; 5,76) quando comparadas às mulheres sem sarcopenia e sem o mesmo tipo de obesidade analisada. Em relação à limitação nas AIVD, foram observadas maiores chances de limitação, em relação ao grupo sem sarcopenia e sem obesidade geral, tanto para as mulheres com sarcopenia sem obesidade geral (OR: 2,08; IC95%: 1,59; 2,71) quanto para aquelas com sarcopenia e obesidade geral (OR: 2,52; IC95%: 1,64; 3,87). Similarmente, as chances de limitação nas AIVD foram maiores nas mulheres com sarcopenia sem obesidade abdominal (OR: 2,14; IC95%: 1,56; 2,94) e naquelas com sarcopenia e obesidade abdominal (OR: 2,46; IC95%: 1,59; 3,79) em comparação às mulheres sem sarcopenia e sem obesidade abdominal (Tabela 2).

DISCUSSÃO
No presente estudo constatou-se que a maior prevalência de limitação funcional foi observada nas AIVD para o sexo feminino. Além disso, a sarcopenia combinada com obesidade geral ou abdominal foi associada às maiores chances de limitação nas ABVD, exclusivamente nas mulheres. Em contraste, a sarcopenia isolada e a sarcopenia combinada com ambos os tipos de obesidade (geral ou abdominal) foram associadas às maiores chances de limitação nas AIVD em ambos os sexos. A obesidade isolada, tanto geral quanto abdominal, não apresentou associação significativa com os desfechos analisados em nenhum dos sexos.
As maiores prevalências de limitação nas AIVD entre mulheres com sarcopenia e obesidade, tanto geral quanto abdominal, podem ser explicadas por fenômenos sociais como a divisão de tarefas culturalmente delegadas entre os sexos. Em estudos anteriores que analisaram pessoas idosas brasileiras por meio de amostras em nível municipal nas cidades de Montes Claros (MG), Campina Grande (PB) e Florianópolis (SC) também revelaram maiores prevalência de limitação nas AIVD entre as mulheres 31-33. Já um estudo espanhol que realizou uma análise estratificada para cada domínio das atividades instrumentais também se constatou maior prevalência de limitação funcional nas AIVD no sexo feminino. Todavia, quando se avaliou individualmente cada atividade desse domínio, foi observado que as mulheres apresentaram maior dependência em tarefas relacionadas à administração de finanças e utilização de meios de transporte, enquanto os homens eram mais dependentes em atividades domésticas34. Tal resultado corrobora com a hipótese de que a prevalência de limitação nas AIVD é maior entre mulheres, porque esse domínio funcional inclui atividades que, culturalmente, são mais frequentemente atribuídas a indivíduos do sexo masculino.
Em nosso estudo, a sarcopenia combinada com obesidade, tanto geral quanto abdominal, foi associada às maiores chances de limitação nas ABVD somente entre as mulheres. Essa associação, restrita ao sexo feminino, pode ser explicada por processos próprios ao envelhecimento feminino como as alterações abruptas de hormônios após a menopausa, como o hormônio folículo-estimulante e o estradiol, que acarretam no declínio da massa muscular e no aumento de tecido adiposo 35. Tais alterações na composição corporal repercutem em maiores declínios de desempenho muscular, refletidos na diminuição mais acentuada da VM e da FPM entre as mulheres 35,36. Por sua vez, tal diminuição no desempenho muscular mostra associação com a limitação funcional, principalmente nas ABVD37. Ainda, a obesidade, tanto geral, quanto abdominal, mostra associação com reduções da motricidade fina, flexibilidade e equilíbrio, que prejudicam ainda mais a execução das ABVD 38. Desse modo, sarcopenia e obesidade exercem um efeito negativo convergente sobre a capacidade de execução das ABVD no sexo feminino.
Ademais, observamos que a sarcopenia isolada e a sarcopenia combinada com obesidade geral e abdominal foram associadas às maiores chances de limitação nas AIVD, para ambos os sexos. A literatura demonstra de forma consistente que a sarcopenia isolada está associada à limitação nas AIVD 38,40, assim como a sarcopenia combinada com obesidade geral41 e abdominal42. É provável que a associação observada com a sarcopenia isolada ocorra em função de outros fatores comumente relacionados à condição, como osteoporose, quedas e declínio cognitivo 8, que se mostram positivamente correlacionados à limitação nas AIVD 43–45. Em relação à obesidade, é cada vez mais conhecido o efeito que o acúmulo do tecido adiposo tem no aumento do estresse inflamatório sobre o tecido muscular, em função da liberação de citocinas IL-6, IL-1? e TNF-? pelos adipócitos que agem sobre os miócitos levando ao processo de apotose e, consenquentemente, de atrofia muscular – o que intensifica os efeitos negativos da sarcopenia 35.
É importante destacar que apesar das diferenças nas definições empregadas pelos estudos para classificar a sarcopenia, o estudo de Mayhew et al. (2023)46 demonstrou que os critérios propostos pele SDOC para definição de sarcopenia foram eficazes para discriminar indivíduos (45 a 89 anos) com limitações funcionais nas atividades de vida diária. Os resultados encontrados mostraram que a sarcopenia foi associada ao aumento das chances de incapacidade para atividades da vida diária, com razões de chance variando de 1,60 (IC95%: 1,42–1,80) a 5,80 (IC95%: 4,89–6,88), e valores discriminatórios da área sob a curva ROC (AUC) entre 0,60 e 0,81.
No presente estudo, não encontramos associações significativas entre obesidade isolada e limitação funcional em ambos os domínios avaliados. Em alguns estudos nacionais e internacionais, que não levaram em consideração a sarcopenia, foi observado que a obesidade, aferida por IMC ou circunferência da cintura, possui associação com a limitação funcional nas AIVD e nas ABVD 38,47-49. Já um estudo australiano com pessoas idosas do sexo masculino, no qual a sarcopenia também foi analisada, constatou-se que a obesidade isolada não foi associada à limitação funcional nas ABVD ou nas AIVD, enquanto que a obesidade combinada com a sarcopenia apresentou tal associação em ambos os domínios 41. Acredita-se que pessoas idosas obesas e não sarcopênicas apresentam maior quantidade de massa muscular para suportar e deslocar seu peso corporal aumentado, sendo essa musculatura, em alguns casos, suficiente para manter a capacidade de realização das atividades da vida diária, apesar de que, fatores como baixo nível de atividade física e idade avançada podem contribuir para que a qualidade muscular se torne insuficiente para manter a funcionalidade em pessoas obesas50. Desse modo, é possível supor que o principal determinante da limitação funcional pode não ser a obesidade em si, mas, sim, a musculatura inadequadamente adaptada para deslocar o peso corporal, ressaltando-se a importância de considerar as medidas de força e de função muscular ao analisar a limitação funcional na população idosa.
O presente estudo apresenta como pontos fortes o aspecto amostral, que incluiu uma população com representatividade nacional, e as análises estratificadas por sexo, que permitiram uma visão mais clara e direcionada dos achados. Além disso, este estudo inova ao considerar nas análises ambas as definições de obesidade – aferida pelo IMC e pela circunferência da cintura – as quais refletem condições clínicas e funcionais distintas na pessoa idosa. Como limitações, cabe ressaltar o delineamento transversal do estudo, que impossibilita o estabelecimento da temporalidade entre as variáveis de exposição e os desfechos 51. Além disso, o uso de dados autorreferidos sobre limitação funcional pode estar sujeito aos vieses de informação e desejabilidade social, o que pode resultar em sub ou superestimação das prevalências e afetar a direção e/ou magnitude das associações observadas 52.

CONCLUSÃO
Concluiu-se que mulheres idosas com sarcopenia combinada com obesidade, seja geral ou abdominal, apresentaram maiores chances de limitação nas ABVD. Por outro lado, homens e mulheres idosos, com sarcopenia isolada e sarcopenia combinada com obesidade (geral e abdominal) exibiram maiores chances de limitação nas AIVD. Além disso, a obesidade isolada não se associou à limitação nas ABVD e AIVD para ambos os sexos. Desse modo, nossos achados destacam a importância de os profissionais de saúde que trabalham com a pessoa idosa priorizarem o rastreio da sarcopenia, em especial na presença de obesidade. Identificar e tratar precocemente essas condições pode ajudar na prevenção de limitação funcional nesse grupo populacional.
Adicionalmente, recomenda-se a realização de estudos longitudinais para investigar a possível relação causal entre sarcopenia (com e sem obesidade) e limitações funcionais nas atividades de vida diária. Além disso, é importante examinar as relações dessas variáveis com medidas isoladas de força e função muscular, que parecem desempenhar um papel crucial na determinação desses desfechos.

Financiamento
O ELSI-Brasil foi financiado pelo Ministério da Saúde do Brasil: Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos - DECIT/SCTIE (Auxílios: 404965/2012-1 e TED 28/2017) e Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa na Atenção Primária, Departamento de Ciclo de Vida da Secretaria de Atenção Primária à Saúde - COPID/DECIV/SAPS (Auxílios: 20836, 22566, 23700, 25560, 25552 e 27510).

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Danielewicz, AL, Freitas, BP, Moreira, BS, Lopes, EC, Rosa, RA, Lima-Costa, MF, Avelar, NCP. SARCOPENIA, OBESITY, AND LIMITATIONS IN DAILY ACTIVITIES IN OLDER ADULTS FROM ELSI-BRAZIL: RECOMMENDATIONS FROM THE SARCOPENIA DEFINITION AND OUTCOMES CONSORTIUM. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/Aug). [Citado em 05/12/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/en/articles/sarcopenia-obesity-and-limitations-in-daily-activities-in-older-adults-from-elsibrazil-recommendations-from-the-sarcopenia-definition-and-outcomes-consortium/19793?id=19793&id=19793



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