0365/2024 - Social determinants of health for homeless older people: a scoping review.
Determinantes Sociais da Saúde para Pessoas Idosas em Situação de Rua: uma revisão de escopo.
Author:
• Antônio Batista Silva - Silva, A.B - <antonio.batista191@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3874-9290
Co-author(s):
• Hugo Moura de Albuquerque Melo - Melo, H.M.A - <Hugo.amelo@ufpe.br>ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8072-337X
• Beatriz de Lourdes Santos Chagas - Chagas, B.L.S - <beatriz.lourdes@ufpe.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2356-1786
• Anna Karla de Oliveira Tito Borba - Borba, A.K.O.T - <anna.tito@ufpe.br>
ORCID: http://orcid.org/0000-0002-9385-6806
• Danielle de Andrade Pitanga Melo - Melo, D.A.P - <danielle.pitanga@ufpe.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2340-3796
Abstract:
To map and analyze studies that address the social determinants of health for elderly people living on the streets. Method: This is a scoping review prepared according to the methodological framework of the Joanna Briggs Institute. The search was carried out in the following databases: Apa Psycnet, LILACS, Medline/PubMed, Scopus, Web of Science and Embase and also in the gray literature: Google Scholar; Cochrane Library; Catalog of Theses and Dissertations (CAPES); Cybertesis and NDLTD. Results: A total of 658 references were found and the final sample resulted in four studies. The impacts on the elderly homeless population were present in all articles and directly related to the social determinants of health. Conclusions: It was evidenced that socioeconomic issues, lack of family support, unemployment, absence of adequate housing and mental health demands are the most present social determinants of health in the studied public and have a direct impact on the health conditions of elderly people living on the streets.Keywords:
social determinants of health; aged; homeless people.Content:
Social determinants of health for homeless older people: a scoping review.
Other languages:
Determinantes Sociais da Saúde para Pessoas Idosas em Situação de Rua: uma revisão de escopo.
Abstract(resumo):
Objetivo: Mapear e analisar os estudos que abordam os determinantes sociais da saúde para pessoas idosas em situação de rua. Método: Trata-se de uma revisão de escopo elaborada de acordo com estrutura metodológica do Joanna Briggs Institute. A pesquisa foi realizada nas bases de dados: Apa Psycnet, LILACS, Medline/PubMed, Scopus, Web of Science e Embase e também na literatura cinzenta: Google Acadêmico; Cochrane Library; Catálogo de Teses e Dissertações (CAPES); Cybertesis e NDLTD. Resultados: No total foram encontradas 658 referências e a amostra final resultou em quatro estudos. Os impactos para a população idosa em situação de rua estiveram presentes em todos os artigos e relacionados diretamente com os determinantes sociais da saúde. Conclusões: Evidenciou-se que questões socioeconômicas, falta de apoio familiar, desemprego, ausência de habitação adequada e demandas de saúde mental são os determinantes sociais da saúde mais presentes do público estudado e impactam diretamente nas condições de saúde de pessoas idosas em situação de rua.Keywords(palavra-chave):
determinantes sociais da saúde; pessoas idosas; pessoas em situação de rua.Content(conteúdo):
INTRODUÇÃOA população idosa no Brasil está em exponencial crescimento e as projeções são de que esse número seja cada vez mais significativo. De acordo com o censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o contingente populacional de pessoas idosas apresentou um aumento de 15,1%. No mesmo levantamento, apontou-se uma redução no grupo etário dos mais jovens entre 2012 e 2021, com uma queda de 5,4% na faixa etária abaixo de 30 anos. Em contrapartida, a população com 30 anos ou mais passou a representar 56,1% do total da população (1).
O envelhecimento populacional, tanto no Brasil quanto no mundo, tem provocado mudanças significativas no perfil demográfico, especialmente nos diferentes grupos etários ao longo do tempo. Entretanto, vale ressaltar que a transição demográfica ainda que seja universal, existem diferenças acerca de sua repercussão nas diversas regiões do mundo e entre os próprios países da mesma região. Enquanto os países de primeiro mundo iniciaram sua transição demográfica no século XIX, na América Latina e no Caribe esse processo ocorreu de forma mais tardia. Isso é especialmente preocupante, pois essas regiões enfrentam elevados índices de pobreza e desigualdade social (2).
O envelhecimento é um processo diverso, fortemente influenciado por fatores sociais. Se será bem-sucedido ou não, pode depender de experiências vividas na infância e na vida adulta. Por isso, é importante que políticas públicas não foquem apenas na velhice, mas também em promover condições sociais favoráveis em todo curso do desenvolvimento humano, garantindo um desenvolvimento saudável e um envelhecimento de qualidade (3).
No Brasil, as políticas públicas têm debatido questões sociais relacionadas à desigualdade e iniquidades dentro da saúde, destacando o protagonismo do conceito de Determinantes Sociais da Saúde (DSS). Essa concepção ressalta a importância das condições de vida e das políticas públicas na promoção da saúde. Historicamente, os DSS refletem uma compreensão cada vez mais abrangente da saúde, reconhecendo a influência profunda das condições sociais, econômicas e ambientais, tanto no Brasil quanto no contexto global (4).
Entre as diversas perspectivas conceituais dos DSS, a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS) adota o modelo de Dahlgren e Whitehead devido à sua simplicidade e clareza gráfica, facilitando sua compreensão por diferentes públicos. Esse modelo organiza os DSS em camadas, incorporando elementos de análise como idade, sexo, fatores genéticos, alimentação, lazer, informações, entre outros, dividindo-se em uma camada mais próxima aos determinantes individuais e outra mais distante, em que se encontram os macrodeterminantes (5).
Para essa comissão, os DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. A Organização Mundial de Saúde (OMS) assim define os DSS:
“As circunstâncias nas quais as pessoas nascem, crescem, trabalham, vivem, e envelhecem, e o amplo conjunto de forças e sistemas que moldam as condições da vida cotidiana. Essas forças e sistemas incluem sistemas e políticas econômicas, agendas de desenvolvimento, normas sociais, políticas sociais e sistemas políticos” (6) .
De acordo com o Ministério da Saúde, há uma notável carência de estudos voltados para explorar de maneira aprofundada os DSS na População em Situação de Rua (PSR) e sua dinâmica (7). Conforme o Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009, a PSR é um grupo diverso, mas com características comuns, como extrema pobreza, laços familiares rompidos ou fragilizados e a ausência de moradia convencional, levando ao uso de espaços públicos para habitação e sobrevivência, de forma temporária ou permanente (8).A ONU amplia essa definição, afirmando que a situação de rua não se refere apenas à falta de moradia física, mas caracteriza um grupo social que sofre violações extremas de direitos, como o acesso a um lar, à segurança, à saúde e proteção (9).
No Brasil, observa-se um aumento significativo do número de Pessoas em Situação de rua - (PSR) que atingiu 3,2%, até 2022, conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – (IPEA). (10). A presença de pessoas idosas em situação de rua é uma realidade preocupante, pois o envelhecimento progressivamente reduz a capacidade do corpo de se defender contra agressões externas. Isso torna o organismo mais vulnerável e lento nas respostas a ameaças, aumentando a necessidade de atenção e cuidados especiais (11).
Sobre os DSS na PSR, Nascimento, et.al (12) observaram a influência de fatores macroestruturais, como o sucateamento dos serviços e a falta de investimentos, além de barreiras que comprometem a eficácia da intersetorialidade e a integralidade dos serviços de saúde destinados a essa população.
Uma pesquisa realizada no município de Porto Alegre, Brasil, Mattos, et.al (13) evidenciou que pessoas idosas em situação de rua, percebem um agravamento de sua saúde devido à vulnerabilidade em que vivem. Doenças comuns na terceira idade, como cardiopatias e diabetes, tornam-se crônicas e mais severas nesse contexto. Os participantes relataram também dificuldades no acesso aos serviços de saúde e na obtenção de cuidados contínuos. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) oriente o acompanhamento dessa população na Atenção Básica, os entrevistados mencionaram barreiras como estigma, preconceito e as próprias condições adversas vivenciadas.
Sobre isso, uma pesquisa com pessoas idosas em situação de rua em Montreal, Canadá, destacou que os determinantes sociais têm um papel crucial nas condições de saúde de populações vulneráveis. No caso das pessoas idosas, essa vulnerabilidade pode resultar em condições de vida degradantes e saúde comprometida, devido à pobreza extrema e exclusão social, levando a uma "vida no limite", ou seja, sujeitos a diversos riscos (14).
Outra pesquisa realizada com pessoas idosas em situação de rua em três países, (Inglaterra, Estados Unidos e Austrália), apesar de não focar especificamente nos DSS, revelou que a maioria dos entrevistados já apresentava problemas de saúde antes de viverem nas ruas, principalmente em relação à saúde física e mental. No entanto, a falta de cuidados médicos, as condições de vida insalubres e adversidades agravaram essas doenças. Além disso, a saúde mental piorou significativamente devido à ausência de um ambiente seguro, isolamento social e falta de moradia, intensificando quadros de depressão e ansiedade (15) .
Compreender as características e particularidades das pessoas idosas em situação de rua é essencial, pois se trata de um grupo em extrema vulnerabilidade, sujeito a diversos riscos. O acesso limitado à saúde e a dificuldade na prestação de cuidados são considerados como DSS (6). Por isso, pessoas nessa condição estão mais suscetíveis a adoecer devido às suas circunstâncias de vida. Assim, o adoecimento não se restringe apenas ao aspecto físico, mas reflete toda a trajetória de vida do indivíduo. A saúde de uma pessoa é, em grande parte, influenciada pelas condições em que ela nasce, vive, trabalha e envelhece (16) .
Após a caracterização dos DSS entre os estudos citados, notou-se que apesar da heterogeneidade das diversas regiões do mundo no que tange a esse tema, há grande esforço científico para se chegar a uma compreensão global acerca do fenômeno da população em situação de rua, de maneira mais abrangente possível, a fim de compartilhar e pensar em metodologias de intervenção e cuidado mais eficazes para todos (17).
Apesar de existirem pesquisas realizadas com a PSR com maior abrangência, estudos voltados com destaque para o recorte da população idosa ainda são escassos na literatura. A revisão de escopo é um método de pesquisa com diversos objetivos e neste artigo, foi empregada para identificar produções emergentes em áreas de estudos pouco aprofundadas (18). Diante disso, surgiu a seguinte pergunta condutora: como os estudos caracterizam os determinantes sociais da saúde em pessoas idosas que vivem em situação de rua? O objetivo dessa revisão de escopo é mapear e analisar os estudos que abordam os determinantes sociais da saúde com pessoas idosas em situação de rua.
Dessa forma, realizar um levantamento das pesquisas existentes, a partir do mapeamento desses conceitos, poderá auxiliar na identificação de lacunas existentes. Essa revisão pretende condensar o conhecimento existente para favorecer a condução de futuros estudos primários.
MÉTODO
Protocolo e Registro
Trata-se de uma revisão de escopo que foi realizada seguindo as recomendações indicadas do Joanna Briggs Institute (JBI) através do Manual for Evidence Synthesis que determina as seguintes etapas 1) identificação da questão de pesquisa; 2) critérios de inclusão; 3) estratégia de busca; 4) seleção de fonte de evidência; 5) extração e análise dos dados e 6) apresentação dos resultados(19).Além disso, foi relatada a concordância do guia Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) (19).
O protocolo desta revisão foi registrado na plataforma Open Science Framework (OSF), podendo ser identificado a partir do registro DOI 10.17605/OSF.IO/CXTYK e encontrado através https://osf.io/cxtyk/.
Critérios de Seleção
A pergunta condutora foi elaborada a partir do acrônimo PCC (19) , sendo P (População): Pessoas Idosas; C (Conceito): Determinantes sociais da saúde e C (Contexto): situação de rua. Os participantes são pessoas idosas em situação de rua com idade a partir de 60 anos. Os critérios de elegibilidade tiveram como norteamento a pergunta condutora da pesquisa: como os estudos caracterizam os determinantes sociais da saúde em pessoas idosas que vivem em situação de rua?
Foram incluídos os seguintes tipos de pesquisa: 1) Trabalhos que tratam de indivíduos em situação de rua com enfoque específico nas pessoas idosas, levando em conta a definição de pessoa idosa conforme estabelecida no Estatuto do Idoso e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 2) Sobre o conceito: os estudos que envolvam e considerem os determinantes sociais da saúde, uma vez que tal perspectiva parte do princípio de que as iniquidades sociais e condições socioeconômicas interferem na saúde da população. 3) Estudos que envolvam pessoas em situação de rua com recorte específico para as pessoas idosas. Não foi estabelecido nenhum critério de exclusão e também não houve delimitação de marco temporal dos estudos, idioma ou país, visto que pela característica e tipo de estudo, faz-se necessário um rastreamento de forma ampla e abrangente.
Fontes de Informação
No que tange às fontes utilizadas para obtenção das informações, foram realizadas pesquisas nas seguintes bases de dados para a revisão de escopo: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Pubmed, Scopus, Web of Science, Embase e APA PsycNet, a fim de selecionar e mapear os estudos relevantes. Em relação à literatura cinzenta, realizou-se a busca através do Google Acadêmico, Cybertesis, Networked Digital Library of Theses and Dissertations (NDLTD), Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES e Cochrane Library.
Estratégia de busca
A estratégia foi desenvolvida de forma consensual entre os autores com o intuito de identificar as prováveis fontes de evidências publicadas nas diversas bases de dados e também na literatura cinzenta. Inicialmente foi realizada uma pesquisa prévia e restrita à PubMed para identificar os descritores e sinônimos nos seguintes vocabulários controlados: MeSH, DeCS e Emtree Terms. Após isso, na segunda etapa houve o ajuste dos termos para cada base de dados e a literatura cinzenta. As chaves de busca foram testadas no período de setembro de 2023 a janeiro de 2024.
Através dos operadores booleanos AND e OR foi criado um planejamento uniforme e validado por três pesquisadores, dois deles apresentavam conhecimento no assunto abordado e o terceiro, no método. Os descritores utilizados foram: “Social Determinants of Health”, “Socio-Economic Determinants of Health”, “Structural determinants of health'”, “Homeless Persons”, “Housed Persons“, “Street People”, “Homelessness”, “Aged” e “Aged, 80 and over”. Em relação ao uso deste último descritor, fez-se necessário para classificar e filtrar estudos que envolvem, especificamente, pessoas idosas com 80 anos ou mais, uma vez que o descritor “Aged” abrange estudos com pessoas idosas até os 79 anos de idade. As associações com os operadores booleanos foram o “AND” e o “OR”, e o procedimento foi adaptado para as bases de dados assim como da literatura cinzenta.
As buscas foram realizadas no dia 13 de janeiro de 2024. Como forma de deixar a pesquisa mais abrangente possível também houve a consulta na lista das referências dos estudos incluídos na revisão. A estratégia de busca utilizada em cada uma das bases eletrônicas de dados está disponível no Quadro 1.
Quadro 1
Seleção das Fontes de Evidências
À medida que foi ocorrendo a identificação dos estudos nas bases de dados eletrônicas, estes foram exportados para o gerenciador Rayyan® (20) no qual foi realizado a remoção das duplicatas dos artigos que estavam presentes em mais de uma das bases. Após isso, foi iniciada a fase 1, momento no qual, por meio da seleção de pares “cegados”, os dois revisores (A.B.S e B.L.S.C) fizeram a leitura dos títulos e resumos dos estudos selecionados e aqueles que não atenderam aos critérios de inclusão, foram retirados da pesquisa.
Na fase 2, os artigos foram lidos na íntegra por dois revisores, de forma mascarada (ou seja, cada revisor teve acesso aos estudos, mas não pode identificar as decisões de inclusão ou exclusão feitas pelo outro revisor). Assim, os dois revisores, novamente aplicaram os critérios de elegibilidade para a seleção dos estudos. Nesta etapa, como os dois revisores não chegaram a um consenso, foi necessária a participação de um terceiro revisor para a avaliação e tomada de decisão final acerca dos estudos incluídos na revisão.
Procedimento de coleta de dados
Para o procedimento de coleta e extração de dados foi utilizado o instrumento conforme as orientações contidas no Manual do JBI (21) . Em relação ao mapeamento descritivo das variáveis de cada estudo, foi construído um instrumento no Microsoft® Excel® para Microsoft 365® MSO (Versão 2312 Build 16.0.17126.20132) 64 bits, apresentado em tabela do tipo quadro contendo as seguintes informações: características dos estudos (autor, ano, país onde foi realizado o estudo e objetivos). Bem como as características do conceito: determinantes sociais da saúde e os impactos para as pessoas em situação de rua.
Dessa maneira, dois revisores (A.B.S e B.L.S.C) fizeram um teste preliminar a fim de avaliar a viabilidade dos formulários da coleta de dados, ou seja, se as variáveis propostas iriam abarcar a extração de todos os dados necessários para a análise qualitativa. As informações dos estudos incluídos na fase 2 foram extraídas, de maneira independente, com o uso de planilhas do Microsoft Excel®.
Caracterização e análise dos dados dos estudos
As características individuais das referências selecionadas estão descritas no quadro 2. Quanto aos estudos que versam sobre os DSS, encontrou-se no período de 2022 e 2017, com uma publicação em 2022 (n=1); uma em 2021 (n=1), e nos anos de 2020 e 2017, uma publicação em cada um destes anos. Em relação aos locais de pesquisa, houve um estudo na Austrália (22); um nos Estados Unidos (23), além de duas pesquisas no Brasil, sendo uma dissertação de mestrado(24) e a outra, tese de doutorado (25).
Em todos esses estudos selecionados foi possível identificar alguns achados que estão articulados com determinantes sociais da saúde e que se apresentaram como geradores de impactos para a saúde da população idosa em situação de rua. Os determinantes sociais da saúde presentes em todos os estudos foram insegurança financeira, desemprego, falta de apoio social e familiar, uso de substâncias psicoativas e falta de moradia (23–26).
De forma geral, todos os estudos mostraram que a condição de vivência de rua é um fato que potencializa o agravamento da saúde e o modo de vida da pessoa idosa, uma vez que a própria condição de envelhecer implica em necessidades específicas. Além disso, trata-se de uma população que tende a perder a autonomia e a sua capacidade de gerir o autocuidado paulatinamente (27).
Os estudos evidenciaram que a população idosa em situação de rua enfrenta dificuldades no acesso à assistência à saúde, especialmente no que diz respeito à continuidade dos cuidados, além de uma maior suscetibilidade ao desenvolvimento de doenças crônicas. A seguir apresenta-se de maneira sistematizada e detalhada os dados referentes aos estudos selecionados desta revisão de escopo.
Quadro 2
RESULTADOS
As buscas nas bases de dados e literatura cinzenta resultaram em 658 referências das quais 148 foram removidas por serem duplicatas, ou seja, estavam presentes em mais de uma das uma base de dados, sendo possível identificar esses artigos sobrepostos através do software Rayyan, assim ficaram o total de 510 que foram elegíveis para leitura do título e resumo.
Após a leitura dos títulos e resumos foram excluídos 480 estudos, visto que não abarcavam o objeto da pesquisa, por não estarem de acordo com a população, conceito ou contexto, e 6 por não estarem disponíveis para acesso nas bases de dados (open access). Por fim, restaram 24 estudos que ficaram em conflito entre os dois revisores que não chegaram a um consenso, sendo o percentual de discordância entre de 4,76%, visto que o total de estudos excluídos foi 480 e mais os 24 em conflito.
O cálculo de discordância é a razão dos números de estudos em conflito 24 e o número total de estudo revisados 504, assim, 24/504 x 100 = 4,7 %. Mesmo com um percentual de discordância relativamente baixo, foi necessário a entrada de um terceiro revisor, que excluiu mais 9 estudos, restando apenas 15 para a leitura na íntegra.
Depois de lidos na íntegra, foram excluídos 11 estudos. Os estudos de (28–34), não abordam os determinantes sociais da saúde. Já as pesquisas de (26,35,36) não foram realizadas somente com as pessoas idosas em situação. Os estudos de (37–40) ; não abordaram os determinantes sociais da saúde, além disso a população dos estudos não ter sido composta somente por pessoas idosas. Resultando, assim, na amostra final, quatro estudos, tal como pode-se observar no fluxograma na figura 1.
Fig.1
DISCUSSÃO
A revisão de escopo objetivou mapear e analisar os estudos que tratam dos determinantes sociais da saúde com pessoas idosas em situação de rua. Observou-se que as pesquisas voltadas para esse público, especialmente nessa faixa etária, são bastante incipientes. No entanto, mesmo com a diversidade de metodologias e a realização dos estudos em diferentes países, as semelhanças encontradas indicam um consenso: os determinantes sociais da saúde afetam significativamente a vida de pessoas idosas em situação de rua.
De acordo com os estudos selecionados, a pesquisa dos Estados Unidos (23) apontou que as pessoas idosas com doenças neurodegenerativas estão mais suscetíveis a ficarem em situação de rua, tendo essa condição potencializada pelas questões socioeconômicas, ausência de apoio familiar e desemprego. Sobre isso, Souza et.al, (41) afirmam que as pessoas idosas que estão em situação de rua, costumam perceber progressivamente sua perda de autonomia que tende a ser agravada por causa da suscetibilidade à riscos, aumento das doenças crônicas, falta de alimentação adequada e espaço de segurança.
No Brasil, foram identificados e incluídos dois estudos (24,25) , realizados nos municípios de Belo Horizonte e Porto Alegre. Os principais fatores que influenciaram para a vivência em situação de rua do público pesquisado foram conflitos familiares, desemprego, falta de apoio financeiro e empobrecimento, em Belo Horizonte. Em Porto Alegre, destacaram-se a falta de condições financeiras para custear moradia, a violência doméstica, a ruptura de vínculos familiares, uso de substâncias psicoativas e o desemprego.
Esses fatores contribuíram para a situação de vulnerabilidade social e estão diretamente ligados aos determinantes sociais da saúde, considerando que as condições socioeconômicas, culturais, políticas e ambientais, afetam a saúde de uma população (16). Desta forma, a ruptura de vínculos familiares, desemprego, dificuldade financeira, empobrecimento, violência doméstica e uso de substâncias psicoativas, são expressões da desigualdade social que repercutem diretamente no estado de saúde.
Nota-se a partir dos achados presentes nas pesquisas dos dois países que, apesar do primeiro ser considerado uma nação desenvolvida e com melhores condições financeiras, os dados encontrados em ambas as cidades brasileiras evidenciaram similaridades ao estudo dos Estados Unidos, sobretudo, no que diz respeito aos condicionantes que contribuíram para a situação de rua, assim como, as repercussões para a saúde destas pessoas.
Quando comparamos com outros grupos que também estão em situação de rua, as pessoas idosas são mais vulneráveis e enfrentam um conjunto maior de problemas de saúde física, fatores psicológicos e sociais, além do aumento de deficiências cognitivas e demência, outro agravante é a exposição e maior propensão ao consumo e dependência de substâncias psicoativas. Assim, todas essas questões podem comprometer a capacidade destas pessoas de tomarem decisões para gerir a própria vida (42).
O outro incluído, realizado na Austrália, (22) única que trouxe o recorte de gênero, pois foi realizada apenas com mulheres idosas em situação de rua, teve por objetivo identificar as necessidades e também as barreiras por elas enfrentadas para acesso aos serviços de saúde. Os principais DSS foram a violência doméstica e familiar, insegurança financeira, divórcio e problemas de saúde mental. A violência sexual, dificuldade de atendimento médico especializado, preconceito, estigma pelos profissionais de saúde, traumas por lesões e depressão aparecem como implicações diretas para a saúde delas, potencializadas por estarem em situação de rua.
Sobre isso, um estudo realizado em Nova York nos Estados Unidos com 141 mulheres em situação de rua identificou índices significativos de violência física e sexual (43). Outro estudo realizado em Los Angeles com mulheres em situação de rua identificou que boa parte delas, 13% já haviam sofrido estupro, sendo esse um dos principais motivos para procura de serviços de saúde (44).
Uma pesquisa realizada no Brasil nas cidades de São Leopoldo e Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, com mulheres em situação de rua na faixa etária de 20 a 61 anos de idade, corroboram as pesquisas dos Estados Unidos, citadas anteriormente, pois evidenciou através das entrevistas que eles sofreram diversas violências, como estupro e violência doméstica. Além disso, essas mulheres costumam apresentar vínculos familiares rompidos e têm dificuldade de realizar acompanhamento à saúde (45) .
Neste panorama os dados supracitados mostram que as mulheres estão bastante suscetíveis às diversas formas de violência e, somado a isso, sua condição de risco e vulnerabilidade é agravada pelo fato de serem idosas, mulheres e estarem em situação de rua, fatores que as expõem ainda mais, intensificando sua fragilidade e aumentando as ameaças à sua segurança.
De modo geral, a pesquisa mostrou, a partir dos estudos selecionados, que as pessoas idosas que estão em situação de rua são um grupo populacional que possui a saúde frágil com tendência para se agravar. Neste sentido, nota-se que todos os estudos mostraram, em algum aspecto, que os determinantes sociais da saúde geram consequências para a vida destas pessoas.
Assim, viver em situação de rua, como desabrigado, implica em uma menor expectativa de vida e maior risco de mortalidade. Somado a isso, há um aumento na necessidade de utilizar serviços hospitalares para tratar problemas de saúde agudos, ao mesmo tempo que o acesso aos serviços de saúde primários e preventivos é reduzido. Isso pode resultar em diagnósticos tardios de doenças (46).
Desta forma, faz-se necessário que, de forma global, os DSS sejam utilizados de maneira prioritária por parte das políticas públicas para o cuidado com essas pessoas. Sendo preciso um olhar atento para os determinantes sociais da saúde que podem estar envolvidos no processo e na forma de adoecimento delas (47) .
Essa revisão de escopo teve como principal limitador que a quantidade de estudos com pessoas em situação de rua é bastante incipiente, tanto no Brasil quanto a nível mundial, sobretudo, no recorte com as pessoas idosas, que é o objeto desta revisão, esse número é ainda mais deficitário. Outrossim, as literaturas encontradas com a população do estudo, não abordavam os determinantes sociais da saúde.
O baixo quantitativo de estudos dificultou uma discussão mais ampla acerca da temática, porém acreditamos que a pesquisa atingiu seu objetivo e conseguiu mapear os trabalhos existentes acerca da temática, uma vez que na revisão de escopo o foco é mapear de maneira ampla a literatura presente sobre um determinado tema, identificando as lacunas e procurando esclarecer conceitos.
Para minimizar as limitações dos estudos relacionados à população em situação de rua, com recorte especial para as pessoas idosas, foram adotadas estratégias durante a realização da revisão: utilizar o máximo de descritores possíveis; o máximo de bases de dados, e a literatura cinzenta e ainda se realizou uma consulta nas referências dos artigos selecionados para tentar identificar se um determinado estudo citado poderia ser incluído na revisão de escopo.
Portanto, apesar da escassez de estudos, a escolha adequada dessa metodologia, conseguiu identificar as lacunas, podendo-se considerar que o objetivo principal foi atingido e o estudo trouxe contribuições valiosas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em linhas gerais, essa revisão de escopo identificou quatro estudos com a população idosa em situação de rua que consideram e abordam os determinantes sociais da saúde como aspectos que influenciam diretamente a vida e a saúde desse público. Os resultados explicitaram, também, questões sociais que envolvem aspectos econômicos, culturais, familiares, entre outros, mostram-se cruciais no que se refere ao acesso ou a inacessibilidade aos serviços e programas de saúde e, mais amplamente, às políticas públicas.
Nesta perspectiva, é preciso, antes de tudo, ressaltar que as Pessoas em Situação de Rua não são um grupo homogêneo, que apesar de haver muitos aspectos comuns, há diversas interseccionalidades que os atravessam. Logo, as pessoas idosas, sobretudo, enfrentam ainda mais a sobreposição de fatores como maior fragilidade pela faixa etária de idade, agravamento das doenças crônicas, além da perda gradativa de autonomia e mobilidade, aspectos que potencializam sua exclusão social e dificuldade de acesso aos direitos básicos como moradia e saúde.
Portanto, pode-se considerar que se trata de uma população bastante vulnerável e com a saúde, muitas vezes, comprometida, pelas condições precárias que têm, frequentemente, sem a possibilidade de usufruto dos recursos mínimos para sobreviver, somado ao fato de terem mais dificuldade de acesso às políticas públicas de saúde.
Por fim, o estudo trouxe contribuições significativas para a comunidade científica na área da gerontologia, evidenciando o quão a população idosa em situação de rua são um grupo vulnerável e com necessidades específicas, que são potencializados pela própria condição de envelhecimento e evidenciando a necessidade de realização de mais estudos.
Referências Bibliográficas
1. Cabral U. Agência de Notícias. 2022. 2022. População cresce, mas número de pessoas com menos de 30 anos cai 5,4% de 2012 a 2021 .
2. Organização Pan-Americana da Saúde -OPAS, Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe - CEPAL. . Perspectivas demográficas do envelhecimento populacional na Região das Américas. Perspectivas demográficas do envelhecimento populacional na Região das Américas. . Organização Pan-Americana da Saúde; 2023. p. 1–71.
3. Gomes C dos S, Fernandes , Juliana, Freitas RV de M, Guerra RO. Determinantes sociais da saúde e o processo de envelhecimento no nordeste brasileiro: resultados do LEFIG-UFRN. In: Saúde, Sociedade e Meio Ambiente: ensaios preliminares. Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass); 2022. p. 74–93.
4. Almeida-Filho N. A problemática teórica da determinação social da saúde. In: In R. P. Nogueira (Org.), editor. Determinação social da saúde e reforma sanitária. Rio de Janeiro: Cebes.; 2010. p. 13–36.
5. Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde. As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2008.
6. Organização Mundial da Saúde (OMS). Determinantes sociais da saúde. Relatório final da Comissão sobre os Determinantes Sociais da Saúde. Genebra: OMS; 2008AD.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Manual sobre o cuidado à saúde junto à população em situação de rua. Brasilia: MS; 2012.
8. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações técnicas: Centro de referência especializado para população em situação de rua: Centro pop SUAS e a População de Rua. 2011.
9. Organização das Nações Unidas. Organização das Nações Unida (ONU). Available from: www.ohchr.org/EN/Issues/Housing/Pages/Homelessnessandhumanrights.aspx. 2015.
10. Marco Natalino. ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL (2012-2022. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 2022;04–24.
11. Broide, Jorge. Envelhecer Vivendo nas Ruas: A Experiência Radical do Desamparo. 2021.
12. Nascimento TH de S, Santos JCG dos, Sampaio MB, Teixeira A da C, Brito EPM. População em situação de rua e o acesso aos serviços de saúde: concepções e determinantes. SMAD, Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas (Edição em Português). 2022 Jul 22;18(2):21–9.
13. Zanchi de Mattos CM, Krieger Grossi P, Riegel F, Rubin Unicovsky MA, Girardi F, Oliveira Crossetti M da G. Percepções de idosos em situação de rua acerca do processo de envelhecimento. Revista Recien - Revista Científica de Enfermagem. 2021 Dec 22;11(36):241–55.
14. Grenier A, Barken R, McGrath C. Homelessness and aging: The contradictory ordering of ‘house’ and ‘home.’ J Aging Stud. 2016 Dec;39:73–80.
15. Crane M, Byrne K, Fu R, Lipmann B, Mirabelli F, Rota-Bartelink A, et al. The Causes of Homelessness in Later Life: Findings From a 3-Nation Study. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci. 2005 May 1;60(3):S152–9.
16. Organização Mundial de Saúde (OMS). Todos pela equidade. A prática das politicas públicas sobre os determinantes sociais da saúde. 2011.
17. Busch-Geertsema V, Culhane D, Fitzpatrick S. Developing a global framework for conceptualising and measuring homelessness. Habitat Int. 2016 Jul;55:124–32.
18. Cordeiro L, Baldini Soares C. Revisão de escopo: potencialidades para a síntese de metodologias utilizadas em pesquisa primária qualitativa. BIS Boletim do Instituto de Saúde. 2020 Dec 31;20(2):37–43.
19. Peters MDJ. Managing and Coding References for Systematic Reviews and Scoping Reviews in EndNote. Med Ref Serv Q. 2017 Jan 2;36(1):19–31.
20. Ouzzani M, Hammady H, Fedorowicz Z, Elmagarmid A. Rayyan—a web and mobile app for systematic reviews. Syst Rev. 2016 Dec 5;5(1):210.
21. Peters MDJ, Marnie C, Tricco AC, Pollock D, Munn Z, Alexander L, et al. Updated methodological guidance for the conduct of scoping reviews. JBI Evid Synth. 2020 Oct;18(10):2119–26.
22. Sutherland G, Bulsara C, Robinson S, Codde J. Older women’s perceptions of the impact of homelessness on their health needs and their ability to access healthcare. Aust N Z J Public Health. 2022 Feb;46(1):62–8.
23. Piña-Escudero SD, López L, Sriram S, Longoria Ibarrola EM, Miller B, Lanata S. Neurodegenerative Disease and the Experience of Homelessness. Front Neurol. 2021 Jan 13;11.
24. Camargo af. O processo de envelhecimento sob a ótica de idosos em situação de rua. [Belo horizonte]: universidade federal de minas gerais; 2020.
25. Mattos Cmz de. Condições e modo de vida das pessoas idosas em situação de rua. [Porto Alegre]: pontifícia universidade católica do rio grande do sul; 2017.
26. Parsell C, ten Have C, Denton M, Walter Z. Self-management of health care: multimethod study of using integrated health care and supportive housing to address systematic barriers for people experiencing homelessness. Australian Health Review. 2018;42(3):303.
27. Torres KRB de O, Campos MR, Luiza VL, Caldas CP. Evolução das políticas públicas para a saúde do idoso no contexto do Sistema Único de Saúde. Physis: Revista de Saúde Coletiva. 2020;30(1).
28. Mantell R, Hwang YIJ, Radford K, Perkovic S, Cullen P, Withall A. Accelerated aging in people experiencing homelessness: A rapid review of frailty prevalence and determinants. Front Public Health. 2023 Mar 16;11.
29. Chinchilla M, Gabrielian S, Hellemann G, Glasmeier A, Green M. Determinants of Community Integration Among Formerly Homeless Veterans Who Received Supportive Housing. Front Psychiatry. 2019 Jun 26;10.
30. Magwood O, Hanemaayer A, Saad A, Salvalaggio G, Bloch G, Moledina A, et al. Determinants of Implementation of a Clinical Practice Guideline for Homeless Health. Int J Environ Res Public Health. 2020 Oct 29;17(21):7938.
31. Mullady SSS, Castellanos S, Lopez L, Aguirre G, Weeks J, King S, et al. Neurocognitive health of older adults experiencing homelessness in Oakland, California. Front Neurol. 2022 Jul 22;13.
32. Gula AL, Ramos J, Simpson JM, Jiang L, Martin E, Wice M, et al. Utilization of Palliative Care in Veterans Admitted With Heart Failure Experiencing Homelessness. J Pain Symptom Manage. 2022 Nov;64(5):471–7.
33. Lin LP, Wang LY, Wang TW, Chen YC, Lin JD. Factors Associated with Free Hospital Outpatient Service Use among Middle-Aged and Older Urban Homeless Adults in Taipei. Int J Environ Res Public Health. 2021 May 17;18(10):5330.
34. Ye VM, Caplan RJ, Consiglio-Ward L, Ellison JM. Health Care Needs of Homeless Older Adults: Dela J Public Health. 2019 Dec;5(5):74–80.
35. Carroll B, Walsh K, Scharf T, O’Donovan D, Keogh S. Positive health and ageing policies for older Irish travellers and older people who have experienced homelessness in Ireland: Life-course meanings and determinants. Soc Sci Med. 2023 Nov;336:116264.
36. Tabuchi T, Takatorige T, Hirayama Y, Nakata N, Harihara S, Shimouchi A, et al. Tuberculosis infection among homeless persons and caregivers in a high-tuberculosis-prevalence area in Japan: a cross-sectional study. BMC Infect Dis. 2011 Dec 21;11(1):22.
37. Schwarz L, Castillo EM, Chan TC, Brennan JJ, Sbiroli ES, Carrasco-Escobar G, et al. Heat Waves and Emergency Department Visits Among the Homeless, San Diego, 2012–2019. Am J Public Health. 2022 Jan;112(1):98–106.
38. Canham SL, Custodio K, Mauboules C, Good C, Bosma H. Health and Psychosocial Needs of Older Adults Who Are Experiencing Homelessness Following Hospital Discharge. Gerontologist. 2020 May 15;60(4):715–24.
39. Nesoff ED, Wiebe DJ, Martins SS. City streetscapes and neighborhood characteristics of fatal opioid overdoses among people experiencing homelessness who use drugs in New York City, 2017–2019. International Journal of Drug Policy. 2022 Dec;110:103904.
40. Jones.K, Brennan D, Steffens M, Jamieson L. Are oral health-related self-efficacy, knowledge and fatalism indicators for non-toothbrush ownership in a homeless population? Community Dent Health. 2015 Oct;33:4853.
41. Souza AP, de Souza GR, Rodrigues PS, Vernasque JR da S, Marin MJS. Memories of elderly people living on the streets. In 2022.
42. Van den Berk-Clark C, McGuire J. Elderly Homeless Veterans in Los Angeles: Chronicity and Precipitants of Homelessness. Am J Public Health. 2013 Dec;103(S2):S232–8.
43. D’ercole A, Struening E. Victimization among homeless women: implications for service delivery. . Journal of Community Psychology. 199AD;18(1):141–52.
44. Wenzel SL, Leake BD, Gelberg L. Health of homeless women with recent experience of rape. J Gen Intern Med. 2000 Apr;15(4):265–8.
45. Nardes S, Giongo CR. Mulheres em situação de rua: memórias, cotidiano e acesso às políticas públicas. Revista Estudos Feministas. 2021;29(1).
46. Stafford A, Wood L. Tackling Health Disparities for People Who Are Homeless? Start with Social Determinants. Int J Environ Res Public Health. 2017 Dec 8;14(12):1535.
47. Pinto AH, Fermo VC, Peiter CC, Fernandes VMB, Heideman ITSB. Determinantes sociais, equidade e consultório na rua. Revista de Enfermagem UFPE on line. 2018 Dec 2;12(12):3513.