Abstract(resumo):
O artigo analisa narrativas de jovens mulheres, de camadas populares e médias, sobre suas intenções de (não)engravidar e vivências reprodutivas, considerando as dimensões de gênero, condição socioeconômica, raça e geração. Trata-se de pesquisa socioantropológica, cuja análise inspirou-se na matriz interseccional. O material empírico reúne oito entrevistas em profundidade, realizadas em 2021 e 2022, com mulheres cisgêneros, de 17 a 24 anos, do Rio de Janeiro. As jovens de camadas populares relataram dificuldades em acessar o DIU de cobre ou a laqueadura pelo Sistema Único de Saúde e estavam insatisfeitas com seus métodos anticoncepcionais, engravidando de modo não intencional. As de camadas médias não têm dificuldades de acesso aos mesmos, mas problemas no diálogo com ginecologistas. Uma delas engravidou sem intenção. Todas as jovens não desejavam engravidar, mas apenas uma não se sentia em risco. Há sofrimento, desconforto e receio dos efeitos colaterais dos métodos hormonais. Coerção, abuso reprodutivo e violência sexual integram algumas trajetórias. Destacam-se as (im)possibilidades no manejo contraceptivo nos contextos sociais atravessados por opressões interseccionais. Diante das iniquidades sociais em saúde, os desafios à justiça reprodutiva se intensificam.
Keywords(palavra-chave):
Juventude. Anticoncepção. Gravidez. Saúde Reprodutiva. Enquadramento Interseccional.
Access Issue in Scielo