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0273/2025 - Suicidal behavior among nursing professionals during the COVID-19 pandemic: an integrative literature review.
Comportamento suicida entre profissionais de enfermagem na pandemia de COVID-19: revisão integrativa da literatura

Author:

• Milene Negri Reiser - Reiser, MN - <milene_negri@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4656-7128

Co-author(s):

• Arilene Lohn - Lohn, A - <lene_lohn@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6952-912X
• Viviane Pecini da Cunha - Cunha, VP - <vipecini@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2026-5981
• Gabriela Marcellino de Melo Lanzoni - Lanzoni, GMM - <gabriela.lanzoni@ufsc.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5935-8849


Abstract:

Objective: to analyze the scientific production related to factors associated with suicidal behavior among nursing professionals during the COVID-19 pandemic and describe recommended preventive measures. Method: this is an integrative literature review carried out, from March to June 2023, in the PubMed, Embase, COCHRANE, Scopus, LILACS and SciELO databases. Inclusion criteria for sample selection were being articles published in Portuguese, English and Spanish, which portray the study topic, published in the last five years. Results: ten articles were selected, which highlighted personal, psychological and occupational risk factors, highlighting the relationship with the work environment, the impacts on mental health and the increased risk of suicide in nursing professionals. Conclusion: studies on suicidal behavior among nursing professionals are scarce, however, this topic, especially after the pandemic, calls for greater investigation, creation and implementation of mental health support and suicide prevention programs.

Keywords:

Self-Injurious Behavior; Nurse Practitioners; COVID-19; Mental Health; Suicide.

Content:

INTRODUÇÃO

O suicídio pode ser definido como o ato humano de causar a cessação da própria vida, e a tentativa de suicídio, como o ato de tentar cessar a própria vida, porém sem consumação 1. É um grave problema de saúde pública que resulta de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociológicos, culturais, e ambientais 2-3. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma em cada 100 mortes é decorrente de suicídio e 703.000 mil pessoas morrem anualmente. Sendo assim, destaca-se que, desses achados, 58% dos casos ocorrem antes dos 50 anos, caracterizando-se como a quarta causa de morte no mundo entre jovens de 15 a 29 anos 4.
Em 2019, nas Américas, 97.339 pessoas morreram por suicídio, e estima-se que as tentativas sejam 20 vezes esse número 5. No Brasil, entre 2010 e 2019, ocorreram 112.230 mortes por suicídio, destacando-se as regiões Sul e Centro-Oeste, com as maiores taxas de suicídio entre as regiões brasileiras. Homens apresentaram um risco 3,8 vezes maior de morte por suicídio que mulheres, sendo a taxa de 10,7, enquanto que, entre mulheres, esse valor foi de 2,9 por 100 mil habitantes. A diferença entre sexos se configura em relação à agressividade, sendo que as mulheres demonstram maior prevalência de ideação e tentativas de suicídio, enquanto os homens têm acesso a métodos mais letais, como arma de fogo e objetos letais, o que aumenta a taxa de suicídio efetivamente 6.
Estima-se que um único caso afete efetivamente outras seis pessoas e, quando ocorrido em espaços públicos, gera impacto sobre centenas de pessoas 7. É um fenômeno multicausal com impacto individual e coletivo 5. Diante dessa problemática, a Organização Mundial da Saúde, através dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, visa reduzir taxa global de mortalidade por suicídio em um terço até 2030, entretanto cabe destacar que a prevenção e controle não são tarefas fáceis8.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde através de boletim epidemiológico, as condições que vulnerabilizam, ainda que não possam ser consideradas como determinantes para o suicídio, estão relacionadas a transtorno mental em 80% dos casos 6. A condição mais comum é a depressão unipolar ou bipolar, além de fatores distais, como experiências contraditórias no início da vida, fatores genéticos e culturais, assim como fatores proximais, como experiências traumáticas e uso abusivo de substância psicoativas 9-10.
As motivações do comportamento suicida não possuem causalidade única 9, podendo estar relacionadas ao sofrimento no trabalho e isolamento social. Dessa forma, os profissionais de saúde foram fortemente impactados durante a pandemia de COVID-19, que teve início em Wuhan, na China, sendo decretada Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional em março de 2020 e retirada apenas em maio de 2023; nesse período, ocorreram 6.938.353 mortes 11.
Diante da sua repercussão, destacou-se a enfermagem, que, devido à essência de sua atividade, que é o cuidado, permaneceu por mais tempo em contato direto com o paciente, tornando-se mais suscetível a impactos na saúde mental, como risco de suicídio, sofrimento emocional, sintomas de depressão, ansiedade, entre outros. Além do impacto psicológico, há o estresse relacionado à sobrecarga e dinâmica de trabalho, papéis ambíguos e salários insuficientes, que impactam consideravelmente a qualidade de vida desses profissionais 12-13.
Sendo assim, experiências anteriores de infecções por coronavírus, como MERS e Ebola, demonstraram impactos na saúde mental dos profissionais de enfermagem. Em 2003, durante o surto de SARS-CoV em Cingapura, 27% dos profissionais de enfermagem relataram sintomas psiquiátricos. No mesmo ano, em Taiwan, funcionários de enfermagem do departamento de emergência e da ala psiquiátrica desenvolveram transtorno de estresse pós-traumático 14. Em 2015, na Arábia Saudita, medo e nervosismo foram as experiências angustiantes relatadas pelos profissionais de enfermagem que cuidam de pacientes com MERS-CoV 15.
Desta forma, estudos apontam que pandemias já vivenciadas anteriormente, como as de gripe espanhola, surto de SARS e MERS-CoV, foram associadas a taxas aumentadas de risco de suicídio 14. Os profissionais, devido ao excesso de trabalho, frustração, estresse, isolamento, contato recorrente com emoções negativas e exaustão, podem desenvolver transtornos psiquiátricos após lidar com eventos comunitários estressantes16. Assim, a pandemia de COVID-19 demonstrou elevadas taxas de sofrimento psicológico e sinais de alerta para o aumento de transtornos de saúde mental dos profissionais, especificamente o aumento do risco de suicídio 17.
Ademais, abordar essa temática e não relacionar à pandemia de COVID-19 vivenciada recentemente seria imprudente, tendo em vista que seus impactos repercutiram na saúde física e mental dos profissionais de saúde 18. Ressalta-se o caráter inédito da contribuição como fonte de subsídio para fomentar programas e ações em saúde mental, mitigando dados relacionados ao suicídio, tentativa de suicídio, ideação suicida e comportamento suicida. Diante dos desafios vivenciados pelos profissionais em seu cotidiano, a presente pesquisa teve como pergunta: quais os fatores associados ao comportamento suicida entre profissionais de enfermagem durante a pandemia de COVID-19?

OBJETIVO

Compreender os fatores associados ao comportamento suicida entre profissionais de enfermagem durante a pandemia de COVID-19 e descrever as medidas preventivas recomendadas.

MÉTODOS

Trata-se de revisão integrativa da literatura de caráter qualitativo. Esse método de pesquisa é considerado um instrumento da prática baseada em evidência, em que se agrupam resultados de pesquisas obtidos em bases de dados a partir de seis etapas: identificação do tema e seleção da questão de pesquisa; estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão; identificação dos estudos pré-selecionados; categorização dos estudos selecionados; análise e interpretação dos resultados; e apresentação da revisão/síntese do conhecimento 19.
Este método possibilita analisar a literatura existente, fornecendo abordagem que permite a combinação de diversos métodos/desenhos de estudo, com potencial para contribuição para a prática de enfermagem baseada em evidências científicas 20.
A primeira etapa da revisão integrativa é a formulação da pergunta de pesquisa, a qual norteará as buscas, sendo adotada a estratégia PICo (P = População, I = Intervenção, Co = Contexto) para elaboração do manuscrito. Nessa perspectiva, utilizou-se o método Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA), que direciona a elaboração de revisões sistemáticas que incluem uma lista de 27 itens desde a seleção dos artigos nas bases de dados, determinando as estratégias de busca utilizadas em cada base, delimitando, assim, a amostra da revisão, além de diagrama de fluxo dividido em etapas 21. Cabe destacar que o método PRISMA é amplamente utilizado em revisões sistemáticas, entretanto tem sido cada vez mais adotado nas revisões integrativas, por vezes adaptado ou em sua forma original 22.
Seguindo o acrônimo PICo, a pergunta norteadora foi estruturada da seguinte forma: P: profissionais de enfermagem; I: comportamento suicida; Co: pandemia de COVID-19 23. Assim, elaboraram-se as seguintes questões: quais são os fatores associados ao comportamento suicida entre profissionais de enfermagem durante a pandemia de COVID-19? Quais medidas são recomendadas para prevenir o comportamento suicida entre profissionais de enfermagem? A segunda etapa, que corresponde à busca em base de dados, ocorreu através de diferentes estratégias de busca e elaboração de combinações entre os descritores controlados utilizados. O vocabulário controlado identifica assuntos em vocabulário estruturado e organizado, utilizado na indexação dos artigos nas bases de dados, através dos descritores, uma das ferramentas principais dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) 24. Dessa forma, a consulta para identificação dos descritores ocorreu na base de dados DeCS (BIREME) e no Medical Subject Headings (MeSH/PubMed), tais como “Tentativa de Suicídio”, “Enfermagem” e “COVID-19”, nos idiomas português, inglês e espanhol, com a combinação do operador booleano “AND”, adaptados a cada uma das bases de dados, conforme Quadro 1. A seleção ocorreu nas bases de dados PubMed, Excerpta Medica dataBASE (Embase), COCHRANE, Scopus, Literatura Latino-Americano e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), plataformas de ampla indexação online de revistas científicas em saúde, tanto nacionais quanto internacionais, representando a maioria dos artigos selecionados que apresentaram relevante impacto na literatura científica.

Quadro 1

As buscas foram realizadas no período de março a junho de 2023, em recorte temporal dos últimos cinco anos, com o intuito de obter dados na literatura mais recente, nos idiomas português, inglês e espanhol, para favorecimento da busca nas bases de dados internacionais. Inicialmente, obteve-se um total de 723 artigos, sendo os artigos que estavam em mais de uma base de dados considerados duplicados e automaticamente excluídos, resultando em 688.
Foram incluídos somente artigos disponíveis eletronicamente publicados em periódicos nas bases de dados selecionadas, compreendendo o período de março a junho de 2023, com resumo nos idiomas português, inglês e espanhol, com textos publicados na forma completa (full-text), compreendendo os últimos cinco anos condizentes com o objetivo proposto. Foram excluídos editoriais, cartas, artigos de opinião, comentários, resumo de anais, ensaios, notas prévias, publicações duplicadas, teses, dissertações, manuais, artigos que não estão dispostos na íntegra, documentos oficiais de programas nacionais e internacionais, livros e materiais publicados em outros idiomas que não sejam português, inglês e espanhol. Após aplicação dos critérios de inclusão, permaneceram 78 artigos após leitura dos títulos, sendo que, destes, 31 permaneceram após análise dos resumos. Na sequência, realizaram-se a leitura dos artigos na íntegra e, finalmente, a análise de dez artigos, que compuseram a amostra, conforme Figura 1.

Fig. 1

Após a seleção dos artigos, realizou-se a terceira etapa, que culmina em extrair dados dos artigos selecionados. Para isso, utilizou-se roteiro contemplando título, ano e periódico, delineamento e número de participantes, desfecho, e nível de evidência. O nível de evidência dos estudos foi determinado através da classificação hierárquica, composta por sete níveis: nível I: evidência de uma revisão sistemática ou metanálise de todos os ensaios clínicos randomizados (ECRs) relevantes; nível II: evidências obtidas de ECRs bem planejados; nível III: evidências resultantes de ensaios controlados bem delineados sem randomização; nível IV: evidências de casos bem planejados e estudos de coorte; nível V: evidências de revisões sistemáticas de estudos descritivos e qualitativos; nível VI: evidências de estudos descritivos ou qualitativos únicos; nível VII: evidências da opinião de autoridades e/ou relatos de comitês de especialistas 25.
Na quarta etapa, realizou-se a análise crítica dos artigos incluídos na amostra. A quinta etapa resultou na discussão dos achados, através da interpretação e síntese dos resultados, propondo um diálogo com o referencial teórico na busca de lacunas do conhecimento e na possibilidade de delimitar prioridades a estudos futuros. Por fim, realizou-se a sexta etapa, a apresentação da revisão com informações relevantes e detalhadas.

RESULTADOS
A amostra primária foi composta por 723 artigos, identificados em maior parte na base de dados Embase (n=332; 45,91%). Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, e leitura minuciosa das publicações, a amostra final foi constituída por dez estudos. O ano de 2022 apresentou maior número de publicações (n=4; 40%). Houve predomínio de estudos publicados em periódicos internacionais (n=9; 90%), com os Estados Unidos possuindo maior prevalência de publicações (n=4; 40%). Quanto ao delineamento das pesquisas, destaca-se o desenvolvimento de estudos transversais (n=3; 30%), conforme descrito no Quadro 2.

Quadro 2

A análise dos estudos permitiu identificar que o comportamento suicida entre profissionais de enfermagem pode estar relacionado a fatores de risco pessoal, psicológico e ocupacional. Quanto aos fatores de risco pessoal, cinco, ou seja, 50% dos estudos 27, 28,32,34,35, associaram profissionais do sexo feminino com maior propensão ao comportamento suicida, bem como ser solteiro ou divorciado 26, 27,30, possuir idade inferior a 40 anos 26,28,30,35 e possuir tempo de experiência profissional menor que dez anos 26, 27,32,33.
O consumo próprio e fácil acesso a medicamentos psicotrópicos 26,31,33, e o abuso de álcool 26,33 também são fatores de risco. Nessa perspectiva, quatro estudos, ou seja, 40% 26,29,31,33, apontaram que a prevalência de comportamento suicida em profissionais de enfermagem é superior às taxas na população geral.
Referente aos fatores de risco psicológicos, a presença de condições de saúde mental preexistentes ao período pandêmico ou emergentes, como transtornos mentais 26,27,29,30,33,35, depressão 26,27,29,31,32,33,34, ansiedade 26,27,30,32,34,35 e tentativas de suicídio prévias 26,28,33,34, foi associada ao maior risco de comportamento suicida. Desses, estudo 33, correspondente a 10%, identificou a presença de dor crônica de origem musculoesquelética como potencial fator de risco.
Com relação aos fatores de risco relacionados ao trabalho, seis estudos, equivalentes a 60% 27,30,31,32,33,35, identificaram situações vivenciadas pelos profissionais que favoreceram o comportamento suicida relativas a: resposta inadequada dos sistemas de saúde diante da ocorrência da pandemia de COVID-19 27,30,31; falta de equipamentos de proteção individual e medidas de biossegurança 29,30,31; impacto financeiro 27,29,30,33; sobrecarga de trabalho 27,31,32; tomada de decisão diante da necessidade de priorizar os atendimentos entre os pacientes com COVID-19 30; assédio moral 32; incertezas acerca de protocolos, normas e recomendações; e exaustão profissional 27,29,35.
Em sete estudos, ou seja, 70% 26,28,30,31,32,34,35, os profissionais de enfermagem relataram ter apresentado ideação suicida e/ou tentativas no decorrer da vida ou durante o período pandêmico. Desses, estudo 28 apontou que um em cada dez profissionais apresentou ideação suicida ao longo da vida. Outro estudo 30 evidenciou que quatro em cada dez profissionais apresentaram ideação suicida. Destaca-se ainda estudo 31 com amostra de 582 profissionais que relataram ter sofrido assédio moral no local de trabalho, sendo que, desses, 16,8 % (n=320) relataram ideação suicida e 10,8% (n=206) apresentaram tentativas de suicídio.
Quanto às medidas preventivas, estudos 26,27,28,29,31,32,33,34 apresentaram recomendações para evitar o comportamento suicida em profissionais de saúde, totalizando nove dos dez estudos selecionados para a amostra, conforme o Quadro 3.

Quadro 3

DISCUSSÃO

Para interpretação dos resultados e apresentação da revisão, optou-se por discutir os achados mais relevantes que emergiram no período estudado, sendo COVID-19 e impactos na saúde mental, risco aumentado de suicídio nos profissionais de enfermagem e ambiente de trabalho, e relação com suicídio entre profissionais de enfermagem.
Em relação aos aspectos acerca dos impactos na saúde mental ocasionados pela COVID-19, estudos sugerem impacto de maneira geral na saúde mental e risco de suicídio, além de sofrimento emocional e sintomas psiquiátricos de depressão e ansiedade 29,36.
Constataram-se estudos que evidenciaram que populações que sofrem com condições mentais preexistentes às preocupações podem exacerbar e serem exacerbadas através de ansiedade e sintomas depressivos. Além disso, o distanciamento físico pode aumentar o risco de solidão e isolamento. Ademais, as pessoas que ficaram doentes podem sofrer com o estigma duplo relacionado às suas condições de saúde mental 37.
Nessa perspectiva, estudo de meta-análise de 50 anos sobre fatores de risco para pensamentos e comportamentos suicidas evidenciou a interligação de fatores de risco com sofrimento psicológico grave 38. Diante disso, cabe destacar que a pandemia de COVID-19 causou angústia psicológica significativa, incertezas acerca do futuro, interrupção de redes de apoio social, além de impactos econômicos, preocupação com segurança pessoal, e o medo da doença e morte entre familiares e amigos 39.
Destaca-se estudo que demonstra dados de pesquisa online realizada na China de 31 janeiro a 02 fevereiro de 2020, período inicial da pandemia. Além disso, 53,8% dos entrevistados avaliaram o impacto psicológico do surto como moderado ou grave; 16,5% relataram sintomas depressivos moderados a graves; 28,8% relataram sintomas de ansiedade moderados a graves; e 8,1% relataram níveis de estresse moderados a graves de uma amostra de 1.210 entrevistados 40.
Assim, a associação de estudos acerca da pandemia de COVID-19 com sofrimento emocional e sintomas psiquiátricos de depressão e ansiedade, além de atos suicidas relacionados à quarentena, foram relatados 36. Dessa forma, ressalta-se que a deterioração da saúde mental durante epidemias pode desencadear inúmeros fatores que incluem desde medo constante de contrair o vírus até medo de perder pessoas próximas, bem como impacto de ser colocado em quarentena, sendo que esses fatores podem precipitar doença mental em pessoas sem história prévia ou ainda exacerbar sintomas em pessoas já com doença mental preexistente 41.
Destacaram-se estudos relevantes acerca do risco aumentado de suicídio entre os profissionais de saúde, dando ênfase aos profissionais de enfermagem, sendo que a maioria dos artigos (60%) associa o risco relativo a fatores psicológicos, como presença de fatores preexistentes ao período pandêmico, sendo a depressão citada em 70% dos estudos, seguida por ansiedade (60%) e, por fim, tentativas prévias de suicídio em 40% da amostra.
Evidencia-se que a pandemia de COVID-19 apresentou aos profissionais de saúde desafios sem precedentes, em termos de sobrecarga de trabalho, assim como riscos relacionados à saúde e exposição ao estresse no trabalho 36.
Estudos evidenciam que profissionais de saúde são populações cujo risco de suicídio é quase o dobro quando comparados à população em geral 29. Ainda, a literatura demonstra que os profissionais de saúde que atuavam na linha de frente da pandemia de COVID-19 vivenciaram situações em que foram submetidos a riscos pessoais, por estarem expostos diretamente à alta carga viral, além de experiências estressantes de lidar com mortes e perdas 42.
Esses profissionais de saúde da linha de frente vivenciam reações pós-traumáticas até três anos após o término da pandemia, o que, consequentemente, aumentam o risco de suicídio e tentativas de suicídios nesta população 29. Corroborando os autores acima, estudo evidencia que os profissionais de enfermagem fazem parte de um grupo mais propenso a desencadear problemas de saúde mental, tais como depressão e ansiedade, além de risco de suicídio 43.
A despeito de obter conhecimento da prevalência de sentimentos suicidas e tentativas de suicídio entre a equipe de enfermagem, estudo realizado com 527 enfermeiros que se submeteram a participar de um programa de prevenção ao suicídio ao longo de três anos evidenciou que 254 (48%) apresentaram alto risco e, 270 (51,2%), risco moderado. Desses, 48 (9%) verbalizaram pensamentos de tirar a própria vida e 51 (9,7%) admitiram que realizaram tentativa de suicídio anterior 44.
Nesse contexto, estudo realizado com 850 profissionais de enfermagem em Hong Kong demonstrou que, desses, 25% dos enfermeiros com idades entre 21 e 59 anos exibiram alguma forma de ideação ou comportamento suicida no ano anterior, o que representa que esses profissionais pensam e tentam o suicídio duas vezes mais do que a população em geral 45.
Dados sobre pensamentos e comportamentos suicidas entre profissionais de saúde durante epidemias podem ser esperados, especialmente porque esta categoria da população já tem risco aumentado de ideação suicida e suicídio em condições normais de trabalho 46.
Ressalta-se estudo realizado na Espanha com objetivo de examinar a prevalência de pensamentos suicidas e comportamentos suicidas em trabalhadores da saúde durante 30 dias, o qual demonstrou que os desfechos ainda permanecem relacionados a transtornos de humor e ansiedade preexistentes. Entretanto, aspectos relacionados ao ambiente de trabalho foram destacados, como falta de coordenação e de comunicação pessoal ou supervisão, correspondendo a 50,5%, assim como o estresse financeiro (44,1%), sendo maior para ideação, plano ou tentativa ativa 30.
Diante disso, estressores ocupacionais no trabalho dos profissionais de enfermagem, como conflitos de equipe, demandas de trabalho, horário de trabalho variável, jornada de trabalho, conflitos interpessoais, carga de trabalho, medo de cometer erros no trabalho, esgotamento e agressão no ambiente de trabalho por pacientes e colegas, entre outros fatores, estão associados ao aumento do estresse, ansiedade e depressão em enfermeiros e risco de comportamento suicida 46,47. Ainda, estudo evidenciou a facilidade de acesso com que os profissionais de enfermagem possuem medicamentos no ambiente de trabalho, sendo os principais agentes benzodiazepínicos, anti-histamínicos e opioides, mais comuns na causa de morte de enfermeiros nos Estados Unidos 47.
Dessa forma, foram evidenciados fatores relacionados ao ambiente de trabalho dos profissionais de enfermagem como: esforço emocional e exaustão físca ao realizar o cuidado ao paciente com COVID-19, com alto potencial de deteriorização; possibilidade de ter que lidar com o cuidado direcionado a colegas de trabalho que poderiam adoecer e até mesmo morrer de COVID-19; escassez de equipamentos de proteção individual, intensificando o medo de exposição ao coronavírus no trabalho; escassez de ventiladores e equipamentos médicos essenciais ao atendimento de pacientes graves; ansiedade em assumir/desempenhar funções novas ou desconhecidos; e cargas de trabalho estendidas no atendimento a pacientes com COVID-19 42.
Por fim, em relação às medidas preventivas sobre o comportamento suicida, estudos indicam que ter filhos dependentes, rendimento superior a três salários-mínimos, resiliência e autopercepção de apoio social, não ter familiar infectado, e profissionais de saúde com mais de dez anos de serviço foram apontados como fatores protetores 26,27,28,29,31,32,33,34. Estudos indicam que intervenções individuais e coletivas de diagnóstico, atenção, tratamento e prevenção de transtornos mentais, além de ações de conscientização e apoio socioemocional, podem servir como medidas de prevenção 6.
Ainda, destaca-se a importância de conhecer o fenômeno com o intuito de elaborar políticas públicas que permitam enfrentar o problema e fortalecer as Redes de Atenção à Saúde na capacitação dos recursos humanos para o atendimento e manejo adequado o mais precoce possível. Destaca-se também a necessidade do envolvimento de gestores e profissionais de saúde no planejamento de ações e intervenções direcionadas à prevenção do suicídio 6.


Limitações do estudo

Como limitação do estudo, pontua-se a escassez de publicações de estudos brasileiros na área da saúde mental, abordando especificamente profissionais de enfermagem. A inclusão de bases de dados específicas em futuros estudos poderá ampliar o escopo de análise do comportamento suicida entre profissionais de enfermagem na pandemia de COVID-19 e possibilitar análises mais contextualizadas com a realidade brasileira.

Contribuições para a área da enfermagem

A construção da presente revisão da literatura contribui ao destacar a relevância da discussão sobre a temática, as principais questões diante dessa realidade e a compreensão dos fatores que potencializam o sofrimento e comportamento suicida, para os profissionais de enfermagem, no contexto da pandemia. Dessa forma, pode possibilitar e oferecer elementos para o desenvolvimento e execução de programas de apoio em saúde mental, assim como programas de apoio à prevenção de suicídio entre profissionais de enfermagem. Sendo assim, pontua-se a necessidade de novos estudos, com o foco do comportamento suicida entre profissionais de enfermagem no contexto da formação acadêmica, uma vez que o ensino tem o potencial de criar e difundir uma cultura de mudanças/transformações que pode se manifestar na dimensão do exercício profissional da enfermagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo fornece evidências de que a pandemia de COVID-19 causa impactos diretamente na saúde mental da população, exacerbando sintomas preexistentes, assim como influenciando o surgimento de outros que ainda não haviam sido manifestados. O risco aumentado de suicídio entre os profissionais de saúde foi apontado, especificamente, entre os profissionais comportamentos suicidas, além de contribuir com a síndrome de burnout e depressão.
Cabe destacar a necessidade de o profissional de enfermagem ser compreendido em sua totalidade como uma pessoa que também necessita de cuidados. Diante disso, enfatizam-se a gravidade de riscos e fatores que envolvem a profissão, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal, que podem desencadear transtornos mentais, sendo, na maioria das vezes, negligenciados, inclusive pelos próprios profissionais. Reforça-se a necessidade de se identificar os fatores de risco precocemente, investindo em programas de apoio mental dessa categoria.
A partir da análise dos estudos, evidenciou-se a escassez de pesquisas voltadas à identificação, diagnóstico e intervenção para com essa categoria profissional, a fim de evitar a evolução para transtornos mentais, incluindo depressão, ansiedade e burnout, consequentemente, impactando para risco aumentado de suicídio.

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Reiser, MN, Lohn, A, Cunha, VP, Lanzoni, GMM. Suicidal behavior among nursing professionals during the COVID-19 pandemic: an integrative literature review.. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/Aug). [Citado em 05/12/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/en/articles/suicidal-behavior-among-nursing-professionals-during-the-covid19-pandemic-an-integrative-literature-review/19749?id=19749



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