Abstract(resumo):
Neste artigo descrevemos as características do processo de negociação do tratamento com medicamentos nos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) de 4 grandes municípios brasileiros. Os dados analisados provêm de um questionário estruturado aplicado com 1630 usuários de CAPS nos municípios de Campinas, Fortaleza, Porto Alegre e São Paulo. A maior parte dos usuários em tratamento nos CAPS não iniciou o uso de medicamento no CAPS, mas já no primeiro contato com serviços de saúde como UBS (Unidades Básicas de Saúde), pronto atendimento ou hospital psiquiátrico. Quase todos os usuários foram medicados ao iniciar tratamento no CAPS sendo que a maior parte deles foram medicados já no primeiro atendimento. Entre 55,2% e 40,7% (a depender do município) referiram não ter recebido informação sobre o tempo necessário de uso da medicação. Uma proporção bastante alta de usuários relatou já ter alterado a dose da medicação sozinho (40,5% a 28,7%) ou ter sido medicado contra a vontade (35,7% a 15,6%), o que indica limites na construção de consenso entre equipe, usuários e famílias sobre o uso de medicação. Os usuários de CAPS participam pouco do processo de decisão sobre a medicação. Há problemas desde a oferta de informação até problemas na construção de consenso envolvendo a introdução e uso continuado do medicamento. As causas desses problemas de contratualidade são muitas e devem ser analisadas levando-se em consideração a organização das redes, dos serviços e das práticas em saúde mental
Keywords(palavra-chave):
Serviços de Saúde Mental; Avaliação; Psicotrópicos; Co-gestão; Estudos Mistos
Access Issue in Scielo