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0117/2025 - THE MUD STILL ROLLS: implications of compensatory repairs for the post-disaster health service in Brumadinho/MG
A LAMA AINDA ROLA: implicações das reparações indenizatórias para o serviço de saúde pós-desastre em Brumadinho/MG

Author:

• Janaína de Souza Aredes - Aredes, JS - <janainaaredes@gmail.com>
ORCID: http://orcid.org/0000-0002-4147-2405

Co-author(s):

• Sérgio Viana Peixoto - Peixoto, SV - <sergio@cpqrr.fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9431-2280
• Josélia Oliveira Araújo Firmo - Firmo, JOA - <joselia.firmo@fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5330-476X


Abstract:

The objective of this study is to analyze the needs of the health service after the dam collapse disaster in Brumadinho/MGthe perspective of managers and professionals. This is a qualitative methodological research approach, based on 26 interviews guided by a semi-structured script. The data were processed using the content analysis technique and the interpretation mediated by the theoretical-methodological framework of hermeneutic anthropology. The study showed that both the process of obtaining compensation and its materialization had a major impact on the health service, both in terms of the emergence of new health demands and the work overload of professionals who had to mediate situations beyond their attributions, involving porous limits of agreements and negotiations between the population and the company responsible for the disaster. The analysis shows the need to develop and equate strategies that consider the guarantee of rights without compromising the health and quality of life of all those affected: those who care and those who are cared for. It is expected that the results presented can support surveillance actions, health care and future risk management in similar contexts.

Keywords:

Health Effects of Disasters. Mining. Health services

Content:

INTRODUÇÃO
O estado de Minas Gerais sediou dois dos mais graves incidentes relacionados a barragens de mineração no século XXI. No ano de 2015 aconteceu o desastre em Mariana/MG da mineradora Samarco que resultou em 19 óbitos e rejeitos que atingiram cerca de 36 municípios em 650 km na extensão da Bacia do Rio Doce.1 Quatro anos depois, em 2019, no município de Brumadinho/MG, ocorreu o rompimento da barragem de rejeitos da Mina do Córrego do Feijão, administrada pela mineradora Vale S.A. Tal tragédia resultou em mais de 270 óbitos e espalhou cerca de 13 milhões de m3 de rejeitos numa extensão de aproximadamente 18 municípios na bacia do Rio Paraopeba.2,3
Desastres são ocorrências que culminam em uma ruptura e desequilíbrio na rotina de uma comunidade, impactando o seu dia a dia com perdas humanas, materiais, econômicas, ambientais e de saúde.4,5 Em Brumadinho configurou o maior acidente de trabalho ampliado já ocorrido no Brasil, além das diversas implicações referentes a perdas e danos com impacto direto na saúde da população.2,4 Por isso, faz-se necessário o acompanhamento das necessidades de saúde das comunidades atingidas para ajudar no planejamento dos serviços de saúde existentes, especialmente em casos de aumento e surgimento de novas demandas.5
Rompimento de barragens e a consequente liberação de rejeitos de minério representam “uma potencial fonte de exposição a metais pesados” – por vias oral, inalatória e dérmica.3 É válido pontuar ainda que os anos posteriores ao desastre do rompimento da barragem de Brumadinho foram mediados pelo cenário epidemiológico da pandemia da Covid-19. Esses fatores, em cadeia, podem afetar a demanda por serviços de saúde e resultar em aumento de consultas médicas e internações.5 Por sua vez, sabe-se que as implicações de um desastre também estão relacionadas a uma sobrecarga no serviço de saúde. No primeiro quadrimestre de 2019, houve aumento de 63% nos atendimentos realizados na Atenção Básica em Brumadinho, o que demandou a contratação adicional de mais de 80 profissionais.4 Estudos internacionais6-8 apontam que, mundialmente, os desastres, sejam eles naturais ou não, implicam no acometimento à saúde. Entretanto, de acordo com a literatura consultada, cabe considerar que as consequências a médio e a longo prazo, os efeitos na saúde, nos profissionais e nos serviços ainda permanecem pouco esclarecidas.
Considerando o exposto, o objetivo desse artigo consiste em analisar as principais necessidades do serviço de saúde de Brumadinho/MG após o desastre do rompimento da barragem na perspectiva dos gestores e profissionais.

METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa exploratória com abordagem metodológica qualitativa,9 que permite compreender o funcionamento dos serviços, a identificação de potencialidades e possíveis gargalos enfrentados na prática a partir da experiência vivida pelos próprios atores em seu lócus sociocultural. Sua escolha deveu-se por ser a mais adequada para a abordagem de temas complexos e multidimensionais como aqueles que permeiam as implicações de um desastre.
O estudo foi realizado com gestores e profissionais de saúde no município de Brumadinho/MG sendo considerados, preferencialmente, aqueles que atuavam no serviço antes do rompimento da barragem. Como técnica de coleta de dados foram realizadas entrevistas individuais guiadas por roteiro semiestruturado. Esse tipo de entrevista tem por objetivo explorar em profundidade determinada problemática a partir das percepções do entrevistado sobre suas experiências. Ela segue um tópico guia que contempla os temas centrais da pesquisa.9 De modo sintético, os tópicos abarcaram os seguintes eixos: relato sobre atuação profissional; rememorações sobre o dia do desastre na perspectiva do serviço de saúde; rotina do serviço de saúde antes e após o desastre; impactos relacionados a pandemia; sugestão de medidas mitigatórias para os impactos do desastre no serviço de saúde, dentre outros.
A definição dos entrevistados foi mediada pela técnica de cadeia ou bola de neve, em que um entrevistado sugere outro por considerar que este tenha depoimentos importantes para a pesquisa.10 Para a identificação dos entrevistados, primeiro foi realizada uma abordagem junto aos gestores de maior nível a partir de uma visita e contato inicial diretamente na Secretaria Municipal de Saúde de Brumadinho, órgão que dispõe de toda a organização dos serviços e profissionais do município. Trata-se de um mapeamento inicial para conhecimento do território de investigação que definiu os desdobramentos e identificação dos entrevistados subsequentes.9
O número final de participantes foi determinado pelo critério de saturação empírica dos dados. Nele, a interrupção do levantamento dos dados é definida a partir de análises sucessivas que ocorrem simultaneamente à sua coleta, uma das premissas basilares dos estudos qualitativos.9 Os entrevistados foram recrutados por convite formal via abordagem direta pelos pesquisadores do estudo. Todas as entrevistas foram gravadas e, posteriormente, os áudios foram transcritos de modo literal.
Os excertos textuais foram categorizados e codificados permitindo identificar temas e assuntos de maior relevância em conformidade com a técnica de análise de conteúdo na modalidade temática.9 A partir dessa categorização aconteceram: organização dos dados empíricos; leitura crítica e definição das categorias de análise e tratamento dos resultados mediado por análise reflexiva, inferência e interpretação. Para garantir a validação da análise, a codificação dos dados foi analisada de forma independente por membros distintos da equipe de pesquisa, a fim de chegar a um consenso sobre as categorias finais.
Todo o processo de análise dos dados foi orientado pelo referencial teórico-metodológico da antropologia hermenêutica.11 Nessa vertente, a análise está ancorada a interpretação do significado que os grupos sociais atribuem a determinados eventos, levando em consideração o contexto sociocultural de ação, bem como os distintos fatores que o influenciam.11
Para assegurar o anonimato dos entrevistados foram utilizadas legendas para os trechos com as seguintes informações, respectivamente: ordem da entrevista, formação profissional, sexo (F para feminino e M para masculino) e idade. Por ser caracterizado como município do interior, optou-se por não mencionar o setor de trabalho e o nível hierárquico da atuação na legenda para evitar a identificação dos profissionais. Todos eles leram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto René Rachou, FIOCRUZ-MG, CAAE: 74082223.1.0000.5091 e está em acordo com a Resolução no 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre janeiro e março de 2024 foram realizadas 26 entrevistas guiadas por roteiro semiestruturado, sendo 19 mulheres e 7 homens, com idades entre 29 e 65 anos. Apenas 3 profissionais ingressaram no serviço após o desastre. Inicialmente, de acordo com a técnica bola de neve10 foi realizado contato com três sementes iniciais que se desdobrou nos contatos subsequentes, conforme sintetizado na Figura 1.
Para os participantes do estudo, as necessidades do serviço de saúde decorrentes do desastre foram relacionadas a um eixo comum: o investimento na cidade que abarcou a ampliação dos serviços, infraestrutura, processos indenizatórios e transferência de renda para a população. Desse eixo principal emergiram duas categorias finais para abordagem neste artigo, a saber: “O processo para aquisição do dinheiro: o impacto das declarações para o serviço de saúde”; “Tamponou, mas não resolveu: os desafios do cuidado frente aos impactos decorrentes do dinheiro”.

O processo para aquisição do dinheiro: o impacto das declarações para o serviço de saúde
O serviço de saúde do município foi acionado para a emissão de documentos que ratificassem a sua utilização pela população. Basicamente, duas declarações demandadas em momentos distintos pela empresa responsável pelo desastre: a primeira diz respeito ao auxílio emergencial e a segunda referente ao processo indenizatório. O auxílio emergencial referiu-se ao benefício concedido pela empresa a toda a população que comprovou moradia fixa em Brumadinho e utilização do serviço de saúde antes do rompimento da barragem.12 Dois profissionais esclarecem:

A gente teve que começar a fazer declarações de endereço e cadastro para as pessoas conseguirem receber o dinheiro. Foi uma demanda que chegou, uma ordem e a gente teve de acatar. (...) A gente passou a ter que ficar dentro do posto de saúde, largar as nossas obrigações que é promover a saúde, a prevenção e ter que ficar fazendo declaração. (E09, ACS, F, 56 anos)

Descompensou tudo, desestruturou todo o serviço, porque o paciente queria porque queria a declaração. Isso tudo ficou por conta da Atenção Primária. O enfermeiro tinha que parar a demanda, ou ele reservava um período da agenda dele só para fazer essas declarações, porque não era só assinar. A gente tinha que confirmar se realmente o paciente morava e fazia o uso do PSF. (E03, enfermagem, F, 34 anos)

Por sua vez, num segundo momento, houve o processo de indenização individual, no valor de R$100.000,00 que também repercutiu no serviço de saúde, especialmente junto às equipes de saúde mental:

Quando a empresa lançou isso lá em 2019 através de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), ela colocou esse significante, “abalo emocional/psicológico” que, na teoria, você não necessariamente precisa ter um transtorno mental, um diagnóstico, você só precisa estar abalado, ter sofrido algo com o rompimento. Então, todo mundo começou a chegar aqui no CAPS, no PSF onde foi inserido os psicólogos: “estou sentindo isso e isso por causa do rompimento” e demandavam dos profissionais um relatório sustentando alguma coisa que tinha que ser da saúde mental. Muitos psicólogos particulares trabalharam de um modo um tanto quanto antiético nesse período, porque as indenizações estavam mesmo sendo pagas, bastava um relatório. (...) Então, antes estava aberto demais, depois a empresa começou a fechar com essa coisa do diagnóstico [CID F43.1], fechou um pouco, mas não o suficiente, porque os psicólogos, médicos de consultórios particulares tudo faziam, aí a empresa entendeu qual era a lógica: se houver dinheiro vai ter quem faça, aí ela fechou de vez. Ela começou a não mais fazer os acordos extrajudiciais, fechou e falou “agora vai ser tudo via judicial, via ministério público”. (E22, psicologia, M, 38 anos)

Conforme o relato, a indenização individual perpassou fases distintas mediada por ausência, indefinição e porosidade quanto aos critérios para sua obtenção. O Quadro 1, sumariza as implicações de ambos os benefícios em várias esferas do cuidado em saúde. O primeiro eixo “Fragilidade nos critérios” (Quadro 1) corresponde às limitações sobre as regras que sustentassem a fundamentação das declarações que seriam emitidas pelo serviço de saúde. Essa lacuna refletiu na dificuldade dos profissionais em ratificar uma documentação, ao mesmo tempo, trouxe alguns problemas na rotina do serviço como extravio de carimbos de enfermeiros, casos de assinaturas falsas e, consequente pressão junto aos profissionais do serviço. Tal cenário levou a “Quebra de vínculos e linha de cuidado” (Quadro 1) que diz respeito aos conflitos entre profissionais e usuários, mediado por ameaças, assédio e remanejamento de equipes.
Por sua vez, o serviço precisou lidar com “Nuances da (di)associação entre adoecimento e garantia de direitos” (Quadro 1), perpassando questões delicadas como interesses secundários e procura pelo serviço apenas para fins de comprovação da sua utilização. De um lado, o auxílio emergencial requeria a utilização do serviço de saúde, por outro, a indenização foi condicionada a necessidade de ratificação de uma doença, como explica essa profissional com atuação na saúde mental:

Deturpou todo o nosso trabalho, porque as pessoas estavam em sofrimento, a gente via que ela precisava de cuidado, mas ela queria o relatório para garantir o direito dela. Como se arrasta até hoje essas indenizações, muita gente não conseguiu e está passando por perícia com o psiquiatra. Então, o psiquiatra pede o prontuário inteiro do CAPS, por exemplo, para ele avaliar se a pessoa ainda está impactada, só que são cinco anos! Porque associou garantia de direito a um adoecimento psíquico. Para você ter garantido o seu direito, porque você foi abalado pela situação que foi vivenciada, você tinha que ter um CID, e o abalo não quer dizer um adoecimento em si. Por exemplo, tinha gente que falava “olha, eu tive que sair de casa, a defesa civil veio aqui e me tirou não sei o que, mas eu preciso de ter um relatório com o CID F43.1, porque senão não vou ter a indenização de 100 mil”. (E13, psicologia, F, 32 anos)

A demanda por relatórios pertinentes a indenização abarcava situações complexas como, por exemplo, a solicitação de documentos por pessoas com e sem transtorno mental prévio, transtorno não necessariamente vinculado ao estresse pós-traumático (critério), fatores manifestos no cotidiano da prática profissional:

Então você cria outro sentimento que é o da ansiedade e aí parece que congela novamente o outro quadro de saúde mental, não dá fluidez (...). Quando a gente vai no território, no matriciamento, a gente vê angústias aumentadas: “ah, porque meu vizinho comprou um carro novo, o filho dele tem um celular bacana. Porque receberam o dinheiro, eu não recebi, porque a saúde não quis me dar o relatório”. Parece que a pessoa estaciona e que a vida só vai seguir o rumo novamente quando isso é resolvido para ela no âmbito judicial. Isso a gente identifica muito bem, as vezes é um paciente de uma demanda circunstante, de uma postura muito reivindicativa, sentimento de hostilidade, que nunca está bom, o atendimento não é bom, na rede nada é bom, ninguém me atende, mas você vê que é um cidadão que está parado nesse processo, enquanto ele não tem uma resposta para ele. (E23, medicina, M, 32 anos)

Na fala do entrevistado percebe-se uma retroalimentação nos quadros de saúde do paciente o que, em alguns casos leva ao agravamento do outro quadro pregresso no qual o paciente já realizava acompanhamento na unidade. Consoante a esses aspectos, os profissionais reportam o contexto específico de Brumadinho, no qual os processos indenizatórios permearam a rotina do serviço de saúde:

Um trabalho chato por isso, de você ter que manejar coisas que fogem um pouco do que é sua clínica. Eu ter que colocar um diagnóstico, mas não tem o diagnóstico! Não tem. E aí aquela coisa do paciente querendo, esse desgaste dele vindo, pacientes antigos, que você estabeleceu laços, pedindo transferência para outro profissional, porque você não coloca o que ele deseja, como se a gente que passasse a prejudicar ele, já não é mais a empresa é a gente que prejudica. (E23, medicina, M, 32 anos)

Os dados revelam uma miríade de fatores que afetaram o serviço de saúde. Esse setor foi acionado para além das atribuições de promoção do cuidado em saúde e os profissionais precisaram mediar situações que fogem a sua atuação, sobretudo uma responsabilização frente aos gargalos do processo indenizatório. Como consequência, houve comprometimento da assistência, conflitos e sobrecarga dos trabalhadores.12
Pelo exposto, tanto o auxílio emergencial como a indenização trouxeram implicações diretas na rotina do serviço nos diferentes níveis de atenção. Entretanto, outros impactos emergem após a obtenção dos recursos financeiros, conforme será exposto na próxima categoria analítica.

“Tamponou, mas não resolveu”: os desafios do cuidado frente aos impactos decorrentes do dinheiro
Essa categoria apresenta as várias implicações decorrentes da consumação dos processos indenizatórios, especialmente nas demandas em saúde mental:

Em pouco tempo a gente teve, por exemplo, o auxílio emergencial, que é uma garantia de direitos, só que ele veio retroativo, então, com cinco meses do acontecido as pessoas receberam em torno de uns 5 mil. De repente, boom: 5 mil na sua conta! Em um município que é de interior. Então, foi uma euforia, uma confusão nessa cidade, o povo comprando um monte de coisas, e foi uma confusão pra chegar a ter esse benefício. Isso deu uma impulsionada nos quadros que são mais da mania (...). Esses valores entrando na vida das pessoas, essa duplicidade: eu estou sofrendo a perda, mas eu tenho a possibilidade de recomeçar a vida de uma outra maneira, mas ainda muito envolvido com o trágico. (E13, psicologia, F, 32 anos)

O contexto pós-desastre evidencia a reparação no município manifesta em obras, acordos, reparações, indenizações, auxílios etc.13 Entretanto, ao mesmo tempo, os profissionais identificaram uma importante lacuna no que se refere ao planejamento dessas ações que tem repercutido no surgimento de novas demandas sociais com reflexos diretos na saúde, conforme expõem os excertos a seguir:

Essa tragédia que a gente vê posterior ao rompimento relacionada a esse benefício hoje é álcool e drogas. Antigamente quando alguém do grupo familiar ele começava a ter o uso abusivo de droga e não conseguia manter o vício, a pessoa começava a tirar as coisas de casa, vendia uma televisão, aí acendia um alerta da família procurar ajuda. E hoje isso não acontece, hoje tem o vício, não tem dívida, porque consegue se manter. Da mesma forma o álcool, antes a pessoa tinha que trabalhar durante o dia, qualquer ofício para ele conseguir beber, que até reduzia o dano dele. Hoje ele não consegue reduzir o dano porque ele não trabalha. Hoje ele consegue manter o vício dele, então assim, está chegando essas doenças, essas síndromes mais graves nos pacientes mais novos, usuários de droga com problema cardíaco, tendo enfartos aí antes dos 30 anos. Foi uma tragédia que a gente escuta assim: essa lama ainda rola. É uma tragédia que vem vindo lentamente, está silenciosa ainda após esse rompimento. (E05, enfermagem, M, 43 anos)

Parece que pelo fato de ter muito dinheiro circulando e envolvido na história toda, aí o psicológico da pessoa não ficou normal. A pessoa pensa “eu posso tudo. Eu posso comprar álcool, droga. Eu tenho o dinheiro”, porque era uma comunidade bem carente e de repente vem a questão do dinheiro. (E14, enfermagem, F, 50 anos)

Para os interlocutores, o investimento dissociado de uma educação financeira para a população configura a causa desses problemas sociais. As caracterizações desta demanda apresentada pelos profissionais (Quadro 2) contemplam:
• (A falta do) dinheiro como fator protetor: diz respeito ao aumento da demanda de álcool e outras drogas em razão do dinheiro circulante na cidade devido aos processos indenizatórios e de transferência de renda promovidos pós-tragédia. Os profissionais reportam configurar uma demanda rara e/ou inexistente antes de 2019. A partir da sua prática, observam ausência desse perfil de paciente nos primeiros dias úteis do mês e procura pelo serviço de saúde por volta do dia 10 e 15, associam esse cenário ao valor monetário creditado no primeiro dia útil do mês. Por sua vez, relacionam a falta do dinheiro como fator protetor no uso de substâncias e, como consequência, característica que favoreceria uma intervenção precoce e com maiores chances de êxito no cuidado (Quadro 2).
• Mudanças no perfil de consumo e casos clínicos decorrentes do uso: após a tragédia consumo de substâncias mais onerosas, cocaína e cerveja. Como consequência, crises de abstinência cedem lugar a intoxicações e quadros graves o que tem demandado internações hospitalares e dificultado a intervenção precoce (Quadro 2).
• Vulnerabilidades sociais: são reportados fatores relacionados ao uso de substâncias, como tráfico de drogas e suas implicações no uso do serviço de saúde. Ao mesmo tempo, o fato de as pessoas deixar de trabalhar em razão do dinheiro. Nesse segundo ponto, os entrevistados atribuem fatores relacionados a garantia de um dinheiro fixo que, por sua vez, tem favorecido o ócio e a não procura por trabalho, bem como a própria situação da tragédia em que as pessoas buscam no uso das substâncias um recurso de tratamento (Quadro 2).

Estudos internacionais apontam que, mundialmente, os desastres, sejam eles naturais ou não, implicam no acometimento de transtornos mentais, aumento do alcoolismo, tabagismo, consumo de outras drogas e demais ocorrências.6,7 Além disso, vulnerabilidades já existentes na comunidade são ainda mais exacerbadas, pois são agregadas aos novos cenários de risco relacionados às implicações ambientais e da saúde.14 Entretanto, não foram identificados estudos que fizessem uma associação direta entre aquisição de recursos financeiros pós-desastre e o aumento do consumo de álcool e outras drogas, como elucidado nos dados empíricos.
Por extensão, quem já recebeu todos os processos indenizatórios retornam para o serviço de saúde, conforme explica essa profissional:

Interessante que, depois que algumas pessoas receberam os 100 mil indenizatório, elas retornam para os atendimentos, angustiadas, agora sim conseguindo falar do que viveu. Porque, até inconsciente, do campo subjetivo, tinha uma esperança daquilo ali, daqueles projetos de vida que saem a partir do dinheiro, tinham a intenção que isso ajudaria com a angústia dessa tragédia, dar uma tamponada para lidar com a perda. Tamponou, mas não resolveu. (...). A gente tem álcool e outras drogas que a gente entende, que é para remediar também, a gente tem estudado muito e aí a gente tem pesquisas que falam que os pacientes que não se cuidam, ou não cuidam da saúde mental, às vezes, utilizam o álcool e outras drogas como recurso de tratamento. (E13, psicologia, F, 32 anos)

Somado a essas questões, o impacto do desastre pode, em efeito cascata, potencializar o quadro de doenças crônicas, bem como aumentar os transtornos mentais, como depressão e ansiedade,8 decorrentes de sensações de desânimo e incerteza para além do rompimento da barragem propriamente dito, mas das implicações do evento, tais como a responsabilização e punição da empresa frente aos danos provocados a população, ao meio ambiente e a cidade.15 Além disso, estudos2,13 apontam que os acordos referentes a reparação do município, bem como as indenizações individuais não se deram de forma harmônica, reforçando outros interesses em detrimento das necessidades das comunidades atingidas.
Todos esses fatores e contextos tiveram repercussão direta para o serviço de saúde e demandou do trabalhador uma atuação porosa e delicada. Uma profissional pontua:

É pressão de gestor, de funcionário, a forma que fala, de coação mesmo, assim: “cadê o dinheiro? Vocês não estão trabalhando bem?” Um assédio. (...) Uma ansiedade que gerou na população de que a [empresa] deu muito dinheiro, então tudo tem que funcionar 100%. Então isso também tem gerado uma crise nas pessoas que trabalham com a saúde, porque é uma pressão a todo momento. A gente não consegue falar não para ninguém. (E18, enfermagem, F, 40 anos)

Por sua vez, os profissionais reconhecem que as necessidades pós-desastre estão para além do investimento financeiro no setor de saúde e consideram um outro olhar para as demandas que estão emergindo:

Um problema sério que eu vejo e percebo é que direcionaram as ações de benfeitorias para uma estrutura de saúde. Por exemplo, tem remédio, tem exames, tem profissionais, tem a estrutura se a pessoa adoecer. Mas, do jeito que caminha, o foco é saúde, o povo quer saúde, saúde mental e tal, e respinga no serviço, porque aí cria-se a ideia de que a solução é do serviço de saúde, para problemas que vão muito além. Então, se o adolescente começou a usar uma substância porque ele está um pouco solto, sem muita oferta de ocupação, não tem oferta de nada, a família vai entender que quem tem que resolver o problema é o médico ou o psicólogo, e, às vezes, até o profissional também cai nessa ilusão de que o problema do paciente é resolvido com alguma medicação. (...) Então, qual o sofrimento? É o sofrimento de alguém que precisa ser estimulado, precisa sair de casa, ir para alguma atividade ou é de fato um transtorno, uma patologia que exige medicação? Você vai ver que a maioria são sofrimentos e isso vira demanda de PSF etc. (...) De alguma maneira é quase como se o profissional de saúde ele é o último lugar que o paciente aciona, então quando ele aciona, coisas que não são da saúde, recaem sobre o profissional de saúde. (E22, psicologia, M, 38 anos)

Aqui cabe considerar o conceito de sofrimento social que vai além da análise biomédica contemplando aspectos socioculturais que permeiam o cotidiano da população afetada pelo evento: “Tais aspectos se relacionam à interseção entre os eventos físicos e o modo como os grupos afetados reagem a eles, às formas de interlocução que lhes são exigidas, por um lado; e, por outro, ao modo como as agências corporativas e públicas respondem institucionalmente às suas demandas”16 (p. 38).
Ao mesmo tempo, cabe ressaltar que o acordo para reparação no município foi considerado o maior já realizado na América Latina e um dos maiores do mundo.13 Por extensão, o próprio desastre favoreceu a organização dos serviços de saúde do município, bem como as estratégias de cuidado.12 Entretanto, paralelamente, esse investimento na saúde trouxe uma responsabilização deste setor e dos profissionais que nele atuam para além dos seus objetivos e atribuições.
Dentro da reestruturação do serviço de saúde uma frente de atenção se destaca no município: a saúde mental. Ela foi totalmente ampliada, nos diferentes níveis de cuidado, conforme sintetizado na Figura 2. Antes do desastre ocorrido na cidade, toda a demanda relacionada a saúde mental era absorvida apenas pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), na modalidade I, destinada a municípios ou regiões de saúde com população acima de 15 mil habitantes.12 Após o desastre, o CAPS foi reestruturado para nível II. Embora essa modalidade seja indicada para municípios ou regiões de saúde com população acima de 70 mil habitantes,12 em Brumadinho foi autorizada a sua inserção fora do critério devido ao contexto da tragédia. Além disso, foram realizadas demais ampliações nos diferentes níveis de atenção, incluindo cuidado pré e per hospitalar (Figura 2).
Cabe considerar que havia uma previsão no aumento da demanda pertinente a saúde mental após um evento desta dimensão. A reestruturação objetivou maior agilidade e precisão no que se refere à identificação de demandas junto a população afetada.12 Ao mesmo tempo, a ênfase neste setor também trouxe outras implicações e, por isso, deve ser analisada com cautela, dois profissionais com atuação na saúde mental esclarecem:

Depois do rompimento qual foi o campo mais estimulado? Foi o campo da saúde mental, você tem psicólogo em todo lugar, você tem médico psiquiatra em todo lugar, então a população também comprou essa ideia. Então, isso vincula ao serviço todos os seus problemas, todo o seu sofrimento. A ideia vendida e que a população comprou essa ideia é que eu tenho que ser atendida e o meu sofrimento é tratado com médico, com psicólogo e psicofármaco. O sofrimento, não necessariamente ele é diagnosticável. Se não, o serviço ele sempre vai trabalhar na capacidade máxima, porque a população vai estar sempre sofrida, só que a população não entende que esse sofrimento não é um sofrimento de saúde mental, de uma depressão, de uma ansiedade, de uma esquizofrenia. É de você sair na porta da sua casa tem um caminhão, aí você vai pegar seu carro, um trajeto que você fazia em 15 minutos hoje você faz em 50 minutos. E você não associa o seu estado emocional, mental ao seu cotidiano. E aí você vai demandar do PSF, ele não resolve, aí você vai demandar do CAPS, vai demandar para o médico um remédio para a sua vida melhorar e aí cronifica. O sofrimento não é tratado, ele é cronificado. Então, é quase como uma pressão alta, ele sempre vai ser um paciente daquele serviço, ele sempre vai ter uma irritabilidade, de tempos em tempos ele vai estar ansioso. Ele não avança, aquilo que poderia talvez melhorar, o serviço de saúde não consegue resolver, que é onde ele mora, como é que ele chega na escola com o filho dele, como é que ele vai até Belo Horizonte, porque ele trabalha lá. E as pessoas não conseguem fazer essas associações, de que nem todo sofrimento a gente trata com psiquiatra, com psicólogo. A gente trata de outras maneiras, então se não houver esse olhar diferente, não vai sair disso: uma cidade do minério apenas. (E22, psicologia, M, 38 anos)

Eu imagino que teria sido muito mais proveitoso, se todas as coisas que foram implementadas após o rompimento tivessem sido discutidas e conversadas com a população. Porque a população não foi ouvida. Foi algo mais interpretativo, para não falar impositivo: “está parecendo que eles precisam disso”. Sem perguntar, sem trazer aquilo para um diálogo mais aprofundado sobre o que precisa de fato. A própria questão do fluxo de veículos no bairro, a interrupção de vias que permitiam um acesso mais facilitado a outros pontos da cidade ou a outras comunidades que já não existem mais. Se desvia o fluxo de veículos para um outro ponto que não passa dentro da comunidade, ou abre novamente essas vias que permitem esse acesso que outrora permitia contato mais favorecido entre uma comunidade e outra, tudo isso, a meu ver, participa de uma melhora dessa experiência de bem-estar da população com o território, com espaço e, ao mesmo tempo, há melhora da saúde mental das pessoas. (E12, psicologia, M, 38 anos)

Outro desdobramento do desastre refere-se a desterritorialização, por trazer alterações substantivas na comunidade - perdas materiais, simbólicas e agravos à saúde – mudanças nas condições de vida e potencialização de vulnerabilidades já existentes.17 Embora o processo de reparação tenha tido a participação da comunidade e do serviço de saúde,15 os profissionais apontam que não houve uma escuta efetiva e protagonista que considerasse as demandas de quem vive e trabalha no território. Nessa direção, ressaltam a necessidade de pensar estratégias de reparações como parte de um projeto para a comunidade, que contemple ações de promoção da saúde, práticas de atividades físicas, estímulo a eventos para socialização na comunidade, dentre outros. Sobretudo, ações que considere o território para além de uma delimitação geográfica: enquanto espaço intersubjetivo de pertencimento e significado.17 Isso implicaria em impactos favoráveis nas condições de saúde o que, inclusive, minimizaria o surgimento de outras demandas sociais após o evento.
À guisa de uma síntese, propõe-se um diagrama esquemático (Figura 3) que pretende conjugar os vários aspectos imbricados na relação entre os processos indenizatórios e o serviço de saúde. Na perspectiva socioantropológica o conceito de desastre sociotécnico18 ajuda a compreender as repercussões para além do rompimento da barragem em si. Nele, o desastre não se reduz a sua natureza puramente tecnológica, mas abarca fatores de cunho social, econômico, territorial e político. Essa diversidade de fatores que tiveram confluência na saúde é reveladora da característica multidimensional do evento.
Nota-se que o serviço de saúde é envolvido num processo com delimitações complexas, no qual a garantia da indenização está diretamente vinculada a uma doença e ao uso do serviço de saúde, aos profissionais coube o contato diuturno com situações intransponíveis que precisaram ser matizadas no cotidiano do serviço. Por sua vez, o mesmo processo indenizatório, após aquisição, implicou na alteração de uma demanda específica no uso do serviço de saúde, reportada por todos os entrevistados: aumento no consumo de álcool e outras drogas.6,7 No contexto de Brumadinho, os relatos evidenciam uma dissociação entre essa garantia e a devida educação financeira junto a comunidade, o que ressoa nas condições de vida da população e no próprio serviço de saúde.
Todos os fatores envolvidos no processo indenizatório repercutiram enquanto fonte de adoecimento direto e indireto para todos os atores envolvidos: usuários e profissionais de saúde. Os dados avigoram a necessidade de planejamento frente aos impactos macrossociais do evento e, sobretudo, a delimitação de papeis de cada setor quanto aos processos indenizatórios e demais programas direcionados a compensação de danos decorrentes do evento. Sabe-se que as reparações são cruciais,4 entretanto, o eixo financeiro dissociado de planejamento e identificação das necessidades locais implica mais problemas que soluções. Nos relatos é possível identificar que os reflexos na saúde são apenas a ponta do iceberg dada a diversidade de fatores imbricados.
Há de se destacar ainda que, em escala global nota-se o aumento dos desastres, tanto os naturais como aqueles de ordem tecnológica, configurando um grave problema de saúde pública. Devido aos impactos por eles causados – curto, médio e longo prazo – reforça a necessidade da gestão de risco desses eventos junto aos governos, setor de saúde e conscientização da população afetada.3 Por extensão, em razão do contexto complexo, cabe considerar os diversos atores e campos de conhecimento para a identificação de demandas. A partir desse diagnóstico que devem ser elaboradas as ações de reparação e as prioridades na destinação dos recursos considerando o atendimento de demandas cabíveis a outro setor.1,19
As necessidades em saúde contemplam fatores socioculturais, carências e vulnerabilidades para além da perspectiva biomédica - doenças, riscos, problemas de saúde. Nesse sentido, a análise desses aspectos permite formular protocolos e diretrizes para o serviço de saúde a partir de uma condução mais coerente no processo terapêutico.1 Ressalta-se que os profissionais de saúde e gestores são identificados como atores-chaves na gestão de risco e na recuperação das condições de vida e saúde das vítimas, contudo, questões estruturais requerem análises pormenorizadas para subsidiar a atuação desses atores frente a redução de danos decorrentes dos desastres. Os impactos mencionados são multifatoriais e refletem a necessidade de rever os marcos legais e fortalecer os órgãos públicos responsáveis.4,14
Para o serviço de saúde ainda há outros desafios e demandas que não foram explorados neste artigo devido a limitação do seu escopo. Dentre eles destacam-se a (re)organização dos serviços frente as ações de vigilância quanto aos metais pesados, impactos na saúde do trabalhador, alterações na dinâmica da cidade com implicações nas demandas em saúde, dentre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um desastre não se reduz a óbitos, destruição de propriedades e do meio ambiente, doenças e agravos imediatos, para além das implicações mais manifestas, o evento resultará em uma alteração no cotidiano de uma comunidade e, por extensão, trará impactos nas condições de vida com efeitos a curto, médio e longo prazo em várias esferas da sociedade, incluindo o setor de saúde.
O estudo evidenciou que tanto o percurso para a aquisição das indenizações como a sua materialização afetaram sobremaneira o serviço de saúde, setor que esteve na interseção de um processo envolto por limites porosos envolvendo os acordos e negociações entre população e a empresa responsável pelo desastre. Aos profissionais coube a mediação de situações para além das suas atribuições no campo da saúde, o que repercutiu, dentre outros fatores, em sobrecarga de trabalho.
Depreende-se da análise a necessidade da identificação das causas relacionadas aos impactos decorrentes de um desastre para que as medidas mitigatórias sejam implementadas de forma efetiva para todos os envolvidos. Em outras palavras, desenvolver e equacionar estratégias que considere a garantia de direitos sem comprometimento à saúde e à qualidade de vida dos afetados.
Espera-se que os resultados apresentados possam subsidiar ações de vigilância, cuidados em saúde e a gestão de riscos futuros em contextos semelhantes.

REFERÊNCIAS
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Aredes, JS, Peixoto, SV, Firmo, JOA. THE MUD STILL ROLLS: implications of compensatory repairs for the post-disaster health service in Brumadinho/MG. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/Apr). [Citado em 19/05/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/en/articles/the-mud-still-rolls-implications-of-compensatory-repairs-for-the-postdisaster-health-service-in-brumadinhomg/19593?id=19593



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