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0390/2025 - Suicide prevention in Brazil: Challenges and Perspectives for Necessary Advances
Prevenção do suicídio no Brasil: análise contemporânea para avanços necessários

Author:

• Eder Samuel Oliveira Dantas - Dantas, E.S.O - <edersamuel_rn@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6595-6105

Co-author(s):

• Karla Patrícia Cardoso Amorim - Amorim, KPC - <amorimkarla@yahoo.com.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4047-6073


Abstract:

Suicide is a serious public health problem in Brazil, characterized as a complex and multifactorial phenomenon. Despite regulatory advances, challenges persist in the implementation of effective public policies for its prevention. This theoretical essay aims to discuss suicide prevention in Brazil, identifying challenges, limitations, and pathways to strengthen public policies in this area. The text presents an overview of the current scenario, examines the strategies adopted and the difficulties encountered in prevention, and suggests pathways for progress in this area. It argues that strengthening preventive policies requires addressing stigma, expanding mental health promotion actions, and fostering a collective commitment from various sectors of society to the promotion of life.

Keywords:

Suicide; Suicide Prevention; Health Policy.

Content:

Introdução
O suicídio, presente desde os primórdios da humanidade, é vivenciado de maneira singular, em cada período histórico e nas diferentes culturas. Esse fenômeno envolve múltiplos fatores, tanto no nível conjuntural quanto no individual, abrangendo aspectos sociais, biológicos, psicológicos, culturais, políticos e filosóficos. No entanto, não se limita a essas dimensões, uma vez que a compreensão deste exige a consideração de contextos específicos, das relações interpessoais e das condições estruturais que atravessam a vida dos indivíduos1.
Atualmente, é considerado grave e complexo problema de saúde pública. Cerca de 727.000 morrem por suicídio, anualmente, no mundo, representando taxa global média de 8,9 óbitos por 100.000 habitantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 73% dessas mortes ocorrem em países de baixa e média renda, em que a carga desse agravo é mais significativa2.
Enquanto o mundo registrou redução global de 35% no número de suicídios entre 2000 e 2021, a região das Américas seguiu trajetória oposta, com aumento de 17%, no mesmo período2. No Brasil, esse cenário foi ainda mais preocupante: entre 2010 e 2021, as taxas de mortalidade por suicídio cresceram 42%, passando de 5,2 para 7,5 óbitos por 100.000 habitantes. Em 2021, foram 15.000 vidas perdidas no país, destacando a importância do problema e a necessidade de ações efetivas para a prevenção3.
Além da mortalidade, a amplitude desse problema é ainda mais expressiva, quando se considera o comportamento suicida como um todo, que inclui, também, a ideação e as tentativas de suicídio. Estima-se que, para cada suicídio, ocorram mais de 20 tentativas, muitas das quais resultam em lesões graves, traumas psicológicos importantes e altas demandas para os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). A ideação suicida, por sua vez, atinge número ainda maior de pessoas, constituindo importante sinal de alerta que pode preceder o ato suicida4.
Embora os estudos sobre o tema tenham crescido nos últimos anos, ainda persiste a carência de análises que, para além da descrição de dados e ações fragmentadas, problematizem criticamente a ausência de um plano nacional e discutam as implicações políticas, institucionais e sociais no Brasil. Este ensaio teórico busca preencher essa lacuna, a partir da perspectiva da saúde pública, analisando como o Estado têm enfrentado, ou não, a complexidade do suicídio no Brasil.
Assim, objetivou-se discutir a prevenção do suicídio no Brasil, identificando desafios, limites e caminhos para o fortalecimento das políticas públicas na área. Trata-se de ensaio teórico, fundamentado em revisão crítica da literatura nacional e internacional, bem como na análise de documentos oficiais de organismos públicos e multilaterais sobre a temática. Este tipo de abordagem busca elaborar reflexão analítica, não empírica, que integre evidências, políticas e aspectos estruturais, inspirada em referenciais críticos da saúde coletiva e das políticas públicas5,6, os quais problematizam a relação entre Estado, políticas sociais e desigualdades no campo da saúde.
Esse debate também tem sido enriquecido por contribuições que problematizam as desigualdades a partir de marcadores sociais da diferença e interseccionalidade, evidenciando como gênero, raça e classe conformam condições desiguais de vida e saúde7,8. A interseccionalidade, neste sentido, consolida-se como ferramenta analítica fundamental para saúde pública, permitindo compreender como múltiplas opressões se articulam na produção do sofrimento psíquico e do risco de suicídio9,10,11.
O texto organiza-se em três momentos, articulados de modo a construir reflexão crítica sobre os limites e as potencialidades da prevenção do suicídio no Brasil. Inicialmente, apresenta-se contextualização sobre o panorama nacional, situando o problema no campo da saúde pública. Em seguida, discute-se a trajetória das iniciativas voltadas à prevenção no país, com destaque para a fragmentação institucional e a ausência de uma estratégia nacional coordenada. Por fim, propõem-se caminhos para o fortalecimento dessas políticas, enfatizando a necessidade de abordagens intersetoriais e sustentáveis.
O panorama do suicídio no contexto brasileiro
A compreensão do suicídio no Brasil foi historicamente moldada pela emergência e consolidação da psiquiatria como campo disciplinar e dispositivo de regulação social. Desde o século XX, a psiquiatrização do sofrimento psíquico conduziu a uma leitura predominantemente patologizante do comportamento suicida, reduzindo-o a manifestações individuais de transtornos mentais e negligenciando as conexões com processos sociais estruturantes, como a desigualdade social, o racismo estrutural, a colonialidade e a precarização do trabalho12.
Esse legado se mantém no modo como o suicídio é abordado nas políticas públicas e nos serviços de saúde, em que ainda predomina a associação automática entre comportamento suicida e transtornos mentais. Essa perspectiva reforça práticas medicalizantes e fragmentadas, contribuindo para manutenção de políticas insuficientes e desarticuladas13.
Como demonstrado no início deste artigo, as taxas de suicídio no Brasil estão em ascensão nas últimas décadas. Todavia, é fundamental desvelar as múltiplas camadas dessa problemática, evidenciando como ela se articula com desigualdades estruturais e dinâmicas territoriais específicas.
As maiores taxas de suicídio do Brasil encontram-se nas Regiões Sul e Centro-Oeste, registrando 11,0 e 8,9 mortes por 100.000 habitantes, em 2021, respectivamente. As Regiões Norte, Nordeste e Sudeste apresentam taxas de 6,97, 6,80 e 6,34 por 100.000, respectivamente3. Essas variações estão relacionadas, entre outros fatores, a aspectos culturais, estilos de vida, acesso a meios letais de suicídio, acesso a serviços de saúde, qualidade da informação em saúde, dentre outros.
A Região Sul é fortemente influenciada pela colonização europeia, apresenta características culturais que podem estar associadas a essas altas taxas de suicídio. A ênfase em ideais individualistas, a pressão por produtividade e o isolamento social nas comunidades rurais podem contribuir para vulnerabilidades que predispõem ao suicídio. Além disso, a migração de trabalhadores do Sul para o Centro-Oeste, particularmente, durante a década de 1970, gerou semelhanças culturais entre essas regiões, em que dinâmicas de deslocamento, adaptação e vulnerabilidade econômica podem representar fatores de risco adicionais14.
O agronegócio, predominante nessas regiões, impõe desafios particulares aos trabalhadores do campo. A instabilidade laboral, a dependência das condições climáticas e as exigências do mercado internacional configuram fontes constantes de estresse. Somado a isso, o fácil acesso a agrotóxicos e pesticidas nessas localidades eleva o risco de suicídio, ao articular fatores psicossociais adversos com a disponibilidade de meios letais15. Esses cenários evidenciam que o suicídio, longe de constituir uma escolha individual e isolada, expressa processos históricos e econômicos que contribuem para a precarização da existência e comprometem a saúde mental das pessoas.
Nas Regiões Norte e Centro-Oeste, a composição demográfica e a localização geográfica desempenham papéis cruciais. Essas regiões têm alta concentração de populações indígenas e incluem municípios fronteiriços ao longo dos Arcos Norte e Central, áreas marcadas pela violência, pela instabilidade e pelo tráfico internacional de drogas, bens e pessoas. Essas condições tornam as populações vulneráveis - como indígenas, mulheres e crianças - particularmente suscetíveis a riscos elevados de suicídio16.
A população indígena brasileira possui elevadas taxas de suicídio, aproximadamente, três vezes maior que a da população não indígena17,18. Esses índices não podem ser compreendidos a partir de análises individualistas, mas devem ser interpretados como expressão da violação sistemática de direitos territoriais, das dificuldades na manutenção de práticas culturais e da exposição a violências múltiplas — elementos enraizados na lógica da colonialidade e no racismo estrutural que informam a política indigenista brasileira19,20.
De modo semelhante, as Regiões Norte e Nordeste enfrentam desafios estruturais marcados por profundas desigualdades socioeconômicas, fragilidade das políticas públicas e desigual distribuição de recursos e infraestrutura. Em muitas localidades, o crescimento urbano ocorre sem planejamento adequado, o que agrava problemas como a violência, a precarização das condições de vida e a exclusão de grupos populacionais historicamente vulnerabilizados. Além disso, essas regiões apresentam os piores indicadores sociais do país, com elevados índices de pobreza e desigualdade de renda, o que enfraquece as redes de suporte comunitário e dificulta o acesso a serviços de saúde e proteção social21,22.
As taxas de suicídio no Brasil destacam dois grupos etários particularmente vulneráveis: os jovens entre 15 e 29 anos e os idosos acima de 60 anos, cada um apresentando especificidades no padrão de risco. Entre os jovens, o suicídio figura como uma das principais causas de morte, sendo frequentemente associado a fatores como pressões educacionais e profissionais, discriminação, rupturas familiares e exposição ao bullying, sobretudo, em ambientes escolares e digitais. Já entre os idosos, a elevada incidência está atrelada ao isolamento social, ao impacto de doenças crônicas e incapacitantes e à perda de entes queridos ou autonomia, elementos que frequentemente intensificam sentimentos de desesperança e desamparo23,24.
No quesito gênero, há paradoxo marcante no comportamento suicida, no Brasil, assim como no resto do mundo, os homens apresentam taxas de suicídio significativamente mais altas do que as mulheres, enquanto estas têm maiores índices de ideação e tentativas de suicídio, fenômeno, muitas vezes, relacionado às formas de expressão do sofrimento25. A masculinidade hegemônica, com normas que reprimem a vulnerabilidade e reforçam o isolamento emocional, pode explicar, em parte, a maior letalidade entre os homens. Por outro lado, as mulheres enfrentam múltiplas camadas de opressão, como a violência de gênero e a sobrecarga do cuidado, que as tornam mais vulneráveis a episódios de sofrimento psíquico intenso.
Essas distinções revelam como normas sociais e culturais moldam as formas de sofrimento e as estratégias de busca por ajuda, inseridas em contextos marcados por desigualdades de gênero, raça e classe26. A leitura interseccional evidencia que, especialmente nas periferias, mulheres negras enfrentam violências e microagressões derivadas do racismo e do patriarcado11, expressas em processos de exclusão e silenciamento. Tais atravessamentos produzem trajetórias de vida mais vulneráveis ao sofrimento psíquico e ao comportamento suicida, reforçando a urgência de políticas públicas que reconheçam essas múltiplas determinações10,27.
O contexto recente da pandemia da Covid-19 agravou esses processos estruturantes. Inicialmente, a pandemia provocou queda abrupta nas taxas mensais de suicídio, especialmente entre os homens. No entanto, essa redução foi seguida pelo aumento gradual, à medida que a crise se prolongava. A pandemia exacerbou fatores de risco para o suicídio, como o isolamento social, a insegurança econômica, o luto e a sobrecarga dos serviços de saúde28.
Adicionalmente, a pressão emocional sobre trabalhadores da saúde, o aumento da violência doméstica e os impactos desproporcionais em populações vulneráveis ressaltam como crises sanitárias e emergências globais podem acentuar desigualdades preexistentes. Embora estudos indiquem que as taxas de suicídio não aumentaram de forma uniforme, durante a pandemia, é crucial reconhecer que o sofrimento psíquico se manifestou de maneira complexa, e os efeitos de longo prazo ainda precisam ser avaliados29.
Em síntese, o panorama do suicídio no Brasil evidencia que o fenômeno está profundamente enraizado em processos históricos e estruturais, como a psiquiatrização do sofrimento, a desigualdade social, o racismo estrutural, a colonialidade e a precarização da vida que conformam vulnerabilidades específicas. No entanto, a resposta estatal a essa complexidade tem se mostrado insuficiente. Essa limitação evidencia a necessidade de analisar criticamente como a prevenção do suicídio tem sido tratada no Brasil, no campo das políticas públicas.
Políticas Públicas de prevenção do suicídio no Brasil: fragmentação e limites
Discutir políticas públicas envolve compreender a atuação do Estado, os pactos sociais estabelecidos, os interesses em jogo e as relações de poder que permeiam essas ações. Trata-se de analisar como essas funções são operacionalizadas por meio da formulação e implementação de medidas governamentais voltadas a setores específicos, considerando a mobilização de recursos, a participação de diferentes atores e os conflitos que caracterizam o campo das disputas estatais5,6,30.
No Brasil, a prevenção do suicídio foi sendo construída por meio de iniciativas setoriais importantes, mas marcadas pela fragmentação e dificuldade de articulação em estratégia nacional robusta e sustentável. Embora existam marcos normativos relevantes, o país ainda carece de coordenação sistêmica que integre as diversas ações de promoção, prevenção, cuidado e vigilância em saúde31.
No cenário internacional, o marco fundamental foi a publicação, pela ONU, com apoio técnico da OMS, do documento Prevention of Suicide: Guidelines for the Formulation and Implementation of National Strategies (1990), que indicava a necessidade de abordagens intersetoriais, multidisciplinares e ancoradas em avaliações contínuas. Posteriormente, a OMS reforçou essas recomendações com o relatório Preventing Suicide: A Global Imperative (2014), reiterando que as políticas deveriam ser coordenadas nacionalmente, adaptadas às realidades locais e sustentadas por órgãos gestores e sistemas de monitoramento32,33.
No Brasil, a primeira iniciativa governamental específica foi a publicação das Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, instituídas pela Portaria n°1.876/2006 do Ministério da Saúde34. Essas diretrizes propunham linha de cuidado integral, considerando promoção, prevenção, tratamento e recuperação, buscavam identificar os determinantes do suicídio, fortalecer ações intersetoriais, implementar projetos baseados em evidências e aprimorar a coleta e análise de dados, além de promover a capacitação contínua de profissionais de saúde.
Após 11 anos, o Ministério da Saúde publicou a Agenda de Ações Estratégicas para Vigilância e Prevenção do Suicídio e Promoção da Saúde 2017-2020, com objetivo de ampliar e fortalecer ações voltadas à redução de tentativas e mortes, considerando os determinantes sociais e as populações vulneráveis, além de priorizar municípios com alta incidência de suicídio35. Ainda assim, o caráter programático da agenda não superou a dificuldade histórica do país em estabelecer uma política articulada e coordenada, com planejamento de longo prazo e integração efetiva entre os diversos setores envolvidos.
Em 2019, foi promulgada a Lei 13.81936, que instituiu a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Essa legislação propôs um sistema integrado de apoio e prevenção, reforçando a necessidade de campanhas educativas, suporte psicológico e promoção da saúde mental, em diferentes níveis de governo. Embora relevante, a efetividade dessa legislação permanece comprometida pela ausência de regulamentação e fragilidade na articulação federativa, resultando em dificuldades para implementação plena.
Além dessas normativas, o Brasil adotou medidas complementares importantes, como a inclusão das tentativas e mortes por suicídio como agravos de notificação compulsória desde 201437 e a publicação sistemática de boletins epidemiológicos desde 2017, com a edição mais recente em 2024. Essas iniciativas contribuíram para o aprimoramento da vigilância e produção de dados sobre o fenômeno, mas não foram suficientes para garantir a formulação de respostas integradas, capazes de atuar simultaneamente sobre prevenção, cuidado e promoção da saúde.
A criação da campanha Setembro Amarelo, em 2015, representou um marco simbólico ao conferir maior visibilidade pública ao tema. Idealizada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) e entidades médicas, a iniciativa buscou mobilizar a sociedade por meio de ações educativas e de sensibilização. Em 2025, a Lei Federal nº 15.199 institui oficialmente essa campanha no calendário oficial da União. Apesar dos avanços em termos de visibilidade e mobilização social, sua efetividade ainda é incerta, uma vez que não há evidências de que tenha contribuído para a redução das taxas de suicídio ou para a diminuição do estigma associado ao tema32. Além disso, a concentração de esforços em um único mês, dissociada de ações permanentes e estruturantes, expõe as limitações de um modelo de prevenção ainda marcado pela pontualidade e descontinuidade das iniciativas.
A ausência de coordenação nacional impede a consolidação de esforços e recursos em ações preventivas eficazes. Diferentemente de países com políticas robustas, a fragmentação das ações de saúde mental no Brasil dificulta a implementação de estratégias intersetoriais que articulem saúde, assistência social, educação e justiça, atuando de forma integrada sobre os múltiplos fatores sociais, econômicos e culturais que atravessam o comportamento suicida38,39,40.
Esse cenário de fragmentação se agravou com a desarticulação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Entre 2016 e 2022, a RAPS sofreu desmonte significativo e sem precedentes, com a priorização de investimentos em serviços manicomiais, em detrimento dos Centros de Atenção Psicossocial e de outros serviços de base comunitária41,42.
Desde 2023, com a eleição de um governo alinhado aos princípios democráticos, observa-se cenário político mais favorável à reconstrução das políticas de saúde mental, à revalorização de princípios, como a atenção comunitária e a intersetorialidade, essenciais para prevenção do suicídio. A retomada do fortalecimento da RAPS e a priorização de ações integradas indicam avanços importantes. Contudo, a efetivação dessas iniciativas depende de processos de consolidação que exigem tempo, recursos e compromisso de diferentes níveis de governo.
A trajetória da prevenção do suicídio como política pública no Brasil evidencia avanços normativos, mas é marcada por fragmentação institucional, descontinuidade das ações e insuficiente incorporação dos determinantes sociais que configuram o fenômeno. Nesse contexto, a criação de um plano nacional de prevenção do suicídio constitui medida essencial para superar a atual fragmentação, conferindo maior coerência e efetividade às ações e ampliando a capacidade do Estado de abordar, com responsabilidade, a complexidade desse fenômeno no país.
Da fragmentação à construção de políticas integradas: avanços necessários na prevenção do suicídio no Brasil
A prevenção do suicídio exige mais do que o acúmulo de recomendações técnicas, demanda a construção de políticas públicas integradas, intersetoriais e sustentáveis, capazes de transformar orientações gerais em ações efetivas, sensíveis às desigualdades e às diversidades que marcam o contexto brasileiro43.
A OMS recomenda um conjunto de estratégias para prevenção do suicídio, amplamente reconhecidas pela efetividade: melhorar a vigilância e a pesquisa; identificar grupos vulneráveis; melhorar a avaliação e o gerenciamento do comportamento suicida; promover fatores ambientais e de proteção individual; conscientizar, por meio da educação pública; reduzir o acesso aos meios de suicídio; incentivar a mídia a adotar as melhores políticas e práticas para anunciar o suicídio; e apoiar indivíduos enlutados pelo suicídio33.
Política abrangente deve combinar intervenções universais, seletivas e indicadas. As intervenções universais visam à população em geral, promovendo conscientização e reduzindo estigmas, mas a efetividade depende de campanhas contínuas e integradas a políticas públicas estruturantes. As intervenções seletivas devem concentrar-se em grupos sob maior risco, como jovens, idosos e populações socialmente vulnerabilizadas, sempre considerando os determinantes psicossociais, econômicos e culturais. Já as intervenções indicadas, dirigidas a pessoas que manifestaram comportamento suicida, devem priorizar o acompanhamento individualizado e o suporte contínuo, garantindo o cuidado em todos os níveis de complexidade do SUS32,44.
Nesse sentido, ratifica-se a necessidade da criação de um plano nacional de prevenção do suicídio. Esse plano deve incluir estratégias específicas de vigilância em saúde, imprescindíveis para aprimorar a compreensão do fenômeno e orientar intervenções mais eficazes. A qualificação dos sistemas de informação, como o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), é fundamental para superar a subnotificação, especialmente nas regiões mais pobres. Além disso, a criação de centros regionais de pesquisa focados na prevenção pode fortalecer a produção de dados locais e subsidiar políticas mais sensíveis às especificidades territoriais45.
Entre as estratégias mais eficazes para reduzir as taxas de suicídio está a restrição ao acesso aos meios de perpetração mais comuns. No Brasil, embora existam variações regionais, etárias e de gênero, os métodos mais comuns incluem enforcamento, armas de fogo e autointoxicação46. O enforcamento, por sua natureza, é de difícil restrição em larga escala, mas medidas de controle devem ser implementadas em ambientes monitorados, como hospitais, instituições prisionais e escolas. Já as armas de fogo podem ser mais efetivamente regulamentadas, especialmente por meio da restrição de acesso à população civil. A autointoxicação, por sua vez, ocorre predominantemente pelo uso de agrotóxicos, pesticidas, medicamentos e outras substâncias, exigindo regulamentação mais rigorosa para mitigar os impactos no comportamento suicida33.
O fortalecimento das campanhas de conscientização pública é igualmente indispensável. Contudo, a forma como o Setembro Amarelo tem sido organizada revela limites importantes. Longe de constituir estratégia estruturada de promoção da saúde, o modelo atual concentra, em único mês, excesso de mensagens na mídia, muitas vezes desencontradas, difundidas por diferentes atores, sem coordenação técnica e sem ancoragem clara em diretrizes de saúde pública. Essa configuração fragiliza o alcance pedagógico da campanha e pode também gerar efeitos adversos, como o aumento do sofrimento entre sobreviventes enlutados pelo suicídio, frequentemente expostos a conteúdos sensíveis, sem o devido cuidado ético.
Superar essas limitações exige repensar o lugar das campanhas na política de prevenção do suicídio, garantindo que sejam baseadas em evidências, culturalmente adaptadas e articuladas às políticas permanentes de saúde mental. Em vez de concentrarem esforços em ações dispersas ao longo de um único mês, devem ser concebidas como parte de estratégia ampliada de promoção da saúde, voltada para construção de ambientes sociais mais saudáveis, solidários e acolhedores, incluindo populações historicamente negligenciadas47.
No campo da comunicação, a qualificação da atuação da mídia é essencial para evitar o chamado efeito Werther (fenômeno de imitação) e promover informações responsáveis. É essencial que veículos de comunicação priorizem a divulgação de serviços de suporte e acolhimento. As redes sociais também podem desempenhar papel estratégico na prevenção do suicídio, pois as plataformas digitais têm a capacidade de identificar comportamentos de risco, por meio de inteligência artificial, monitorar palavras-chave relacionadas ao comportamento suicida e direcionar para serviços de apoio, como chats de acolhimento e linhas telefônicas especializadas48,49.
Quando se reflete sobre as abordagens de prevenção do suicídio do tipo seletivas, a identificação de grupos vulneráveis em cada território é uma prioridade fundamental. Mapear populações em maior risco, como indígenas, jovens LGBTQIA+, idosos, mulheres em situação de violência e pessoas vivendo em áreas de alta pobreza, é essencial para o desenvolvimento de programas específicos que considerem as particularidades socioculturais50. Paralelamente, é crucial melhorar a avaliação e o manejo do comportamento suicida, capacitando os profissionais de saúde, com abordagens empáticas e não estigmatizantes, garantindo a implementação de atendimento em todos os níveis do SUS, com ênfase na continuidade do cuidado.
Ainda, no âmbito das ações seletivas, deve-se considerar a crescente exposição de populações a situações de vulnerabilidade aguda, como desastres naturais, deslocamentos forçados e crises sanitárias ou econômicas. Essas condições ampliam o risco de comportamento suicida e exigem políticas de acolhimento, integrando ações de suporte psicossocial e de recuperação socioeconômica, capazes de fortalecer a resiliência e o bem-estar das comunidades afetadas51.
Do ponto de vista das estratégias de prevenção indicadas, ou seja, aquelas que devem ser direcionadas aos indivíduos com risco suicida estabelecido, algumas ações são prioritárias. O acesso a serviços de saúde mental deve ser garantido para esses indivíduos. Para isso, é essencial ampliar e fortalecer a RAPS, de modo a garantir que os serviços sejam devidamente equipados com equipes multidisciplinares preparadas para acolher essa demanda. Além disso, a integração dos diferentes serviços, como os CAPS, unidades básicas de saúde e hospitais gerais, pode facilitar o atendimento a indivíduos em crise, reduzindo barreiras geográficas e estruturais ao cuidado.
A implementação de sistemas de acompanhamento ativo para indivíduos que realizaram tentativa de suicídio é outra medida fundamental, uma vez que esses são os que apresentam maior risco para novas tentativas e óbitos. Intervenções como contatos telefônicos regulares, visitas domiciliares ou encaminhamentos para acompanhamento psicossocial têm demonstrado impacto positivo na prevenção de recorrências50,51,52.
O fortalecimento de linhas de apoio telefônico e plataformas digitais pode fornecer suporte imediato a indivíduos em crise. No Brasil, o CVV desempenha papel essencial nesse contexto, oferecendo atendimento sigiloso e gratuito pelo telefone 188. O desenvolvimento de chatbots com inteligência artificial para triagem inicial e encaminhamento a profissionais especializados pode complementar essas ações. Capacitar atendentes de emergências médicas e policiais para lidar com crises suicidas é outra estratégia importante para melhorar as respostas em momentos críticos53.
Em qualquer nível de prevenção, é imprescindível reconhecer o papel estratégico da Estratégia Saúde da Família (ESF). A capilaridade territorial e a vinculação longitudinal das equipes de Saúde da Família com os territórios permitem a identificação precoce de situações de risco, o desenvolvimento de ações intersetoriais e o fortalecimento das redes comunitárias de apoio. A atuação articulada da ESF com os demais componentes da RAPS é importante para reduzir a fragmentação dos serviços e promover atenção mais integral e resolutiva às pessoas em situação psicossocial desfavorável.
A integração de ações de saúde mental na Atenção Primária em Saúde (APS) apresenta potencialidades e limites. O registro das necessidades de saúde mental na APS e o apoio matricial têm mostrado ganhos em articulação do cuidado, mas também revelam fragilidades relacionadas à sobrecarga das equipes e lacunas na continuidade do cuidado54. Reconhecer essas ambivalências é essencial para fortalecer a APS como eixo estruturante da prevenção do suicídio no Brasil.
Esse potencial pode ser ainda mais amplificado com a implantação recente das Equipes Multiprofissionais na Atenção Primária à Saúde (eMulti)55, que sucedem à experiência dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Durante mais de uma década, os NASF representaram dispositivo central no cuidado em saúde e no apoio matricial às equipes da Estratégia Saúde da Família56, favorecendo práticas multiprofissionais no território, inclusive no campo da saúde mental.
O reconhecimento dessa trajetória é fundamental, pois os aprendizados acumulados reafirmam que o cuidado em saúde mental na APS depende de arranjos multiprofissionais, trabalho compartilhado e integração em rede. As e-Multi, neste sentido, não devem ser vistas apenas como inovação isolada, mas como continuidade e atualização de um processo histórico que buscou fortalecer o apoio matricial e ampliar a resolutividade das equipes de Saúde da Família. O desafio, agora, consiste em assegurar que essa experiência seja acompanhada de financiamento adequado, formação permanente e articulação efetiva com os demais dispositivos da RAPS e outros setores das políticas públicas.
Considerações Finais
Diante da complexidade do comportamento suicida, a implementação de políticas públicas abrangentes deve ser pautada na articulação entre ações universais, seletivas e indicadas, garantindo que cada nível de prevenção atue de forma integrada e efetiva. A superação de desafios estruturais, como a subnotificação de casos, a desarticulação da RAPS e o financiamento insuficiente de serviços psicossociais, deve ser prioridade para que o Brasil avance na construção de uma estratégia nacional de prevenção ao suicídio sólida e sustentável.
A prevenção do suicídio, portanto, não pode se restringir a ações pontuais ou fragmentadas. É fundamental que o Brasil avance na construção de políticas públicas estruturadas, intersetoriais e sustentáveis. A implementação de um plano nacional de prevenção ao suicídio, articulado com diretrizes locais e regionais, é uma necessidade urgente. A experiência internacional demonstra que países com estratégias coordenadas e embasadas em evidências têm obtido avanços significativos na redução das taxas de suicídio.
Este ensaio teórico buscou problematizar os limites e as potencialidades da prevenção do suicídio no país, mas não pretende esgotar a complexidade da temática. Ao contrário, intenta contribuir para o fortalecimento de uma agenda crítica e intersetorial, que reconheça o suicídio como expressão de determinantes históricos, sociais e culturais, para além de explicações individualizantes e biomédicas.
Declaração de Disponibilidade de Dados
As fontes dos dados utilizados na pesquisa estão indicadas no corpo do artigo.


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Dantas, E.S.O, Amorim, KPC. Suicide prevention in Brazil: Challenges and Perspectives for Necessary Advances. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/Nov). [Citado em 05/12/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/en/articles/suicide-prevention-in-brazil-challenges-and-perspectives-for-necessary-advances/19866



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