0210/2025 - Social listening in the face of scientific misinformation: the contribution of the Eu Fiscalizo app to COVID-19
Escuta social frente à desinformação científica: contribuição do aplicativo Eu Fiscalizo na COVID-19
Author:
• Cláudia Pereira Galhardi - Galhardi, CP - <claudiapereiragalhardi@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3047-9222
Co-author(s):
• Maria Cecilia de Souza Minayo - Minayo, MCS - <maria.cecilia.minayo@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6187-9301
Abstract:
Disinformation has become a serious problem for public health in Brazil, especially in times of health crises. Although the spread of false content already had a significant impact before the popularisation of digital technologies, making it difficult to control diseases and compromising the effectiveness of public policies. In Brazil, 99 per cent of internet users access the web via mobile devices, which, combined with trust in the information on these platforms, contributes to the spread of fake news. In this context, the hyperconnectivity of contemporary society facilitates the dissemination of information but also amplifies the spread of disinformation. This study aims to analyse the flow of disinformation and the main themes that circulated during the country's biggest health crisis. To this end, the empirical experience of using technology as a social listening tool through the Eu Fiscalizo initiative is presented. The monitoring of fake news carried out by society, using quantitative content analysis, revealed that immunisations were the main target of fake news production, followed by the topics of early treatment, preventive measures, home methods of prevention and cure, and distortion of epidemiological data.Keywords:
Social listening; Technology; Science dissemination; Disinformation; Eu Fiscalizo appContent:
A desinformação tornou-se um grave problema para a saúde pública no Brasil, especialmente durante crises sanitárias. Na contemporaneidade, o termo desordem da informação, cunhado por Wardle e Derakhshan 1, reforça essa perspectiva ao definir desinformação como a disseminação de informações falsas com a intenção explícita de enganar 2. Essa característica central — o propósito deliberado de confundir ou manipular3 — estabelece uma conexão direta com práticas históricas de manipulação informacional que antecedem a era digital e acompanham a evolução dos meios de comunicação4.
A desinformação em saúde tem causado impactos negativos desde antes das tecnologias digitais, dificultando o controle de doenças e comprometendo políticas públicas. Um exemplo disso ocorreu durante o surto da gripe espanhola em 1918, quando boatos sobre curas milagrosas, como inalação de vaselina mentolada e gargarejos, foram amplamente divulgados, evidenciando como a desinformação sempre influenciou comportamentos e dificultando a adoção de medidas eficazes de enfrentamento às crises sanitárias6.
Uma análise comparativa entre dois momentos históricos — a gripe espanhola (1918-1920) e a pandemia de Covid-19 (2020) — revela paralelos significativos e oferece lições importantes para a saúde pública e sobre a comunicação e as respostas sociais. A circulação de informações imprecisas e a busca por soluções imediatas marcaram ambos os períodos, evidenciando como a desinformação se adapta a diferentes contextos históricos.
Figueiredo et al.7 analisaram notícias sobre a gripe espanhola nos acervos históricos dos jornais Estadão e Correio da Manhã, identificando 34 matérias nos dois primeiros meses do surto. A maioria dessas reportagens promovia tratamentos sem comprovação científica, um padrão também observado na pandemia de Covid-19. Durante esse período, a equipe revisou serviços de checagem de fatos e os portais da OMS e do Ministério da Saúde, encontrando 41 notícias sobre prevenção e cura, igualmente focadas em medicamentos sem embasamento científico. De forma semelhante, Galhardi e Minayo8 identificaram que, entre 17 de março e 10 de abril de 2020, 65% das informações falsas nas redes sociais, como WhatsApp, Facebook e Instagram, promoviam métodos caseiros para prevenir ou tratar a Covid-19.
Quando a mitigação de um vírus depende de decisões individuais, como o uso de medidas protetivas e a adesão às vacinas, uma comunicação eficaz e o acesso a fontes confiáveis são essenciais. Sem informações claras, a implementação de estratégias preventivas se torna inviável 9. No Brasil, cerca de 110 milhões de pessoas acreditavam em notícias falsas sobre a COVID-19 10, que tinham 70% mais chances de se tornar virais do que as verdadeiras, alcançando de mil a 100 mil pessoas, enquanto as postagens verídicas atingiam, em média, apenas mil indivíduos 11.
A cada 10 brasileiros, cinco se deparam com frequência com notícias que parecem falsas; e 36,5% admitem já ter compartilhado informações duvidosas com amigos, familiares ou na internet, mesmo sem saber se eram verdadeiras12. Embora 61,8% das pessoas afirmaram que nunca compartilhariam informações sem ter certeza de sua autenticidade.
Durante a pandemia, a internet e as ferramentas tecnológicas se tornaram as principais vias e fontes de consulta da população, com um aumento de 50% a 70% na busca por informações sobre a Covid-19 em todas as faixas etárias. Para enfrentar a crise sanitária em consonância com o espírito do tempo, governos de todo o mundo adotaram rapidamente tecnologias de comunicação (TIC), incluindo o desenvolvimento de aplicativos móveis para controlar a disseminação do coronavírus 13 ,14. A expansão das tecnologias digitais, especialmente dos dispositivos móveis, tem transformado a dinâmica social, facilitando a interação e flexibilizando as atividades cotidianas. Além disso, a tecnologia tem sido essencial na disseminação de informações científicas, conectando ciência, saúde e sociedade.15.
Diante da alta conectividade e do uso generalizado de dispositivos móveis16, a "hipermediatização da sociedade 17" emerge como um fator-chave para a definição de estratégias de comunicação. As tecnologias, especialmente a telefonia móvel, estão cada vez mais integradas ao cotidiano da sociedade. No Brasil, quase todos os usuários de internet (99%) acessam a rede por meio do celular, que continua sendo o principal dispositivo utilizado. Além disso, 62% dos usuários, o que equivale a mais de 92 milhões de pessoas, utilizam exclusivamente o celular para se conectar à internet 18.
Nesse cenário, o desenvolvimento de um aplicativo voltado para a escuta social surge como uma abordagem eficaz, proporcionando interação comunicacional ampla e garantindo que informações essenciais sobre desinformação e saúde cheguem à população de maneira acessível, eficiente e prática.
Este estudo apresenta a experiência empírica do uso da tecnologia como ferramenta de escuta social por meio da iniciativa Eu Fiscalizo, que facilitou a disseminação de informações científicas sobre a pandemia e contribuiu significativamente para combater a desinformação. A plataforma integrou a escuta social e a divulgação científica à produção de conhecimento, destacando o papel da tecnologia na gestão de crises sanitárias.
Escuta social, divulgação científica e método de pesquisa: Uma tríade possível
Diante do elevado grau de conectividade da sociedade contemporânea, mediada pelas redes sociais, torna-se imperativo promover a escuta qualificada das demandas sociais, especialmente em períodos de crise. A escuta social configura-se como uma ferramenta essencial para assegurar uma comunicação dialógica, sensível às necessidades concretas da população. Ao conferir centralidade às vozes dos indivíduos, compreende-se "a realidade vivida e partilhada com seus semelhantes19. Portanto, esse aplicativo vai além da simples recepção de informações, oferecendo um mecanismo de engajamento e empatia em relação às demandas coletivas. Pois, "não é possível garantir o bem-estar físico, mental e social sem o exercício do direito à voz e ao reconhecimento dos anseios, demandas e opiniões das pessoas"20.
No intuito de atender ao princípio acima assinalado, foi criado o Eu Fiscalizo. Esse aplicativo, desenvolvido durante o estágio de pós-doutorado da pesquisadora Cláudia Galhardi na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), sob a supervisão de Maria Cecilia de Souza Minayo e com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), reflete o esforço em transformar teoria em prática acessível para a promoção da participação cidadã e escuta social no país.
Lançado em uma sessão do Senado Federal em 10 de fevereiro de 202021, um mês antes da confirmação do primeiro caso de COVID-19 no país, o aplicativo Eu Fiscalizo inicialmente recebia notificações sobre diversos temas que se associam às questões de saúde, como violência, drogas, direitos humanos, meio ambiente, política e saúde.
No entanto, durante a pandemia de COVID-19, 98% das mensagens recebidas estavam relacionadas a pedidos de informações sobre a pandemia. Diante disso, priorizou-se atender essa demanda, combatendo a desinformação sobre o coronavírus. A resposta foi rápida e estruturada em três frentes: 1) análise quantitativa dos conteúdos; 2) checagem dos conteúdos desinformacionais; e 3) divulgação de materiais informativos.
É importante destacar que, em conformidade com os princípios estabelecidos no Art. 6º da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) 22, a ferramenta não coletava dados pessoais. Todas as notificações recebidas em formato textual, vídeos, postagens ou imagens eram enviadas de forma anônima.
A seguir, apresentam-se as etapas aplicadas nas frentes de ação.
1F. Análise quantitativa dos conteúdos:
Para contextualizar a questão da desinformação sobre a COVID-19, todo o material recebido passou por uma análise quantitativa, com o objetivo de identificar e alertar a sociedade sobre os principais conteúdos desinformacionais que circulavam nas redes sociais, sites e aplicativos de mensagens. A divulgação dos resultados quantitativos dessas pesquisas contou com a parceria e colaboração da Coordenação de Comunicação Institucional da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), responsável por disseminar as principais conclusões e tendências identificadas nos canais institucionais e nas redes sociais oficiais da instituição 23,24,25,26,27.
Etapas do percurso metodológico aplicado
E1: Compilação e armazenamento dos conteúdos recebidos a partir do app.
E2: Definição das variáveis relevantes.
E3: Elaboração do livro de códigos e da ficha de registro de análise.
E4. Tratamento estatístico da as unidades de análise no programa estatístico SPSS.
E4: Codificação preliminar das unidades de análise.
E5: Codificação das unidades de análise.
E7: Avaliação da confiabilidade do processo de codificação.
E8: Análise dos dados e elaboração do informe quantitativo dos resultados
Diante do volume diário de notificações e solicitações de verificação de informações sobre a COVID-19, não bastava apenas fornecer dados quantitativos aos usuários. Era fundamental devolver-lhes respostas qualificadas e informações precisas que respondessem suas indagações, esclarecessem suas dúvidas e lhes oferecessem conteúdos científicos simplificadamente elaborados.
Para atender a essa crescente demanda, foi estabelecida uma parceria inicial entre o Eu Fiscalizo e o Núcleo de Pesquisa em Jornalismo e Comunicação (NUJOC)28 da Universidade Federal do Piauí, visando a comunicar ao público, de maneira acessível, os fatos e conceitos da ciência em relação à COVID-19 e às vacinas, desde que essas começaram a se tornar acessíveis ao público 29,30. As notificações enviadas pelos usuários do aplicativo eram encaminhadas à equipe do NUJOC, que se encarregava de verificar e corrigir informações falsas, além de produzir materiais informativos relacionados à pandemia de COVID-19.
A seguir, eis as etapas do percurso metodológico aplicado para a checagem e divulgação dos conteúdos informativos.
2F: Checagem dos conteúdos desinformacionais
Etapas do percurso metodológico aplicado
E1: Compilação e armazenamento dos conteúdos recebidos a partir do app
E2: Definição dos temas relevantes
E3: Envio do material selecionado para checagem à coordenação do Nujoc-checagem
E4. Recebimento do Nujoc-checagem material informativo checado/desmistificado
Dando sequência a esse processo, estruturou-se a terceira frente de ação:
3F. Resposta direta aos usuários
Para garantir que as informações verificadas chegassem rapidamente à população, o material checado e informativo era publicado no site do aplicativo. Em seguida, uma notificação push era acionada, permitindo que os usuários recebessem diretamente em seus dispositivos as respostas às suas dúvidas e preocupações. Ao mesmo tempo, o material também era disseminado por meio das redes oficiais do aplicativo, como Facebook e Instagram. E o aplicativo possibilitava o compartilhamento das informações do site por WhatsApp, promovendo a interação entre o usuário e sua rede de contatos.
Considerando que a comunicação é um bem público e um fator fundamental para as práticas em saúde 31, a estratégia de disseminação de informações confiáveis reforçava a importância da cooperação entre instituições acadêmicas, governamentais e coletivos. Durante crises como a da pandemia de COVID-19, essa colaboração fortalece a comunicação ao mesmo tempo que contribui para a tomada de decisões informadas. Observou-se que, com o objetivo de fortalecer a divulgação científica de forma colaborativa e democrática, as notificações recebidas pelo aplicativo Eu Fiscalizo foram utilizadas por parceiros na produção de conteúdos informativos para subsidiar os cidadãos na tomada de decisões frente à pandemia. Entre esses parceiros, destacam-se a Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD) 32 e a iniciativa COVID-19: Divulgação Científica.
Neste artigo, apresenta-se um estudo baseado nas matérias verificadas pelo Núcleo de Pesquisa em Comunicação e Jornalismo (NUJOC), com o objetivo de identificar os principais temas que circularam durante o primeiro ano da pandemia. O corpus da pesquisa foi composto por 253 materiais publicados no site Nujoc-checagem entre 26 de março de 2020 e 31 de março de 2021, permitindo uma análise aprofundada das tendências desinformacionais no período. É importante destacar que, diante da urgência na disseminação do conhecimento, os dados resultantes desse monitoramento foram inicialmente divulgados na emissora de TV CNN33, logo após a conclusão da análise, garantindo alcance imediato e contribuindo para o combate à desinformação em tempo real.
Com base nos títulos das matérias, os conteúdos foram organizados em categorias temáticas: vacinas, tratamento precoce, medidas preventivas, métodos caseiros de prevenção e cura, e dados epidemiológicos. As definições conceituais adotadas seguem as propostas de Posetti e Bontcheva 34 e Galhardi et al.8. Para a análise, utilizou-se a metodologia de análise de conteúdo quantitativa de Bardin 35,36, e a codificação e quantificação dos materiais checados foram realizadas com o suporte estatístico do software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences).
Por se tratar de um estudo de revisão documental, a pesquisa baseou-se exclusivamente em dados secundários, ou seja, em informações já disponíveis ao público. Os dados analisados foram extraídos do site Nujoc-checagem, plataforma de acesso irrestrito. Dessa forma, o estudo não exige aprovação por Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1: Ranking dos principais temas envolvendo narrativas falsas disseminados durante a pandemia de Covid-19, recebidos no aplicativo entre 26 de março de 2020 e 31 de março de 2021
Tab. 1
1. Vacinas
A discussão sobre vacinas começou a ganhar destaque nas redes sociais em março de 2020, coincidindo com o início dos primeiros testes de imunizantes contra a COVID-19 em humanos.
Precisamente, logo após o anúncio do desenvolvimento da CoronaVac, começaram a circular várias narrativas enganosas, como a teoria de que as vacinas conteriam microchips para controle populacional, exemplificada na imagem a seguir. Essa teoria conspiratória, sem qualquer base científica, sugeria que microchips seriam inseridos nas vacinas com o objetivo de monitorar os indivíduos vacinados. A seguir, ilustra-se uma desinformação sobre o tema.
Fig.1
Uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM), realizada em julho de 2021, revelou que 70% dos municípios registraram escolha de vacinas pela população. A CoronaVac foi a mais rejeitada (53,1%), seguida pela AstraZeneca (40,1%), Janssen (3,8%) e Pfizer (3%)37.
Em 2022, a OMS passou a chamar de "hesitação vacinal" a recusa ou dúvida em relação às vacinas. O termo abrange desde aqueles que rejeitam todas as vacinas até os que recusam imunizantes específicos 38 ,39, fenômeno conhecido como "sommelier de vacinas"40.
2.Tratamento Precoce
O tratamento precoce refere-se à intervenção terapêutica realizada o mais cedo possível após a contração de uma doença, com o objetivo de evitar sua progressão para estágios mais graves 41. A adoção indiscriminada dessa prática, muitas vezes acompanhada do uso inadequado de medicamentos, pode resultar em complicações severas, gerando impactos negativos na saúde pública local ou em escala global.42
Durante a pandemia de COVID-19, o tratamento precoce, popularmente conhecido como “kit COVID”, foi inicialmente promovido por alguns líderes políticos mundiais, como uma medida urgente e heroica, visando atender rapidamente aos pacientes, num contexto de falta de estratégias eficazes de prevenção e limitações no controle do contágio 43. Essa estratégia politizou a pandemia e exaltou o negacionismo em relação à produção e difusão do conhecimento científico44 impulsionando uso inadequado de medicamentos e o desrespeito às medidas de isolamento, comprometendo o enfrentamento da crise sanitária.
As narrativas medicinais desinformativas mais notificadas pelo app Eu Fiscalizo relacionadas ao tratamento precoce foram sobre o uso de cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida e sobre o Kit Covid que consistia num coquetel de medicamentos formado por cloroquina, azitromicina, vitaminas, ivermectina, hidroxicloroquina e anticoagulantes.
O uso de fármacos sem evidências científicas, como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina, foi promovido por líderes políticos como tratamento precoce. No entanto, sua prescrição e consumo ocorreram sem embasamento científico, aumentando a automedicação irresponsável e os riscos à saúde 45,46.
Entre março de 2020 e 2021, farmácias privadas no Brasil venderam mais de 52 milhões de comprimidos de medicamentos do "tratamento precoce", apesar da falta de evidências científicas. Em 2020, os laboratórios do Exército produziram 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina, 25 vezes acima da média anual. Em maio do mesmo ano, o CFF registrou um aumento de 67% nas vendas de cloroquina em comparação a 2019 47.
Segundo Marcos Napolitano, da USP, o negacionismo é um movimento organizado que, por motivações ideológicas, dissemina desinformação sobre temas científicos consensuais. O caso da cloroquina exemplifica essa prática, que não apenas nega a ciência, mas distorce dados para sustentar uma "verdade" específica48.
Fig. 2
3. Medidas Preventivas contra a SARS-CoV-2
As medidas preventivas, como distanciamento social, uso de máscaras e higienização das mãos, foram essenciais para conter a COVID-19, especialmente no início da pandemia. No entanto, a desinformação comprometeu a adesão e a eficácia dessas orientações divulgadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde 49.
As notícias falsas sobre o uso de máscaras exploraram diversas narrativas, que variaram de alegações sobre a ineficácia do acessório até supostos riscos à saúde, como intoxicação por dióxido de carbono, hiperventilação e até indução de hipercapnia. Algumas postagens tentaram associar o uso de máscaras à perda da liberdade individual, questionando a credibilidade da Organização Mundial da Saúde (OMS) e sugerindo que suas recomendações seriam prejudiciais à população, como demonstrado no exemplo a seguir:
Fig. 3
O estudo de Freitag e Dell’Antonio identificou diversas narrativas falsas sobre o uso de máscaras, incluindo alegações de que causariam hipóxia, intoxicação por CO?, fadiga, tontura e até mesmo coronavírus. Também foram difundidas desinformações sobre a qualidade das máscaras distribuídas e supostas recomendações contra seu uso pela OMS e outros países 50.
Também o álcool em gel se tornou alvo da desinformação, conforme identificado pelo fluxo de notificações registradas no aplicativo Eu Fiscalizo. Narrativas falsas passaram a questionar sua segurança, sugerindo que o produto poderia ser prejudicial à saúde e até causar queimaduras.
Exemplo marcante dessa desinformação foi uma postagem viral acompanhada de uma imagem que afirmava que o uso de álcool em gel teria provocado queimaduras em uma pessoa que utilizou o fogão logo após aplicar a substância nas mãos. Essa alegação foi investigada pelo Nujoc-checagem, que realizou uma busca reversa da imagem no Google Imagens e entrou em contato com o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua, no Pará — instituição mencionada no áudio pela notícia falsa. O hospital negou a veracidade da informação, desmentindo qualquer relação entre o uso do álcool em gel e o acidente relatado 29.
Fig. 4
4. Métodos caseiros de prevenção e cura
O estudo de Barcelos et al.51 identificou 10 fake news que circularam entre janeiro e junho de 2020 sobre o assunto. Entre elas, destacaram-se a disseminação de informações sobre "alimentos milagrosos", como o feijão da Igreja Mundial e a ingestão de enxofre, que foram falsamente promovidos como soluções eficazes contra o coronavírus.
Naeem e Khan destacam que, em momentos de medo e incerteza, como a pandemia, muitas pessoas recorrem a informações não científicas. Entre janeiro e abril de 2020, proliferaram terapias pseudocientíficas, incluindo homeopatia, fitoterapia e remédios caseiros, como soprar ar quente no nariz ou consumir alho para prevenir a COVID-19. Além disso, houve tentativas de minimizar a gravidade da doença, equiparando-a a um resfriado comum e promovendo a vitamina C como proteção 52.
Galhardi e Minayo8 corroboram os achados anteriores ao indicar que, entre 17 de março e 10 de abril de 2020, houve uma ampla circulação de notícias falsas sobre métodos caseiros para prevenção e tratamento da COVID-19. As autoras destacam que 65% dessas fake news envolviam alegações de prevenção e 20% falavam sobre métodos de cura.
A seguir, expõe-se uma mensagem disseminada no aplicativo WhatsApp, divulgando métodos caseiros de prevenção à COVID-19, falsamente assinada pela Fiocruz para conferir credibilidade. Esse caso exemplifica como o nome de instituições de saúde foi utilizado na disseminação de notícias falsas para enganar o público.
Fig. 5
5. Dados epidemiológicos
O monitoramento epidemiológico na pandemia guiou estratégias de controle e destacou grupos vulneráveis, exigindo políticas adaptadas 54. Contudo, nas redes sociais, dados foram distorcidos para deslegitimar medidas como o isolamento social. Narrativas manipulavam comparações de óbitos e usavam seletivamente fontes oficiais para espalhar desinformação.
Fig. 6
CONCLUSÃO
Diante da eclosão da maior emergência sanitária mundial do último século, o Eu Fiscalizo, ao longo de quase três anos de funcionamento, transcendeu o simples ato de escuta, consolidando-se como um instrumento de engajamento e empatia com as demandas coletivas. Por meio das percepções da sociedade sobre conteúdos duvidosos e notificações, foi possível mapear narrativas desinformacionais e detectar, quase em tempo real, o fluxo de informações falsas nas redes sociais, sites e aplicativos de mensagens.
A participação ativa da sociedade proporcionou insumos valiosos para pesquisas, relatórios e artigos científicos, ao mesmo tempo em que gerou um repositório de conhecimento sobre os temas que despertaram dúvidas, inquietações e indignação na sociedade em relação à desinformação durante a pandemia. Esse processo de monitoramento social também orientou a divulgação científica, impulsionando a disseminação de informações precisas e relevantes, e promovendo maior conscientização e compreensão pública sobre a crise sanitária.
É sabido que cientistas têm uma função efetiva na divulgação científica, atuando como fontes de conhecimento55, no entanto também podem exercer o protagonismo no diálogo social. Embora uma parcela significativa da população tenha acesso à internet e a dispositivos móveis, é essencial considerar aqueles que permanecem à margem desse processo, excluídos da hiperconectividade.
Nesse contexto, recomenda-se a implementação de projetos de extensão que promovam a abertura das universidades como pontos fixos para a formação e capacitação de cidadãos, e estabelecer parcerias com organizações da sociedade civil, como ONGs, coletivos e centros comunitários, a fim de ampliar o alcance dessas iniciativas.
Recentemente, Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, Instagram e Threads, anunciou o encerramento das atividades de checagem de fatos em suas plataformas. Essa decisão representa um retrocesso significativo no combate à desinformação, pois enfraquece a capacidade de identificar e mitigar a circulação de conteúdos e de informações enganosas, dificultando a formulação de estratégias eficazes de enfrentamento 56. No caso da saúde, a ausência de mecanismos de verificação compromete diretamente os pilares de prevenção dos agravos e de promoção da vida.
Um obstáculo crescente diz respeito às restrições impostas pelas redes sociais ao acesso a dados para fins de pesquisa acadêmica. Tais limitações dificultam significativamente o trabalho de pesquisadores que utilizam a Análise de Redes Sociais (ARS) que além de conhecê-las, valorizá-las e analisar tendências culturais, podem prevenir a disseminação da desinformação57.
Em um cenário em que a disseminação intencional de informações falsas para enganar pessoas figura entre as principais ameaças globais imediatas para a humanidade 58, o desenvolvimento de ferramentas de escuta social e de plataformas tecnológicas voltadas para o monitoramento do debate público digital torna-se indispensável. Para garantir autonomia e eficácia nesse processo, é fundamental que as instituições de ensino e pesquisa invistam no desenvolvimento de tecnologias próprias. Ao serem projetadas e gerenciadas por essas instituições, tais ferramentas permitem maior independência em relação às grandes plataformas privadas, possibilitando respostas rápidas e estratégicas diante da desinformação e seus impactos na sociedade.
Esta pesquisa, portanto, configura-se como um catalisador de transformações no tecido social, demonstrando que é possível transitar da teoria para a prática. O Eu Fiscalizo exemplifica essa dinâmica ao viabilizar um diálogo bilateral entre o conhecimento científico e senso comum, permitindo que cidadãos participem ativamente da construção do conhecimento como um bem social. Dessa forma, a iniciativa não apenas fortalece o engajamento social, mas também reafirma o papel das instituições de ensino e pesquisa na promoção de soluções inovadoras para desafios contemporâneos.
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